(A) respondendo por ação criminal, falsifica atestado de óbito, e encaminha o mesmo para um cartório, com o intuito de que seja confeccionado uma certidão de óbito. Feito isso, a mesma é juntada estas aos autos do processo e com isso é deferida extintação a punibilidade do agente infrator com base no Art. 107, inciso I do CP.
Após o trânsito em julgado verifica-se que (A) na verdade não veio a falacer, mas sim, falsificou documentos afim de gerar falsa certidão de óbito.
Na referidad situação deve haver revisão criminal? (no caso, revisão pro societate)
;)
Há dois posicionamentos doutrinários e jurisprudenciais:
Um defende que a declaração de extinção da punibilidade, como decisão terminativa que é, coloca fim ao processo definitivamente. Em qualquer situação, não poderia ser. Seria revisão pro societate, o que é vedado em processo penal.
Outro sustenta que a questão é resolvida no plano da (in)existência. Sendo o fato jurídicostricto sensu (morte) inexistente, o Direito não poderia validá-lo. É a teoria dos planos da existência, validade e eficácia de Pontes de Miranda, a qual, entendo, aplica-se a todos os ramos do direito.
Assim a sentença com o trânsito em julgado deve ser rescindida, deve ser declarada nula, ou melhor, inexistente, não produzindo, assim, seus efeitos, e a sentença não transitaria em julgado, pois baseada em uma prova falsa (certidão falsa), baseada em uma premissa que não existiu (morte do agente que praticou o fato criminoso), que, se existente, extinguiria a punibilidade, em decorrência do que prevê o art. 107, inc. I, do Código Penal.
Os atos, fatos e negócios jurídicos inexistentes são aqueles aos quais faltam pressupostos de existência, não chegando a existir no mundo fenomênico e, ipso factu, a se configurar na esfera do Direito.
No caso versado, a morte foi inexistente, e, por sua vez, a declaração do óbito, baseou-se em uma premissa falsa. Assim, a certidão falsa de óbito perde o seu substrato fático e jurídico.
A certidão falsa é uma prova documental ilícita de um acontecimento que não existiu. Inclusive, configura-se como ilícitos penais: falsidade ideológica ou falsidade documental.
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