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Romantismo (1820-1850) Willian Turner e as “paisagens românticas” • Nas cenas de paisagens pintadas pelos românticos, foi abolida a racionalidade construtiva da paisagem clássica, como as de Claude Lorrain, para possibilitar uma nova linguagem capaz de expressar as variações luminosas e atmosféricas contidas na suposta paisagem real (“o pitoresco”). • Com isso, se deu mais um duro golpe da pintura neoclássica. Claude Le Lorrain – Vista de Crescenza (1648) • Podemos ver no alemão Casper David Friedrich e no inglês Constable os dois grandes precursores da “paisagem romântica”, que teve, um pouco mais tarde, a figura do também inglês Joseph Mallord William Turner o seu maior representante. • Friedrich apresentou nos seus trabalhos a evocação do misticismo e do mistério através das atmosferas densas que representou. No entanto, elas são simples, como aponta Wendy Beckett, ao analisar o quadro Monge à beira-mar, de 1810 “três grandes faixas atravessam a pintura: o céu, o mar e a terra. A única marca vertical é o ser humano, que concentra em si mesmo o silêncio da natureza e lhe dá uma voz” (p.307) Friedrich – Abadia na floresta (1810) Friedrich – Nova Brandenburgo (1810) Friedrich – Pôr do sol (1830) Friedrich – Cidade ao anoitecer anoitecer (1817) Friedrich - Paisagem de inverno (1811) • John Constable trabalha a mesma simplicidade de Friedrich, no entanto não apresenta a natureza sob a ótica do mistério. • A densidade no seu caso se dá pelo alargamento da pincelada e pelas cores explosivas. • Notamos como suas paisagens trazem as marcas do pincel (do movimento que este fazia sobre a tela) a texturização das cores e a simplificação do plano compositivo, como podemos ver em Baia de Welmuth (1816) e em Campo de feno ao leste de Bergholt (1812). Constable – Baia de Weymouth (1816) Constable - Campo ao leste (1812) • Turner levou a noção de variação luminosa e atmosférica ao limite. Nas suas paisagens, os objetos são soterrados no intempestivo furor de luz e cor, subsistindo apenas como resíduos. Turner – a casa dos lordes em chamas (1834) • Como diz Beckett: “Nisso reside a grandeza de Turner, uma valorização quase afoita da violência natural, controlada apenas pelo poder do discernimento do artista (...)O espectador sente e vive a violência e, no entanto, é capaz de vê-la com objetividade”(p.266). • Essa disposição é marcada em sua obra a partir da década de 1840. • Em Navio a vapor numa nevasca (1842), ou A tempestade, como é comumente conhecido, Turner procura representar a pequeneza do navio em meio a um fenômeno natural, a fragilidade e impotência do aço em meio a força da natureza, ao mesmo tempo em que faz do quadro a própria tempestade. Turner - Tempestade (1842) • Nota-se a vertigem que o artista cria no espectador ao dissolver todos os eixos de orientação retilíneos ( verticais, horizontais e diagonais) ao criar um movimento circular de tinta com variações brutais de cor e luz. • Esse simula a tempestade no movimento de nossa retina e dissolve completamente os padrões de estabilidade da pintura neoclássica. • A autora nomeia essa disposição de sua admiração pelo “drama natural”. • Turner é talvez o artista que melhor apresente os reflexos da revolução industrial, visto que dava a tinta em seus quadros uma densidade e capacidade de fusão semelhante ao vapor que saia das máquinas, como podemos notar em Chuva, fumaça e velocidade (1844). Turner – Chuva, fumaça e velocidade (1844) • Em Veneza vista do “Europa” (1843), notamos essa mesma radicalização da abordagem do tema a partir de uma técnica inovadora e audaciosa. • A respeito dele, Beckett escreve: “A luz doura não só a água, mas também o céu; onde será que termina uma e começa o outro? Não há profundidade perspectiva, apenas espaço, altura, nuvem, deslumbramento, esplendor.” (p.266). Turner – Vista de Veneza (1843) • Turner dissolve a perspectiva (símbolo máximo da pintura clássica renascentista) por meio de uma nova noção de espaço. • Um espaço que se faz pela fusão do céu e da terra(ou mar), da luz e da umidade, da fumaça e da neblina, etc. • Por essa razão, a natureza é para ele aquela energia vital de Rubens, só que agora muito mais intensa e liberta dos padrões da pintura tradicional. • Com sua técnica, Turner já deixará o caminho livre para os expressionistas abstratos e tachistas do século XX. Turner – paisagem com rio e baia a distância (1840-50) Turner - O lago de Lucerna no amanhecer (1842) Turner – Goldau (1841) Turner - Navio no mar (1842) Turner – San Giorgio Magiori pela manhã Turner – Estudo de castelo Turner - e escuridão (1843) De Kooning – Suburbio em Havana (1958)
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