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explique os escopos da jurisdição/ processo?

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Silvéria Ramos


Processo Civil

Aula 03: Escopos da jurisdição

October 13, 2016

 

 

 

Escopo jurídico: é a aplicação do direito ao caso concreto, assim como estudado no tópico 'Elementos da jurisdição'. É dessa forma que se resolve a lide, ou seja, o conflito entre as partes, o que para a doutrina mais moderna se faz mediante a criação de norma jurídica específica para o caso em questão.

 

Escopo social: é a pacificação social, o que também foi tema do tópico 'Elementos da jurisdição', podendo ser caracterizado pela satisfação ou contentamento das partes quanto à decisão proferida.

 

Escopo educacional: a jurisdição tem como um de seus objetivos educar a população sobre a conduta que é esperada de seus jurisdicionados, melhor delimitando seus direitos e deveres a partir das decisões proferidas. Para que seja eficaz, demanda a clareza, publicidade e acessibilidade das decisões, o que muitas vezes fica a cargo da mídia, ao fazer cobertura de processos específicos ou jurisprudências - o que ficou conhecido como a espetacularização das ações judiciais -, considerando que muitos não entendem a linguagem jurídica ou simplesmente não tem por hábito acompanhar os informativos.

 

Escopo político: é o que se denomina como judicialização da política ou ativismo judiciário, que ocorre com a constante participação do Poder Judiciário em questões tipicamente políticas, considerando que a jurisdição é garantida em todo caso de lesão ou ameaça de lesão a direito:

 

CF, "Art. 5º (...) XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito"

 

Ou seja, se qualquer pessoa, inclusive o Estado, materializado em seus Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, lesa ou ameaça lesar direitos fundamentais e liberdades públicas, cabe ao Judiciário atuar para garantir sua tutela, o que muitas vezes se consubstancia em uma atuação política, especialmente se o Estado é parte em dado processo.

 

Há casos, inclusive, em que o Judiciário é chamado a se pronunciar em questões relativas a políticas públicas, que em tese estão submetidas aos critérios de conveniência e oportunidade da Administração Pública, criando cenários em que muitas vezes o Judiciário é importante agente em sua criação, gerenciamento e extinção. De forma reflexa, o Judiciário acaba por também atuar de forma expressiva na estruturação orçamentarias dos entes federativos, considerando o custo para cumprimento de decisões judiciais, que muitas vezes altera o planejamento realizado pelo Poder Executivo e aprovado pelo Poder Legislativo.

 

Ademais, o Poder Judiciário também é responsável pela participação popular democrática que ocorre por meio da jurisdição, que é o caso, por exemplo, de ações coletivas ou ações que visem ao controle/fiscalização da Administração Pública.

 

Em resumo, o Poder Judiciário tem participação e poder políticos consideráveis, o que tem sido marcado no Brasil por constantes situações de estranhamento dos demais Poderes em relação ao agigantamento que o Judiciário tem experimento recentemente. Essa tem sido uma ferramenta importante ante a morosidade e a crise de credibilidade que o Executivo e Legislativo enfrentam por ora, mas é sempre importante repisar a ideia de que a harmonia e equivalência entre os poderes constituem elementos da democracia.

 

Embora haja certo entusiasmo popular quanto à atuação jurisdicional - como os marcantes julgados do STF sobre temas controversos que o Legislativo não apreciava devido ao seu alto custo político, como as relações homoafetivas e aborto de fetos anencéfalos, por exemplo -, importa sempre destacar que a desproporção entre os poderes cria espaço para o arbítrio que a separação de poderes busca controlar.

 

Basta lembrarmos que as ditaduras experimentadas no Brasil - Era Vargas e a Ditadura Militar - foram período marcados pelo crescimento desproporcional do Executivo em relação aos demais poderes, de modo que é fundamental estar atento aos limites de atuação do Judiciário. Essa delimitação ainda está em construção, existindo muitas zonas cinzentas quanto à capacidade de interferência ou não do Judiciário.

 

Em decisão recente do STF sobre o Direito à saúde e dever de o Estado fornecer medicamento, o STF afirma, segundo seu Informativo nº 839, que:

 

"(...) não caberia ao Poder Judiciário formular políticas públicas, mas corrigir injustiças concretas.

Assim, verificada a transgressão ao mínimo existencial, o direito individual à saúde se revelaria imponderável frente aos mais relevantes argumentos de ordem administrativa. É o caso do comprometimento de políticas de universalização da prestação aos demais cidadãos e de investimentos em outras áreas. Objeções de cunho administrativo não podem prevalecer diante de ofensas ao mínimo existencial. Argumentos genéricos ligados ao princípio estruturante da separação de Poderes tampouco têm sentido prático em face de inequívoca transgressão a direitos fundamentais."

 


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Guilherme Ciliao

Jurisdição é manifestação de poder do Estado, ela tem o atributo de dizer genericamente o direito de modo definitivo, essa generalidade implica em interpretar o direito. A jurisdição regra geral é exercida pelo órgão judicial, todavia, outras funções do poder e particulares em caráter excepcional podem exercê-la de modo atípico.



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