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O PSICOPEDAGOGO E AS INTERVENÇÕES NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGENS NO AMBIENTE ESCOLAR INTRODUÇÃO Esta pesquisa veio do interesse em compreender a atuação do psicopedagogo no ambiente escolar, permitindo analisar quem é esse profissional, qual a sua formação, o que ele faz no ambiente escolar, que é detectar os problemas de aprendizagem dos alunos e propor soluções para a problemática. Para alcançar esse intento foi criado o seguinte problema: De que forma é feita a intervenção do psicopedagogo na escola. O estudo realizado tem por objetivo analisar o processo de dificuldades de aprendizagem, também verificar as dificuldades no ensino – aprendizagem no contexto escolar. É necessário refletir individual e coletivamente, buscando reflexões em grupos para adequar práticas pedagógicas, as necessidades educacionais nos alunos, onde o professor possa mediar e auxiliar seus alunos a superar tais dificuldades de leitura e escrita. Desde o século XVIII, os médicos, psiquiatras e filósofos iluministas já se reuniam a fim de tentar compreender o origem dos problemas de aprendizagem atribuindo-lhes uma visão organicista, ideias que permeou a prática psicopedagógica até pouco tempos atrás (BOSSA, 2007, p.9). Aprendizagem só é possível quando há assimilação ativa, caso contrário não há didática ou pedagogia possível que transforme a criança capaz de construir a partir da interação entre o sujeito e as circunstâncias do meio social, a construção do conhecimento é a vida em sociedade, e para que a criança aprenda socialmente é necessário a orientação do professor e o contato com outras crianças, muitas delas possuem o mesmo nível cognitivo, mas apresentam tematizações distintas, deriva do fato de que cada contexto oferece diferentes crenças, conhecimentos, habilidades e fica difícil para um professor distinguir distúrbios de problemas de aprendizagem. Fica cabível ao professor apenas detectar as dificuldades que se apresentam em sala de aula e investigar as causas de forma ampla. O educador estaria facilitando o encaminhamento ao especialista adequado, que ajudaria a criança, tratando seus problemas. E aí que reside a importância de um diagnóstico psicopedagógico e a sua intenção é descobrir a causa dos seus 2 aparecimentos. A percepção de que há algo errado pode partir do próprio aluno, que se sente incomodado com a crítica dos colegas, professores e pessoas do seu convívio. Visca (1987, p.53) nos diz que os sintomas de aprendizagem é uma conduta desviada que se expressa somente quando o meio exige. O meio impressiona através de notas baixas, indisciplina ou agressividade com os colegas, profissionais ou com alguém da própria família. Os problemas de aprendizagem se manifestam de diferentes formas dentro da escola, cada criança é única na forma de aprender, também de não aprender, porque alguns conseguem aprender e outros não, se a forma de ensinar é a mesma. Os vínculos entre o professor e o aluno não são os mesmos, cada criança tem um temperamento, comportamento, família e cultura diferentes, mas não é só o aluno que sai prejudicado nessa relação conturbada, pois o professor apresenta sintomas que interferem no seu equilíbrio. Refletir sobre os sintomas apresentados pelo professor e pelo aluno é uma oportunidade para repassar a pratica pedagógica, chamar atenção do aluno toda hora pode evidenciar fatores inadequados que poderão gerar consequências de erros, na pratica pedagógica, fatores esses: má organização do espaço em sala de aula, má distribuição de tempo para as realizações das atividades e avaliações, e o maior de todos é a o problema na voz. Todos os alunos são capazes de aprender, de forma diferente e um olhar diferenciado poderá descobrir o que cada aluno tem de especial, ajudando-os no desenvolvimento de novas competências. Fernandez (1991) alega o “não aprendizado não requer tratamento psicopedagógico na maioria dos casos. A intervenção psicopedagógico dirige-se fundamentalmente para sanear a instituição educativa (Metodologia – linguagem – vinculo” (FERNANDEZ, 1991, p.82). O professor que espera ter em sua sala alunos que não chamam atenção, é iniciar um processo de exclusão daquelas crianças que tem dificuldades de aprendizagem. O aprendizado pode ser resolvido muitas vezes com questões simples de ajustes no cotidiano escolar, abordando um assunto mais complexo de uma forma que seja de fácil entendimento ou buscar novas maneiras de estimular a aprendizagem por meio de técnicas mais eficientes. A má qualidade do ensino provoca um desinteresse na busca do conhecimento, seja para o professor como para o aluno, as informações são oferecidas pouco a pouco, para que esse pouco venha ser treinado, como o ensino das cores, das formas geométricas, das expressões, maior, menos, em cima, em baixo, etc. para que a criança possa se desenvolver e aprender, ela precisa construir 3 condições internas de raciocínio, sem essas condições internas, irá apenas construir condições internas de raciocínio, sem essas condições, ela irá apenas memorizar, e este fato precisamos em muitas escolas. O foco principal da psicopedagogia é fazer o estudo sobre a aprendizagem humana, entendendo que o ser humano é um ser que tem a necessidade de aprender para conseguir se inserir no contexto social e possa conviver em harmonia com o mundo em que vive. A aprendizagem envolve não apenas questões pessoais e individuais, mas também aspectos coletivos e com a relação do indivíduo com o ambiente em que está inserido e permite as pessoas viverem e modificarem a realidade de acordo com as suas necessidades e ampliar sua concepção de ser pensante e ativo na sociedade. A metodologia utilizada nesta pesquisa foi identificar os principais referenciais teóricos existentes sobre a temática em estudos realizados em artigos científicos e trabalhos de conclusão de curso das áreas de pedagogia e psicanálise, investigando aspectos do campo da psicopedagogia com enfoque na atuação deste profissional no contexto escolar. A pesquisa segue o seguinte caminho: primeiramente procurou-se fazer o histórico da psicopedagogia buscando entender como se deu a formação da área, depois se faz a análise sobre as características e conceitos da psicopedagogia e por fim explana-se sobre a atuação do psicopedagogo no ambiente escolar. A justificativa em abordar sobre a psicopedagogia é entender sobre de que forma esse profissional traz contribuições para o processo de aprendizagem dos alunos. O foco maior nesse estudo foi na educação escolar entendendo que o foco na educação é importante visando melhorar a qualidade de ensino existente no país. HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA A educação e a aprendizagem de crianças e jovens é uma preocupação que existe desde antiguidade, com a criação das academias filosóficas, que tinha como objetivo dar aos mais jovens uma explicação mais racional sobre o mundo, fugindo um pouco das explicações míticas e lendárias. Na Idade Média, a preocupação era tornar as crianças e jovens bons cristãos e portadores de saberes que seriam utilizados para a manutenção da ordem estamental da sociedade, tendo como obra máxima A Doutrina para as Crianças, de Ramon LLull. Durante a Idade Moderna, a educação era voltada para a obediência das leis e costumes. Na Contemporaneidade 4 as escolas ganham importância no ensino e aprendizado infantil, com a instituição de creches para as crianças e escolas de ensino primário e atualmente existem discussões pertinentes a respeito da ampliação da educação maternal e infantil para a rede pública de ensino. Uma das técnicas pedagógicas que busca compreender como funciona o aprendizado infantil e quais ações podem ser feito que vise minimizar as dificuldades é a psicopedagogia. Faria (2017) explica que o psicopedagogia apresenta duas teorias para o seu surgimento. A primeiraexplicação indica que surgiu no século passado no continente europeu na década de 20 e seguia a tendência na época em dar um foco na psicanálise, o entendimento da psique humana, o desenvolvimento do homem e da sua personalidade e também explicar sobre a motivação do homem em realizar algum tipo de objetivo. A outra explicação indicaria que a psicopedagogia teria surgido em 1946 e os primeiros centros com essa finalidade nasceram em Paris. A Psicopedagogia era inicialmente mais ligada ao ramo da psicanálise e com uma abordagem mais clínica do que efetivamente escolar e tinha como meta identificar os problemas de aprendizagem, fazer o diagnóstico e depois realizar o tratamento, como explica Faria (2017), que identificou que essa área ainda estava ligada ao ramo medicinal e por isso com referenciais que agregava muito pouco a pedagogia em si, pois tratavam crianças que eram rotuladas com problemas escolares e/ou de comportamento. A ação do psicopedagogo era vinculada ao campo medicinal, ou seja, um psicopedagogo era um médico pedagógico” (FARIA, 2017, p.14). Essa conotação precisou ser posteriormente modificada, pois quando se trata de questões voltadas para a psiquiatria e o medicinal, pode-se seguir com uma conceituação negativista e excludente e por isso Faria (2017) se utilizando da análise de Masini (2006), explica como se deu a mudança do termo de medicinal para pedagógico: “o termo “Psicopedagógico” era uma substituição a “médico-pedagógico”, porque os pais das crianças acabaram aceitando melhor este termo” (FARIA, 2017, p.14). A prática comum nos primórdios da psicopedagogia era a reeducação. Como na época acreditava-se que os problemas de aprendizagem advinham principalmente de causas orgânicas, por isso a reeducação era utilizada como um recurso de correção de desvios e também como um meio de prevenção, tal como defende os preceitos medicinais. Visava principalmente o indivíduo que supostamente não aprendia. Faria (2017) utilizando-se da ideia de Ramos (2007), explica mais detalhadamente sobre a reeducação: 5 A prática da reeducação consistia em identificar e tratar dificuldades de aprendizagem, a partir de ações de mediação, de classificação de desvios e de elaboração de planos de trabalho. A base do conhecimento utilizado provinha fundamentalmente da Psicologia, da Psicanálise e da Pedagogia e o tipo de enfoque predominante era o médico-pedagógico (FARIA, 2017, p.14). O psicopedagogo no início para detectar as dificuldades aprendizado precisava entender tudo que envolvia a vida do indivíduo, seguindo os procedimentos da medicina, que faz a anamnese dos pacientes para explicar de onde veio uma determinada enfermidade. No caso do desempenho escolar, o objetivo era detectar quais eram as causas que influenciavam nos problemas de aprendizagem, como explica Faria (2017), “era feito uma investigação da vida do indivíduo: relação familiar, conjugais, condições de vida, práticas educativas e teste de QI. E então era dado o diagnóstico do tipo de tratamento” (FARIA, 2017, p.15). No Brasil a prática da psicopedagogia existe na década de 50 e tinha como foco de atenção a Disfunção Cerebral Mínima (DCM). Esse termo não existe mais dessa forma e hoje em dia é conhecido como Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Faria (2017) traz uma definição dessa relação da DCM com a psicopedagógico: O rótulo DCM foi apenas um dentre os vários diagnósticos empregados para camuflar problemas psicopedagógicos traduzidos ideologicamente em termos de psicologia individual. Termos como dislexia, disritmia e outros também foram usados para esse fim (FARIA, 2017, p.15). A psicopedagogia no Brasil passou por longos períodos sem nenhum tipo de regulamentação. Os profissionais trabalhavam de forma solta e sem leis e normas que pudessem reger o seu trabalho. Isso só aconteceu já no fim da década de 70, quando surge o primeiro curso de especialização da área, permitindo a valorização do trabalho do psicopedagogo e também inserir as práticas psicopedagogas no meio acadêmico. “Porém, somente em 1979, após quase vinte anos da efetiva prática psicopedagógica no Brasil, surgiu o primeiro curso de especialização em Psicopedagogia do país, inicialmente chamado de Curso de Reeducação Psicopedagógica” (FARIA, 2017, p.16). 6 CONCEITO DE PSICOPEDAGOGIA Um dos maiores desafios para a educação infantil está relacionado com o aprendizado das crianças de modo que possam ter todo o acompanhamento educacional adequado e evitar que as dificuldades de aprendizado possam influenciar negativamente na vida destas e quais medidas pedagógicas podem ser feitas para não apenas atender as crianças, mas também capacitar os professores para estarem preparados para lidar com essa situação. Faria (2017) citando Masini (2006) explica que “o surgimento da psicopedagogia, como área de estudo, é originado por uma necessidade de orientar e atender crianças que apresentassem dificuldades de aprendizagem, cognitivas ou comportamentais sociais” (FARIA, 2017, p.14). O conceito de psicopedagogia está relacionado ao conceito processo de aprendizagem e como ela está presente na vida dos indivíduos. O ser humano durante sua vivência aprende e reaprende e isso interfere diretamente na vida dele, pois existem aprendizados que ajudam a moldar a identidade do indivíduo de variadas formas, como explica Rech (2018) explica que “o processo de aprendizagem pode ser positivo, prazeroso e eficaz, mas, por outro lado, o inverso pode ocorrer, e o aprender torna-se uma dificuldade e um desprazer” (Rech, 2018, p.3). A psicopedagogia busca entender como a aprendizagem é apresentada para o indivíduo, se é adequada ou não e se ela é apreendida por ele de forma que possa fazer parte de toda a sua vida, tanto no âmbito escolar quanto no ambiente de trabalho. A Psicopedagogia é o campo que estuda a aprendizagem em suas diferentes relações e circunstâncias. Ela se ocupa do processo de aprendizagem e suas variações e da construção de estratégias para a superação do não - aprender, tendo como um de seus focos principais a autoria do pensamento e da aprendizagem (PICETTI, 2016, p.263). A psicopedagogia é uma ciência complexa e tem como foco estudar sobre a aprendizagem humana não apenas analisando questões individuais, onde o sujeito seria o principal responsável pela sua aprendizagem sem interferência do meio, mas já foi detectado que aprender está ligado a fatores diversos e a maioria deles estão relacionados com o meio coletivo e social ao qual os indivíduos estão inseridos, isso é o que acredita Schneider (2016) quando afirma categoricamente que a psicopedagogia está relacionada com a aprendizagem: 7 A Psicopedagogia é uma área de estudo que tem como objetivo a aprendizagem humana, que em sua natureza sistemática é ação social, cognitiva e emocional. Por esta via, a Psicopedagogia é uma ciência abrangente com duplo enfoque: clínico e institucional, ou seja, o atendimento individual e/ou coletivo de sujeitos aprendentes (SCHNEIDER, 2016, p.426). Uma das características que define a psicopedagogia é que apresenta uma relação próxima tanto da pedagogia quanto da psiquiatria. Isso permite detectar que essa área não tem foco somente nas escolas, mas também em outros âmbitos, como empresas e instituições, em qualquer local onde a aprendizagem dos indivíduos precisa ser aprimorada. Essa relação entre as duas áreas também permite que seja feita uma análise aprofundada sobre os problemas de aprendizagem e de que forma deve-se intervir para amenizar ou prever antecipadamente. A Psicopedagogia transita entre os aspectos pedagógicos e psíquicos e entre os processos de desenvolvimento e aprendizagem dos sujeitos. Sua intervenção possibilita que indivíduos, grupos e instituições desenvolvam seus processos de aprendizagem de forma saudável,resgatando o prazer de aprender e descobrindo-se como autores de seus próprios processos (PICETTI, 2016, p.2). O objetivo da psicopedagogia segundos Rech (2018) é buscar melhorar o ensino tradicional, que muitas vezes não leva em consideração que existe uma relação entre o aluno e o professor, onde muitas vezes este é tratado somente como alguém que ensina ao aluno e não leva em consideração que a aprendizagem é mais ampla. Segundo Rech (2018), a prática do Behaviorismo é considerada ultrapassada porque justamente não eleva as potencialidades do aluno e não faz o professor ser um personagem ativo no processo de aprendizagem deste: Muitos críticos designam esta tese por psicologia da mente vazia, tanto por se recusar a estudar a vida mental, quanto por defender que esta surge, não de potencialidades mentais inatas no organismo, mas sim da associação entre reflexos automáticos e determinados estímulos do meio. Segundo Watson, qualquer comportamento humano ou animal (desde uma simples emoção até à resolução de um complicado problema matemático) pode ser explicado pelo encadeamento de associações simples entre estímulos e respostas. De acordo com esta posição, Watson opôs-se vigorosamente aos defensores de teorias inatistas (segundo as quais a aprendizagem depende do potencial de inteligência com que nascemos) e maturacionistas (segundo as quais a aprendizagem depende do processo de maturação fisiológica) (RECH, 2018, p.4-5). Um dos conceitos que Borges (2018) é entender as falhas do aprendizado no ambiente escolar. O fracasso escolar acontece quando não são levados em consideração o espaço interno e o externo. O espaço interno é aquele onde professores e alunos são participantes no processo de ensino e o ambiente externo é 8 aquele que mesmo estando fora do ambiente escolar, tem relação direta com ele, como por exemplo, a família. Levando em conta não apenas o diagnóstico estabelecido como forma de amenizar o problema, mas tendo adiante propostas que visam o bom funcionamento no que se refere ensinar-aprender numa estrutura que acolha e supere essas dificuldades por parte dos envolvidos na escola. O termo fracasso escolar é um assunto que não se limita somente a fator, mas que precisa ser compreendido como um processo que envolve as dimensões histórica, cognitiva, social, afetiva e cultural (BORGES, 2018, p.14). O fracasso escolar está muitas vezes relacionado com a incapacidade do ambiente escolar em entender que a aprendizagem é de dentro pra fora e não o contrário, é um processo que acontece no indivíduo. É a sua capacidade de entender ideias e conceitos e estes são importantes para inserir a pessoa no meio social. O aprendizado infantil tem início no ambiente familiar e tem continuidade no ambiente escolar. Nesse local, vários profissionais passam a interferir nessa aprendizagem, buscando entender como funciona a interação dos alunos com os conteúdos apresentados, sua visão de mundo e de que forma isso é apreendido por eles. A grande preocupação de educadores, psicólogos, fonoaudiólogos e outros profissionais da área sempre foi saber como uma criança aprende, ou seja, como ela elabora seu pensamento, suas ideias, seu raciocínio lógico e principalmente como ela adquire a linguagem falada, lida e a escrita, e, a partir disso, compreender a razão pela qual alguns alunos, sem deficiência, apresentam dificuldades de aprendizagem e consequentemente insucesso escolar (SANTOS, 2009, p.5). Segundo Seber (1995), os conteúdos escolares são necessários, mas para que possam promover a aprendizagem, o professor sabe distinguir por quais meios esses conteúdos são acessíveis as crianças, tudo depende da etapa de desenvolvimento, sem conhecer as características que definem tais etapas, torna-se mais difícil ensinar de modo que ela aprenda. Garantir a esses alunos possibilidades de ler e escrever é fundamental para inclui-los socialmente, formando de fato sujeitos capazes de construir sua própria vida na sociedade que elas fazem parte. O psicopedagogo tem o papel fundamental na construção e aprendizagem do aluno, ressaltando que as atividades devem ajuda-la na leitura e escrita. O psicopedagogo tem atuação relevante na escola porque tem o poder de detectar não apenas para os alunos que apresentam algum tipo de dificuldade como para os demais alunos os problemas de aprendizagem e colocar em prática soluções 9 eficazes para amenizar essa questão, além de melhorar o ambiente escolar e integrando todos os setores para conseguir alcançar os objetivos. INTERVENÇÕES DO PSICOPEDAGOGO NO AMBIENTE ESCOLAR O psicopedagogo atua em diversas áreas, desde clinicas e escolas até empresas de modo geral. O princípio que norteia a atuação desse profissional é ajudar a resolver problemáticas e antecipar situações que possam trazer impactos negativos. O contexto escolar é o local onde a atuação do psicopedagogo é mais conhecida e tem como objetivo de antecipar os problemas que possam atrapalhar o desempenho escolar. A prática psicopedagógica prevê além da atuação em clinicas, a atuação em instituições. De modo geral, o atendimento clínico visa intervir em situações de insucessos que já se apresentam instaladas. A atuação institucional ocorre, geralmente, em instituições de ensino, empresas, organizações assistenciais. Esta forma de atuação apresenta um caráter preventivo que visa evitar ou minimizar possíveis situações de insucessos (FARIA, 2017, p.19). Os problemas que atrapalham no desempenho dos alunos não afetam somente crianças especiais, pois hoje em dia sabe-se que a aprendizagem não é algo ligado apenas a aspectos biológicos, mas também a outros fatores. O foco maior do psicopedagogo é lidar com a inclusão escolar, permitindo que as crianças frequentem a escola e possam apreender tudo que é repassado para elas. Rech (2018) utilizando- se das ideias de Bossa (2007) dá mais detalhes sobre isso afirmando sobre a atuação desse profissional, “hoje em dia as escolas do ensino regular atendem crianças especiais, o psicopedagogo tem um papel fundamental, de garantir a inclusão, porque apenas frequentar a escola não é aceitável, é preciso que exista a integração” (RECH, 2018, p.19). O trabalho do psicopedagogo está relacionado também com o ambiente escolar de modo geral. Apenas o trabalho do profissional de forma isolada não tem eficácia sem o suporte da escola, que precisa ter medidas para evitar a exclusão de todas as formas e garantir que alunos e professores possam ter melhor interação e com isso melhorar no aprendizado. O psicopedagogo precisa principalmente da ajuda do professor, pois é este que tem maior interferência no aprendizado dos alunos sendo, portanto, “preciso a colaboração do professor, pois o psicopedagogo faz um estudo sobre as necessidades do grupo, mas precisa da ajuda de todos da escola” 10 (RECH, 2018, p.9). Essa importância dada pelo professor nesse processo está no fato de que o aluno só vai ter a vontade de aprender se o professor estiver ativo nesse processo e ajudar nessa integração entre a escola, o psicopedagogo e o aluno. A instituição deve assegurar meios para que o sujeito prossiga nos estudos e que esse conhecimento seja efetivo, se isso não ocorrer teremos que contemplar casos de exclusão dentro da escola. A escola é um local de todos e, portanto a inclusão é fundamental. O professor tem que assumir uma postura de renovação, ajudando nas estratégias propostas (RECH, 2018, p.9). A atuação do psicopedagogo na escola está em conjunto com mudanças que podem ser realizadas nesse ambiente. Quando se percebe que o aprendizado dos alunos não está acontecendo da forma como deveria acontecer, é necessário detectar quais os problemas e solucioná-los. “O Psicopedagogo no contexto escolar assumirá o compromisso com a transformação da realidade escolar, à medida que se coloca de modoa fazer uma reorientação do processo de ensino-aprendizagem.” (RECH, 2018, p.10). O método que ele vai utilizar para alcançar esse fim é observar e analisar quais os métodos educativos estão sendo utilizados, se eles são adequados para aquele grupo de alunos ou os professores precisam saber utilizados. Analisando todo o ambiente escolar e não somente o aluno, o psicopedagogo vai detectar os problemas de aprendizagem, sendo o “papel do psicopedagogo na instituição conhecer a intencionalidade da escola em que atua através do seu projeto político pedagógico” (RECH, 2018, p.10). Isso vai permitir entender as relações entre o ensino e aprendizagem com o aluno, garantindo que a escola possa efetivamente alcançar o objetivo de ser um local onde os alunos aprendem. O ensino atual contando com o apoio do psicopedagogo vai ter toda a percepção da realidade e assim amenizar e até mesmo evitar os problemas E permita além de identificar as concepções de aluno e de ensino- aprendizagem que a instituição adota reconstruir esse projeto junto à equipe escolar conduzindo a reflexão e a construção de um ambiente propício à aprendizagem significativa. Além de repensar o fazer pedagógico da escolar, o psicopedagogo deve ter um olhar atento para entender o sujeito em suas características multidisciplinares, como ser cognoscente envolvido na teia das relações sociais, sendo influenciado por condições orgânicas e culturais (RECH, 2018, p.10). O psicopedagogo quando realiza uma investigação minuciosa para detectar as dificuldades de aprendizado, geralmente buscar observar não somente a dificuldade em si, mas também o potencial dos alunos, o que eles são bons e possuem 11 maior facilidade em aprender. Isso vai permitir ao psicopedagogo buscar soluções mais efetivas além de gastar menos tempo em realizar atividades que não ajudariam os alunos. A partir desta visão o psicopedagogo terá a noção do que possa ser trabalhado, levando em conta as características do aluno. Constata-se pela fala da entrevistada que ela atribui a superação das dificuldades ao esforço individual do sujeito. Impera aqui uma visão reducionista que parece defender a ideia de meritocracia. É como se todos os problemas enfrentados por essas crianças desaparecessem se as mesmas se esforçassem o suficiente. Este tipo de pensamento desconsidera o contexto socioeconômico e as forças políticas que o determina (BORGES, 2018, p.47). Borges (2018) realizando uma entrevista com uma profissional psicopedagoga, lhe fez um questionamento sobre os procedimentos de intervenção e qual era a forma de lidar com as crianças. Borges (2018) dentro da análise que discute sobre os fatores que produzem a dificuldade explica extraindo os dados da entrevista que: É um pouco difícil, pois já são adolescentes e se acham, mas dentro de sala de aula eles brigam para ser atendido, pois querem aprender mais. Esses que tem dificuldades de aprendizagem podem estar no sétimo ano, mas o nível deles às vezes pode ser do quarto ano. Tendo que trabalhar a partir do nível que o aluno está (PSICOPEDAGOGA, 2018 Apud BORGES, 2018, p.48). Uma discussão pertinente que Borges (2018) apresenta é muitas vezes haver confusão a respeito da atuação do psicopedagogo no contexto escolar, pois muitas vezes é confundido com a exercida pelo professor. A função de ensinar ainda é destinada ao professor. O psicopedagogo vai ajudar a tornar as ações do professor mais efetivas, trabalhando o raciocínio e as aptidões cognitivas dos alunos para que estes possam aprender de forma mais eficiente. Borges (2018) perguntou para sua entrevistada sobre essa atuação do psicopedagogo dentro da questão pedagógica, sendo a resposta a seguinte: O psicopedagogo não dá reforço, às vezes o professor pensa que é reforço, mas não é. Irei trabalhar com jogos mesmo até com o sétimo ano. Já imaginou eu ter que aprender todos os conteúdos para poder trabalhar com eles? Você vai trabalhar é questão do raciocínio, desenvolver essa questão de atenção, mais é nessa questão cognitiva para poder trabalhar (PSICOPEDAGOGA, 2018, apud BORGES, 2018, p.48). A atuação do psicopedagogo no ambiente escolar é reconhecida como importante, pois este profissional tem a capacidade de detectar as dificuldades de aprendizagem e apresentar soluções eficazes, permitindo que os alunos, tanto os que apresentam algum tipo de dificuldade especifica quanto àquele que devido ao 12 contexto cultural, ambiental acaba não se focando nas atividades possam efetivamente estar em interação com os conteúdos ministrados pelos professores e assim terem uma vida escolar saudável e produtiva. CONSIDERAÇÕES FINAIS O tema escolhido para ser à base de estudo para esta pesquisa foi à intervenção do psicopedagogo no ambiente escolar. O profissional busca compreender quais as dificuldades de aprendizado existentes nas escolas e de que forma pode-se atuar sobre ela, contanto com a atuação de todo o corpo da escola para alcançar os objetivos de garantir uma melhor aprendizagem para os alunos. Especificando mais o tema, investigado primeiramente o histórico da psicopedagogia, como se deu o seu surgimento e quais as circunstâncias essa atividade atuou tanto no Brasil quanto no meio internacional, depois foi explanado sobre os principais conceitos e características da psicopedagogia, analisando sua formação teórica para entender melhor sua atuação e por fim quais são as intervenções que esse profissional realiza no ambiente escolar. Os objetivos aplicados foram criados com o propósito de relacionar os conteúdos existentes sobre a psicopedagogia. Os passos necessários para isso foi primeiramente ter feito o mapeamento dos referenciais teóricos existentes sobre essa temática e criar os capítulos em cima de conceitos já existentes, mas buscando fazer uma reflexão própria e não repetir o que já foi analisado antes. A justificativa em abordar sobre a psicopedagogia é o entendimento de que esse profissional traz contribuições não somente para a educação, mas em qualquer empresa ou instituição onde a aprendizagem humana seja necessária. O foco maior na educação escolar se deu devido a necessidade de entender que as crianças precisam ter um olhar mais clinico dos pesquisadores para haver a promoção de mudanças mais efetivas na educação e garantir aos alunos um aprendizado saudável e que possa efetivamente influenciar positivamente no seu desenvolvimento como um todo. Os resultados permitiram detectar que o psicopedagogo não existe e não está inserido no ambiente escolar para substituir o papel do professor, mas sim para dar o suporte necessário para que haja uma melhor interação entre o mestre e o aluno e com isso garantir a capacitação do professor e dos membros do ambiente escolar para em conjunto ajudar a melhorar o processo de aprendizagem dos alunos. 13 REFERÊNCIAS BORGES, Rosângela Boherer Da Silva. Atuação do psicopedagogo no âmbito educacional como medida de enfrentamento do fracasso escolar. 2018. BOSSA, Nadia Aparecida. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Artmed, 2007. FARIA, Sâmela Estéfany Francisco. Psicopedagogia: qual a contribuição do especialista frente aos problemas de escolarização? Uma abordagem crítica. 2017. FERNANDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada: uma abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artmed, 1991. PICETTI, Jaqueline Santos; MARQUES, Tânia Beatriz Iwaszko. Psicopedagogia: alguns conceitos básicos para reflexão e ação. Psicopedagogia e TICs. Editora da UFRGS, 2016. DE MEREDIEU, Florence. Desenho Infantil, O. Editora Cultrix, 1997. RAMOS, G. P. Psicopedagogia: Aparando Arestas Pela História. VIDYA, Santa Maria, v. 27, n. 1, p. 9-20, jan./jun. 2007. RECH, Marta Elizete Buchelt; MIRANDA, Maria Dos Anjos. Dislexia: A contribuição da Psicopedagogia no que se refereaos distúrbios de aprendizagem que afeta o desenvolvimento da leitura e da escrita. Revista Internacional de apoyo a lainclusión, logopedia, sociedad y multiculturalidad, v. 4, n. 3, 2018. SAMPAIO, Simaia. Dificuldades de aprendizagem: a psicopedagogia na relação sujeito, família e escola. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011. SANTOS, Nilza Maria. Problematização das dificuldades de aprendizagem. Trabalho de conclusão de atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional. PDE, 2009. 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