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CONTRAÇÃO MUSCULAR!! ! O tecido muscular, responsável pelos movimentos corporais, é constituído por células alongadas e que contêm grande quantidade de filamentos citoplasmáticos, responsáveis pela contração. De acordo com suas características morfológicas e funcionais, podem-se distinguir nos mamíferos três tipos de tecido muscular:! • Músculo liso: formado por aglomerados de células fusiformes que não possuem estrias transversais. O processo de contração é lento e não está sujeito ao controle voluntário.! • Músculo estriado esquelético: formado por feixes de células cilíndricas muito longas e multinucleadas, que apresentam estriações transversais. Tem contração rápida, vigorosa e sujeita ao controle voluntário.! • Músculo estriado cardíaco: apresenta estrias transversais, é formado por células alongadas e ramificadas, que se unem por intermédio dos discos intercalares, estruturas encontradas exclusivamente no músculo cardíaco. Apresenta contração involuntária, vigorosa e rítmica.!! MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO! ! Os músculos são formados por feixes de células muito longas (até 30 cm), cilíndricas e multinucleadas, com um diâmetro que varia de 10 a 100 mm, chamadas fibras musculares estriadas.! ! Em um músculo, as fibras musculares estão organizadas em grupos de feixes envolvidos por uma camada de tecido conjuntivo chamada epimísio. Do epimísio partem septos muito finos de tecido conjuntivo, que se dirigem para o interior do músculo, separando os feixes. Esses septos são chamados de perimísio. O perimísio envolve cada feixe de fibras musculares. Cada fibra muscular, por sua vez, é envolvida por uma camada muito fina constituída pela lâmina basal da fibra muscular e por fibras reticulares do endomísio.! ! O tecido conjuntivo mantém as fibras musculares unidas, permitindo que a força de contração gerada por cada fibra individualmente atue sobre o músculo inteiro. Este papel do tecido conjuntivo tem grande significado funcional porque na maioria das vezes as fibras não se estendem de uma extremidade do músculo até a outra.! ! É ainda por intermédio do tecido conjuntivo que a força de contração do músculo se transmite a outras estruturas como tendões, ligamentos e ossos.! ! Os vasos sangüíneos penetram no músculo através dos septos de tecido conjuntivo e formam uma rica rede de capilares que correm entre as fibras musculares.! ! Cada fibra muscular apresenta perto do seu centro uma terminação nervosa motora, a chamada placa motora. O citoplasma da fibra muscular apresenta-se preenchido por fibrilas paralelas, as miofibrilas.! ! As miofibrilas são cilíndricas, apresentam um diâmetro de 1 a 2 mm e correm longitudinalmente à fibra muscular, preenchendo quase completamente o seu interior. Ao microscópio óptico, aparecem com estriações transversais, pela alternância de faixas claras e escuras. Ao microscópio de polarização, a faixa escura é anisotrópica e, portanto, recebeu o nome de banda A, enquanto a faixa clara, ou banda I, é isotrópica. No centro de cada banda I aparece uma linha transversal escura – a linha Z.! ! A estriação da miofibrila é devida à repetição de unidades iguais, chamadas sarcômeros. Cada sarcômero é formado pela parte da miofibrila que fica entre duas linhas Z sucessivas e contém uma banda A separando duas semibandas I.! ! A banda A apresenta uma zona mais clara no seu centro, a banda H. A disposição dos sarcômeros coincide nas várias miofibrilas da fibra muscular, e as bandas formam um sistema de estriações transversais, paralelas, que é característico das fibras musculares estriadas.! ! O microscópio eletrônico revela a presença de filamentos finos de actina e filamentos grossos de miosina dispostos longitudinalmente nas miofibrilas e organizados numa distribuição simétrica paralela. Essa organização dos filamentos miofibrilares é mantida por diversas proteínas, como por exemplo, filamentos intermediários de desmina, que ligam as miofibrilas umas às outras. O conjunto de miofibrilas (actina e miosina) é, por sua vez, preso à membrana plasmática da célula muscular por meio de diversas proteínas que têm afinidade pelos miofilamentos e por proteínas da membrana plasmática. Uma dessas proteínas, chamada distrofina, liga os filamentos de actina a proteínas integrais da membrana plasmática.! ! Da linha Z, partem os filamentos finos (actina) que correm até o bordo externo da banda H. Os filamentos grossos (miosina) ocupam a região central do sarcômero.! ! Como resultado dessa disposição, a banda I é formada somente pela parte dos filamentos finos que não são invadidos pelos filamentos grossos. A banda A é formada principalmente por filamentos grossos e a banda H somente pelos filamentos grossos.! ! Na região lateral da banda A, os filamentos finos e grossos se interdigitam. Um corte transversal nessa região mostra uma disposição simétrica tal que cada filamento grossos fica rodeado por seis filamentos finos, num arranjo hexagonal.! ! As miofibrilas do músculo estriado contêm quatro proteínas principais: miosina, actina, tropomiosina e troponina. Os filamentos grossos são formados de miosina e as outras três proteínas são encontradas nos filamentos finos. A miosina e a actina juntas, representam 55% do total de proteínas do músculo estriado.!! ACTINA! ! Apresenta-se sob a forma de polímeros longos (actina F) formados por duas cadeias de monômeros globulares (actina G) torcidas uma sobre a outra, em hélice dupla. Cada monômero de actina G tem 5,6 nm de diâmetro. Uma característica importante das moléculas de actina G é a sua assimetria estrutural. Quando elas se polimerizam para formar a actina F, a frente de um monômero combina-se com a parte posterior do outro, produzindo um filamento polarizado. Cada monômero globular de actina G possui uma região que interage com a miosina. Os filamentos de actina ancorados perpendicularmente em cada lado da linha Z exibem polaridades opostas, em cada lado desta linha.!! TROPOMIOSINA! ! Molécula longa e fina, com cerca de 40 nm de comprimento, contendo duas cadeias polipeptídicas, uma enrolada na outra. As moléculas de tropomiosina unem-se umas às outras pelas extremidades, para formar filamentos que se localizam ao longo do sulco existente entre os dois filamentos de actina F.!! TROPONINA! ! Complexo de três subunidades: TnT, que se liga fortemente à tropomiosina; TnC, que tem grande afinidade pelos íons cálcio; e TnI, que cobre o sítio ativo da actina onde ocorre a interação entre a actina e a miosina. Cada molécula de tropomiosina tem um local específico onde se prende um complexo (três subunidades) de troponina.!! MIOSINA! ! A molécula de miosina é grande. Tem forma de bastão com 20nm de comprimento e 2-3nm de diâmetro, sendo formada por dois peptídeos enrolados em hélice. Numa de suas extremidades a miosina apresenta uma saliência globular ou cabeça, que possui locais específicos para combinação com ATP e é dotada de atividade ATPásica. É nesta parte da molécula que tem lugar a hidrólise do ATP. Nesta parte também se encontra o local de combinação com a actina. Quando submetida à ligeira proteólise, a molécula de miosina pode ser dividida em dois fragmentos: meromiosina leve e meromiosina pesada. O fragmento leve corresponde a maior parte da porção em bastão da molécula, enquanto a pesada contém a saliência globular (cabeça) mais uma pequena parte do bastão (pescoço). As moléculas de miosina são dispostas nos filamentos grossos de tal maneira que suas partes em bastão se sobrepõem e as cabeças situam-se para fora. A parte central do sarcômero, que corresponde à banda H, representa uma região de sobreposição da miosina constituída exclusivamente da parte em bastão das moléculas. Existe um conjunto de filamentos finos, compostos por titina, que estabiliza os filamentos de miosina no eixo longitudinal. Esses filamentos possuem aproximadamente 5nm de diâmetro e 1mm de comprimento.! ! A microscopia eletrônica mostra a presença de pontes transversais(pontes cruzadas) entre os filamentos finos e os grossos. Estas pontes são formadas pela cabeça da miosina mais um pequeno segmento da parte alongada (bastão) da molécula. A atividade ATPásica presente nas cabeças da miosina participa diretamente na transdução da energia química em energia mecânica, durante a contração muscular.!!! CONTRAÇÃO MUSCULAR! ! O sarcômero em repouso consiste em filamentos finos e grossos que se sobrepõem parcialmente. Durante o ciclo de contração os dois tipos de filamentos conservam seus comprimentos originais. Desde que a contração não é devida ao encurtamento dos filamentos, deve ser conseqüência de um aumento na zona de sobreposição entre os filamentos.! ! A contração se inicia na banda A, onde os filamentos finos e grossos se sobrepõem. Durante o ciclo de contração a actina e a miosina interagem da seguinte maneira: durante o repouso, ATP liga-se à ATPase das cabeças da miosina. Para atacar a molécula de ATP e libertar energia, a miosina necessita da actina, que atua como cofator. No músculo em repouso a miosina não pode associar-se à actina, devido à repressão do local de ligação pelo complexo troponina-tropomiosina fixado sobre o filamento de actina F. Todavia, quando há disponibilidade de íons cálcio, estes se combinam com a unidade TnC da troponina. Isto muda a configuração espacial das três subunidades de troponina e empurra a molécula de tropomiosina mais para dentro do sulco da hélice de actina. Em conseqüência, ficam expostos os sítios de ligação dos componentes globulares da actina, que fica livre para interagir com a cabeça das moléculas de miosina. A combinação dos íons cálcio com a subunidade TnC corresponde à fase em que o complexo miosina - ATP é ativado. Como resultado da ponte entre a cabeça da miosina e a subunidade de actina G do filamento fino, o ATP é convertido em ADP + Pi (fosfato inorgânico) + energia. Esta atividade leva a uma deformação da cabeça e de parte do bastão da miosina, aumentando a curvatura da cabeça. Como a actina está combinada com a miosina, o movimento da cabeça da miosina empurra o filamento da actina, promovendo seu deslizamento sobre o filamento de miosina. Embora o filamento grosso possua um elevado número de cabeças de miosina, em cada momento da contração apenas um pequeno número de cabeças alinha-se com os locais de combinação da actina. À medida que as cabeças de miosina movimentam a actina, novos locais para formação das pontes actina-miosina aparecem. As pontes antigas de actina-miosina só se desfazem depois que a miosina se une à nova molécula de ATP; esta ação determina também a volta da cabeça de miosina para sua posição primitiva, preparando-se para novo ciclo.! ! Uma única contração muscular é o resultado de milhares de ciclos de formação e destruição de pontes actina-miosina. A atividade contrátil, que leva a uma sobreposição completa entre os filamentos finos e grossos, continua até que íons cálcio sejam removidos e o complexo de troponina-tropomiosina cubra novamente o local de combinação da miosina.! ! Durante a contração a banda I diminui de tamanha, à medida que os filamentos de actina penetram na banda A. Concomitantemente, a banda H – parte da banda A contendo somente filamentos grossos – também se reduz, à medida que os filamentos finos se sobrepõem completamente aos grossos. Como resultado, cada sarcômero, e em conseqüência a fibra muscular inteira, sofrem encurtamento.! ! A contração muscular depende da disponibilidade de íons cálcio e o relaxamento muscular está na dependência da ausência desses íons. O retículo sarcoplasmático regula o fluxo do íon cálcio, necessário para a realização rápida dos ciclos de contração e relaxamento. O retículo sarcoplasmático consiste em uma rede de cisternas do retículo endoplasmático liso, que envolve grupos de miofilamentos, separando-os em feixes cilíndricos. Quando a membrana do retículo sarcoplasmático é despolarizada pelo estímulo nervoso, os íons cálcio concentrados nas cisternas do retículo sarcoplasmático são liberados passivamente e atingem os filamentos finos e grossos da vizinhança, ligando-se à troponina e permitindo a formação de pontes cruzadas entre a actina e a miosina. Quando cessa a despolarização, o retículo sarcoplasmático por processo ativo (que consome energia) transporta novamente o cálcio para dentro das cisternas, o que interrompe a atividade contrátil.! ! A despolarização da membrana do retículo sarcoplasmático, que resulta na liberação de íons cálcio, inicia-se na placa motora, uma junção mioneural situada na superfície da fibra muscular. A despolarização iniciada na superfície teria de se difundir através da espessura da fibra muscular para efetuar a liberação de cálcio nas cisternas profundas do retículo sarcoplasmático. Nas fibras musculares mais calibrosas isto levaria a uma onda de contração lenta, de tal maneira que as miofibrilas periféricas contrair-se-iam antes que as situadas mais profundamente. O sistema de túbulos transversais ou túbulos T é responsável pela contração uniforme de cada fibra muscular esquelética. Este sistema é constituído por uma rede de invaginações tubulares da membrana (sarcolema) da fibra muscular, cujos ramos vão envolver ambas as junções das bandas A e I de cada sarcômero.! ! Em cada lado de cada túbulo T existe uma expansão ou cisterna terminal do retículo sarcoplasmático. Este complexo, formado por um túbulo T e duas cisternas terminais do retículo sarcoplasmático, é conhecido como tríade. Na tríade, a despolarização dos túbulos T é transmitida ao retículo sarcoplasmático.! ! A contração normal das fibras musculares esqueléticas é comandada por nervos que se ramificam no tecido conjuntivo do perimísio, onde cada nervo origina sua bainha de mielina e forma uma dilatação que se coloca dentro de uma depressão da superfície da fibra muscular. Esta estrutura chama-se placa motora. Neste local o axônio é recoberto por uma delgada camada de citoplasma das células de Schwann. O terminal axônico apresenta numerosas mitocôndrias e vesículas sinápticas com o neurotransmissor acetilcolina. Entre o axônio e a superfície da fibra muscular existe uma fenda sináptica, contendo material que forma uma lâmina basal. Na junção, o sarcolema forma as dobras juncionais. O sarcoplasma abaixo dessas dobras contém núcleos da fibra muscular, numerosas mitocôndrias, ribossomos e grânulos de glicogênio.! ! Quando uma fibra do nervo motor dispara (impulso nervoso), o terminal axônico libera acetilcolina, que se difunde através da fenda sináptica e vai se prender a receptores situados no sarcolema das dobras juncionais. A ligação com o neurotransmissor faz o sarcolema ficar mais permeável ao sódio, o que resulta na sua despolarização. O excesso de acetilcolina é hidrolisado pela colinesterase presente na fenda sináptica. A destruição da acetilcolina é necessária para evitar o contato prolongado do neurotransmissor com os receptores do sarcolema.! ! A despolarização iniciada na placa motora propaga-se ao longo da membrana da fibra muscular e penetra na profundidade da fibra através do sistema de túbulos transversais. Em cada tríade o sinal despolarizador passa para o retículo sarcoplasmático e resulta na liberação de cálcio, que inicia o ciclo de contração. Quando a despolarização termina, o cálcio é transportado ativamente de volta para as cisternas do retículo sarcoplasmático e o músculo relaxa. ! !
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