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doença de crohn e retrocolite?

Preciso de um resumo que contemple a pergunta de forma objetiva e clara (apronfudado no assunto)

💡 1 Resposta

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Vinicius Medeiros

Doença caracterizada pela inflamação crônica do intestino: 

                      Doença de Crohn (DC)

                      Retocolite Ulcerativa (RCU)

  • Características comuns: cronicidade, padrão recidivante, atingem mais adultos jovens

  • Diferenças: local e camadas afetadas

Epidemiologia

  • Predomina em indivíduos jovens de baixa renda

  • Doença recente (20 últimos anos), de ocorrência mundial, aumentando nas últimas décadas

  • Forte associação com industrialização e  desenvolvimento econômico do país

  • Atinge igualmente homens e mulheres

  • Dois picos de incidência: 15-35 e 50-70 anos

Fisiopatologia

Fatores genéticos, ambientais, microbiota e imunidade do indivíduo

Genoma

  • Doença poligênica, sendo 30% dos genes compartilhados entre DC e RCU

  • Familiares 8-10x chance de desenvolver a doença

  • Genes envolvidos no(a): função de barreira, restituição epitelial, defesa da microbiota, regulação imune, geração de espécies reativas de oxigênio, autofagia e funcionamento do retículo endoplasmático

Exposição ambiental (Expossoma)

  • Fatores protetores: aleitamento materno e apendicectomia

  • Fatores que propiciam: ATB no 1º ano de vida, menor exposição à microorganismos na infância

  • Desencadeadores: vacinas, estresse psíquico, ACOs

  • Dieta rica em gordura acelera o processo inflamatório, dieta rica em fibras protege

  • Tabagismo: ↑ chance de desenvolver, ↑ agressiva e ↑ recidivas na DC; fator protetor na RCU

Microbiota (Microbioma)

  • ↓ diversidade da microbiota na DII ⇒ maior suscetibilidade a alterações do meio ambiente (uso de medicamentos, infecções)

  • Dieta rica em açúcares, gordura animal e ferro ↑ bactérias patogênicas

  • Fibras ↑ bactérias benéficas

Resposta imune (Imunoma)

Intestino normal: estado de “inflamação fisiológica”, responde diferente a bactérias da flora e patógenas

  • Sistema imune mantém relação com a luz intestinal através de células M, células epiteliais e captação de antígenos por células dendríticas

  • Tolerância imunológica: processo imune ativo que diferencia antígenos próprios e exógenos

RCU: inflamação restrita à mucosa do intestino grosso

  • Antígenos da luz → IL-13 → linfócitos viram células T NK → lise das células-alvo (epiteliais) ⇔ perpetuação do processo inflamatório

  • Padrão de resposta Th-2/Th-17

DC: processo inflamatório difuso, envolve todo o TGI e todas as camadas da parede intestinal

  • Células T na DC: ↑ proliferação, ↑ expressão de marcadores de ativação e ↑ citotóxicos

  • Padrão Th-1/Th-17

Diagnóstico

Apresentações

DC: Inflamatória, Obstrutiva (estenose e fibrose) ou Fistulizante

  • Complicações: Abscesso perianal ou intra abdominais, fístula perianal

RCU

  • Restrita ao reto (proctite) ou retossigmóide: 40-50%; formas mais brandas

  • Colite esquerda até a flexura esplênica (30-40%)

  • Colite extensa (além da flexura esplênica) ou pancolite: formas mais graves (20-30%)

Quadro clínico

Sintomas variáveis, dependendo da extensão e comportamento da doença

  • Diarreia, com/sem muco, pus e sangue (70%)

  • Dor abdominal tipo cólica, intensidade variável, sem alívio com a eliminação de flatos/fezes (80%)

    • FID na DC e em FID na RCU

  • Trato intestinal normal ou constipado (proctite)

  • RCU: sangramento visível nas fezes (>90%), urgência fecal, tenesmo, exsudato mucopurulento

Manifestações sistêmicas

  • Febre, anorexia, mal estar, anemia, cansaço, náuseas e vômitos, obstrução

  • Desnutrição e má absorção, com emagrecimento e perda ponderal importante (60%)

  • Na criança: déficit de crescimento

Manifestações Extraintestinais

  • Prevalentes em 20% da DC e 10% da RCU

  • Imunomediadas: artropatias, lesões cutâneas

  • Não-imunomediadas (alterações metabólicas ou processos secundários): colelitíase, nefrolitíase e anemia

  • Relacionadas à atividade da doença: artrite periférica, eritema nodoso, aftas orais e episclerite

  • Não relacionadas ao curso da doença: pioderma gangrenoso, uveíte, artropatia axial e colangite esclerosante primária

Acometimento articular

Frequente, em geral assimétrico, migratório e não causa deformidades

  • Artropatia periférica tipo I: aguda, autolimitada, relacionada à atividade da doença, acomete < 5 grandes articulações de forma assimétrica

  • Artropatia periférica tipo II: poliartrite de pequenas articulações (mãos), de curso crônico não relacionado à atividade da doença

  • Artropatia axial: sacroileíte e EA, sem relação com a atividade intestinal

Lesões cutâneas

  • Eritema nodoso: nódulos subcutâneos dolorosos, de 1-5cm, em superfícies extensoras, relacionados à atividade da doença

  • Pioderma gangrenoso: trauma local → pústula(s) eritematosas que coalescem → úlcera profunda com fundo necrótico e estéril

Manifestações oculares

  • Episclerite e esclerite

  • Uveíte: hiperemia ocular, dor, lacrimejamento e fotofobia

  • Cegueira noturna (↓ vit A) e catarata (CEs)

História e Exame físico

  • Viagens recentes, intolerâncias alimentares

  • Uso de medicamentos (ATB, AINEs), tabagismo

  • História familiar 

  • HDA: início dos sintomas, sintomas noturnos, manifestações extraintestinais (boca, olhos, pele, articulações)

  • EF geral: estado geral, peso e coloração das mucosas (desnutrição e anemia)

  • EF abdome: cicatrizes cirúrgicas, dor à palpação geralmente sem sinais de irritação peritoneal

  • Exame da região perianal DC: fissura, fístulas e abscessos

Laboratório

  • Provas de atividade inflamatória: PCR, calprotectina, lactoferrina

  • Hemograma, avaliação hepática, amilase, lipase

  • Outros: ferro cinética, vitamina B12, ácido fólico, albumina, vit D

  • Marcadores sorológicos (pouco usados): p-ANCA (RCU) e ASCA (DC)

Exames endoscópicos

  • EDA apenas se síntomas dispépticos presentes

  • Retossigmoidoscopia

  • Colonoscopia: padrão ouro

  • Enteroscopia

  • Cápsula endoscópica (risco de obstrução)

Doença de Crohn

Afeta qualquer parte do TGI

  • Pode poupar o reto

  • Lesões salteadas (padrão descontínuo)

  • Úlceras aftóides ou úlceras lineares serpiginosas profundas (acometimento transmucoso)

  • Ulcerações no íleo terminal

  • Padrão “pedra de calçamento”

  • Predisposição à fibrose, estenose e fístulas

Retocolite Ulcerativa

  • Reto quase sempre envolvido, não envolve o delgado

  • Padrão contínuo, ascendente e simétrico

  • Perda do padrão vascular, eritema difuso

  • Mucosa granular

  • Geralmente sem fístulas 

Exames radiológicos

  • US: espessura da mucosa, estrutura vascular

  • Trânsito delgado e clister opaco (desuso)

  • TC e RNM (duplo contraste): principais; sinais de inflamação, espessamento de mucosa, linfonodos, sinal do pente ( ↑ vascularização), estenose

Histopatologia

  • Criptite (distorção das criptas), abscesso de criptas, úlceras

  • Hiperplasia reacional de linfonodos

  • Inflamação ativa: ↑ neutrófilos, agregados linfóides

  • DC: granulomas e fístulas da parede intestinal

Diagnóstico diferencial

  • Etiologias infecciosas: parasitária, bacteriana, fúngica ou viral

  • Colite eosinofílica

  • Fármacos: AINEs, ACO, quimioterapia

  • Neoplasia: linfoma, carcinoma metastático ou ileal, polipose familiar

Tratamento 

Objetivos: melhora clínica e endoscópica, evitar complicações, hospitalizações e cirurgias

Não medicamentoso

  • Orientação 

  • Alimentação saudável rica em fibras

  • Cessação do tabagismo e uso de álcool

Medicamentoso

  • Resposta clínica, cicatrização da mucosa, remissão profunda (histopatologia)

Agudizações/tratamento inicial (emergência/clínico geral)

Diminuir inflamação e combater infecção

  • Antibióticos (Metronidazol e ciprofloxacina): fístulas, abscessos, profilaxia pós-cirúrgica

  • Aminossalicilatos (sulfassalazina e mesalazina)

  • Corticóides (prednisona, metilprednisolona, budesonida)

  • Doença grave: especialista

Indução e manutenção da remissão (especialista)

  • Não usar corticóide

  • Imunossupressores (metotrexato, azatioprina e 6-MP): cicatrização da mucosa, doença moderada e grave

  • Terapia biológica (adalimumabe, infliximabe): DC fistulizante/estenosante, RCU grave

Cirúrgico

  • Indicações: 

  • Agudizações graves sem resposta aos medicamentos

  • Doença crônica refratária

  • Displasia/neoplasia

  • Complicações: obstrução, megacólon tóxico, hemorragia maciça, perfuração

Critérios de pior prognóstico DC

  • Paciente jovem <40 anos

  • Doença extensa

  • Forma fibroestenosante ou fistulizante

  • Úlceras profundas

  • Cirurgia precoce (< 1 ano de diagnóstico)

  • DC gastrointestinal

  • Emagrecimento > 10

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