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o que são surrectio, supressio, tu quoque, venire contra factum proprium e exceptio doli?

💡 6 Respostas - Contém resposta de Especialista

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“Venire contra factum proprium” significa vedação ao comportamento contraditório, pressupondo a adoção de comportamento incompatível com o anterior pelo mesmo agente.

A teoria do “venire contra factum proprium” deriva do princípio da boa-fé objetiva (art. 422 do Código Civil)[1], assim como “supressio”, “surrectio” e “tu quoque”, fazendo parte da tutela da confiança, pelo Direito.

“Suppressio” é o equivalente a “verwirkung” na doutrina alemã, e consiste na supressão, numa relação jurídica, de determinadas obrigações, pelo decurso do tempo. Nas palavras de Melo“considera-se ocorrida a ‘supressio’ quando determinadas relações jurídicas deixam de ser observadas com o passar do tempo e, em decorrência, surge para a outra parte a expectativa de que aquele (a) direito/obrigação originariamente acertado (a) não será exercido/cobrada na sua forma original”. No mesmo sentido, Nelson Nery Jr. E Rosa Maria de Andrade Nery[3] explicam que “ocorre a perda da possibilidade de fazer valer um direito, em virtude da decorrência do tempo (...) ou do comportamento do titular desse direito contrário à boa-fé objetiva, vale dizer, perda por ofensa ao CC 422”. Segundo os autores, afirma-se que a “suppressio” é assemelhada à renúncia tácita do direito.

“Surrectio”, para a doutrina alemã é “verwirkung”, e consiste no inverso da “supressio”, pela ampliação do conteúdo obrigacional de uma relação jurídica em razão do surgimento da prática de atos não pactuados originalmente. De acordo com Nelson Rosenvald, “é o exercício continuado de uma situação jurídica em contradição ao que foi convencionado ou ao ordenamento jurídico, de modo a implicar nova fonte de direito subjetivo, estabilizando-se para o futuro”. Nelson Nery Jr. E Rosa Maria de Andrade Nery lecionam: “É a vantagem advinda da incidência da suppressio”, que se caracteriza como “liberação de possibilidade de ação ou de recuperação da liberdade de ação”, sendo admissível para a constituição de situações mais vantajosas para aquele a quem aproveita, mas, “para que o beneficiário adquira posição jurídica mais vantajosa – aquisição de direito ou liberação de prestação –, deve estar presente a boa fé objetiva e subjetiva”.

“Tu quoque”, conforme elucida Camargo Neto, significa, literalmente, “e tu também”, “até tu”, em alusão à frase dita por Júlio César a Brutus quando por este apunhalado (“Tu quoque, Brute, fili mi?”). No sentido jurídico, a expressão significa “inconsistência ou incoerência do comportamento da parte, que viola a boa-fé objetiva” e, na lição de Nelson Nery Jr. E Rosa Maria de Andrade Nery, pode ser classificada como subespécie do “venire” (porque em seu núcleo encontra-se a contradição e a incoerência, assim como no núcleo do “venire”). De acordo com a Desembargadora Hilda Teixeira da Costa, é “espécie de abuso do direito” que deve ser combatido para não privilegiar a torpeza de quem o pratica e, até mesmo, o seu locupletamento. Na explicação de Cristiano Chaves de Faria e Nelson Rosenvald:

“O tu quoque é um tipo específico de proibição de comportamento contraditório na medida em que, em face da incoerência dos critérios valorativos, a confiança de uma das partes é violada. Isto é, a parte adota um comportamento distinto daqueloutro adotado em hipótese objetivamente assemelhada.

Ocorre o tu quoque quando alguém viola uma determinada norma jurídica e, posteriormente, tenta tirar proveito da situação, com o fito de se beneficiar.

(...) No tu quoque a contradição (...) reside (...) na adoção indevida de uma primeira conduta que se mostra incompatível com o comportamento posterior.

O tu quoque age simultaneamente sobre os princípios da boa-fé e da justiça contratual, pois pretende evitar não só que o contratante faltoso se beneficie de sua propria falta, como também resguardar o eqüilíbrio entre as prestações.”

Já “venire contra factum proprium”, como já aludido anteriormente, cinge-se às situações em que uma pessoa, por determinado lapso temporal, se comporta de determinado modo, gerando expectativas em outra, de que seu comportamento permanecerá inalterado, mas, depois disso, modifica o comportamento inicial por outro contrário, quebrando a relação de boa-fé e confiança estabelecida na relação contratual.

 

A função reativa da boa fé objetiva é quando usada como defesa ou exceção para determinada pessoa que é injustamente atacada pela outra. ... Mas não se confunde com a exceptio doli, pois a exceção do dolo é poder que uma pessoa tem de repelir a pretensão do autor por este ter incorrido em dolo.

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JANINE HAIALA

- A supressio ou Verwirkung da doutrina alemã, consiste na redução do conteúdo obrigacional pela inércia de uma das partes em exercer direito ou faculdades, gerando na outra legítima expectativa.

- A surrectio, ao contrário da supressio, representa uma ampliação do conteúdo obrigacional. Aqui, a atitude de uma das partes gera na outra a expectativa de direito ou faculdade não pactuada. 

- venire contra factum proprium, o contratante assume um determinado comportamento o qual é posteriormente contrariado por outro comportamento seu. A locução ‘venire contra factum proprium’ traduz o exercício de uma posição jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente pelo exercente. ‘Venire contra factum proprium’ postula dois comportamentos da mesma pessoa, lícitos em si e diferidos no tempo. O primeiro - factum proprium - é, porém, contrariado pelo segundo. Esta fórmula provoca, à partida, reações afectivas que devem ser evitadas. A proibição de venire contra factum proprium traduz a vocação ética, psicológica e social da regra ‘pacta sunt servanda’ para a juspositividade.

- tu quoque a locução significa "tu também" e representa as situações nas quais a parte vem a exigir algo que também foi por ela descumprido ou negligenciado. Em síntese, a parte não pode exigir de outrem comportamento que ela própria não observou. Exemplo do instituto está no artigo 150 do Código Civil.

- a exceptio doli  se refere ao poder de repelir uma pretensão se comprovado que o seu autor agiu de forma desleal. A exceptio doli, como o próprio nome indica, não atribui qualquer direito, funcionando apenas como defesa. 

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Charles Alexandre de Carvalho

Muito Obrigado !!

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Marilei Oliveira

exceptio doli
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