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Ganhar massa muscular com dieta low carb é muito difícil e ineficiente porque uma redução na ingestão de carboidratos faz com que as reservas de glicogênio (hepática e muscular) se esgotem mais rapidamente. O cérebro e as hemácias precisam de glicose como fonte de energia, pois não podem usar ácidos graxos (gordura) de forma eficiente como combustível energético. No período logo após as refeições, essa glicose é fornecida pelos estoques de glicogênio hepático, mas em uma dieta low carb, o glicogênio do fígado se esgota rapidamente. A redução dos estoques de glicogênio hepático aumenta a gliconeogênese, que é a síntese de glicose a partir de compostos não carboidratos, como aminoácidos, glicerol e lactato. Os aminoácidos provenientes da degradação de 'proteína muscular' (actina e miosina) são os principais substratos da gliconeogênese. Ou seja, a redução dos carboidratos da dieta intensifica a degradação de proteínas do músculo para fornecer aminoácidos para a gliconeogênese. Quando o indivíduo reduz a ingestão de carboidratos, os níveis de insulina também são reduzidos e os hormônios glucagon e cortisol ficam aumentados. O glucagon e o cortisol estimulam a gliconeogênese no fígado e o cortisol também estimula a degradação de proteínas do músculo para fornecer aminoácidos para esse processo, além de inibir a síntese de proteínas. Por isso a insulina é considerada um hormônio anticatabólico e o cortisol um hormônio catabólico. A degradação de proteínas musculares pode ser atenuada com o aumento da ingestão de proteínas, mas ainda assim isso não torna uma dieta low carb eficiente para o ganho de massa muscular. Em uma dieta cetogênica (muito low carb), ocorre produção de corpos cetônicos, que diminuem a intensidade da gliconeogênese, pois eles também podem ser utilizados como fonte de energia pelo cérebro. No entanto, o aumento da ingestão de proteínas inibe a cetogênese. É mais difícil o ganho de massa muscular em uma dieta com baixo consumo de carboidrato (~ 50 g por dia) e com proteína limitada a ~ 1,5-2,0 g/Kg, que são as condições para entrar em cetose mais facilmente. Por isso a dieta cetogênica tem pouca ou nenhuma utilidade para fisiculturistas e fazer low carb só faz sentido se o indivíduo aumentar a quantidade de proteína na dieta quando deseja perder gordura e manter ao máximo sua massa muscular. Um estudo recente (VARGAS, 2018) investigou se uma dieta cetogênica em conjunto com treinamento resistido melhoraria a composição corporal, promovendo ganho de massa muscular e perda de gordura. Vinte e quatro homens saudáveis realizaram um programa de treinamento resistido (RT) por 8 semanas. Os participantes foram aleatoriamente designados a um grupo KD (dieta cetogênica), grupo não-KD (dieta não-cetogênica) e grupo controle (GC) em condição hiperenergética e hiperproteica (2,0 g/Kg). O grupo que fez dieta cetogênica (KD) perdeu gordura e reduziu o tecido adiposo visceral, mas não aumentou a massa muscular, enquanto o grupo não-KD não teve perda de gordura, mas teve aumento da massa muscular. Nossos resultados sugerem que uma dieta cetogênica pode ser uma abordagem dietética alternativa para diminuir a massa gorda e o tecido adiposo visceral sem diminuir a massa corporal magra; no entanto, pode não ser útil aumentar a massa muscular durante o balanço energético positivo em homens submetidos a RT por 8 semanas (VARGAS, 2018).

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ano passado

A pergunta parece ser sobre os desafios de ganhar massa muscular com uma dieta low carb. De acordo com o texto fornecido, a redução na ingestão de carboidratos pode levar a uma série de processos que dificultam o ganho de massa muscular, como a intensificação da degradação de proteínas musculares para fornecer aminoácidos para a gliconeogênese, o aumento dos níveis de hormônios catabólicos como o cortisol, e a inibição da síntese de proteínas. Portanto, a resposta correta para a pergunta é: "A redução dos carboidratos da dieta intensifica a degradação de proteínas do músculo para fornecer aminoácidos para a gliconeogênese."

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1.5) RECOMENDAÇÃO DE PROTEÍNA PARA HORMONIZADOS O grande fisiculturista Nasser El Sombaty dizia que consumia apenas 100 g de proteínas em off season, em uma dieta com 80% de carboidratos. Já no período pré-competição (pré-contest) Nasser dizia consumir 400-600 g de proteínas e apenas 80-250 g de carboidratos. Ingerir mais proteínas durante uma dieta hipocalórica faz mais sentido do que ter uma grande ingestão de proteínas em uma dieta hipercalórica. Isso acontece porque durante a restrição calórica a síntese proteica tende a reduzir, enquanto a degradação de proteínas tende a aumentar. A redução das calorias e dos níveis de insulina favorece a oxidação de gorduras e o aumento da gliconeogênese (síntese de glicose a partir de... Para um fisiculturista pesando 120-130 kg (como Nasser El Sombaty) 100 g de proteínas é muito pouco, apesar dos esteroides favorecerem um 'maior aproveitamento das proteínas', aumentando síntese proteica e reduzindo degradação proteica. Seria estranho Nasser mentir a esse respeito, até porque outros fisiculturistas como Mike Mentzer e Tom Platz também relatavam consumir menos proteína que a grande maioria dos fisiculturistas. Para um indivíduo natural que treina musculação a recomendação de proteínas para hipertrofia é de 1,6 a 2,2 g/kg (MORTON, 2018). Para um indivíduo que faz uso de esteroides anabolizantes é de se esperar valores maiores, mas pouco provável algo como 4,0-5,0 g/kg de proteínas, justamente pelos esteroides também reduzirem a degradação proteica, além de aumentar a síntese. O pesquisador Shalender Bhasin (expert em estudos com doses elevadas de testosterona) já realizou diversos estudos com doses suprafisiológicas de testosterona, chegando a utilizar dosagens de 600 mg por semana em indivíduos jovens e idosos. Nos estudos de Bhasin a ingestão de proteínas ficou entre 1,2 a 1,5 g/kg e os ganhos de massa livre de gordura ficaram na média de 6,0 a 8,0 kg (com 600 mg de enantato de testosterona por semana), utilizando somente testosterona por 10 e 20 semanas respectivamente (BHASIN, 1996; BHASIN... lturistas utilize grandes quantidades de proteínas na dieta (> 3,0 g/kg), é possível ter uma ótima resposta utilizando quantidades bem menores, como 1,0 a 1,5 g/kg. Mesmo que essas quantidades possam não ser as melhores para otimizar os ganhos de massa muscular, os estudos de Bhasin dão certo suporte às alegações de Mike Mentzer e Nasser El Sombaty. Acredito que mesmo para fisiculturistas hormonizados uma quantidade de proteínas maior que 2,5 g/kg seja desnecessária para hipertrofia muscular. A quantidade exata não há como saber, até porque depende das dosagens de esteroides e do potencial genético do indivíduo. Lembrando que em déficit calórico e quando o percentual de gordura está baixo uma quantidade maior de proteínas pode ser justificada, principalmente por seus efeitos na preservação da massa muscular, no aumento da saciedade e do gasto energético (HALUCH, 2020).

CASEÍNA E LEITE A caseína é uma proteína de absorção lenta, que libera os aminoácidos de forma lenta na corrente sanguínea, mantendo os níveis desses aminoácidos mais estáveis por várias horas (7-8 horas). A caseína também é uma proteína de alta qualidade, alto valor biológico e rica em aminoácidos essenciais. Comparada a whey, a caseína mostrou menor estímulo na síntese proteica, mas mostrou melhor balanço líquido de leucina, melhor retenção de aminoácidos e menor degradação de proteínas. Enquanto whey é uma proteína mais anabólica, por seu potente efeito estimulador sobre a síntese proteica, a caseína é uma proteína mais anticatabólica, devido ao seu potencial para reduzir a degradação de proteínas. Por esse motivo, especialistas e fisiculturistas gostam do uso da caseína na última refeição, antes de dormir. Nada impede de utilizá-la em outros horários e pode ter um uso interessante após o treino também, principalmente em combinação com whey. Nesse caso, seria mais barato usar o próprio leite como fonte de proteínas, já que é um blend natural composto por 20% de whey e 80% de caseína. Estudos mostraram que o leite apresenta um bom potencial para melhorar a composição corporal, principalmente ajudar no ganho de massa muscular. A mistura de whey com leite também pode ser muito interessante após o treino de hipertrofia, já que oferece uma mistura de proteína rápida com lenta. Atrasar a absorção da proteína não é um problema, já que a “janela anabólica” pós-treino pode durar várias horas (mais detalhes na seção 7.2).

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