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Como o relator analisa/julga a tutela de urgência dentro de um recurso interno ?

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Armando Mendes

Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator:

(…)

III – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; 

(…)

Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar.

No CPC/15, entretanto, essa decisão monocrática do Relator passou a ser atacável por agravo interno, por expressa autorização legal:

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

Veja-se que, diferentemente do código anterior, o atual diploma processual não contém limitação metodológica acerca do cabimento do agravo interno – nos moldes do que dispunha a redação original do CPC/73, daí por que é de interpretar que o legislador não quis restringir a utilização dessa espécie recursal.

A propósito do tema, transcreve-se o magistério de Cassio Scarpinella Bueno:

O novo CPC, em boa hora, suprimiu a irrecorribilidade da decisão relativa ao efeito suspensivo e/ou à tutela provisória pleiteada pelo agravante na petição em que interpõe o agravo de instrumento ou tutela provisória recursal, nomenclatura do CPC atual, que é preservada inexplicavelmente pelo inciso do artigo 1.019.

A interpretação é correta não só porque o parágrafo único do artigo 527 atual não foi reproduzido (e o era no Anteprojeto e no Projeto do Senado), mas também – e principalmente – porque a recorribilidade das decisões monocráticas, no âmbito dos tribunais, é generalizadamente aceita pelo artigo 1.021.1

Este tema foi objeto de debates no Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC), resultando na aprovação do enunciado nº. 142, coma seguinte redação:

Enunciado n.º 142 do FPPC: Da decisão monocrática do relator que concede ou nega o efeito suspensivo ao agravo de instrumento ou que concede, nega, modifica ou revoga, no todo ou em parte, a tutela jurisdicional nos casos de competência originária ou recursal, cabe o recurso de agravo interno nos termos do art. 1.021 do CPC.

Parece não haver dúvidas agora do cabimento de tal agravo interno, sobretudo porque o que se tem visto em todos os tribunais pelo País é admissão irrestrita do agravo.

Todavia, há Tribunais que, em expressa contrariedade à vontade inequívoca do legislador, permanecem entendendo incabível o agravo interno nessas hipóteses. Vale verificar os seguintes julgados do TJRS e TJRJ:

Descabe a interposição de recursos contra decisões do Relator que concede ou nega efeito suspensivo ou antecipação de tutela, eis que embora haja conteúdo decisório, este se mostra precário, de curta duração e que se mantém somente até o julgamento do recurso principal. Ainda, o trâmite do agravo de instrumento é célere, ao passo que admitir o recurso contra mero despacho do Relator contraria a determinação constitucional de que o processo deve ter duração razoável (art. 5º, LXXVIII, da CF), compromisso este também assumido pelo Código Processual em vigência (artigos 4º e 6º do CPC). AGRAVO INTERNO NÃO CONHECIDO. UNÂNIME.2

——–

1- Não é cabível a interposição do agravo interno contra a decisão que defere ou indefere efeito suspensivo a recurso.

2- Incidência da Súmula nº 245 do TJRJ, pois embora editada sob a égide do Código de Processo Civil de 1973, continua vigente no regime do CPC de 2015 cuja sistemática visa a redução das hipóteses de recurso e determina a observância das regras do Regimento Interno do Tribunal correspondente (artigo 1021 do CPC).

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Carlos Eduardo Ferreira de Souza

Ao conhecer o recurso, o relator apreciará não apenas a tutela de urgência, mas qualquer tutela provisória requerida pela parte, observados os requisitos específicos dos arts. 294 e ss, do CPC.

Assim, basta o requerimento da tutela, da mesma forma como seria feito em 1ª instância, inserindo-a via petição.

Por fim, em termos práticos, existindo urgência imediata, sugiro o plantão judiciário ou tentativa de despacho diretamente no gabinete do relator.

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