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Dermatite de contato O paciente tem irritação com algum tipo de substância que entra em contato com a pele (der- matite exógena). A irritação pode ser devido a uma questão inerente ao produto (irritativa) ou ao paci- ente (alérgica). É causada por agentes externos que, em contato com a pele, desencadeiam uma reação inflamatória, clinicamente caracterizada por se apresentar como um eczema. É classificada em irritativa e alérgica (as duas podem ocorrer de forma independente ou jun- tas). Ainda, pode ser aguda, subaguda ou crônica. Os principais locais acometidos são as mãos, face, pescoço e pés. TIPOS Irritativa (fototóxica ➜ quando é agravada pela luz): por conta do produto. É mais caracterizada por ar- dor e queimação. Alérgica (fotoalérgica ➜ quando é agravada pela luz): por conta do paciente. É mais caracterizada por prurido. O paciente não precisa ter história de ato- pia. CLASSIFICAÇÃO Aguda: eritema, edema e vesículas. Fase sub-aguda: secreção e crostas. Fase crônica: liquenificação e escoriações. Irritante primário Alérgica Acometimento Qualquer indivíduos Indivíduo predisposto Mecanismo Não imunológico Imunológico (tipo IV) Concentração da substância Geralmente alta Geralmente baixa Tipo de substância Irritante da pele Baixo peso molecular Início da reação Imediata 48 a 96h Lesões após o contato Primeira exposição Exposições subsequentes. Prurido Pouco ou nenhum Intenso Teste de contato Negativo Positivo ETIOLOGIA • ATB tópico: neomicina. • Anti-histamínicos tópicos. • Anestésicos tópicos: benzocaína, procaína. • Látex. • Tintura de cabelo. • Colas: esparadrapo, micropore, band-aid. • Metais: níquel. • Cimento. • Tintas/vernizes. • Materiais de limpeza. DERMATITE DE CONTATO IRRITATIVA Forma mais comum (80%), porque não depende do hospedeiro, depende das características do pro- duto. Ocorre em qualquer pessoa sob determinadas circunstâncias. Caracterizada por queimor, pica- dura e ressecamento. • Sabões, solventes, ácidos e álcalis provocam le- são tecidual por contato direto com a pele, sem reação imunológica. Eczema de contato por irritante primário absoluto: desencadeado pela ação cáustica de substâncias quando em contato com a pele. Ocorre pela capaci- dade da substância em provocar dano tecidual. Não existe susceptibilidade individual e os sintomas sur- gem abruptamente, havendo melhora rápida após a suspensão do contato. Ex: contato da pele com um ácido. Eczema de contato por irritante primário relativo: é a forma mais frequente de eczema de contato por irritação. Pode surgir após dias, semanas, meses ou anos de exposição ao agente causador. O seu apare- cimento depende das características da substância irritante, do tempo de exposição e da periodicidade do contato com o agente irritante. Ex: exposição a detergentes. Características individuais predisponentes Idade: crianças e idosos, por camada epidérmica menos robusta. Raça: indivíduos com pele escura parecem ser mais resistentes a reações irritativas. Comentado [MEA1]: Lesão caracterizada por eczema: eritema, vesículas, exsudação, pápulas, escamas e li- quenificação. DCI por irritante absoluto: reações intensas com bo- lhas e ulcerações, com aspecto de queimadura. Ocorre principalmente por ácidos e álcalis. DCI por irritante relativo: danifica a pele após conta- tos repetidos ou prolongados. Ex: sabões. Sexo: mulheres – afazeres domésticos. As mulheres também possuem menor atividade glandular (estí- mulo da testosterona nas glândulas sebáceas ➜ for- mação de manto lipídico). Dermatose pré-existente: dermatite atópica. Região anatômica exposta: mãos (80%) e face (10%). Atividade sebácea (formação de manto lipídico). Eczema de contato por irritante primário absoluto • Comum em acidentes ocupacionais. • Reação irritativa que ocorre rapidamente após o contato (minutos a horas). • Picadura, queimor e ardência. • Lesões são restritas às áreas de contato do agente irritante. • Bordas bem marcadas e assimetria (na dermatite de contato por agentes relativos, as bordas não são muito claras). • Soluções ácidas ou alcalinas são os agentes mais frequentes. Irritantes comuns: • Água em excesso, em trabalho úmido e oclusivo. • Limpadores domésticos: sabões, detergentes, xampus, desinfetantes. • Limpadores industriais: solventes, abrasivos. • Óleos de corte. • Ácidos, álcalis. • Saliva, urina, fezes: dermatite de fraldas em cri- anças/idosos; queilite angular pela saliva. Tratamento Evitar os agentes causais: • Medidas de redução da exposição no local de tra- balho. • Proteção pessoal com luvas e roupas especiais. • Proteção pré-exposição com cremes protetores, remoção de irritantes com agentes de limpeza suaves e melhora da função de barreira com emolientes e hidratantes. • Enfatizar a higiene pessoal e ocupacional, esta- belecer programas educacionais de conscienti- zação no local de trabalho. Tratamento da pele lesada • Objetivo: restabelecer a barreira cutânea, o que normalmente se faz com cremes emolientes e hi- dratantes, eventualmente cicatrizantes. • Em casos mais graves, corticosteroides tópicos. • Fotoproteção nos casos relacionados à exposição à luz, como na dermatite de contato por limão (dermatite fototóxica). Eczema de contato fototóxico: desencadeado por substâncias que se transformam em elementos fo- totóxicos pela ação da radiação UVA, levando a uma reação eczematosa. DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA É caracterizada por uma reação imunológica tardia tipo 4. A substância estimula o sistema imu- nológico a produzir linfócitos T, que liberam várias citocinas. 1. Apresentação de antígenos pelas células apre- sentadoras de antígenos aos linfócitos Th1. 2. APC-MHC ➜ IL-1 e IL-2. 3. Liberação de citocinas após o segundo contato: IFN-ɣ, TNF-ɑ, TNF-β. O níquel, sozinho, não é um agente causador de resposta imunológica. O que acontece é que existem haptenos ligados ao níquel, que causam a resposta. Dermatite de contato por cosmético Comentado [MEA2]: Maior em homens. Comentado [MEA3]: Principalmente com silicone Dermatite de contato por arnica Dermatite de contato por neomicina Dermatite de contato por henna Diagnósticos diferenciais Mãos: psoríase, disidrose, dermatofítide (reação a distância por fungos), tínea (micose) Face: dermatite seborreica, dermatite perioral. Diagnóstico História, quadro clínico e testes cutâneos eventual- mente (positivos na alérgica e negativos na tóxica). TESTE DE CONTATO: é o método mais eficiente para confirmar o diagnóstico etiológico do eczema de contato alérgico. Pode auxiliar no diagnóstico di- ferencial entre ECI e ECA. • Indicações: pacientes com hipótese diagnóstica de eczema alérgico de contato, todos os casos de eczema de contato relacionados ao trabalho, ec- zemas crônicos não controlados com medica- mentos tópicos comumente utilizados. • Testa em torno de 30 a 40 substâncias. • Em geral, é aplicado no dorso (porque é uma área maior e possibilita colocar várias substâncias). • Leitura em 48-96h. Leitura dos testes epicutâneos Quando o paciente apresenta todos os testes de contato negativos, pode ser um caso de dermatite de contato por irritação primária, falha na aplicação do teste, exposição solar prévia no local de aplica- ção, a substância não foi testada, uso de corticoide tópico. Dermatite de contato alérgica por bálsamo do peru (agente mantenedor de cheiro em perfumes). Dermatite de contato alérgica pro cromo (cimento). Dermatite de contato alérgica por borracha. Fixadores de tinta: parafenilenodiamna ALERGIA AO NÍQUEL O níquel é o principal sensibilizante de con- tato, comumente utilizado em bijuterias, purezas de joias de ouro, zíperes, moedas. • Localizações geralmente típicas, reproduzindo na pele o desenho do objeto. • Disidrose: alergia ao níquel desprendidopanelas. • Teste dimetilglioxima detecta a presença de ní- quel em objetos. Teste dimetilglioxima (nitest) TRATAMENTO Evitar contato com a substância: EPI, cremes de bar- reira. AGUDA: • Fraca e média intensidade: compressas com per- manganato de potássio 1:15000 ou com líquido de Burrow 1:40 (acetato de alumínio). • Corticoide tópico (cremes de média a alta potên- cia). • Casos extensos: prednisona 20 mg/dia (1 mg/kg/dia), anti-histamínicos (aliviar prurido), antibióticos (se infecção secundária), ciclospo- rina, fototerapia, pentoxifilina. CRÔNICA: • Corticoide tópicos (pomadas/oclusão) ou infil- tração intralesional. • Prednisona 20 mg/dia (1 mg/kg/dia). Lesões e sintomas de aparecimento imediato: ec- zema de contato por irritativo primário absoluto. Lesões e sintomas surgindo 12-24h após contato: ECFT, EAC, ECFA. Lesões e sintomas que aumentam progressiva- mente com o contato da substância: ECIP relativo.
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