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Atividade 6 1. Explique os conceitos de estado de natureza e contrato social, em Hobbes. Por que ele é um absolutista? - Estado de natureza: É um estado onde todos podem fazer e querer tudo - através da lei da natureza que é ampla e geral - o que pode ocasionar em conflitos de interesses, por exemplo, caso duas pessoas queiram a mesma coisa mas não cheguem a um consenso, pode causar violações de direitos e até mesmo ocasionando a morte. Hobbes supõe que esse estado fictício é um período de caos e animalidade, devido a falta de leis mais específicas que regule o direito de cada um, pois esses conflitos de interesse levam os homens à barbárie e ao domínio sobre a vida e liberdade de outrem. Segunde Hobbes, o homem é mau por natureza. (RAMOS, 2015, p.121) - Contrato social: Hobbes propõe a existência de um contrato social – saída do estado de natureza para sociedade civil. O contrato (ou pacto) social é o momento fictício onde os homens assinariam um contrato com leis – Um Estado soberano forte e centralizado deveria garantir o cumprimento dessas leis - que garantiriam a integridade de todos e colocaria fim à barbárie, punir quem atenta contra a ordem social e se necessário punir até mesmo com a morte, garantindo a ordem acima de tudo. - Hobbes era um absolutista, pois defendia a ideia de que a Soberania tinha que ser única e incontestável, tendo o Soberano total poder sobre o povo – que deveria renunciar seu poder individual e cedê-lo para um único Soberano. 2. Mostre as diferenças de Locke em relação a Hobbes nas concepções de estado de natureza e contrato social. O que Locke diz sobre o trabalho e sobre a tolerância religiosa? Contrário à Hobbes – que dizia que o homem é mau por natureza – “Locke [...] pensava que o estado de natureza não era uma situação onde não havia nenhuma lei ou segurança. No estado de natureza vigiam já leis naturais, dadas ao ser humano por Deus, que indicavam, e bem, como se deveria agir e como não”. (RAMOS, 2015, p.124). Para Locke, no estado de natureza os seres humanos não nascem nem bons e nem maus, mas com direitos inalienáveis – são direitos que nascem com o ser humano e não podem ser tirados por ninguém - como a vida, a liberdade e a propriedade. Locke é um defensor de escolhas de representantes por uma democracia representativa indireta. Participou do estabelecimento da monarquia parlamentar inglesa no século XVII, e por isso, se opõe ao absolutismo e defende a democracia representativa, onde os proprietários seriam a base política. Diferente de Hobbes - que acreditava que o Estado quem deveria definir a propriedade e que o Estado tem poder absoluto sobre o povo que tinha apenas o direito à vida – Locke acreditava que os representantes, através do Estado, devem garantir os direitos inalienáveis da sociedade e, caso isso não aconteça, deve ser substituído. Locke defende a tolerância religiosa, e propõem que todas as crenças religiosas devem ser respeitadas, exceto aquelas que atentassem diretamente contra a existência do Estado, e desde que as regras dessas religiões não violem as leis da sociedade política ou civil, e acreditava que a religião não deveria se misturar com a política, pois sua função seria apenas a de ajudar a salvar as almas das pessoas. (RAMOS, 2015, p.127). 3. Qual a paixão essencial à sociedade, segundo Hume? E para Adam Smith? O que é a mão invisível? “A razão é, e deve ser apenas escrava das paixões, e não pode aspirar a outra função além de servir e obedecer a elas” (HUME, 2002, p. 451). A razão deve servir a paixão encontrando o melhor meio de satisfazê-las, na tentativa de substituir uma paixão por outra e que a racionalidade nunca pode fazer o trabalho de uma paixão, mas sim outra paixão. Hume sustenta que as distinções morais são derivadas de sentimentos de prazer e dor de um tipo especial e não da razão. Trabalhando a partir do princípio empirista de que a mente é essencialmente passiva, Hume argumenta que a razão por si só nunca pode impedir ou produzir qualquer ação ou afeto, uma vez que a moral se refere a ações e afetos não podendo ser baseada na razão, além disso a razão pode influenciar nossa conduta de duas maneiras, a razão pode nos informar da existência de algo que é o objeto próprio de uma paixão, e assim excitá-la e a razão pode deliberar sobre meios para um fim que já desejamos. Mas se a razão estiver errada em qualquer uma dessas áreas, não há uma falha moral, mas uma falha intelectual, por exemplo, ao escolher equivocadamente os meios errados para um fim desejável. Hume defende uma distinção entre fatos e valores, uma vez que as distinções morais não se baseiam na razão, ele infere que elas se baseiam em sentimentos que são sentidos pelo senso moral. Quando descrevemos uma ação sentimento ou caráter como virtuoso ou vicioso é porque sua visão causa um prazer ou dor de um tipo particular. Nem todos os prazeres e dores levam a julgamentos morais, mas sim quando, embora as distinções morais sejam baseadas em sentimentos isso não leva ao relativismo moral. “Para Hume a paixão que conecta os seres humanos entre a si é a simpatia [...], e essa simpatia deve ser entendida como hoje se entende a palavra empatia, e não pelo sentido mais comum.” (RAMOS, 2015, p.133) Já para Adam Smith, as paixões podem e devem ser controladas e não sobrepõe a força das paixões às virtudes. “As virtudes que levam ao autocontrole e ao domínio sobre as paixões, as virtudes das boas paixões devem ser estimuladas, e as paixões que levam ao vício, reprimidas.” (RAMOS, 2015, p.136). A mão invisível descreve “benefícios sociais não intencionais” que regula tudo e a todos na economia, oriundos de ações de um indivíduo em interesse próprio, Adam Smith diz que em mercados livres, sem ou quase intervenção do governo, o próprio mercado vai gerar um equilíbrio entre oferta e procura de bens e serviços criando uma locação eficiente de recursos para a sociedade. Nesse sentido, a discordância central entre ideologias econômicas pode ser vista como uma discordância sobre a quão poderosa é a “mão invisível”. 4. O que é o utilitarismo e qual seu princípio básico? O utilitarismo é uma filosofia que busca a justiça social por meio da maximização da felicidade (utilidade), a ideia é aumentar o prazer e diminuir a dor para a maioria dos indivíduos da sociedade. Bentham entendia que deveriam ser feitos cálculos para buscar essa maximização da felicidade, na prática a felicidade da maior quantidade de pessoas deveria ser buscada mediante dos sacrifícios da menor quantidade de pessoas. Ele tinha uma escala única de prazeres, para ele não havia prazeres mais ou menos elevados, todos os prazeres tendo o mesmo peso, esse cálculo era puramente quantitativo. (RAMOS, 2015, p.140). Já Mill, tentava abrandar o utilitarismo, suavizando, conciliando as ideias utilitaristas com uma busca pela defesa da liberdade das pessoas. Mill afirmou que as pessoas eram livres para fazerem o que quisessem desde que elas não fizessem mal as outras pessoas. A busca pelos prazeres certos e a rejeição à dor é o que promove a maximização de felicidade e essa ideia continua dando ao poder central a autoridade de dizer o que as pessoas devem ou não fazer. Mill defende uma escala de prazeres - essa busca pelo prazer na escala de Mill é uma busca qualitativa - ou seja, haveria prazeres que são abomináveis, sendo aqueles que façam mal à outras pessoas e esses prazeres não devem ser buscados. (RAMOS, 2015, p.140). “[...] o único fim pelo qual se permite que a humanidade, coletiva ou individualmente, interfira com a liberdade de ação de qualquer um dos seus números é a autoproteção. Que o único propósito pelo qual o poder pode ser exercido de forma justa sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra a vontade dele, é o de prevenir danos aos outros”. (MILL, 2010, p.49 apud RAMOS, 2015, p.140). A liberdade é importante para o progresso humano, e somente quando ela é racionalmente exercida se pode conseguir uma vida melhor para todos. E mesmo sendo um princípio, a liberdade não pode ser exercida sem limitações. (RAMOS, 2015, p.140). Referência Bibliográfica RAMOS, Flamarion Caldeira et alii. Manual de Filosofia Política. SP: Saraiva, 2015, cap. 5, págs. 119 a 142.