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Cirurgia� d� sistem� digestóri� Síndrome Dilatação Vólvulo Gástrico É um complexo de alterações, que culminam em um estômago rotacionado no abdome, e dilatado. Não sabemos o que vem primeiro: se ele torce ou dilata. A taxa de mortalidade depende do tempo em que o paciente é atendido. Pode evoluir para óbito se não for atendida a tempo. A torção mais clássica é para o sentido horário , mas pode ocorrer em todos os sentidos. O piloro e duodeno, que estão à direita do abdome, irão se deslocar ventralmente e para a esquerda, e a porção final do piloro estará entre o estômago e esôfago (270º de torção). Pode ocorrer torção do baço, devido ao ligamento gastroesplênico. Foto: M.V. Cauê Toscano. Foto: M.V. Cauê Toscano. Foto: M.V. Cauê Toscano. O omento sai da curvatura maior do estômago e conforme o estômago torce, ele gira por cima dele e o recobre. Quanto mais o estômago dilata, mais ele trava o piloro lá ventralmente, e ele não volta à posição normalmente. A torção do baço comprime a vascularização, gera isquemia e problemas. Após a torção, temos uma situação que se agrava conforme o tempo, devido acúmulo de gás e líquido . O gás pode vir de aerofagia, fermentação, difusão pelo sangue, reações metabólicas. Já o líquido das secreções gástricas, congestão venosa. Agravantes : eructação (não escapa gás), vômito (não consegue vomitar pois o cárdia está torcido) e esvaziamento pilórico (está comprometido). Todas as vias de eliminação de líquido e gás estão comprometidas, e geram dilatação excessiva. O estômago muito dilatado gera síndrome de compartimentação, com compressão de vasos de retorno ao coração: veia cava caudal, e veia porta - reduz retorno venoso, diminui o volume sistólico, redução do débito cardíaco, redução da pressão venosa central e PAM, leva a uma má perfusão de todo o organismo e especialmente do miocárdio. Ocorre hipertensão no sistema porta, que leva a alterações de hipóxia e hipoperfusão abdominal - choque 5 Cirurgia� d� sistem� digestóri� cardiogênico. Rins, pâncreas e intestinos comprometidos pela hipóxia. No intestino, a hipóxia gera quebra da barreira intestinal e translocação bacteriana. Um quadro que não era infeccioso se torna com o tempo. Compressão do tórax - O pulmão não expande e piora a hipóxia, diminui as trocas gasosas. O pulmão pode estar prejudicado por pneumonia aspirativa também, devido à salivação e pequenos vômitos. Mortalidade: acúmulo de radicais livres - após distorcer o estômago pode ter lesão de reperfusão ; arritmias cardíacas devido necrose gástrica, lesões do miocárdio; coagulopatias - formação de CID e tromboembolismos. Histórico: pacientes que comem poucas vezes por dia e em grandes volumes. A ração tem um único formato, e comida caseira não, e ela predispõe mais. Raças grandes tem tórax mais profundo e menos largo. Cães machos disputam comida. Animais idosos tem frouxidão ligamentar, animais magros tem maior movimentação de vísceras. Obstruções em piloro predispõem. Mais raramente os traumas. Posição elevada do pote de comida gera aerofagia e consequente dilatação. Exame clínico: distensão abdominal progressiva e aguda; abdome timpânico; inquietação (começo do processo) ou prostração (meio e final). Avaliar clinicamente a dor e tratar; os pacientes podem ter salivação e mímica de vômito (devido a torção). Na palpação abdominal vemos uma dilatação e esplenomegalia; podemos ter duas situações: de início tem o choque compensado : pulso fraco, taquicardia, TPC aumentado, mucosas congestas; e depois o animal fica em choque descompensado: muito grave, com palidez de mucosas e bradicardia, PAM baixa e hipotermia, extremidades frias e depressão mental. Foto: M.V. Cauê Toscano. O tratamento envolve principalmente descompressão dos vasos e reperfusão: de forma ambulatorial e cirúrgica. Pré-operatório: liberar vias aéreas. Ventilação pode estar prejudicada (animal pode ter aspirado saliva), e talvez precisamos intubar, circulação está comprometida: temos que repor volumes com fluidos cristalóides, descomprimir os vasos. Antibioticoterapia precoce com amplo espectro (voltado para bactérias da pele e do TGI). Analgesia. Coleta de sangue - hemogasometria, lactato (fator prognóstico), hemograma, bioquímico e coagulação. 6 Cirurgia� d� sistem� digestóri� Descompressão gástrica: passa cateter, tira o mandril. Tira o gás e dá alívio. A descompressão melhora a perfusão dos órgãos. É vantajoso fazer a fluido antes pois evita a hipotensão após descompressão gástrica. Sondagem orogástrica: difícil de fazer, pois o paciente não pode ter o cárdia totalmente torcido, se não ao passar a sonda rompemos o esôfago. A sonda pode bater e não progredir. Podemos realizar durante o procedimento cirúrgico, para lavagem gástrica. Gastrostomia ou faringostomia para aliviar pressão → inviável de ser feito pelo clínico. Arritmias : avaliadas pelo ELC. Punção: T - fastener - dispositivo que puxa a parede do estômago para perto da parede abdominal. Legal quando fazemos descompressão gástrica com cateter, e impede que o estômago com furo cai no abdome. Foto: M.V. Cauê Toscano. Hemogasometria : estase sanguínea, hipoperfusão com hipóxia, gera a fermentação nas células com produção de ácido láctico, que quebra-se em lactato e H+ com acidose metabólica . Alcalose metabólica : perda de H+ para dentro do estômago; acidose respiratória: má ventilação com acúmulo de gás carbônico e acúmulo de ácido carbônico. Todos ocorrem ao mesmo tempo, avaliamos pelo pH. Diagnóstico : é clínico. Após estabilizar o animal, fazemos radiografia em que vemos um estômago com vários compartimentos, “C” invertido, avaliamos as regiões de radiopacidade intensa - dobras gástricas, posicionamento errado do piloro. Diferenciais: Torção esplênica (sem distensão abdominal), ascite, ruptura diafragmática, vólvulo de ID. Cirurgia: anestesia (pré-oxigenação, etomidato, sevoflurano, infusão de fentanil e lidocaína - controle de arritmias); decúbito dorsal (preparo em decúbito lateral, para não comprimir VC e VP); incisão epi-mesogástrica/pré-retroumbilical na linha média. Três passos da cirurgia: Descompressão gástrica: 1 - correção do mau posicionamento. 2- Identificação do tecido necrosado 3- Fixação do estômago na parede abdominal - fixando piloro na parede abdominal, ele não se torce mais. Esplenectomia - só fazemos hoje se o baço estiver torcido, para reduzir a 7 Cirurgia� d� sistem� digestóri� síndrome de reperfusão. Baço congesto não mexemos. Afastador de Balfour - tem pá cranial, que segura a região do xifóide. Foto: M.V. Cauê Toscano. Anatomia: Cárdia, fundo, corpo (curvaturas maior e menor), antro pilórico com piloro. Sangue do estômago vem de dois vasos: curvatura menor - artérias e veias gástricas, curvatura maior: gastro-epiplóicasdireita e esquerda. O estômago compartilha vascularização com outros órgãos, só a artéria gástrica esquerda nasce sozinha. O sangue é drenado pelo sistema porta, que vai ao fígado. Visão inicial: omento sobre o estômago, cárdia torcido. Sondagem orogástrica e lavagem: ajudar a sonda orogástrica a passar ali na região com a mão no paciente e assim facilitar o esvaziamento gástrico. Rotacionar o estômago (sentido anti-horário): vamos com duas mãos, uma vai trazer o piloro para a posição normal, e a outra empurra o estômago ao contrário do piloro. Avaliação tecidual e perfurações: avaliar a parede gástrica, se tem perfurações e necrose a olho nú; gastrotomia e gastrectomia; invaginação da parede gástrica (mais indicado). Evitar ao máximo a gastrotomia, pois gera contaminação da cirurgia, mas fazemos em casos de corpos estranhos. Foto: M.V. Cauê Toscano. Preferencialmente, evitamos essa cirurgia e retiramos o conteúdo do estômago pela sonda orogástrica. Gastrotomia: Incisão no sentido longitudinal das fibras, entre a curvatura maior e menor, primeira sutura simples contínua e segunda invaginante. Lavar toda a região, trocar luvas e materiais. Foto: M.V. Cauê Toscano. Coloração : mais escura - tecido necrótico e que devemos retirar ou invaginar. O tecido rosa pode ser mantido, e o outro podemos manter. Podemos fazer gastrectomia ou invaginação do tecido necrótico. A 8 Cirurgia� d� sistem� digestóri� gastrectomia é ruim, e o melhor é invaginar. Ao invaginar, todo o tecido necrótico fica dentro do estômago, e ele necrosou dentro do estômago e é diferido lá dentro, isso é a melhor técnica. Alguns casos o estômago já está perfurado e devemos fechar. Lavar abdome como um todo. Após, omentalizamos a sutura, para melhorar cicatrização, chegada de antibióticos, melhorar drenagem linfática e retirar o edema, evita aderências. Gastropexia: fixamos o antro pilórico à direita. Existem muitas técnicas: via tubo (pouco usado), circuncostal, belt-loop - técnicas difícil de confeccionar, geram resistência além do necessário e tem o mesmo resultado do que a incisional. Gastropexia incisional: Foto: M.V. Cauê Toscano. Incisão na serosa e muscular do estômago, e outra na parede abdominal, suturamos em dois planos de sutura contínua as duas bordas. Foto: M.V. Cauê Toscano. Suturas do estômago: nylon ou absorvível monofilamentoso (PDS), 2 planos - 2º invaginante. Lavagem de abdômen: em casos de muito sangue ou contaminação. Podemos colocar dreno abdominal se tiver necessidade. Abdômen aberto em casos de órgãos edemaciados. Encaminhar paciente para UTI ou internação dependendo do estado geral (monitorar arritmia, dor e síndrome de compartimentação). Pós-operatório: Corrigir desequilíbrios ácido básicos, reintroduzir alimentos o quanto antes, não fazer jejum, monitorar IRA. Monitorar e tratar arritmias, CID, consequências de peritonite, SIRS, Sepse, MODS devem ser tratadas, fármacos (antibióticos, anti-inflamatórios, analgésicos). Reoperar: necrose e perfuração gástrica; deiscências; trombos, novas torções e dilatações. Operamos inclusive só dilatações, para fazer gastropexia e sondagem orogástrica para lavagem, retirar tecidos necróticos. 9 Cirurgia� d� sistem� digestóri� Prognóstico: mau se demorar a intervir, se tiver necrose gástrica, peritonites e perfuração. O lactato: <6-9 melhor prognóstico. Clearance do lactato: se após a cirurgia ele reduzir em 42,5% tem um prognóstico bom, > 6,4 após tratamento é ruim. Referências: https://www.youtube.com/watch?v=ZeeO BTxA3F4 - Palestra do GEPAFMU com o M.V. Esp. Cauê Toscano. 10 https://www.youtube.com/watch?v=ZeeOBTxA3F4 https://www.youtube.com/watch?v=ZeeOBTxA3F4
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