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Trauma abdominal fechado CESMAC-P4 SUPORTE BÁSICO DE VIDA MARIA LUIZA PEIXOTO INTRODUÇÃO - A principal causa de choque no trauma é hemo- rrágica e uma das principais fontes de sangramen- to é o abdome. REGIÕES ANATÔMICAS DO ABDOME Abdome anterior - A maioria das vísceras ocas podem ser atingi- das diante de um trauma nele. Transição toracoabdominal - Localizada abaixo da linha transmamilar e inclui fígado, baço, diafragma e estômago. Flanco - Localizado entre as linhas axilares anterior e posterior e possui musculatura mais forte, que dificulta lesões penetrantes. Dorso - Contém alguns órgãos restroperitoneais, co- mo pâncreas, parte do duodeno, rins, urete- res, segmentos posteriores dos cólons ascen- dente e descendente, além da veia cava infe- rior. Cavidade pélvica - É a parte inferior dos espaços intra e retro- peritoneais e abriga bexiga, reto, vasos ilíacos e os órgãos femininos do trato genital supe- rior. DIVISÃO INTERNA DO ABDOME CAVIDADE PERITONEAL Superior Diafragma, fígado, estô- mago, baço e cólon trans- verso. Inferior Intestino delgado, cólon sigmoide, parte do cólon ascendente e descenden- te e órgãos reprodutores femininos ESPAÇO RETROPERITONEAL Aorta, veia cava, quase to- do o duodeno, rins, pân- creas, ureteres, face pos- terior do cólon ascenden- te e descendente e estru- turas retroperitoneais da cavidade pélvica CESMAC-P4 MATÉRIA MARIA LUIZA PEIXOTO MECANISMO DO TRAUMA - A compreensão do mecanismo do trauma e a lo- calização da lesão facilitam a identificação do ór- gão afetado e o tratamento. Trauma fechado - Ocorre em quedas de alturas signitificataivas, batidas de carro (principalmente com ejeção da vítima) e acidentes de moto e bicicletas que não há penetração ou abertura da parte do corpo envolvida no trauma, podendo causar esmagamento ou compressão de vísceras ab- dominais e pélvicas. Os órgãos mais acometidos são o baço (40% a 55%), o fígado (35% a 45%) e o intestino del- gado (5 a 10%). Observação (Cisalhamento): Tipo de esmagamen- to causado quando um dispositivo de segurança é usado de forma inadequada, causando estiramen- to de estruturas orgânicas. Trauma penetrante - Ocorre em ferimentos por arma branca e pro- jéteis de armas de fogo quando há corte e la- ceração da pele e tecidos subjacentes. Em lesões por arma branca, as estruturas mais atingidas são o fígado (40%), intestino delga- do (30%), o diafragma (20%) e o cólon (15%). Em ferimentos por PAF, são mais atingidos o intestino delgado (50%), o cólon (40%), o fíga- do (30%) e vasos abdominais (25%). AVALIAÇÃO DO TRAUMA ABDOMINAL FECHADO Avaliação primária (XABCDE) e secundária (SAMPLA) Oferecer O2 sob máscara não reinalante Monitorizar a oximetria de pulso Realizar a mobilização cuidadosa e consi- derar imobilização adequada de cervical, tronco e membros Atentar para as hemorragias internas Evitar a hipotermia Exame físico Inspeção - Examinas todas faces abdominais à pro- cura de escoriações, abrasões e lacerações. Ausculta - Buscar minuciosamente os ruídos hidro- aéreos (podem estar ausentes quando há sangue ou conteúdo gastrintestinais livre intraperitoneais). Percussão e palpação - Observar se há percussão timpânica (po- de haver presença de gás no peritônio ou em distensão de estômago e cólon) ou ma- ciça (peritônio repleto de líquido), e se há reação dolorosa (irritação peritoneal), por meio da manobra de descompressão brus- ca, analisando suas características. CESMAC-P4 MATÉRIA MARIA LUIZA PEIXOTO Observação: Também é ideal a avaliação da pelve, olhar se há instabilidade, realizar exame de uretra, períneo e reto. SINAIS E SINTOMAS DO TRAUMA ADBOMINAL FECHADO Equimoses (extravasamento de sangue na pele) Dor e sensibilidade à palpação abdominal Fratura de costelas inferiores Hemorragia interna Rigidez ou distensão abdominal Infecção Abdome escavado (lesão do diafragma) MANEJO DO TRAUMA ABDOMINAL FECHADO Manter o paciente em observação na UTI, fa- zer exame físico seriado (6/6h), hemograma (8/8h) e análise de sinais vitais (4/4h). Paciente instável hemodinamicamente - O ponto mais importante da avaliação é veri- ficar se existem evidências de sangramento abdominal que exija intervenção cirúrgica ime- diata através de LPD ou USG fast; se esse for o caso, fazer a laparotomia, se não der evidência nos exames, procurar outra causa de choque. Paciente estável hemodinamicamente - Pode-se fazer um exame mais detalhado do abdome, por meio de TC do abdome; se hou- ver evidências de lesões de baixo grau, fazer tratamento conservador, se houver lesões as- sociadas ou sangramento ativo, fazer laparoto- mia. LPD Diagnóstico precoce Realização rápida Sensibilidade = 98% Detecta lesão intesti- nal Dispensa transporte Invasivo Pouco específico Não diagnostica lesões no diafrag- ma e peritôneo Trauma fechado instável FAST Diagnóstico precoce Não invasivo Realização rápida Pode ser repetido Sensibilidade: 86-97% Dispensa transporte Operador-depen- dente Gases intestinais e enfisema subcutâ- neo atrapalha as imagens Pode não diagnos- ticar lesões do in- testino, diafragma e pâncreas Trauma fechado instável TC O mais específico pa- ra definir a lesão Sensibilidade 92-98% Não é invasivo Alto custo Realização demo- rada Pode não identifi- car lesões do dia- fragma, intestino, e algumas lesões pancreáticas Necessário trans- porte Trauma fechado estável CESMAC-P4 MATÉRIA MARIA LUIZA PEIXOTO REFERÊNCIAS ATLS - Advanced Trauma Life Support for Doctors. American College of Surgeons. 10a. Ed. 2018
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