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Resumo Direito Internacional Público

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DIREITO INTERNACIONAL
RESUMO
INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
· As relações internacionais são definidas pela existência dos Estados (primazia de organização política) – comunidades independentes, com governo próprio e afirmação de soberania sobre um território e um grupo de pessoas
· Um sistema de Estados (ou sistema internacional) se forma quando dois ou mais Estados têm suficiente contato entre si, com suficiente impacto recíproco nas suas decisões, de tal forma que se conduzam, pelo menos até certo ponto, como parte de um todo
· Sistema de Estados ou Internacional – se baseia nas capacidades políticas, militares e econômicas. Sua existência é determinada pela intensidade de sua interação com os demais Estados (interação direta/indireta, conflito/cooperação, etc.), ou seja, manifestação dos esforços de cooperação e regulação nas interações entre os Estados
· Sistema normativo internacional – ampla rede de normas e princípios jurídicos com foco nos objetivos compartilhados da sociedade internacional (manter o equilíbrio de poder e interação entre os atores, com o propósito de firmar interesses de cooperação, influência e domínio), dos quais se destacam: a preservação do próprio sistema e da sociedade de Estados, a manutenção da independência dos Estados individuais, da paz e a limitação da violência
· Direito Internacional Público (misto entre os sistemas civil law e common law) - conjunto de princípios e regras jurídicas (costumeiras e convencionais) que disciplinam e regem a atuação e a condução da sociedade internacional (formada pelos Estados, pelas organizações internacionais intergovernamentais e, também, pelos indivíduos), visando alcançar as metas comuns da humanidade e, em última análise, a paz, a segurança e a estabilidade das relações internacionais. A elaboração de suas normas se dá através da diplomacia, devendo ser ratificadas pelos Estados para terem validade jurídica interna. Quando em vigor no Estado, se tornam Direito Interno. Tratados internacionais multilaterais (celebrados entre vários Estados) e bilaterais (entre dois Estados)
· Para ter validade jurídica, os tratados internacionais precisam de um número mínimo de assinaturas. Isso acaba fazendo com que Estados formem alianças em torno de temas que lhe interessam a fim de juntar forças durante as negociações. Essas uniões geralmente ocorrem por conta do poder econômico e militar que cada Estado possui, reunindo interesses. Quando um tratado é celebrado em uma região continental, com objetivos comerciais, surgem os chamados blocos regionais de integração econômica. Dois exemplos práticos são o Mercosul e a União Europeia, que possuem estruturas e funcionamentos distintos
· AS CONSTITUIÇÕES ESTATAIS (Direito Interno) PREVEEM REGRAS PARA APLICAÇÃO INTERNA DO DIREITO INTERNACIONAL
· Com o surgimento dos Estados Nacionais durante o século XV, surgiu a noção de separação entre direito interno e externo. A partir daí passou-se a ter a noção de uma comunidade internacional e, por consequência, o desenvolvimento do direito internacional na forma que se dá nos dias atuais
Doutrinas sobre a definição de Direito Internacional Público
a) Voluntarista - atribui a obrigatoriedade do Direito Internacional Público ao consentimento, à vontade comum dos Estados, expressa tácita ou explicitamente; estes só se submetem ao Direito que, livremente, reconheceram ou constituíram;
b) Objetivista - prevê a existência de princípios e normas superiores aos do ordenamento jurídico, os quais teriam prevalência sobre as vontades e os interesses dos Estados. Atribui, principalmente, ao direito natural as raízes da obrigatoriedade de normas que poderiam ser extraídas, a partir da razão humana, do que é observado como a ordem natural (e moral);
c) Objetivista temperada - se baseia em princípios jurídicos alçados a um patamar superior ao da vontade dos Estados, mas sem que esta seja deixada completamente de lado
· A pacta sunt servanda impõe aos Estados o dever de cumprir com as obrigações aceitas livremente no exercício de sua soberania
· Antes do Direito Internacional Público - compromissos “internacionais” eram firmados por meio do mecanismo de tratados, lidando com questões como alianças ofensivas e defensivas, delimitações territoriais e acordos de paz e comércio (base na igualdade entre as partes) – reforço por meio de juramentos religiosos
· Grécia Antiga – unidade constitutiva se chamava cidade-Estado (indícios de um direito de guerra baseado em condições humanitárias)
· Império Romano – Direito das gentes, aplicado entre romanos e não-romanos
· Idade Média – lógica de subordinação e não de coordenação. Há a figura do papa. Com a Reforma Protestante, o questionamento da autoridade papal abre espaço para que os monarcas centralizem o poder e passem a exercer a plenitude das funções estatais sobre um território claramente constituído.
· Organizações Internacionais são sujeitos de Direito Internacional independentes dos Estados que as compõem (ex. ONU) – são dotadas de personalidade jurídica no plano internacional
RELAÇÕES INTERNACIONAIS, SOBERANIA E AUTODETERMINAÇÃO DOS ESTADOS
· Há a horizontalidade, onde, ao menos teoricamente, todos os Estados são iguais e não há superioridade de autoridade – todos voltados de soberania
· Perspectiva realista – ideia de anarquia (ausência de autoridade suprema)
· Nas relações internacionais, coexistem múltiplos soberanos que não podem abrir mão do uso legítimo da força em favor de um terceiro
· O objetivo inicial do Direito Internacional é, afinal, evitar a guerra
· Soberania interna – supremacia dos Estados em relação ao seu próprio território e população X soberania externa – se refere à independência às autoridades externas
· O princípio da autodeterminação dos povos (direito de autogoverno e decisões política e econômica próprias, podendo defender sua existência e independência) é reconhecido na Carta da ONU de 45. Inclusive, um dos propósitos da ONU é desenvolver relações amistosas entre as nações e tomar medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal
· Requisitos para o reconhecimento de um novo Estado: a) território bem definido, b) população permanente e c) governo ou capacidade de exercício efetivo de autoridade sob aquela população naquele território, etc.
· Teoria dualista - propõe que o Direito Interno (aqui, inclui Direito estatal positivo, costumeiro e privado) e o Direito Internacional Público (aqui, regula as relações entre os Estados iguais) são sistemas jurídicos distintos que, apesar de algum contato, não se sobrepõem jamais; as duas ordens convivem, porém são separadas. Como regulam relações diferentes, é impossível que haja conflito entre suas fontes. Em um cenário de dualismo puro, o processo de produção da norma de Direito Interno, ainda que prevista ou autorizada pelo Direito Internacional, começará do zero, assim como a produção de qualquer outra norma fora da influência do Direito Internacional. Trata-se de um processo legislativo completamente independente
As fontes do Direito Internacional não poderão jamais substituir as do Direito Interno, que devem agir por elas próprias. Uma fonte de Direito Internacional não poderá, jamais, criar regras de Direito Interno, da mesma forma que uma regra de Direito Interno não poderá criar Direito Internacional
A fonte do Direito Interno pode ser obrigada ou autorizada pelo Direito Internacional a criar (ou não) o direito. É a imposição de um dever internacional ao Estado. Para concretizar essa tarefa, o Direito Internacional precisa recorrer ao Direito Interno – afinal, só assim poderá realizar aquela obrigação na vida interna do Estado
Ao ser parte de um tratado, o Estado se obriga perante as outras pessoas jurídicas estrangeiras, sem que isso influencie seu ordenamento jurídico interno. Para que se fale em recepção, é necessário que a regra estatal corresponda, de forma exata, ao conteúdo da norma internacional – qualquer modificação impossibilita essa referência. Quando um Estado, para cumprir com obrigações internacionais,cria determinadas normas destinadas aos indivíduos, claramente não está reproduzindo fielmente a norma internacional
O dualismo moderado reconhece a necessidade de um ato formal de internalização, mas não, necessariamente, a “repetição” dos processos legislativos. Assim, no plano doméstico brasileiro, que adota esta corrente, exige-se a promulgação interna do tratado, por meio de um decreto presidencial executivo, que deve ser publicado ao final do processo de ratificação, para que aquela norma internacional adquira vigência plena no ordenamento doméstico
· Teoria monista (Hans Kelsen) - sustenta que o Direito Internacional tem aplicação direta na ordem jurídica dos Estados, sem depender de qualquer processo de transformação ou incorporação das normas internacionais. Há apenas uma norma jurídica (unidade). O Direito Internacional e o Direito Interno seriam dois ramos dentro de um mesmo sistema jurídico; o Internacional se sobrepõe. Opera-se com apenas um sistema de normas, o que impossibilita haver conflitos insolúveis entre normas e obrigações. Tais conflitos poderiam ser resolvidos através do critério cronológico, onde a lei posterior derroga a anterior, e o critério hierárquico, onde uma norma que não respeitar sua norma superior será considerada nula
Haveria duas formas de relacionamento entre sistemas normativos: coordenação e subordinação (dois sistemas coordenados a um terceiro que os subordina – fonte stricto sensu). O que haveria, ao final das contas, não são dois sistemas subordinados, mas um único sistema, com uma mesma fonte no topo da pirâmide, sendo impossível um conflito de normas entre eles. Na sua construção lógica, uma regra não pode ser considerada jurídica se não tiver como fonte de validade outra norma jurídica. As normas de Direito Internacional regulariam, portanto, diretamente as relações jurídicas entre os indivíduos
Na presença de conflitos, três correntes oferecem suas soluções: 
a) Internacionalista ou radical – propõe a supremacia do Direito Internacional sobre o Direito Interno – este deriva daquele, devendo ceder em caso de conflito;
b) Moderada – equipara ambos hierarquicamente, aplicando o critério cronológico (concorrência entre ordens jurídicas);
c) Nacionalista – defende a primazia do Direito Nacional de cada Estado soberano, sendo a adoção dos preceitos do Direito Internacional uma faculdade discricionária
No Brasil há o monismo moderado, onde as normas internacionais não têm aplicação imediata, havendo necessidade de um processo doméstico (há manifestação do legislativo) – o tratado deve ser promulgado e publicado na forma de um decreto executivo, assinado pelo Presidente da República
VOLUNTARISMO E OBJETIVISMO NO DIREITO INTERNACIONAL
· Voluntarismo - obrigatoriedade do Direito Internacional do consentimento ou da vontade comum dos Estados. O Direito Internacional Público seria obrigatório porque os Estados, expressa ou tacitamente, assim o desejam e querem. Há ausência de limitação dos poderes do Estado
Teorias sobre a vinculação do Estado à sua própria vontade, no plano Internacional: a) autolimitação do Estado - propõe a origem do Direito Internacional na disposição dos Estados de se autolimitar na relação com outros Estados, fazendo isso em seu próprio interesse para atender às necessidades da sociedade internacional da qual é membro e b) vontade comum – funda o Direito Internacional na vontade comum, resultado da fusão de vontades dos membros da sociedade internacional
· Objetivismo - a obrigatoriedade do Direito Internacional advém da existência de princípios e normas superiores aos do ordenamento jurídico estatal, uma vez que a sobrevivência da sociedade internacional depende de valores superiores que devem ter prevalência sobre as vontades e os interesses domésticos dos Estados
· Princípios gerais do direito são uma das fontes autônomas do Direito Internacional Público (alcance limitado)
· O conceito de jus cogens (imperativa) baseia-se na ideia de que existem valores fundamentais e superiores dentro do sistema normativo internacional, os quais não poderiam ser afastados, substituídos ou eliminados a partir de manifestações volitivas por parte dos Estados que o compõem; é a encarnação jurídica da consciência moral da sociedade internacional
· É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza. Apenas outra norma jus cogens pode alterá-la. Há dois estágios: I) a proposição se firma como norma de Direito Internacional Geral e II) ganha aceitação uma norma imperativa pelos membros da sociedade internacional
· Natureza do Direito Internacional segundo:
a) Carl Shimitt: a origem do Direito Internacional se justifica nas divisões territoriais, que delimitam o espaço e diferenciam o interior do exterior. Propôs uma nova divisão espacial que reconhecesse hegemonia de determinadas potências
b) Hans Kelsen (teoria pura do direito): pretendia definir o Direito unicamente em função de seus elementos internos (ciência normativa) – normas que determinam padrões de comportamento. Cada norma depende, para sua validade, de uma norma anterior, de forma que o processo continua até que se alcance a norma fundamental de todo o sistema, que alicerça o sistema jurídico. Há dificuldade disso acontecer no DI. A autotutela é a única forma de se fazer garantir os direitos. A norma fundamental recai sobre o costume como fonte (pacta sunt servanda – os compromissos assumidos devem ser cumpridos de boa-fé)
c) Herbert Hart (retoma o positivismo): compreende o Direito como um sistema/conjunto de normas baseado na interação entre normas primárias (detalham padrões de conduta) e secundárias (oferecem meios pelos quais esses padrões de conduta podem ser identificados, desenvolvidos e alterados). As sociedades primitivas possuíam apenas as primárias - a sofisticação da sociedade levaria ao desenvolvimento de normas secundárias, de modo a identificar a autoridade responsável por ditar as normas de conduta e o processo por meio do qual estas se adaptariam às circunstâncias da vida. O ordenamento jurídico internacional constituiria um exemplo de sociedade primitiva no qual, considerando a ausência de um poder legislativo centralizado, de um conjunto de tribunais com jurisdição compulsória e de meios organizados para a imposição das leis, só existiriam normas primárias
d) Ronald Dworkin: não aceita o consentimento auto limitante dos Estados como a base do Direito Internacional, preferindo um retorno à concepção parcialmente moral da disciplina; os Estados teriam uma obrigação geral de ampliar sua própria legitimidade política (ampliar a legitimidade da ordem legal internacional). Os Estados devem proteger os Direitos Humanos, garantir a assistência da comunidade internacional em caso de invasões ou ameaças externas contra a independência de um Estado, promover a cooperação internacional e promover a participação política das pessoas em seus próprios governos
FONTES DO DIREITO
· As fontes do direito se relacionam com os modos de formação das normas jurídicas, ou seja, sua entrada no sistema do ordenamento
a) Formais: se relaciona ao modo, ao processo de manifestação, formulação das normas jurídicas, ou seja, quais os meios empregados pelo jurista para conhecer o Direito (documentos)
Escritas: Lei, decisões dos tribunais, Tratados Internacionais, etc.
Não escritas: a) Costume (foco na prática reiterada e reconhecida pela sociedade como Direito e seu consequente uso; a sociedade lhe aufere obrigatoriedade); b) Princípios gerais do direito (preencher lacunas nas normas escritas de maneira subsidiária; sua aplicação demanda interpretação dos intérpretes), c) poder negocial (vontade dos particulares, cumpridosos requisitos de ordem pública)
b) Materiais: são os processos concretos históricos, éticos, sociais, etc. que dão origem às normas jurídicas (advém das necessidades sociais dos indivíduos)
OBS: a doutrina não CRIA Direito, portanto não é uma de suas fontes; ela apenas o interpreta, apontando o sentido das práticas e dispositivos, indicando a correta aplicação da lei
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO (rol não taxativo)
· Divididas em:
a) Formais: métodos e processos de criação das normas jurídicas - convenções internacionais (fonte primordial), costume internacional (prática reiterada de um determinado comportamento, aceito pela sociedade onde é praticado, ou seja, prova de uma prática geral aceita como sendo o direito), princípios gerais de direito (ex. pacta sunt servanda / contemporâneos – novo arranjo institucional estabelecido pela ONU pós II Guerra Mundial), fontes auxiliares (doutrina e jurisprudência)
b) Materiais: correspondem aos processos políticos, sociais, econômicos, morais, ecológicos e comerciais que os membros da Sociedade Internacional possuem no momento que as estruturas de poder passam a editar e formalizar o direito. Sua origem se dá nas necessidades dos Estados e organismos internacionais em interação
Fontes primárias: Convenções e tratados internacionais (direitos e deveres mútuos), costume internacional, princípios gerais do Direito e equidade (Conselho Internacional de Justiça, art. 38)
Meios auxiliares: decisões judiciárias e doutrinas dos juristas qualificados
· Há ausência de hierarquia entre as fontes
· TRATADOS INTERNACIONAIS: expressam a vontade dos Estados e estabelece normas jurídicas entre eles. É acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de instrumento único ou dois ou mais conexos, qualquer que seja sua denominação específica (Convenção de Viena, incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro). Sua força vem do princípio costumeiro pacta sunt servanda (os acordos celebrados pelos Estados soberanos são vinculantes quando respeitadas as condições de livre exercício da autonomia de suas vontades). Enquanto fonte de direito internacional, devem aumentar ou codificar as regras já existentes, enquanto fonte de obrigação, devem desempenhar a função de um contrato no direito interno moderno
a) Tratados-lei: criam normas gerais a todos os Estados
b) Tratados-contratos: dizem respeito apenas às partes interessadas em versar sobre negócios específicos
c) Tratado de direito dispositivo: seu conteúdo pode ser derrogado por um tratado posterior
d) Tratado cogente (jus cogens): não pode sofrer derrogação por tratado posterior, exceto um de mesma natureza, que possui mais força
Partes signatárias: 
a) Bilaterais: envolvem duas partes
b) Plurilaterais: abrangem mais de duas partes
c) Convenções gerais: trazem diretrizes gerais a título de normas ou princípios
d) Convenções específicas: detalham normas e princípios gerais trazidos pelas convenções gerais
Um Estado não pode evadir-se de suas obrigações internacionais sob o pretexto de sua pretensa incompatibilidade com o seu ordenamento jurídico interno
Um acordo internacional deve ser regido pelo direito internacional; ainda que no período intermediário entre a assinatura e a entrada em vigor de um tratado, os Estados devem, obrigatoriamente, manter, seguir o objeto e o propósito do tratado
Para que um tratado seja considerado válido, ele deve ter: partes capazes (Estados), agentes habilitados (com documentos onde constam plenos poderes de representação dos Estados), consentimento entre as partes (mínimo de 2/3 dos Estados votantes em casos de tratados multilaterais presentes na sessão de sua aprovação) e objeto lícito e possível
Convenção de Viena – estabelece como os tratados podem ser construídos / Ordenamentos jurídicos nacionais – estabelecem a maneira como serão introduzidos nas hierarquias de normas
Há três maneiras de incorporar um tratado no Direito Interno dos Estados:
a) Cláusula de adoção sem primazia do Direito Internacional Público: adotam o Direito Internacional, mas não fazem referência à hierarquia das suas normas em relação a ele;
b) Cláusula de adoção com primazia do Direito Internacional Público: adotam o Direito Internacional e dão primazia às suas normas quanto a ele;
c) Ausência de regulamentação
O Brasil faz parte do grupo de Constituições omissas, havendo exceção à incorporação de tratados internacionais de Direitos Humanos. Tal incorporação passa pela negociação, assinatura, aprovação do Congresso Nacional, ratificação do presidente da República, promulgação e publicação (demanda a participação conjunta dos Poderes Executivo e Legislativo). Aqui nasce a obrigação interna
Aqui, podem ocupar três posições, de acordo com a forma pela qual foram aprovados e da matéria que versam:
a) Tratados internacionais de DH: com aprovação de 3/5 em duas votações, em dois turnos, nas casas do CN (Emendas Constitucionais);
b) Tratados internacionais de DH não aprovados com o referido quórum – status de supra legalidade, estando acima de todas as leis, mas abaixo da CF;
c) Tratados internacionais que versam sobre demais matérias: quando incorporados, passam a ter o status de norma infraconstitucional, revogando as normas anteriores sobre mesma matéria
Quando uma norma interna ataca a mesma matéria que um tratado internacional, ela não revoga esse tratado que ainda faz lei entre as partes na arena internacional (ocorre a suspensão do tratado no âmbito interno); em tese, uma lei posterior não pode revogar um tratado, pois a obrigação internacional só pode ser desconstituída em ocasião de denúncia (monismo moderado adotado no Brasil)
Segundo a Convenção de Viena, os tratados que estejam em conflito com uma norma imperativa de direito internacional geral (jus cogens) deve ser considerado nulo, ser anulado.
· COSTUMES INTERNACIONAIS: é considerada a fonte mais antiga, podendo ser universais, regionais ou locais (não há necessidade de conformidade universal). Integram obrigações erga omnes.
Quando um costume é positivado num tratado internacional, este mantém sua força vinculante tanto sobre os Estados que fazem parte deste tratado quanto sobre os Estados que não fazem parte
Para que uma prática internacional seja reconhecida como costume, ela precisa ser uma prática geral (elemento objetivo) reiterada, contínua e duradoura, além de ser aceita como um direito (elemento subjetivo), ou seja, quando os Estados passam a aceita-la como juridicamente determinante internacionalmente
Os costumes surgem a) de maneira espontânea, onde um princípio geral é aplicado em casos não regulados pelo Direito, sendo reiterado pela comunidade internacional (clássico) e b) através de processos mais institucionais pautados nas práticas internacionais
Para que uma prática se torne um costume internacional (fonte do Direito) não é necessário um lapso de tempo específico. Tanto práticas recentes quanto antigas podem ser consideradas costume, desde que a comunidade internacional dê a elas convergência reiterada, uso, continuidade
· PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO (fonte do DI Público): princípio da boa-fé, da proteção da confiança, do direito adquirido, do respeito à coisa julgada, da responsabilidade por atos ilícitos, da responsabilidade dos Estados, pacta sunt servanda, etc.
Um princípio geral de Direito passa por um teste de generalização (se é reconhecido por uma maioria considerável de ordenamentos jurídicos) e um de adequação (se tem aplicabilidade na Sociedade Internacional). A CIJ o retira dos ordenamentos nacionais para aplicar em algum caso de sua jurisdição
· MEIOS AUXILIARES: não são fontes, mas meios necessários para a compreensão delas. Podem ser as decisões judiciárias e as doutrinas dos publicistas
· ANALOGIA (não é fonte): as conclusões decorrem de premissas que associam semelhantes determinadas propriedades dos objetos. É um recurso que visa encontrar soluções para casos que não possuem regras ou princípios claros de solução (comparação entre casos)
· EQUIDADE:surge quando as partes decidem, confiando no julgador, entregar a solução do caso (ausência de normatividade). Isso pode ocorrer porque a regra existente não atende às suas expectativas de justiça ou porque não existe uma regra disponível sobre o caso
· ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS: o ato ou a resolução devem ser internacionais e os efeitos produzidos devem ter relevância e impacto internacionais (responsabilidade dos Estados) – tem que visar gerar efeitos para os atores internacionais que sejam considerados relevantes, passíveis de imputação jurídica aos Estados e que gerem expectativas nos atores internacionais (deve ser válido no âmbito interno, com reconhecimento da comunidade internacional dos efeitos gerados por sua edição)
· DECISÕES DOS ORGANISMOS INTERNACIONAIS (PJs de Direito Público Externo, constituídas por tratados): resoluções, manifestações de vontade, comportamento, declarações, etc., visando produzir efeitos jurídicos no ordenamento e nas Sociedades Internacionais (podem ter caráter vinculante ou não). A AGNU não tem força vinculante apenas e tão somente por sua edição institucional
· OBRIGAÇÕES ERGA OMNES (que tem efeito sobre todos, universais): são aquelas em que os Estados estão vinculados independentemente de sua aceitação ou vontade, tampouco são passíveis de objeção (sujeição dos destinatários quanto às obrigações; não são passíveis de subjeção). Tais obrigações atingem universalmente e sem exceções os atores da Sociedade Internacional. São formadas pelos costumes internacionais e princípios fundantes da ordem pública internacional
· JUS COGENS: normas imperativas de Direito Internacional que não são passíveis de serem revogadas por outras normas, a não ser por outra norma de Direito Cogente (imperativas e inderrogáveis, com status hierárquico superior, não se sujeitando ao voluntarismo dos Estados soberanos) – devem ser aceitas e reconhecidas pela comunidade internacional como um todo (topo da pirâmide normativa internacional)
· SOFT LAW: normas de Direito Internacional Público que não possuem caráter vinculante ou coercitivo, mas que exercem uma força de estímulo ou não sobre o comportamento dos atores internacionais (valor normativo limitado e não são juridicamente obrigatórias). Não há manifesta vontade das partes em criar obrigações jurídicas que vinculem o comportamento dos atores, porém reconhecem o caráter diretivo e orientador do texto, acordo, pacto, etc. Suas sanções são baseadas em recomendações, há sinalização diplomática e morais/políticas (instrumentos/documentos particulares não vinculantes) – maior flexibilidade, menor burocracia, maior margem de apreciação e ponderação
SUJEITO DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
· Personalidade jurídica internacional: é a capacidade de ser titular de direitos e obrigações internacionais, dependendo esses direitos e obrigações dos objetivos e funções atribuídos à organização, ou seja, é a entidade que tem a capacidade de fazer prevalecer estes direitos por meio de reclamação internacional (CIJ) – capacidade de Direito e de fato. Dependendo do contexto, os sujeitos de direito podem variar
· A ONU possui personalidade jurídica internacional, pois dela necessita para cumprir suas finalidades e missão
· Os Estados são considerados pessoas jurídicas internacionais por excelência, pois representam a coletividade no plano jurídico internacional
Elementos necessários para a constituição de Estado: 
a) Território: validade espacial do exercício da soberania. As fronteiras são delimitadas pelo DI através de tratados internacionais. Os Estados podem legislar, em seu território, sobre temas não tratados em DI.
b) Povo: são os nacionais de um país (mesmo a minoria que tenha se estabelecido no exterior – jurisdição pessoal). O Estado não possui ampla liberdade de conceder nacionalidade a quem desejar, em favor de dois critérios: a) critérios jus solis (direito de solo por local de nascimento) e/ou jus sanguinis (direito de sangue de acordo com a ascendência e a origem étnica) e b) necessidade de vínculo efetivo entre a pessoa e o Estado
c) Governo independente: conjunto de pessoas encarregadas de conceder eficácia ao ordenamento jurídico nacional. Não se admite ingerência de qualquer autoridade exterior. O reconhecimento de governo é utilizado apenas quando há transições revolucionárias da ordem constitucional do país
d) Soberania (“grau” de governo): não subordinação ao direito interno de outro Estado
Estado: ente jurídico dotado de personalidade jurídica internacional, é formado por indivíduos organizados em determinado território, está sob autoridade de um governo independente e sua finalidade de atuação é tutelar aqueles que o habitam
Personalidade jurídica do Estado: a) originária: sem necessidade de ato jurídico para afirmar a existência do Estado e b) plena: só se submete às limitações do DI (direito de celebrar tratados, de enviar e receber representação diplomática e de fazer guerra)
Entidades interestatais (organizações internacionais): sua personalidade jurídica internacional é derivada, pois depende da reunião de Estados para sua criação e irrestrita, pois não possuem (ou possuem de forma restrita) os direitos de celebrar tratados, enviar e receber representação diplomática para acordos de sede e de fazer guerra (este último critério só cabe à ONU). São criadas por direito público interno
O reconhecimento dos Estados no DI produz apenas efeitos interpartes (parte que reconhece e parte reconhecida)
Atualmente, o reconhecimento de um Estado possui natureza jurídica meramente declaratória: se, na realidade fática, determinada coletividade tem povo, território e governo independente, trata-se de um Estado de fato e, por conseguinte, é um Estado de Direito.
As formas de reconhecimento de um Estado são:
a) Expressa: por meio de ato jurídico internacional que expressamente reconhece determinada coletividade como Estado;
b) Tácita: por meio de ato não formalmente expresso reconhecendo determinada coletividade como Estado;
c) Unilateral: por meio de ato unilateral do Estado que reconhece e
d) Bilateral: por meio de tratado entre o Estado que reconhece e o reconhecido
Quando um Estado deixa de existir, as obrigações que ele criou não se extinguem, mas passam para os Estados sucessores (princípio da continuidade)
a) Fusão: quando dois Estados se juntam para formar um terceiro;
b) Incorporação: quando um Estado incorpora o outro, este deixa de existir e aquele se torna maior;
Nestes, o Estado sucessor é membro de todos os tratados que os Estados anteriores fazem parte; somam-se todos os tratados, inclusive os que possuem obrigações incompatíveis entre si (matéria de tratados)
Somam-se todos os bens e dívidas do Estado antecessor (matéria de bens e dívidas)
c) Secessão, divisão ou cisão: quando um Estado deixa de existir e, em seu lugar, surgem vários outros e
d) Desmembramento: quando um Estado grande, por algum processo de revolta interna, permanece, mas dele surgem outros Estados
Nestes, os Estados sucessores serão membros de todos os tratados que o Estado anterior fazia parte (matéria de tratados)
Deve haver uma repartição ponderada dos bens e das dívidas de acordo com o critério da destinação da dívida (matéria de bens e dívidas)
Na sucessão, transfere-se o domínio eminente e as propriedades do bem público (dois tipos: em matéria de tratados, onde as regras decorrem exclusivamente do DI geral e em matéria de bens e dívidas, onde as regras são oriundas de tratado e ao DI costumeiro em caso de sua ausência), enquanto na cessão há apenas a transferência territorial, ou seja, do domínio eminente (nenhuma soberania surge ou desaparece)
Tratados multilaterais não são instrumentos aptos a produzir o reconhecimento de Estados, pois, neles, perde-se a reciprocidade
IMUNIDADES DE JURISDIÇÃO (de Estado ou de pessoas)
· É a isenção, por força de normas internacionais, originalmente costumeiras e principiológicas ultimamente convencionais, da jurisdição penal, civil e administrativa do Estado Nacional.Existe, portanto, uma norma de Direito Internacional que exclui a jurisdição nacional. A imunidade de jurisdição é uma decorrência da soberania
· Pertence ao Estado, não ao diplomata
· Não há imunidade em matéria trabalhista
· A imunidade de jurisdição é a isenção da jurisdição nacional sobre o agente de direito público externo
· Casos de extraterritorialidade no DI: a) cessão administrativa: cessão provisória de território sem transferência de soberania. B) ocupação militar: a transferência de território pela conquista militar não é mais aceita; a ocupação militar deverá ser provisória; c) servidão internacional: um Estado exerce prerrogativas soberanas sobre o território de outro Estado; d) protetorado: um Estado protetor e um protegido (este precisa do outro para conduzi-lo em favor da limitação de sua capacidade) – o protetor é responsável por: representação internacional, administração financeira, segurança e administração da justiça para estrangeiros dentro do Estado protegido. Em caso de conflito envolvendo estrangeiro, as leis do protetor entrarão em ação; e e) mandato/tutela: “metrópole x colônia”
· A imunidade do diplomata se estende à sua família (quem depende economicamente dele) – alguns desses familiares prestam serviços ao diplomata (doméstica, secretária, etc.) e recebem por isso. Arquivos, documentos e residência do diplomata são invioláveis, bem como ele próprio
Abrange:
a) Imunidades penais: imunidade de jurisdição penal no Estado acreditado (é absoluta e sem exceções) – não pode ser preso ou detido, nem testemunha (é o Estado quem dá a permissão);
b) Imunidades civis: é ampla, salvo algumas exceções;
c) Imunidades tributárias: é ampla, gozando de isenção de todos os impostos e taxas, pessoais ou reais, nacionais, regionais ou municipais, havendo certas exceções;
d) Imunidades consulares: compostas pela imunidade de jurisdição, de execução e certas prerrogativas
· Imunidades consulares abrangem:
a) Imunidades penais: não podem ser detidos ou presos, EXCETO em caso de crime grave e em decorrência de decisão de autoridade judiciária competente (imunidade somente quanto a crimes não considerados graves, ou seja, aqueles cuja pena máxima não ultrapasse 2 anos);
b) Imunidades civis:
OBS: As sociedades internacionais são formadas por Estados soberanos, e justamente por serem dotados dessa superioridade política em seus territórios surge o direito internacional para que se realize a coexistência harmônica destes Estados e assim haja uma relação de complementaridade entre eles (NASSER)
OBS: Atuam na elaboração e regulação de normas, suscitam acordos entre países, buscam atender determinados objetivos, entre outras funções. Uma organização internacional, ou organismo internacional, é uma organização com membros, adesão ou presença internacional
OBS: o reconhecimento do Estado é um “ato livre pelo qual um ou mais Estados reconhecem a existência, em um território determinado, de uma sociedade humana politicamente organizada, independentemente de qualquer outro Estado existente e capaz de observar as prescrições do Direito Internacional” (natureza jurídica meramente declaratória)

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