Então Almitra falou novamente e disse: E quanto ao Casamento, mestre? E ele respondeu dizendo: Vocês nasceram juntos e juntos estarão para sempre. Vocês estarão juntos quando as asas brancas da morte espalharem seus dias. Sim, vocês estarão juntos mesmo na silenciosa memória de Deus. Mas que haja espaços em sua união, E que os ventos dos céus dancem entre vocês. Amai-vos uns aos outros, mas não façais do amor um vínculo: que ele seja, antes, um mar agitado entre as praias de vossas almas. Enchei o cálice uns dos outros, mas não bebais do mesmo cálice. Dai o vosso pão uns aos outros, mas não comais do mesmo pão. Cantai e dançai juntos e alegrai-vos, mas que cada um de vós esteja só, Assim como as cordas do alaúde estão sós, embora vibrem com a mesma música. Entreguem seus corações, mas não um ao outro. Pois somente a mão da Vida pode conter seus corações. E permaneçam juntos, mas não muito próximos: Pois os pilares do templo se destacam, E o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro. De O Profeta (Knopf, 1923). Este poema é de domínio público.