A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) afirma ser atribuição dos docentes "elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino" (art. 13, II). Como a legislação não aponta uma etapa ou modalidade específica, entende-se que os professores do Ensino Fundamental estão incluídos nesse grupo. É verdade que um plano de trabalho é mais amplo do que um plano de aula. O primeiro pode contemplar objetivos de formação pessoal, relação com os pais e com a comunidade local, propostas ou projetos da escola, mas certamente deve incluir a organização de sua intervenção cotidiana junto aos alunos, que nada mais é do que o plano de aula. Para exemplificar: no mesmo artigo da LDB, afirma-se ser função de cada docente "estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento". Caso um professor não planeje suas aulas de acordo com a evolução concreta dos alunos, ele não conseguirá nem estabelecer estratégias nem tampouco preparar formas de apoiar os estudantes que apresentem dificuldades de aprendizagem. Como nossa legislação compreende a educação como um ato sistemático e deliberado, os planos de aula precisam existir.
Em primeiro lugar, o planejamento serve para questionar e precisar o que será ensinado e por quais motivos. Assim, ele esboça as intenções da instituição de ensino, explicitando o que cada turma ou professor espera atingir ao final do período letivo contemplado no plano.
No momento de esclarecer o que será ensinado, ou seja, o conteúdo de cada disciplina, para cada ano e em cada etapa, é importante basear-se nas diretrizes repassadas pelo MEC — por meio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), por exemplo — e pelas secretarias municipais e estaduais.
Além disso, cabe lembrar que a escola também tem liberdade para acrescentar seus próprios projetos e conteúdos no currículo. É sobretudo neste ponto que entra a questão do para quê e da própria identidade da escola.
Isso porque o planejamento não deve limitar-se aos conteúdos curriculares previstos por lei, mas deve focar-se ainda em cumprir a missão proposta pela escola em seu Projeto Político Pedagógico (PPP), considerando seus valores e o tipo de cidadão que pretende formar.
Outro ponto indispensável nesse momento e que contempla tanto a questão curricular em si quanto sua finalidade, é a necessidade de se considerar a progressão dos alunos pelo conhecimento de uma maneira mais macroscópica. Isso significa não perder de vista, no planejamento de cada série, o panorama de todo um ciclo de aprendizado em que cada nova etapa exigirá o domínio de conhecimentos prévios.
Trata-se, em suma, de um projeto muito amplo, e que exatamente por isso deve ser elaborado com o apoio de toda a equipe pedagógica e deve ser revisto periodicamente.
Se o passo anterior concentra-se de uma maneira mais teórica nas intenções da escola para o próximo período letivo, neste ponto deve-se compreender a realidade em que a instituição está inserida.
Nesta parte do planejamento, devem-se analisar dois aspectos da realidade escolar:
Pesquisas, análises, avaliações diagnósticas e coleta de depoimentos de todos os membros da comunidade podem ser úteis para ajudar a compreender a situação da escola de maneira mais apurada e completa.
3. Como: plano de ação
Para compor um plano de ação é importante confrontar as intenções da escola com sua realidade para combinar o que se quer fazer com o que é viável e factível. A partir disso, será possível decidir como a escola poderá aproximar-se dos seus objetivos sem desconsiderar o seu contexto.
Elabora-se, então, um documento que se desdobra em vários níveis, afunilando-se da instituição de ensino como um todo até o planejamento de cada professor em cada turma e disciplina.
De maneira mais ampla, definem-se questões burocrático-administrativas que afetarão todos os alunos e professores (assim como, muitas vezes, a comunidade local), como por exemplo:
A seguir, para cada ano, define-se o calendário de avaliações, distribuem-se os alunos em turmas e monta-se a grade de horários. Por último, os professores devem ser orientados em relação ao cumprimento do currículo, de maneira a deixar claro o que se espera de cada um.
Formas de avaliação, objetivos não curriculares e diretrizes de ação em casos específicos também devem fazer parte do plano. Dessa forma, o documento cumpre seu papel como guia para toda a comunidade escolar.
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