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argumenta que o apóstolo Paulo está tratando da humanidade de Jesus, e que isso está evidente das palavras de Paulo: “o qual exerceu ele em Cristo,...

argumenta que o apóstolo Paulo está tratando da humanidade de Jesus, e que isso está evidente das palavras de Paulo: “o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais” (v. 20). Então, vem a conclusão lógica de Pieper: “a onipresença da natureza humana de Cristo no universo é afirma- da nestas palavras: ‘acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente sécu- lo, mas também no vindouro. E pôs todas as coisas debaixo dos seus pés’ (vs. 21, 22a), e a onipresença da natureza humana de Cristo na Igreja é ensinada nestas palavras: ‘e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à Igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as cousas’ (vs. 22b, 23).”389 388. Pieper, Christian Dogmatics, vol. II, 170, 171. 389. Ibid., 171 (itálico acrescido). 351A COMUNICAÇÃO DE ATRIBUTOS A onipresença da humanidade de Cristo é uma questão absolutamente indiscu- tível na teologia luterana. Esse texto de Efésios é a pedra de toque dos luteranos. Analisando esse texto, Martin Chemitz afirma de modo admirável a soberania da natureza humana de Cristo por estar unida ao Logos. Chemitz contrasta a sobera- nia de Cristo com a dos reis terrenos que governam os seus territórios in absentia, enquanto, enquanto Cristo, de acordo com a sua natureza humana exaltada, está presente em todas as partes do seu domínio. Ele afirma: “A humanidade de Cristo governa no lo/goj e com ele sobre todas as coisas, não de uma distância ou separado por um espaço imensurável, como é o modo dos reis quando o seu governo se estende sobre países muito distantes, mas como ela (a natureza humana de Cristo) existe no lo/goj, assim, por causa de sua união pessoal com o lo/goj, ela tem todas as coisas presentes diante de si.”390 Aqui, também, Chemitz e outros teólogos luteranos enfatizam a ubiqüidade da natureza humana de Cristo. Ela governa o universo porque está presente em toda parte, sem estar separada por uma distância dos limites do seu território. Resposta Reformada O que foi dito a respeito da presença da natureza humana de Cristo na Igreja, pode ser dito de sua presença no universo. Se o corpo de Jesus Cristo é onipresen- te, sua humanidade está totalmente perdida, pois um corpo pode ocupar somente um espaço, e não todos os espaços simultaneamente. A sua natureza humana pode ir a toda parte, onde quer que o Redentor queira, mas ela não pode estar presente no universo todo ao mesmo tempo. A crença na onipresença da humanidade de Cristo é a anulação das leis que o próprio Deus estabeleceu. Todavia, o que podemos dizer é que Cristo enche todo o espaço, e isso é um atributo de sua divindade, que deve ser visto como uma ação da Pessoa. c. Onipresença da natureza humana na esfera da transcendência Efésios 4.10 – “Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas.” A interpretação luterana deste verso está expressa fielmente no pensamento de Pieper: “Cristo ascendeu muito acima de todos os céus. Portanto, nenhum dos céus criados de forma alguma pode ser o lugar para onde Cristo foi pela ascensão. Por essa razão é imediatamente acrescentado que Cristo ascendeu para além dos céus, que ele poderia encher todas as coisas, certamente não somente sua Igreja, mas todas as coisas... com 390. Martin Chemitz, De Duabus Naturis, c.30, p.m. 205 (apud Pieper, p. 171). Esse texto é usado pelos luteranos para mostrar a ubiqüidade do corpo de Cris- to, ou seja, a presença da sua natureza humana em toda parte. Criticando os reformados que não aceitavam que a natureza humana de Cristo estivesse em toda parte, os teólogos luteranos costumavam dizer “que a negação da onipresença divina na natureza humana de Cristo deve ser considerado um sui- cídio teológico”.392 Pieper, citando um outro teólogo luterano (Balthasar Mentzer), diz: “Aqueles que dizem que o lo/goj, após a encarnação, é ou existe fora de sua humanidade (extra suam carnem), não importa como eles des- crevam esse estado, dissolvem a união hipostática, no que lhes diz respeito, porque eles destroem sua verdadeira essência (definitionem). Se de fato a união hipostática é a habitação da plenitude da divindade do lo/goj, na suposta carne... então a união pessoal é dissolvida tão logo o lo/goj seja apresentado como estando fora de sua carne.”393 Resposta Reformada Cristo não “enche os céus” com a sua natureza humana, como diz a teologia luterana.394 Se há algo que enche os céus, ou seja, tudo o que se refere à transcen- dência divina, é a natureza divina do Redentor. Contudo, quando dizemos isso, damos margem à crítica luterana que diz que a natureza divina “existe fora de sua humanidade (extra suam carnem)”, numa espécie de dissolução da unio persona- lis. Longe esteja dos Reformados fazer isso. Por isso, é preferível dizer (como é próprio de uma teologia reformada sadia) que é a Pessoa do Redentor que enche os céus, não simplesmente a sua natureza divina. O que é próprio de uma natureza (no caso, a divina) é dito pertencer à Pessoa completa. Aquele que desceu e subiu e enche os céus. Embora seja próprio da natureza divina fazer isso, o texto se refere à Pessoa do Redentor. d. Onipresença da natureza humana na Ceia É esse aspecto da onipresença que fornece elementos para a doutrina luterana da presença real da natureza humana de Cristo no sacramento da eucaristia. Lutero e seus sucessores (com exceção de Melanchton e seus seguidores, por volta de 1540), interpretaram literalmente o texto da instituição da Ceia que diz: 391. Pieper, Christian Dogmatics, vol. II, 169. 392. Ibid., 166 393. Ibid., 126. 394. Pieper insiste que “a passagem [Ef 4.10] fala de Cristo não conforme a sua natureza divina, mas conforme a sua natureza humana” (Christian Dogmatics, vol. II, 168). 353A COMUNICAÇÃO DE ATRIBUTOS Mateus 26.26 – “Isto é o meu corpo.” Jesus Cristo exerce o seu poder em toda parte, como onipresente que é, de acordo com a sua natureza humana. O documento oficial do Luteranismo, a Fór- mula de Concórdia, diz: “Portanto, ele é capaz e é fácil para ele comunicar a nós seu verdadei- ro corpo e sangue que estão presentes na Santa Ceia, não de acordo com o modo ou propriedade da natureza humana, mas de acordo com o modo e propriedade da mão direita de Deus, como Dr. Lutero diz com base de nossa fé cristã, como a ensinamos aos nossos filhos.”395 Resposta Reformada Quando se atribui onipresença à natureza humana de Cristo para justificar a presença real dela na Ceia, comete-se o mesmo erro já afirmado acima: o esvazia- mento do conceito de natureza humana por dar ao que é físico as atribuições da infinidade. A natureza humana é caracterizada pelo corpo e pela alma. O corpo como a alma não podem estar presentes em todo lugar, porque eles ocupam espa- ço, mesmo que de maneiras diferentes. O corpo usa o espaço circunscritivamente, e a alma ocupa o espaço como os outros espíritos finitos ocupam.396 Vendo a impossibilidade de fugir desse assunto, a Fórmula de Concórdia aca- bou inventando um modo de explicar a onipresença do corpo de Jesus Cristo, dizendo que “ela não é de acordo com o modo ou propriedade da natureza humana, mas de acordo com o modo e propriedade da mão direita de Deus”.397 Essa é uma maneira inútil de evitar o problema, criando um modo inusitado da matéria existir da matéria (ou de qualquer coisa finita, incluindo a alma) em toda parte. Como reformado, creio que a natureza completa do Redentor está presente na Ceia, pois cremos na presença real de Cristo na Ceia. Quando Cristo disse que “isto é o meu corpo”, ele estava se referindo à natureza sua humana, sem dúvida. Contudo, cremos que o Cristo todo está presente na Ceia, de uma forma diferente da dos luteranos.

Essa pergunta também está no material:

Coleção fé evangélica - Heber Carlos de Campos - A união das naturezas do Redentor 672
672 pág.

Teologia Universidade Estácio de SáUniversidade Estácio de Sá

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