Os requisitos para aplicação da pena restritiva de direito estão elencados no artigo 44 do Código Penal, podendo ser objetivos e subjetivos. Destacamos que esses requisitos têm que ser analisados e preenchidos conjuntamente pelo condenado. Ter a sua pena substituída exige caracterização de todos os critérios exigidos. De toda forma, por força do dispositivo do art. 93, IX, da Constituição da República, as decisões de substituição ou de sua negativa devem ser necessariamente motivadas e expostas as razões de fato e de direito para tanto.
1. Requisitos objetivos
Os requisitos objetivos se referem a natureza do crime e à quantidade de pena aplicada.
1.1 Natureza do crime
Quando se tratar de crimes dolosos, é necessário que não exista violência ou grave ameaça à pessoa no seu cometimento. Já na modalidade culposa a substituição pode ser possível em todos os casos, independentemente de, no caso, haver lesão ou distribuição do bem jurídico tutelado, como é o caso do homicídio culposo.
1.2 Quantidade de pena aplicada
Nesse requisito, não importa a pena cominada em abstrato, mas sim àquela efetivamente aplicada pelo magistrado. Os requisitos são cumulativos, sendo assim, para crimes dolosos, além da natureza do crime (ausência de violência ou grave ameaça á pessoa), o limite máximo de 4 (quatro) anos da pena aplicada deve ser respeitado. Já nos crimes culposos, não importa a pena atribuída, já que será possível a substituição em todos os casos.
2. Requisitos subjetivos
Esses requisitos estão relacionados diretamente ao condenado.
2.1 Não ser reincidente em crime doloso
Por esse critério, sobre o qual recai certo grau de discricionariedade pelo magistrado, o condenado não poderá ser reincidente em crime específico. Isso significa que a repetição do mesmo tipo penal impede a substituição. Não sendo a reincidência específica, e o magistrado analisando as circunstâncias do delito e dados pessoais do condenado, pode ser aplicada a substituição mesmo assim.
3. Princípio da suficiência
Conforme ensina Bitencourt (2017)., “os critérios para a avaliação da suficiência da substituição são representados pela culpabilidade, antecedentes, conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do fato”. Dessa forma, a pena restritiva de direito precisa ser adequada e suficiente para atingir sua finalidade, que deve ser o mesmo da pena privativa de liberdade, ou seja, repressão e prevenção do delito cometido (art. 59 do CP).
As penas restritivas de direitos são sanções penais impostas em substituição à pena privativa de liberdade e consistem na supressão ou diminuição de um ou mais direitos do condenado.
São requisitos para a substituição:
a) Se o crime for doloso, pena imposta não superior a 4 anos e crime cometido sem violência ou grave ameaça a pessoa. Com relação ao crime culposo, cabe a substituição, não importando a pena aplicada.
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
(...)
b) Não reincidência em crime doloso.
Art. 44, II - o réu não for reincidente em crime doloso;
Vale dizer, o artigo 44, 3º permite a substituição desde que não se trate de reincidência específica, sendo a medida recomendável.
Art. 44, 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
c) A substituição deve ser suficiente para retribuir o crime e prevenir futura reincidência.
Art. 44, III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
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Direito Penal Teoria e Execução das Penas
•UNA
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