No ordenamento jurídico, o acusado é considerado uma parte que ocupa o polo passivo do processo penal. Como consequência disso, ele tem uma série de prerrogativas ou direitos que emanam diretamente da lei.
Imagine a seguinte situação:
Você é defensor público e adentra na defensoria de um assistido portando uma citação para resposta à acusação. Você lê o documento e verifica que, na denúncia realizada pelo Ministério Público, consta que ele furtou alguns ovos de uma granja. Ele lhe relata que — de fato — furtou os ovos, mas justifica dizendo que não possuía dinheiro algum e que tinha dois filhos famintos em casa. Ademais, por não possuir recursos para contratar um advogado, ele deseja que você o represente.
Após ouvir o relato, tendo em vista a orientação processual, você começa a explicar que ele tem alguns direitos no contexto processual. Explique para o seu assistido pelo menos três direitos garantidos ao acusado no contexto do processo penal.
Padrão de resposta esperado
O nosso ordenamento jurídico considera que o acusado é uma parte no contexto processual penal. Trata-se do sujeito passivo da persecução penal. Nessa trilha, considera-se que, do mesmo modo que o Juiz e o representante do Ministério Público, o acusado é considerado uma parte essencial do processo penal.
Ser considerado uma parte do processo traduz-se — dentre outras coisas — na previsão de uma série de direitos e garantias atribuíveis ao acusado. Entre elas, três são fundamentais:
i. O direito de não produzir prova contra si mesmo.
ii. O direito de ser processado e sentenciado por autoridade judiciária competente.
iii. O direito ao contraditório e à ampla defesa.
i. Não produzir prova contra si mesmo:
O art. 5º, inciso LXIII da Constituição Federal estabelece expressamente o direito de permanecer calado. Isso geralmente é tratado como equivalente ao dito direito de não produzir prova contra si mesmo. Isso significa que o seu assistido não será obrigado a falar absolutamente nada no contexto de interrogatório policial, no âmbito do inquérito, ou no contexto da audiência. Além disso, o seu silêncio não poderá ser tomado como uma espécie de confissão tácita.
ii. Ser processado e sentenciado por autoridade judiciária competente:
O art. 5º, inciso LIII da Constituição Federal estabelece que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. Isso é comumente identificado com uma manifestação do princípio do Juiz natural e obriga que o Juiz que julgue a causa efetivamente tenha competência legal para tanto. Nesse contexto, caso o Juiz da causa não tenha competência para julgar o caso do seu assistido, isso poderá ser alegado em momento oportuno, visando à nulidade do processo.
iii. Ampla defesa e contraditório:
O art. 5º, LV da Constituição Federal estabelece que aos litigantes em processo judicial ou administrativo e aos acusados em geral, são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. No contexto penal, isso significa que o acusado tem o direito de se defender de todas as alegações levantadas pela acusação, podendo sempre se manifestar após a juntada de qualquer prova. Assim, por exemplo, sempre que o promotor fizer alguma acusação ou alegação, você — como representante legal do acusado — poderá se manifestar e se defender das acusações e alegações.
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Teoria Geral do Processo
•Anhambi Morumbi
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