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estacio.webaula.com.br Introdução ao Estudo da Cinesiologia e Biomecânica 75-104 minutos Descrição A relação do corpo humano e o movimento nos diferentes cenários da vida cotidiana, pela ótica das disciplinas Cinesiologia e Biomecânica. PROPÓSITO Compreender os fatores que geram e influenciam as múltiplas possibilidades de movimento do corpo humano nas atividades https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/02067/index.html#imprimir https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/02067/index.html#imprimir cotidianas, sejam elas de lazer, laboral, esportiva e funcional, sendo este conhecimento de fundamental importância para os profissionais da área de Saúde, que trabalham com o movimento, visando a otimização do comportamento do Sistema Locomotor. OBJETIVOS Módulo 1 Identificar a importância da Cinesiologia e Biomecânica para análise e compreensão do movimento humano, assim como as áreas de estudo da Biomecânica Módulo 2 Reconhecer as diretrizes cinemáticas para construção de estratégias de interpretação do movimento do corpo humano no espaço Módulo 3 Identificar o comportamento motor do corpo humano a partir da atuação das forças agentes sobre ele Introdução A partir de agora, vamos iniciar o estudo da Cinesiologia e Biomecânica. Alguma vez você já questionou de que maneira um determinado movimento é executado? Por exemplo: por que as pessoas podem apresentar diferentes formas de caminhar ou correr; como o exercício de agachamento pode ser realizado para otimizar os resultados do treinamento; qual é a melhor maneira de se sentar durante a jornada de trabalho, para evitar um quadro de lombalgia e o que ocorre na evolução de uma criança quando passa da postura de engatinhar para a bípede? Essas e outras questões relacionadas ao movimento humano serão aqui discutidas nos mais variados cenários, como em atividades do dia a dia, esportivas, laborais e terapêuticas, visando oferecer a você um ferramental amplo, não só para observação e análise, mas também para escolha de estratégias de intervenção, com a finalidade de uma melhor utilização do corpo humano em movimento. Foto: Shutterstock.com A marcha (caminhada) é o padrão de deslocamento do ser humano. Sim! O movimento do corpo humano é a nossa prioridade! O movimento humano é uma área de estudo muito rica e trará a você uma série de informações que aumentarão significativamente sua forma de visualizar, descrever, avaliar e explicar sobre a mobilidade nas mais diferentes situações. Vale lembrar que a preocupação com a análise e compreensão do movimento do corpo humano data de antes da era cristã e, ainda hoje, passados vários séculos, algumas questões continuam sem respostas e os estudos nas áreas de Cinesiologia e Biomecânica não param de evoluir. Ao final deste tema, você terá maior capacidade de identificar as variáveis necessárias na hora de atuar como um profissional da área de Saúde. Agora, você está convidado a uma nova experiência, um novo estágio para a aplicação do movimento humano, nas diferentes situações do dia a dia, sejam essas rotineiras, como nas tarefas de casa, mas também nas atividades laborais em empresas – tema muito abordado atualmente no que se refere a questões relacionadas à ergonomia – avançando ainda mais para atividades esportivas, sejam elas de rendimento ou recreativas. MÓDULO 1 Identificar a importância da Cinesiologia e Biomecânica para análise e compreensão do movimento humano, assim como as áreas de estudo da Biomecânica CONCEITOS DE CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA Uma questão que muitos profissionais da área da Saúde abordam refere-se a semelhanças e diferenças entre a Cinesiologia e a Biomecânica, pois ambas tratam do mesmo objeto de estudo, que é o movimento. A Cinesiologia trata da análise e interpretação do movimento humano em seu sentido mais amplo. Então, toda e qualquer disciplina que permita uma interpretação do movimento humano pode ser tratada pela Cinesiologia. Assim, a Anatomia, a Anatomia aplicada, a Fisiologia, a Fisiologia do exercício, a Psicologia, a Nutrição, a Avaliação morfofuncional são disciplinas que oferecem conteúdos que permitem entender como o movimento do corpo humano ocorre. Você pode entender a Cinesiologia como: A ciência que estuda os movimentos do corpo humano. Imagem: Shutterstock.com A Biomecânica pode ser encarada como uma subdisciplina da Cinesiologia, pois ainda com o foco no ser humano, ela traz para a análise do movimento os conceitos fundamentados na Física, mais especificamente, na mecânica. Para melhorar a compreensão, podemos afirmar que as estruturas anatômicas do corpo humano, quando levadas ao movimento (mecânica), devem ser interpretadas a partir das diferentes características fisiológicas desse corpo, ou seja, “há uma combinação entre o movimento (mecânica) + estrutura (anatomia) + função do corpo (fisiologia)”. Imagem: Adaptado de Biomecânica Básica, HALL, S. 2016, pág. 16 Cinesiologia e Biomecânica. Evolução histórica do estudo do movimento A preocupação em entender como o movimento humano ocorre não é recente, data de antes da era cristã, quando já existiam relatos de problemas quanto à forma de se mover do ser humano. Foto: Jastrow / Wikimedia Commons/ Domínio público Aristóteles. É sabido que o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) foi considerado o pai da Cinesiologia. A ele são atribuídas questões relacionadas ao conhecimento sobre o centro de gravidade do corpo humano (CGH), leis de movimento e de alavancas. Diversos outros pensadores seguiram na esteira de Aristóteles, demonstrando preocupação em entender o movimento do corpo humano, respaldados não só nas observações externas ao corpo, mas também tentando decifrar os mecanismos internos para a realização dos movimentos. Foto: Pierre-Roch Vigneron / Wikimedia Commons/ Domínio Público Galeno. Cláudio Galeno (129 – 217 d.C.), médico e filósofo romano de origem grega, contribuiu a partir dos seus achados com ensaio de motu musculorum, isto é, a relação entre os músculos agonistas e antagonistas, nervos motores e sensitivos, além de termos como diartrose e sinartrose, que são utilizados até hoje para classificar as articulações do corpo. Ensaio Como eram denominados os artigos científicos nesta época. Foto: Francesco Melzi / Wikimedia Commons/Domínio público Leonardo da Vinci. Durante a Idade Média, muito pouca informação podia ser obtida quanto aos estudos na área do movimento humano. Por outro lado, o período Renascentista traz de volta toda a preocupação com as ciências, sendo que é através dos estudos de Leonardo da Vinci (1452 – 1519), para muitos considerado um gênio, que a marcha (caminhada, deambulação) humana tem os seus primeiros registros. Tema ainda hoje muito pesquisado. Foto: Justus Sustermans / Wikimedia Commons/Domínio público Galileu Galilei. O físico italiano Galileu Galilei (1564 - 1642) foi considerado o "pai da Física Moderna" e o "pai da Ciência Moderna”. Seus achados permitiram compreender conceitos como rapidez vs. velocidade, inércia, gravidade e o comportamento dos projéteis. Foto: Autor desconhecido / Wikimedia Commons/Domínio público Alfonso Borelli. Os estudos de Galileu Galilei tiveram continuidade com Alfonso Borelli (1608 – 1679), que também era físico, matemático e filósofo. Suas principais contribuições o fizeram ser considerado o “pai da Biomecânica”. Dentre essas contribuições, podem ser citados: o livro De Motu Animalium que abordava o padrão de locomoção do homem, a ideia da contração dos músculos para realizar um movimento e a mecânica respiratória. Borelli descobriu ainda questões relacionadas ao equilíbrio, como o comportamento das articulações em função das forças que atuam sobre elas. Dentre seus feitos mais importantes, está o posicionamento do CGH em diferentes situações de equilíbrio. A partir daí, a Cinesiologia não parou mais de evoluir e, no final do século XIX, a Biomecânica ganhou corpo no campo dasciências, chegando em meados do século XX, mais especialmente, nas décadas de 1960 e 1970, a ter maior representatividade mundial. CONSIDERAÇÕES ANATOMOFUNCIONAIS Agora você pode estar pensando: Como então devo pensar o movimento do corpo humano? Dois pontos principais serão os norteadores de seu raciocínio: O corpo humano é constituído por um conjunto de segmentos (braço, antebraço, coxa, perna etc.) que são unidos por articulações e, em função de seu grau de mobilidade, permite que esses segmentos descrevam trajetórias no espaço. Para que um movimento possa ser realizado, há necessidade de forças atuando sobre o corpo humano e o resultado do comportamento do corpo no espaço é a resultante dessas forças. Comentário O comportamento que um segmento corporal descreve no espaço, ou seja, o movimento em torno de uma articulação, está diretamente relacionado ao aproveitamento da energia gerada pelo(s) músculo(s) durante o processo de contração. Imagem: Shutterstock.com Corpo humano e articulações. Sendo assim tão importante ter sempre em foco que a base da construção do conhecimento biomecânico está diretamente relacionada a outras ciências e, principalmente, à: Anatomia – Permite conhecer as estruturas corporais. Fisiologia – Permite analisar e avaliar as funções corporais. Mecânica – Permite estudar todos os corpos que ocupam lugar no espaço e, no nosso caso, o corpo humano. Vamos reforçar esse conhecimento sobre a Biomecânica! “Estudo anatomofisiológico e mecânico do movimento do homem e de seus segmentos corporais.” “O estudo da estrutura e da função dos sistemas biológicos utilizando os métodos de mecânica” HATZE, 1974. “Biomecânica é a ciência que examina as forças internas e externas que atuam no corpo e seus efeitos” HAY, 1981. “Biomecânica é a ciência que investiga a ação das forças internas e externas agindo sobre os corpos vivos. Não é um conceito novo. O que é novo é um aumento na amplitude da área de investigação da biomecânica, para as muitas possibilidades de movimento humano” HAY, 1981. Observe que nos dois primeiros conceitos aqui apresentados por Hatze (1974), a tese da Anatomia, da Fisiologia e da Mecânica são reforçadas, mas ele destaca que a análise do movimento do corpo humano deve ser pensada a partir do comportamento dos segmentos corporais no espaço. Nossa sugestão é que você se habitue a sempre interpretar o movimento do corpo humano de maneira “fragmentada”, até que possa entender o “todo”. Por exemplo, ao sentar-se e levantar-se de uma cadeira as articulações dos tornozelos, joelhos e quadris são importantes, assim, tentar identificar o que possa estar comprometendo este movimento dependerá isoladamente da avaliação de cada uma dessas articulações. Imagem: Shutterstock.com Sentar e levantar. Já os conceitos propostos por Hay e Miller inserem elementos novos. Sim, pois até aqui não havíamos falado sobre forças internas e externas. A identificação e análise dessas forças serão fundamentais para compreensão do comportamento final do corpo e seus segmentos no espaço. Mas isso é conversa para termos daqui a pouco! Vale destacar a aplicação da biomecânica na área da Saúde, em destaque no movimento humano, pode estar relacionada a diversos campos. Observe: Foto: Shutterstock.com Locomoção (marcha humana) Foto: Shutterstock.com Esporte (melhoria do desempenho) Foto: Shutterstock.com Clínica e reabilitação (prevenção e tratamento de lesões) Imagem: Shutterstock.com Ocupacional e ergonomia (relações entre o homem, as máquinas e o trabalho) Áreas de atuação da Biomecânica A Biomecânica pode ser dividida em interna e externa: Imagem: Shutterstock.com Músculos e ligamentos do joelho. Biomecânica interna – Tem como base a determinação das forças geradas dentro do corpo humano, sejam estas a favor ou contra o movimento. Através da biomecânica interna, é possível determinar a resultante dessas forças. São chamadas de forças internas– forças articulares (ligamentos e cápsula articular) e musculares (concêntricas, excêntricas e isométricas). O mais importante é que são classificadas em função das diferentes formas de solicitação mecânica. Através do estudo da Biomecânica interna, podemos responder a seguinte questão: qual é a resultante dessas forças? Imagem: Shutterstock.com Força da gravidade. Biomecânica externa - Identifica e quantifica as forças que são geradas fora do corpo humano, mas que irão interferir diretamente na condição dinâmica (movimento) ou estática (inércia). Essas são chamadas de forças externas (gravidade, atrito, resistência frontal do ar etc.), que atuam sobre o corpo humano e trazem consequências resultantes de suas ações, como por exemplo, a força da gravidade. Dica Ao realizar a análise de um movimento, a identificação de força será sempre no plural, ou seja, forças. Isso porque será sempre necessário identificarmos as forças externas que estão atuando sobre o corpo humano, por exemplo, a gravidade e o comportamento das forças internas em função da postura ou movimento que se queira realizar. Exemplo Ao realizar o movimento de flexão do cotovelo (rosca bíceps), é necessário um trabalho combinado de outras musculaturas para manter a postura estática. Musculaturas essas dos membros inferiores para que o indivíduo se mantenha em pé, assim como a musculatura da região abdominal e paravertebral, para que o indivíduo se mantenha estável e não mude a postura durante a execução do exercício. Áreas de estudo da Cinesiologia e Biomecânica Nos últimos anos, em função da evolução no campo científico, os estudos cinesiológicos e biomecânicos vêm apresentando uma evolução muito grande, devido ao desenvolvimento de instrumentos de mensuração e avaliação dos movimentos do corpo humano em todos os campos de aplicação (laboral, cotidiano, terapêutico e esportivo). Contudo, quatro grandes áreas continuam a assegurar densidade aos achados científicos no campo do estudo do movimento humano. Vamos conhecer um pouco mais cada uma dessas áreas! Antropometria É a área mais simples de estudo da Biomecânica. Preocupa-se em determinar as características das dimensões do corpo humano, ou seja, estatura, massa corporal e segmentar (e a distribuição dessas massas), comprimento e volume (dimensões geométricas) dos segmentos corporais, localização do CGH e do centro de gravidade (CG) dos diferentes segmentos corporais. Todos esses parâmetros são necessários para que, a partir de um modelo antropométrico, seja construído um modelo biomecânico do corpo que se queira analisar. Na prática, as avaliações antropométricas utilizam desde recursos simples, como balança, trena metálica, paquímetros, até sistemas altamente sofisticados, por exemplo, digitalização a laser, ultrassonografia etc. Na Cinesiologia e Biomecânica, esses dados são necessários para que o movimento possa ser modelado física e matematicamente. Assim, simulações de movimentos podem ser propostas, o que permite uma melhor compreensão de como os movimentos estão sendo realizados e como podem ser otimizados. Imagem: Shutterstock.com Antropometria – Dimensões dos segmentos corporais. Cinemetria Essa área de estudo tem como foco a análise e descrição do movimento no espaço, ou seja, se é um movimento rápido ou lento, amplo ou curto, dentro ou fora da trajetória esperada. Dentro do enfoque científico é a medição cinemática que permite, de maneira objetiva, identificar a velocidade e a aceleração do movimento, discorrer sobre a distância e o deslocamento realizados no movimento, além da posição e orientação dos segmentos corporais e do corpo humano no espaço. Na prática, a aquisição de dados na cinemetria está apoiada das imagens do movimento a ser analisado. Essa aquisição vale-se normalmente de recursos de fotos, filmes e vídeos para registro e descrição dos movimentos. Os equipamentos para pesquisa científica são de alta tecnologia, como câmeras de alta frequência (iguaisou maiores que 60 Hz), mas na atualidade vários softwares e Apps estão disponíveis, o que funciona como tremenda ferramenta para descrição do movimento. Um smartphone com uma boa câmera permite análises de movimento de pacientes em cinesioterapia ou de alunos que realizam treinamento. Vale destacar que os achados na cinemetria permitem avaliações quantitativas e qualitativas do movimento; interpretação de posturas e posições do corpo humano em movimento para a elaboração das estratégias de intervenção; avaliação da técnica do movimento selecionado; comparação entre movimentos propostos, realizados por sujeitos diferentes ou pelo mesmo em momentos distintos. Foto: Shutterstock.com Cinemetria. Dinamometria Essa é a terceira área de estudo da Biomecânica. Tem como base os métodos para as medições cinéticas, ou seja, as medidas de força interna e externa que irão influenciar o movimento. As avaliações dinamométricas na biomecânica utilizam prioritariamente: a plataforma de força (avaliação da força de reação do solo), a distribuição de pressão plantar (baropodômetros), células de carga e aparelhos isocinéticos (dinamometria computadorizada). O principal objetivo é explicar como o movimento está sendo realizado, a partir das forças que estão atuando sobre o corpo ou algum segmento analisado de forma isolada, isto é, os fatores moderadores ambientais (ex.: força da gravidade) e as ações internas de geração de força frente a esses fatores (ex.: contração muscular). Foto: Shutterstock.com Dinamometria – plataforma de força. Na prática, essas avaliações permitem a análise da técnica de execução do movimento, a investigação da condição física, o controle da sobrecarga e a identificação e influência das forças externas e internas que afetam o movimento. Foto: Shutterstock.com Baropodometria de pressão plantar. Foto: Shutterstock.com Dinamometria - Baropodometria. Eletromiografia Para entender a eletromiografia (EMG), você deve lembrar que toda contração muscular é uma atividade eletroquímica. Então, a EMG é o registro da atividade elétrica de um músculo, quando este é estimulado. É bom ter em mente que a contração da musculatura estriada esquelética ocorre como uma ação voluntária em resposta a um estímulo, assim, alguns fatores podem influenciar os achados na EMG, como: a velocidade de encurtamento e alongamento muscular, o equilíbrio das ações de músculos agonistas e antagonistas, o grau de tensão muscular, a atividade reflexa e, principalmente, a fadiga muscular. Para coleta dos dados, são utilizados eletrodos que podem ser superficiais (sobrepostos na pele no local do músculo que se queira avaliar) ou profundos, invasivos (dentro do corpo humano - intramusculares). Por serem mais simples de aplicação, os estudos tendem em sua maioria a utilizarem a EMG de superfície ou EMGSup. Esses eletrodos são conectados a um equipamento chamado eletromiógrafo, que faz a leitura dos sinais elétricos que podem ser lidos e interpretados em um computador, através de softwares específicos. Passe o mouse na imagem. Objeto com interação. Comentário A EMG não tem por objetivo medir a quantidade de força muscular. Na condição de fadiga, há um aumento na amplitude e diminuição na frequência do sinal eletromiográfico. ÁREAS DE ESTUDO DA BIOMECÂNICA O especialista apresenta um resumo do módulo com ênfase na explicação e aplicação prática das áreas de estudo da Biomecânica Verificando o aprendizado ATENÇÃO! Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que você responda corretamente a uma das seguintes questões: Gabarito 1. As forças de reação do solo são forças mesuráveis entre o corpo e ambiente. No ambiente laboratorial, essas forças são mensuradas por um equipamento chamado de plataforma de força. Sabendo que a Biomecânica está dividida em áreas de estudo, assinale a alternativa abaixo que corresponde a área que engloba os tipos de medida de força e pressão: A alternativa "E " está correta. Cada área de estudo trata de estudar de maneira específica os conteúdos que permitem a análise biomecânica do movimento e a área que estuda as forças é a dinamometria. 2. A manutenção da condição dinâmica ou estática deve ser encarada a partir das forças que estão atuando sobre o corpo humano. A Biomecânica é dividida em duas áreas de atuação, cada uma dessas áreas estuda especificamente diferentes tipos de forças. Assinale, dentre as alternativas abaixo, aquela que está errada: A alternativa "E " está correta. Compreender a ação das forças externas e internas que atuam sobre o corpo é o que permite estimar o comportamento desse corpo no espaço. Juntamente, por exemplo, com o atrito e a resistência frontal do ar, a gravidade é uma força externa que atua sobre o corpo humano. O conteúdo ainda não acabou. Clique aqui e retorne para saber como desbloquear. Avalie este módulo: MÓDULO 2 Reconhecer as diretrizes cinemáticas para construção de estratégias de interpretação do movimento do corpo humano no espaço. about:reader?url=https%3A%2F%2Festacio.webaula.com.br%2Fcursos%2Ftemas%2F02067%2Findex.html%23imprimir#module1-unlock-hide about:reader?url=https%3A%2F%2Festacio.webaula.com.br%2Fcursos%2Ftemas%2F02067%2Findex.html%23imprimir#module1-unlock-hide about:reader?url=https%3A%2F%2Festacio.webaula.com.br%2Fcursos%2Ftemas%2F02067%2Findex.html%23imprimir#module1-unlock-hide Bases cinemáticas para análise do movimento humano Foto: Shutterstock.com Agora você deve estar se perguntando: eu sei que a anatomia me permite identificar o músculo que deve ser estimulado, a fisiologia, se um músculo responde melhor a estímulos para resistência ou força, mas e a mecânica – como ela pode contribuir para a análise do movimento? O primeiro passo é ter em mente que apesar de se valer da Física e da Matemática, a grande maioria dos profissionais da área da Saúde utilizam os achados nas pesquisas em Cinesiologia e Biomecânica como ferramentas para melhorarem suas atuações profissionais, sendo que aqui você deve pensar em avaliação, prescrição e monitoramento do tratamento fisioterápico ou do exercício físico. Não fique preocupado em fazer cálculos, mas em identificar a melhor maneira de lançar mão dos seus conhecimentos biomecânicos na hora de atuar profissionalmente. Para conhecer um pouco mais, faz-se necessário subdividir a mecânica em duas áreas, que são: Cinemática e Cinética. Cada área tem seu foco de atuação específico e é isso que iremos conhecer mais agora. Cinemática Primeiramente, é importante deixar claro que todo movimento ocorre no espaço e essa relação entre o corpo humano, movimento e espaço é estudada pela Cinemática. Em segundo, a principal função da Cinemática é descrever o movimento do corpo humano e de seus segmentos, ou seja, se o movimento é rápido ou lento, amplo ou curto, na trajetória desejada ou não. A partir do exposto, é possível afirmar que a Cinemática estuda a relação espaço-temporal na realização do movimento, ou seja, a forma, o padrão e a sequência dos movimentos na relação espaço e tempo. Vamos conversar agora sobre conteúdos importantes para uma avaliação cinemática. Estática e Dinâmica “Estática é o exame dos sistemas que não estão se movendo ou que estão se movendo em velocidade constante a ponto de considerá-los em equilíbrio” HAMILL, 2012. Vale destacar que, para a Cinemática, os achados na estática de um corpo que não se move, por exemplo, em uma postura ereta estática, são pouco relevantes, mas sim de interesse da Cinética, o que será visto mais à frente. E a dinâmica? A dinâmica é de total interesse da Cinemática, pois ela está preocupada em analisar o movimento dos corpos que mudam de posição no espaço em função do tempo. O comportamento dinâmico do corpo ou de um segmento, exigirá de um profissional que queira dominar a análise de movimento, a condição de transladar entre a descrição e a explicação de como os movimentos de fato ocorrerem e como podemser melhorados. Vamos mergulhar nesses conhecimentos! Grandezas escalares e vetoriais Os conceitos de Mecânica para serem entendidos devem considerar a magnitude que está relacionada à intensidade do movimento e/ou ao sentido do movimento. Quando um conceito é plenamente compreendido, a partir de sua magnitude, é chamado de escalar. Por exemplo, a massa corporal fica claramente entendida quando uma pessoa afirma ter 80kg. Agora, alguns conceitos devem expressar não só a magnitude, mas também o sentido. Quando isso ocorre, essa grandeza é chamada de vetorial. Um vetor é representado por uma “seta”, onde, além da intensidade, é expressa a posição inicial e final. Além disso, existem outros conceitos que são utilizados em Biomecânica, como a distância e o deslocamento: Distância: É medida como o comprimento da trajetória entre o ponto do início e do final do movimento. Assim, a distância é uma grandeza escalar. & Deslocamento: É medido como uma linha reta entre as posições inicial e final de um corpo. Atente-se para dois aspectos: existe uma posição inicial e outra final, mas, além disso, esse sentido é preestabelecido. Assim, o deslocamento é uma grandeza vetorial. Imagem: Shutterstock.com Distância (linha cinza); deslocamento (linha vermelha). Formas de movimento Basicamente todos os movimentos são classificados e descritos a partir de duas possibilidades: A) movimento linear ou de translação B) movimento angular ou de rotação O corpo humano e seus segmentos ao se movimentarem terão sua descrição a partir da situação A ou B. É importante pensar que é a possibilidade de movimento das articulações que permite aos segmentos corporais se deslocarem no espaço, ou seja, faz que o corpo humano passe a assumir novas posições ao longo do tempo. Resumindo: é nas articulações que os movimentos ocorrem, levando os segmentos corporais associados a essas articulações a descreverem trajetórias espaciais. Agora, qual é a diferença entre movimento linear e movimento angular? Movimento linear ou translação É caracterizado quando todas as partes do corpo percorrem a mesma distância, na mesma direção e ao mesmo tempo. Pode ser dividido em movimento linear retilíneo ou movimento linear curvilíneo. Movimento angular ou rotação Para que ocorra esse movimento, é necessária a existência de um eixo, pois todo movimento angular ocorre em torno de um eixo. É identificado quando todas as partes de um corpo se deslocam em torno de um ponto (eixo), na mesma direção e ao mesmo tempo. Reforçando: não existe movimento angular sem eixo e, no caso dos estudos dos movimentos do corpo humano, esses eixos podem estar localizados interna ou externamente ao corpo. Foto: Shutterstock.com Movimento angular ou rotação. Veja a figura: durante o movimento de flexão do cotovelo, ocorre o deslocamento da ulna e do rádio em direção ao úmero, onde o eixo é a articulação do cotovelo. Movimento combinado ou generalizado É a junção dos movimentos de translação (linear) e rotação no momento da análise (angular). É importante deixar claro que a caracterização de cada movimento é feita isoladamente, mas o comportamento do corpo no espaço permite entender a combinação dos movimentos lineares e angulares. Observe uma caminhada. O que me permite caracterizar a mudança de local e posicionamento do corpo no espaço é a alteração do posicionamento do CGH ao longo do tempo. Essa alteração é descrita como movimento linear, mas, para que isso ocorra, as articulações dos tornozelos, joelhos e quadris devem se movimentar e esses movimentos são chamados de angulares, pois ocorrem em torno do eixo articular. Resumindo O movimento de translação do corpo humano que ocorre durante a marcha é realizado devido aos movimentos angulares das articulações, o que permite identificar a marcha como um movimento combinado ou generalizado. Posições de referência: posição anatômica (PA) ou posição fundamental (PF) É vital para análise do movimento que uma posição de referência inicial seja identificada para que o movimento seja descrito. Quando isso não ocorre, assumimos que a PA seja a nossa referência. Observe as figuras abaixo e atente para a diferença sutil entre uma e outra. Na PF, que também pode ser chamada de posição cinesiológica, no posicionamento dos braços, as palmas das mãos estão voltadas para face lateral da coxa e os pés ligeiramente “abduzidos” (7 a 10 graus). Imagem: Shutterstock.com Posição anatômica. Imagem: Shutterstock.com Posição fundamental. Todo movimento é inicialmente descrito a partir da PA ou PF. Contudo, nada impede que outra posição inicial (PI) seja utilizada para descrever um movimento, mas, para isso, é necessário que essa PI seja descrita, por exemplo, em postura ereta e braços paralelos ao solo com as palmas das mãos voltadas para frente. Em breve, você irá conhecer os movimentos descritos a partir desta posição. Foto: Shutterstock.com Posição Inicial: “ombros abduzidos e cotovelos na altura do processo xifoide”. Planos e eixos de movimento Aqui, o primeiro ponto a ser registrado é que o movimento ocorre no espaço e a referência espacial para descrição dos movimentos é tridimensional, ou seja, direita e esquerda, anterior e posterior, superior e inferior. Desta forma, os planos de referência para descrição dos movimentos guardam uma relação ortogonal, ou seja, formam ângulos de 90° entre si, e são chamados de planos cardinais. Esses planos são nominados a partir do seu posicionamento em relação ao corpo humano: Plano sagital Divide o corpo em lado direito e esquerdo. Plano frontal ou coronal Divide o corpo em parte anterior e posterior. Plano transverso ou horizontal Divide o corpo em parte superior e inferior. Mas, por que isso é importante? Resposta A partir das observações dos movimentos que ocorrem com base nessas referências, é que poderemos avaliar se um movimento atende ou não a um determinado padrão esperado. Vale ainda lembrar que existem diversos planos intermediários entre os planos de referência. Desta forma, ao elevar o segmento do braço (abdução dos ombros), este movimento não obrigatoriamente ocorrerá no plano sagital ou frontal, ele poderá estar ocorrendo em um plano intermediário, esta informação é importante pois permitirá ampliar sua capacidade de avaliar um movimento. Você já ouviu falar em “plano escapular”? Mais à frente, você conhecerá mais sobre esse assunto, mas, para isso, domine muito bem os chamados movimentos básicos. Observe as figuras abaixo e esteja atento às diferenças! Imagem: Adaptada por Luís Salgueiro Planos intermediários. Mas vamos continuar com planos e eixos! Os planos já são conhecidos. Você já sabe que os movimentos ocorrem nas articulações e que esses só podem ser classificados de duas formas (linear ou angular), sendo que, para o movimento angular, há necessidade de um eixo. Assim, as articulações funcionam como eixos para realização dos movimentos, o que permite o deslocamento dos segmentos no espaço. Imagem: Shutterstock.com Rosca bíceps com HBC (Halter de Barra Curta). Melhor observado no plano sagital. Como esses eixos são chamados? O primeiro passo é deixar claro que, para cada plano de referência (sagital, frontal e transverso), existirá um eixo e este será perpendicular ao plano. Veja abaixo: Plano sagital Eixo látero-lateral, medial, médio-lateral Plano frontal Eixo anteroposterior Plano transverso Eixo longitudinal Atenção Esses eixos podem receber nomes variados dependendo do autor. Termos que descrevem movimentos gerais É importante saber que todos os movimentos ocorrem em um plano e possuem um sentido, os quais servirão de base para sua descrição. Você pode estar se perguntando: então, se existem movimentos nos planos de referência, como estes são chamados? Vamos esclarecer, mas, antes disso, observe estas referências: Imagem: Shutterstock.com Posição ou direção relativa. Lembre-se que todos os movimentos serãodescritos a partir da PA. Veja o quadro a seguir: Plano Eixo Movimento Sagital Látero-lateral Flexão: ocorre a diminuição do ângulo articular. Extensão: ocorre o aumento do ângulo articular. Hiperextensão: o segmento é deslocado além da PA. Frontal Anteroposterior Abdução: movimento tem início com o afastamento do segmento da linha média do corpo. Adução: é o movimento de retorno da abdução. Transverso Longitudinal Rotação interna (medial): o segmento é “girado” para dentro ou medialmente. Rotação externa (lateral): o segmento é “girado” para fora ou lateralmente. Planos e eixos de movimento. Autor: Claudio Gonçalves Peixoto Há ainda o movimento de circundução, que é classificado como um movimento “multiplanar” e “multiaxial”, ou seja, ao longo da sua realização passa por múltiplos planos e, com isso, apresenta múltiplos eixos. Para que uma articulação possa realizar a circundução, ela deverá ser capaz de realizar movimentos em pelo menos dois planos cardinais. Assim, ombro e punho, por exemplo, podem realizar a circundução, já o cotovelo não. A circundução pode ser descrita como o desenho de um cone imaginário no espaço, cujo vértice está na articulação e a base no extremo distal. Veja como ocorre a circundução do ombro no nado borboleta: Foto: Shutterstock.com Circundução. Cadeias cinemáticas de movimento A cadeia cinemática pode ser caracterizada por um conjunto de segmentos unidos por articulações, assim, a alteração na capacidade de movimentação de qualquer articulação de uma cadeia, tenderá a interferir nos movimentos das outras articulações. Por exemplo, o segmento do pé é unido à perna pela articulação do tornozelo, a perna é unida à coxa pela articulação do joelho, a coxa é unida à pelve pela articulação do quadril e a pelve é unida à coluna vertebral (sacro) pela articulação sacroilíaca. A sequência acima forma a cadeia de membros inferiores. Foto: Shutterstock.com Cadeia de movimento do corpo inteiro. Caso uma das articulações dessa cadeia esteja comprometida, as demais tentarão “compensar” esse comprometimento. Exemplo Muitas vezes, ao machucar o joelho, o sujeito não deixará de se deslocar, mas, para que isso ocorra, as articulações do tornozelo e quadril tenderão a tentar compensar essa “falha”. Por isso, é tão importante entender o conceito e, mais ainda, a aplicação dessas cadeias de movimento, que podem ser classificadas em cadeia aberta e cadeia fechada. Clique nas figuras abaixo. Objeto com interação. Imagem: Shutterstock.com Exercício em cadeia aberta de membros superiores. A cadeira aberta é aquela que o segmento distal está livre no espaço ou não encontra restrição a sua livre movimentação. Outra forma de definir a cadeia aberta é quando ocorre um deslocamento dos ossos do esqueleto apendicular, enquanto o esqueleto axial permanece fixo. Ex.: abdução do ombro com halter de barra curta (HBC). Imagem: Shutterstock.com Cadeia fechada de membros inferiores. A cadeira fechada é aquela que o segmento distal está fixo ou encontra restrição a sua livre movimentação ou o esqueleto apendicular está fixo e ocorre o deslocamento do esqueleto axial. Ex.: agachamento. Observe que, no exemplo da cadeia aberta, os membros superiores estavam sendo analisados e o segmento distal é a mão. No exemplo da cadeia fechada, a análise está nos membros inferiores e o segmento distal é o pé. Há também a cadeia mista, ou seja, no momento da análise, são identificadas as cadeias aberta e fechada. Um bom exemplo é a análise dos membros inferiores durante a marcha. Observe que dois momentos devem ser identificados, que são: os dois pés estão em contato com o solo = cadeia fechada; um dos pés em contato com o solo (fase de apoio) = cadeia fechada e o outro pé livre no espaço (fase de balanço) = cadeia aberta. Foto: Shutterstock.com Análise da marcha em cadeia mista: em determinado momento, os dois pés estão apoiados no solo, no outro, o apoio é realizado com um dos pés enquanto o outro permanece suspenso. CINEMÁTICA DO MOVIMENTO HUMANO O especialista abordará a diferença entre Cinética e Cinemática para depois fazer as relações entre planos, eixos e movimentos, buscando uma aplicação prática com os movimentos de musculação, Pilates e cinesioterapia. Verificando o aprendizado ATENÇÃO! Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que você responda corretamente a uma das seguintes questões: Gabarito 1. As relações de tempo e espaço são a base para a descrição dos movimentos do corpo humano. Essa análise do comportamento do corpo em movimento é possível a partir da observação dos aspectos cinemáticos. A cinemática tem um foco de estudo bem definido. Com base nos achados cinemáticos é correto afirmar que: A alternativa "B " está correta. Ter noção da forma, sequência e padrão de movimento em relação ao tempo e ao espaço é a base para descrição do movimento e da Cinemática. 2. Os planos e eixos de movimento ou ortogonais são a base para descrição dos movimentos articulares. A partir do movimento de uma articulação, os segmentos corporais descrevem trajetórias espaciais. Os conhecimentos cinemáticos permitem assinalar como correta a alternativa: A alternativa "A " está correta. A noção de espaço deve considerar o comportamento tridimensional do corpo no espaço. E a partir daí, os movimentos articulares descritos como flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna, rotação externa e circundução. O conteúdo ainda não acabou. Clique aqui e retorne para saber como desbloquear. Avalie este módulo: MÓDULO 3 Identificar o comportamento motor do corpo humano a partir da atuação das forças agentes sobre ele Bases cinéticas para análise do movimento humano Agora você deve estar se perguntando: eu já sei descrever os movimentos do corpo humano, mas, como posso explicá-los? É para isso que serve a Cinética! Os conhecimentos cinéticos about:reader?url=https%3A%2F%2Festacio.webaula.com.br%2Fcursos%2Ftemas%2F02067%2Findex.html%23imprimir#module2-unlock-hide about:reader?url=https%3A%2F%2Festacio.webaula.com.br%2Fcursos%2Ftemas%2F02067%2Findex.html%23imprimir#module2-unlock-hide about:reader?url=https%3A%2F%2Festacio.webaula.com.br%2Fcursos%2Ftemas%2F02067%2Findex.html%23imprimir#module2-unlock-hide darão a você condições de identificar e analisar as forças que estão atuando sobre o corpo e a partir das ações dessas forças, explicar como o movimento está sendo realizado ou a condição de equilíbrio estático está sendo mantida. Ao entender e aplicar os princípios mecânicos que interferem no movimento, a qualidade de suas avaliações e intervenções para prescrição de terapias e o exercício serão um grande diferencial profissional. A Cinética é um ramo da Física, mecânica que investiga os conceitos de força, energia e massa atuando sobre um corpo. Dominar esses conceitos é fundamental para que você possa identificar as condições estáticas e dinâmicas de um corpo e como este pode se manter em equilíbrio mesmo na condição dinâmica, por exemplo, durante a marcha e a corrida. Noções básicas de Cinética Vale destacar que os conceitos físicos serão contextualizados, considerando não só as estruturas anatômicas do corpo humano, mas também o comportamento do corpo no espaço. Veja abaixo: Força A ideia simples passa por um impulso ou tração exercida sobre um corpo, mas, na prática, deve ser entendida como a capacidade de vencer, ceder ou igualar a uma resistência. Você já foi apresentado às forças internas e externas. Agora, é importante que conheça também os seguintes conceitos: Força ou força potente Atua a favor do movimento que se quer realizar. Resistência ou força resistente Força com ação contrária ao movimento que se quer realizar. Exemplo Um músculo agonista (responsável pela realização do movimento) deve ser encarado como força potente, já o antagonista (que tem ação contrária ao do movimento) deve ser encarado como força resistente. Foto: Shutterstock.comMúsculos do quadríceps, glúteos e posteriores da coxa agem como força potente e o peso corpo e a barra que será levantada agem como força resistente. Massa e peso Muitas pessoas confundem esses termos, muito mais pelo que é aceito no senso comum, mas devem ter compreensões distintas: Massa (m) é a quantidade de matéria que constitui um corpo. A unidade de massa é o quilograma (kg), como, por exemplo, a massa corporal. Peso é a massa sofrendo a ação da gravidade (g) ou P = m x g. Vale lembrar que a gravidade é uma força que atua verticalmente de cima para baixo, puxando os corpos em direção ao centro da terra. A unidade de peso é o Newton (N). Exemplo Um sujeito com uma massa de 80kg, estando no nível do mar, onde a força g é igual 9,81m/s², ou seja, aproximadamente 10m/s², terá um peso de 800N (80kg x 10m/s²). Você deve ter sempre em mente que, para manter a postura ereta, o corpo é obrigado a gerar uma força interna (muscular), para vencer a ação da gravidade que puxa esse corpo para baixo. Em uma perspectiva prática, observe que a pessoas idosas, normalmente, apresentam menor capacidade de geração de força muscular e, assim, tendem a acentuar a cifose torácica. Pressão É a força (F) aplicada em uma determinada área (A) ou P = F / A. Este conceito passa a assumir especial importância quando entendemos que uma das funções dos meniscos é aumentar a área para distribuição da carga da massa corporal acima dos joelhos. A partir daí é correto afirmar que os meniscos tendem a diminuir a pressão interna nos joelhos e qualquer alteração nessas estruturas tende a vulnerabilizar esta articulação. Volume É o espaço ocupado por um corpo. Isoladamente, o conceito de volume parece não ser tão relevante, mas vale lembrar que o corpo humano é constituído por biomateriais de diferentes densidades, ou seja, gordura, músculo, ossos etc. Desta forma, ao relacionarmos as massas desses materiais aos seus volumes, teremos a densidade e essa sim é importante na análise e interpretação do movimento humano. A densidade (d) deve ser entendida como a relação entre a massa (m) e o volume (v) de um corpo, ou seja, d = m / v. A unidade de densidade é kg/m3. Na prática, 1kg de tecido muscular e de gordura tem a mesma massa, mas, como o volume ocupado pelo músculo é menor que o volume ocupado pela gordura, o músculo é mais denso que a gordura. Foto: Shutterstock.com, adaptado por Luís Salgueiro Comparação de dois homens com mesma massa, mas com volumes diferentes. Energia É a capacidade de realizar trabalho. Muitas são as possibilidades de interpretação deste conceito no corpo humano, mas, para sintetizar em função do trabalho realizado, essa energia tenderá a sofrer variações. Por isso, é tão importante a adoção da prática do exercício físico, pois, com o aumento da força, há fisicamente maior capacidade de reserva energética e, consequentemente, maior capacidade de realizar trabalho. Leis de Newton - 1ª Lei de Newton (lei da inércia) Inércia deve ser entendida como a quantidade de matéria que constitui um corpo. Isso porque, o conceito puro diz que todo corpo em repouso ou em movimento retilíneo uniforme tenderá a permanecer nessa condição, a menos que sobre esse corpo seja aplicada uma força. Na prática, quanto maior for a massa de um corpo, maior será a quantidade de força necessária para que a mudança no seu estado de movimento ocorra. Foto: Shutterstock.com Primeira lei de Newton. Exemplo Imagine duas pessoas com quantidades de massa corporal iguais, 90kg, só que o sujeito A apresenta 20% de gordura e 41% de massa muscular e é praticante de exercício físico regular, já o sujeito B apresenta 26% de gordura e 35% de massa muscular e é sedentário. Parece que, para que ambos movimentem seus corpos, a quantidade de força será igual, mas o sujeito A irá realizar essa tarefa com muito mais facilidade quando comparado ao sujeito B. 2ª Lei de Newton (lei da aceleração) O conceito diz que a velocidade de alteração de movimento de um corpo é proporcional ao sentido e à força que atuam sobre este corpo, sendo inversamente proporcional à massa dele, ou seja, força é igual ao produto entre a massa e a aceleração (F = m x a). Vamos entender com base em uma pessoa que precise executar saltos verticais sucessivos e rápidos. O que você pensa sobre a quantidade de força necessária para realizar essa tarefa? Isso mesmo! Quanto maior for a massa dessa pessoa, mais difícil será acelerar esse corpo e, para que isso ocorra, maior será a quantidade de força necessária. Pense em um jogador de voleibol, que precise saltar várias vezes de maneira rápida nos jogos e nos treinos. Percebeu o porquê desses atletas serem fortes, mas não tenderem a ser muito hipertrofiados? 3ª Lei de Newton (lei da ação e reação) O conceito puro tende a não fazer muito sentido para os profissionais da área da Saúde, pois ele diz que, para toda ação aplicada sobre um corpo, haverá uma reação de mesma intensidade e direção, mas em sentido contrário. O melhor exemplo que podemos vincular ao corpo humano é a marcha, mais especificamente, a força de reação do solo (FRS) durante a caminhada. Desta forma, empurramos o solo para baixo e o solo nos empurra para cima. Para que possamos alcançar maiores velocidades, em um mesmo tipo de piso, será necessária maior quantidade de força para empurrar o solo e, assim, receber maior carga de retorno. Imagem: Shutterstock.com Terceira lei de Newton. Diagrama de corpo livre São importantes, pois permitem identificar as forças que atuam sobre o corpo e suas possíveis consequências de movimento, o que facilita a análise do movimento. Observe as forças que atuam durante a corrida na figura anterior: FRS, atrito, peso corporal e resistência do ar. Cada uma irá, em função do seu ponto de aplicação, interferir no movimento. Por isso, é importante localizar esses pontos para estimar o aproveitamento individual de cada músculo. O mesmo raciocínio deve ser utilizado para interpretar a ação das forças resistentes. Imagem: Shutterstock.com Diagrama de corpo livre. Natureza dos fluidos e resistência dinâmica Fluido é toda substância que flui quando submetida a um estresse de deslizamento (cisalhamento). Em Biomecânica aplicada, os dois fluidos mais estudados são o ar e a água. Foto: Shutterstock.com Fluido passado pela mão e pelo corpo. É importante observar o comportamento de um fluido ao passar por um corpo, pois existe a tendência a duas diferentes formas de fluxo deste fluido em função de características estruturais do objeto em contato com o fluido. Esses fluxos podem ser: Imagem: Shutterstock.com Laminar Ao passar pelo objeto, as camadas de fluido são regulares e paralelas. Imagem: Shutterstock.com Turbilhonar Ao passar pelo objeto, ocorre mistura das camadas de fluidos adjacentes. Flutuabilidade Está relacionada com a possibilidade de um objeto flutuar. Tem relação direta entre o peso do corpo humano e o peso da água deslocada, ou seja, conforme o Princípio de Arquimedes: a força de flutuação que atua sobre um corpo é igual ao peso do líquido deslocado pelo corpo. Você sabia O corpo humano é constituído por biomateriais de diferentes densidades. Como a gordura é menos densa quando comparada aos músculos e ossos, pessoas com maiores percentuais de gordura tendem a flutuar com maior facilidade quando comparadas aos sujeitos com maiores percentuais de massa muscular. E ainda, a flutuação do corpo humano ocorre a partir do seu centro de volume, ou seja, o ponto no qual a força de flutuação atua com maior intensidade. Por isso, também é mais fácil flutuarmos com os pulmões cheios de ar, quando comparados à expiração plena. Imagem: Adaptado de Biomecânica Básica, HALL, S. J , 2016, pág. 581 Centro de volume corporal. Princípio de Bernoulli É uma expressão da relação inversa entre a velocidade relativa e pressão relativa no fluxo de um fluido horizontal, ou seja, onde há alta velocidadede deslocamento do fluido, menor será a pressão; já nos pontos de mais baixa velocidade, maior será a pressão. Imagem: Shutterstock.com Foto: Shutterstock.com Princípio de Bernoulli: o formato da asa do avião altera a velocidade de deslocamento do fluxo de ar que passa por baixo e por cima dela, possibilitando os diferentes níveis de pressão nesses locais. O mesmo princípio pode ser aplicado às mãos do nadador em relação à água. Na prática, observe o deslocamento horizontal dos braços submersos em uma piscina. Perceba que, para mesma velocidade de deslocamento, quando as palmas das mãos estão voltadas para baixo, o deslocamento ocorre de maneira mais estável, já quando as mãos estão na vertical (palma voltada para palma), não só o movimento é lentificado, como também tende a ficar mais instável. Por esse motivo, é tão importante conhecer a resistência dinâmica que um objeto oferece ao passar por um fluido, ou seja, torna mais lento o movimento de um corpo através de um fluido em função da sua forma, superfície e onda. Então, vamos lá: Escolha uma das Etapas a seguir. Escolha uma das Etapas a seguir. Resistência de forma Criada por um diferencial de pressão entre a superfície anterior e posterior de um corpo que se movimenta através de um fluido. O exemplo já foi citado em função do posicionamento das mãos submersas na piscina, no movimento horizontal dos braços. Resistência de superfície Deriva do atrito entre camadas adjacentes de fluido próximas de um corpo que se movimenta através do fluido. Assim, quanto mais liso e lubrificado for um corpo, mais facilmente, um fluido irá fluir sobre ele. Por isso, em algumas modalidades desportivas, como o ciclismo, os atletas utilizam roupas grudadas ao corpo. Resistência de onda Criada pela produção de ondas na interface entre dois fluidos diferentes, ar e água, em função do deslocamento do corpo no fluido água. Desta forma, quanto maior for o movimento do corpo dentro do fluido água, maior tende a ser a resistência de onda. Por esse motivo, é tão importante a técnica para um nado mais eficaz. Comportamento ativo e passivo do sistema musculoesqueléticoão Comportamento ativo e passivo do sistema musculoesqueléticoão Vimos que, para que um corpo se movimente, sobre ele deve haver a ação de uma força. Desta forma, você pode estar pensando que todos os deslocamentos do corpo humano estão vinculados à ação de uma força interna pró-movimento, mas isso deve ser repensado, pois existem formas ativas e passivas de movimento. Que tal conhecermos um pouco mais? Forma ativa Ocorre quando existe uma força interna atuando diretamente para realização do movimento. Observe que essa força atua no sentido de fazer com que o movimento desejado ocorra. Veja alguns exemplos: Clique nas barras para ver as informações. Objeto com interação. Força contínua Considera a ação dos músculos agonistas (realizam a contração) e relaxamento dos antagonistas (opostos à contração). São movimentos providos de menor controle motor. O foco aqui é a ação de estimulação contínua dos agonistas. Por exemplo: um salto para um maior alcance vertical possível. Equilibrado dinâmico Tem como base a ação dos receptores musculares que são sensibilizados a partir da variação no comprimento do músculo, ou seja, os fusos musculares. Estes, em função do seu grau de estiramento, informam ao Sistema Nervoso Central as variações no comprimento do músculo, sendo então emitido um comando para geração de tensão muscular proporcional ao equilíbrio que se queira manter. Por exemplo, ao permanecer na postura ereta estática, pequenas oscilações ocorrem no posicionamento do corpo e são necessários ajustes para manutenção do equilíbrio. Observe que, com o envelhecimento, mesmo essa postura é mais difícil de ser mantida. Movimento dirigido Tem como principal característica os ajustes finos necessários para realização dos movimentos, pois estes são dotados de grande exatidão. Assim, há necessidade da ação dos músculos agonistas e antagonistas para que o movimento possa ser executado com excelência. Por exemplo, a escrita ou a ação de um relojoeiro ao consertar um relógio. Comentário Nos exemplos acima, fica claro que o processo de contração muscular, geração de força e realização do movimento exige uma relação transdisciplinar que perpassa várias áreas do conhecimento. Forma passiva Ocorre por ação de uma força externa ao corpo humano ou a um segmento que se queira deslocar no espaço. Usualmente, essa força pode ser a gravidade, mas também a ação de um profissional da área da Saúde, manipulando o segmento de outra pessoa durante uma intervenção, ou ainda, uma força que foi gerada em um momento anterior ao da análise. Vejam alguns exemplos: Foto: Shutterstock.com Movimento gravitacional – A força que concorre para a realização do movimento é a força da gravidade. Por exemplo, ao saltar de cima de uma caixa para o solo, o que desloca o corpo para baixo é a ação da gravidade agindo sobre o CGH. Foto: Shutterstock.com Movimento de inércia – No momento da análise, não há força muscular, atuando para realização do movimento. Esta foi imposta em um momento anterior. Por exemplo, fase de deslizamento da braçada do nado de peito na natação. Foto: Shutterstock.com Movimento de manipulação – A força de manipulação é a ação de outra pessoa, sendo diferente da ação da gravidade. Por exemplo, quando uma pessoa apresenta restrição na amplitude de movimento articular e um profissional da área da Saúde manipula (movimenta) o segmento vinculado a esta articulação, no intuito de, progressivamente, aumentar a amplitude de movimento. Na prática, uma restrição identificada na articulação do cotovelo tem o antebraço manipulado para ganho de amplitude dessa articulação. Centro de gravidade e estabilidade do movimento Estamos chegando a um dos pontos mais importantes na análise do movimento humano. A noção da importância do Centro de Gravidade do Corpo Humano (CGH) interferindo no movimento, a partir da manutenção da estabilidade e equilíbrio do corpo, nas condições estática e dinâmica. Conceitualmente, o CGH é a síntese da quantidade de massa que constitui um corpo em único ponto, sofrendo a ação da gravidade. Alguns aspectos deverão ser sempre considerados: • A gravidade é uma força. • Seu sentido será sempre o centro da Terra. • Essa força é mais intensa no nível do mar e vai perdendo intensidade quanto mais elevado estiver esse corpo. A ação da gravidade atuando sobre o CGH concorre diretamente para que se verifique a estabilidade do movimento realizado, considerando a área da base de sustentação ou área de suporte. O que é área da base de sustentação? Resposta É a área formada pelo posicionamento dos pés no solo ou das partes do corpo que estão em contato com o solo, por exemplo, em um exercício com quatro apoios, temos quatro pontos do corpo em contato com o solo. Fonte: Shutterstock.com, adaptado por Luís Salgueiro Relação CGH, base de sustentação e equilíbrio. A projeção do Centro de Gravidade dentro da base de sustentação aumenta a estabilidade (equilíbrio) do corpo e, quando essa projeção estiver fora da área de sustentação, o corpo estará desequilibrado. Na atualidade, não há mais necessidade de cálculos para determinação do CGH, isso já foi realizado no passado, mas é importante que você saiba que o CGH tende a estar posicionado a, aproximadamente, 57% e 55% da estatura, respectivamente, para homens e mulheres, medida a partir do solo. Contudo, hoje em dia, quando há necessidade específica da determinação da localização do CGH, isso é feito através de tomografia computadorizada ou ressonância magnética por imagem, como no caso de confecção de próteses que auxiliam na marcha. Alguns fatores afetam diretamente a estabilidade e o equilíbrio do corpo humano, eles são: Aprendizado e desenvolvimento motor Por isso, é tão importante a técnica de execução do movimento. Forçae resistência muscular A base neuromuscular para vencer uma resistência ou se manter em movimento de maneira correta. A fadiga tende a promover desarranjo na cadeia de movimento. A flexibilidade ou mobilidade articular Quanto mais “rígida” for uma articulação, mais difícil será promover os ajustes finos musculares, a partir dos mecanismos de co- contração, para manutenção do equilíbrio. Sistema de alavancas Conforme mencionado anteriormente, a Cinética permite explicar a ação das forças sobre o corpo humano e, por consequência, os comportamentos dos segmentos corporais e do corpo como um todo. Para isso, há necessidade de investigar a ação da força muscular, a partir da inserção de um músculo em um osso e o efeito dessa ação sobre uma ou mais articulações. O responsável por essas ações é o sistema de alavancas, que responde sobre o aproveitamento da força, com base nas variações dos posicionamentos articulares, e da resistência imposta ao longo de todo o movimento. Essa compreensão torna-se plena ao entender o conceito de momento ou torque de uma força. Mas, antes disso, vamos conhecer como é constituído um sistema de alavancas. Todo sistema de alavancas é constituído por quatro elementos: A alavanca é conceitualmente uma barra rígida e, no caso do corpo humano, são os ossos. O eixo ou fulcro é o ponto ao redor do qual o movimento ocorre. No corpo humano, corresponde às articulações (especialmente, as sinoviais). A força potente ou força é atuante a favor do movimento que se quer realizar. A força resistente ou resistência é a que tem sentido contrário ao movimento que se quer realizar. Imagem: Shutterstock.com Sistema de alavancas. Atenção • Um sistema de alavancas só pode ser construído sabendo-se o movimento a ser analisado. • A análise deve considerar isoladamente uma articulação, assim, serão necessárias tantas análises quanto o número de articulações que se queira observar. • Uma força, que foi considerada potente em um determinado movimento, pode ser considerada resistente no movimento contrário. Na prática, como os quatro elementos que constituem um sistema de alavancas podem ser organizados? Clique nas setas para ver o conteúdo. Objeto com interação. Imagem: Shutterstock.com Alavanca de 1º gênero. Primeiro gênero, primeira classe, interfixa, interapoio ou equilíbrio O ponto de apoio está entre a força potente e a força resistente. Imagem: Shutterstock.com Alavanca de 2º gênero. Segundo gênero, segunda classe, inter-resistente ou força A força resistente está localizada entre o apoio e o ponto de aplicação da força potente. Imagem: Shutterstock.com Alavanca de 3º Gênero. Terceiro gênero, terceira classe, interpotente ou velocidade A força potente está localizada entre a força resistente e o ponto de apoio. Agora sim é hora de conversarmos sobre o momento ou torque articular! Torque ou momento de força é o efeito rotatório de uma força ao redor de um eixo de rotação (articulação). É medido como o produto da força pela distância perpendicular ( ), entre a linha de ação da força e o eixo rotação. A menor distância perpendicular entre a linha de ação da força e um eixo de rotação é chamada de braço do momento da força (BMF). Imagem: Shutterstock.com Torque articular. Na prática, quanto maior for BMF, mais facilmente essa força será aproveitada para fazer o movimento, o que irá promover uma vantagem mecânica para realização do movimento. Já, quando o BMF é curto, muita força é necessária para que o movimento ocorra a favor dessa força, o que promove uma desvantagem mecânica. Lembre-se que sobre uma alavanca existirão a força potente e a força resistente. Quando o BMFpotente (BMFp) for maior que o BMFresistente (BMFr), haverá vantagem mecânica. Por outro lado, quando o BMFr for maior que o BMFp haverá desvantagem mecânica. Imagem: Shutterstock.com Vantagem mecânica (BMFp>BMFr). Como as alavancas de terceiro gênero, considerando a função agonista ou a ação concêntrica, são as mais comuns no corpo humano, na maioria das atividades, o corpo humano trabalha em desvantagem mecânica. Tipos de cargas mecânicas atuando sobre os biomateriais Aqui, você deve estar consciente que carga é sinônimo de força, ou seja, que diferentes tipos de forças atuam sobre as estruturas biológicas (biomateriais). Mas quem são esses biomateriais? Resposta No caso do estudo da Cinesiologia e Biomecânica, consideraremos basicamente os seguintes biomateriais: ossos, músculos, tendões, ligamentos e cápsula articular. As cargas são aplicadas às estruturas biológicas com base no sentido longitudinal da própria estrutura, por exemplo, um osso longo. Imagem: Adaptado de Biomecânica Básica, HALL, S. J, 2016, pág. 95 e 99 Cargas mecânicas. Quando a cargas são aplicadas na mesma direção longitudinal da estrutura, são consideradas cargas axiais e, quando essas cargas são aplicadas fora dessa direção, são consideradas não axiais. Cargas axiais Compressão ou esmagamento São cargas aplicadas concentricamente à estrutura biológica, tendendo a promover o esmagamento ou diminuição no comprimento dela. Tensão ou tração São cargas aplicadas excentricamente à estrutura biológica, tendendo a promover o estiramento ou aumento no comprimento da mesma. Imagem: Adaptado de Biomecânica Básica, HALL, S. J, 2016, pág. 95 Cargas axiais. Cargas não axiais Torção ou rotação São cargas aplicadas em torno do eixo longo da estrutura biológica. Cisalhamento ou deslizamento São cargas aplicadas paralela ou tangencialmente às estruturas biológicas. Inclinação ou curvamento São cargas que tendem a “dobrar” a estrutura biológica, ou seja, identificando compressão em um dos lados e tensão do lado oposto dessa estrutura. Imagem: Adaptado de Biomecânica Básica, HALL, S. J, 2013, pág. 95 e 99 Cargas não axiais. Cargas combinadas É a identificação de mais de um tipo de carga atuando simultaneamente sobre a estrutura. Atenção A identificação do tipo de carga é importante, pois a assimilação desta nos diferentes biomateriais é distinta. Os “estresses” provocados por essas cargas, desde que bem administrados, concorrem diretamente para integridade estrutural e como consequência funcional dos biomateriais. Tipos de deformações A ideia de deformação pode parecer estranha, mas aqui deformação deverá ser entendida como mudança no formato original do biomaterial. Imagine um músculo que não seja estimulado em sua capacidade de encurtamento e estiramento. Como este se tornaria forte? As deformações podem ser de dois tipos: Escolha uma das Etapas a seguir. Escolha uma das Etapas a seguir. Deformações elásticas São a capacidade do biomaterial de retornar seu formato e tamanho originais quando as cargas aplicadas são removidas. Deformações plásticas Implicam na manutenção da deformação mesmo após a remoção da carga aplicada. Essas deformações podem ser temporárias ou permanentes. Por exemplo, um estiramento muscular, uma vez tratado, faz com que o músculo volte a apresentar o seu comportamento elástico, já uma ruptura tendínea total exigirá reparo cirúrgico, caso contrário, o músculo associado a esse tendão perderá a sua função. Então, é relevante destacar que todos os biomateriais apresentam característica elásticas e plásticas, sendo essas diferentes para cada estrutura. E ainda, que os biomateriais podem sofrer deformações plásticas quando são carregados além dos seus limites elásticos. O ponto entre o limite elástico e a passagem para a região plástica é chamado de ponto de cessão ou cedência. Imagem: Adaptado de Biomecânica Básica, HALL, S. J, 2013, pág. 100 Gráfico carga (tensão) x deformação. BASES CINÉTICAS PARA ANÁLISE DO MOVIMENTO HUMANO O especialista explicará os tipos de alavancas, buscando sempre uma aplicação prática. Verificando o aprendizado ATENÇÃO! Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que você responda corretamente a uma das seguintes questões: Gabarito1. A Cinética permite explicar de que maneira o movimento ocorre a partir da ação das forças que estão atuando sobre o corpo. Assim, os conhecimentos cinéticos funcionam como base para interpretação dos movimentos e permitem estimar alguns comportamentos. Sendo correto afirmar que: A alternativa "A " está correta. Os conceitos e noções cinéticas básicas dão ao profissional da área da Saúde condições de estabelecer melhores avaliações e intervenções. Para alcançar maior velocidade em determinado tipo de piso, é necessário aplicar maior quantidade de força para empurrar o solo, recebendo, assim maior carga de retorno. A areia, principalmente, a fofa, não cumpre com este papel. 2. A atuação das cargas mecânicas sobre os biomateriais tende a promover deformações que podem ou não serem reversíveis. Assim, as estruturas biológicas respondem de maneira distinta aos diferentes tipos de cargas. Sobre as cargas mecânicas, é correta a seguinte alternativa: A alternativa "C " está correta. Ter noção da atuação das cargas mecânicas permitirá estimar o comportamento do biomaterial e as cargas de cisalhamento são decorrentes de deslizamentos entre estruturas anatômicas. O conteúdo ainda não acabou. Clique aqui e retorne para saber como desbloquear. Avalie este módulo: Conclusão Considerações Finais Com certeza, muitas descobertas foram realizadas, mas o mais importante foi você ter tido contato com a ciência que estuda os about:reader?url=https%3A%2F%2Festacio.webaula.com.br%2Fcursos%2Ftemas%2F02067%2Findex.html%23imprimir#module3-unlock-hide about:reader?url=https%3A%2F%2Festacio.webaula.com.br%2Fcursos%2Ftemas%2F02067%2Findex.html%23imprimir#module3-unlock-hide about:reader?url=https%3A%2F%2Festacio.webaula.com.br%2Fcursos%2Ftemas%2F02067%2Findex.html%23imprimir#module3-unlock-hide movimentos do corpo humano. Observe que essa curiosidade não é de hoje e data de antes da era cristã, com questionamentos que são presentes, como no exemplo da marcha humana, sendo tão verdadeiro quando passamos a observar a indústria dos calçados e as evoluções tecnológicas das últimas décadas. Outro ponto a ser destacado é a noção do comportamento do corpo no espaço, a partir das forças que atuam sobre este. Então, a Cinemática e a Cinética passam a ser hierarquicamente disciplinas vitais para a modelagem físico-matemática do movimento. Na Cinemática, três componentes devem nortear suas observações: a velocidade, a amplitude e a trajetória dos movimentos segmentares e, por conseguinte, do corpo humano. Para tanto, lembre-se das formas de realização, dos planos e eixos, da descrição e das cadeias de movimento. Considere que, apesar de poder ser analisada isoladamente, o movimento de uma articulação tende a gerar comportamentos adaptativos nas demais articulações do sistema locomotor, em especial, nas articulações da mesma cadeia. Finalizando, falamos da Cinética, pois é ela que explica como os movimentos serão realizados. Para isso, é importante ter clareza nas forças (externas e internas) que estão atuando sobre o corpo. Isso permitirá que você interceda para a execução técnica do movimento dentro de um padrão estabelecido, por exemplo, se a condição de equilíbrio está sendo mantida. Então, foque em observar a base de sustentação do corpo humano, a tendência à assimilação das cargas impostas aos biomateriais, em função da intensidade, sentido e deformações possíveis. Avaliação do tema:
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