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Pessoa jurídica Conceito ➔ Um ente coletivo suscetível de direitos e deveres, dotado de personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei. ➔ São indivíduos que uniram esforços e recursos coletivos para a realização de objetivos comuns, que transcendem as possibilidades individuais. ➔ Esses indivíduos são reconhecidos pelo direito, que atribui personalidade ao grupo, distinta da de cada um dos seus membros. ➔ “Só se efetiva se a ordem jurídica atribui personalidade ao grupo, permitindo que atue em nome próprio, com capacidade jurídica igual à das pessoas naturais”, assim individualiza-se o grupo tendo própria personalidade. ➔ Essa personalização foca na vontade coletiva do grupo, e não individual. Art. 50. As pessoas jurídicas têm existência distinta da de seus membros. Parágrafo único. Natureza Jurídica ➔ Existem pessoas que negam a existência da pessoa jurídica (teorias negativistas) e pessoas que aceitam e procuram explicar o fenômeno (teorias afirmativistas). Teorias da Ficção x Teorias da Realidade Teoria da Ficção ➔ Teoria da Ficção Legal: proposta por Savigny, diz que pessoa jurídica seria apenas um conceito, uma abstração no cenário jurídico, visto que esse ente fictício não poderia ser titular de direitos subjetivos, bem como não poderia participar de acordos e contratos. A menos que ganhasse esse cargo fictício que o intitula de poderes jurídicos que naturalmente não teria. ➔ Teoria da Ficção Doutrinária: seria uma variação da doutrina anterior. Afirma que a pessoa jurídica não existe de fato, apenas na mente do jurista de modo intelectual. Nenhuma das teorias é aceita porque ao afirmar que a pessoa jurídica é uma alucinação coletiva que não existe de fato, estamos afirmando que o Estado não existe, o que implica que o direito não existe, e muito menos uma teoria da ficção da pessoa jurídica. Refutada. Teoria da Realidade a) Teoria da realidade objetiva ou orgânica: afirma que a pessoa jurídica tem vida própria ao ser fruto da vontade do homem, e passa a ter vida distinta dos seu criadores, tornando-se sujeito de direito real e verdadeiro. seria uma realidade sociológica. Ela só não esclarece como isso acontece de fato. b) Teoria da realidade jurídica ou institucionalista: Considera a pessoa jurídica como organizações sociais destinadas a um serviço ou ofício específico, vem das relações sociais, e não da vontade humana. Também olha pelo aspecto sociológico e tem a mesma crítica da teoria anterior. c) Teoria da realidade técnica: diz que a personificação dos grupos sociais é expediente de ordem técnica, a lei reconhece suas vontades e objetivos (quando eles se registram pelo ato constitutivo) e lhe atribui uma personalidade, para que possam participar da vida jurídica do mesmo modo que as pessoas naturais. é a teoria aceita pelo código civil: Requisitos para a constituição da constituição da pessoa jurídica. a) Vontade humana b) Elaboração de um ato constitutivo c) Registro do ato constitutivo no órgão competente d) Objetivo lícito, determinado e possível ➔ O ato constitutivo é um requisito formal exigido pela lei. Estatuto para associações sem fins lucrativos, contrato social no caso de sociedades e escrita pública ou testamentos para fundações. - Para que a pessoa jurídica do direito privado tenha início, o ato constitutivo deve ser levado a registro. Enquanto não for levado a registro, fica como um nascituro que ainda não nasceu com vida. É considerada apenas sociedade de fato ou não personificada. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. ➔ A licitude é indispensável, deve ser possível e determinada: - Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; - Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. ➔ Objetivos ilícitos ou nocivos podem ser causas de extinção da pessoa jurídica. (art. 69) ➔ A pessoa jurídica de direito público é criada pela lei, ato administrativo, tratados, previsão constitucional ou fatos históricos. ➔ A declaração de vontade pode ser pública ou particular, com exceção das fundações que devem ser criadas por escritura pública ou testamento. ➔ O registro no órgão competente tem natureza constitutiva por ser atributo da personalidade, da capacidade jurídica. ➔ A capacidade jurídica protege patrimônio e também direitos da personalidade: Integridade moral e intelectual. (art. 52) ➔ Dos elementos que deve conter o registro: (art. 46) - denominação, fins, sede. tempo de duração e fundo social (se houver) - nome e individualização dos fundadores, diretores e instituidores - modo de administração - se é reformável - se os membros respondem obrigações sociais - condições de extinção e destino do patrimônio Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. Sociedade Irregular ou de fato ➔ Existe de fato mas não existe no direito, tem aspecto de pessoa jurídica mas não está registrada (falsa pessoa jurídica, não tem ato constitutivo). Também existe pessoa jurídica registrada mas irregular: pessoa funciona com denúncias ou processos pendentes. Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. Do direito público Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. ➔ pessoas que o estado reconhece de forma internacional ➔ órgãos internacionais que o Brasil reconhece como pessoa jurídica de direito público externo, através de tratados e convenções. exemplo ONU, OMS Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Do direito privado ➔ Pessoas jurídicas de fins não econômicos: associações e fundações. Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. § 1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. § 2º Asdisposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código . (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) § 3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. Associação Pessoas reunidas para fins não econômicos (que podem ser lucrativos). Objetivos podem ser altruísticos, científicos, artísticos, religiosos, culturais, políticos, esportivos, etc. Associados têm direitos iguais, mas alguns podem ter vantagens especiais. A qualidade de associado é intransmissív el, se o estatuto não disser o contrário. Decisões podem ser definidas pelo estatuto ou por reuniões de assembleia geral. Fundação Todo o patrimônio é doado. Criada com a dotação especial de bens livres Patrimônio e fim. O fim não pode ser lucrativo, mas social, de interesse público. Criado por uma escritura pública ou testamento. Inter vivos ou causa mortis. Organizações religiosas Sua própria manutenção já presume fim financeiro. Não pode limitar-se a apenas um fim, pode ter pastorais, evangélicos econômicos.. Aplica-se normas referentes à associações naquilo que forem compatíveis. Deve-se obedecer o seu estatuto social estabelecido pelo ato constitutivo. Partidos políticos Podendo ou não se caracterizar por fim econômico. Seus fins são políticos. Regidos pela lei n. 9.096/95. Vetado criar partido político militar. para criar tem que ser aprovado pelo tribunal superior eleitoral, pessoas redigem ao estatuto, tem uma cota mínima e sendo aprovado pelo tribunal passa a existir. sociedades x x x x EIRELI x x x x Associações e fundações ➔ Associações - art. 53 : É uma reunião de pessoas que se organizam para fins não econômicos (não pode ser lucrativo), fim ilimitado e deve ser lícito. Cria-se um estatuto (feito pelos associados) que estabelece quem vai manter e administrar a associação, juntamente com a especificação do seu fim. Ato intervivos. Não especifica fins, apenas que devem ser lícitos. Finalidade pode ser social, cultural, etc. ➔ Fundações - art. 62: Mantida por patrimônio doado, para ser criada deve-se criar uma escritura pública ou testamento (junto com um estatuto em detrimento da vontade do testador). Deve especificar o fim que se destina e se quiser a maneira de ministrar. Ponto fundamental: grupo de pessoas e Conjunto de patrimônio. Ato intervivos ou causa mortis. Existem fins específicados, porque doou-se um patrimônio. O procedimento de alteração do estatuto é mais dificultoso, por ser advindo de testamento. Poderá ser extinta ao verificar que o seu fim é impossível, ilícito, inútil - Também quando fixar prazo determinado. ➔ Constituem um acervo de bens com personalidade jurídica para a realização de fins determinados ➔ Pode ser pública ou privada. ➔ Decorrem da vontade de uma pessoa, o instituidor, e seus fins, de natureza religiosa, moral, cultural ou assistencial, são imutáveis. ➔ No caso de impossibilidade (por fraude, lesividade, de realizar o fim do instituto projetado é que se dará a incorporação dos bens ao patrimônio de outras fundações. Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX – atividades religiosas; Desconsideração ➔ O cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio pode caracterizar confusão patrimonial e ensejar a desconsideração da personalidade jurídica para que os efeitos de determinadas obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios. ➔ Penetra-se nos bens particulares dos integrantes que cometeram fato de má fé. ➔ Toda pessoa jurídica é composta por pessoas físicas, e são elas que respondem e podem cometer desvio de finalidade ou confusão patrimonial. ➔ Teoria da desconsideração inversa: Pessoa física para não responder coloca o patrimônio da pessoa jurídica. Responsabilidade civil das pessoas jurídicas: contratual - art. 47 CC e extracontratual - art.37 CF ➔ A responsabilidade pode ser contratual (advém de contrato, responsabilidade quebrada, etc.) ou extracontratual (não existe um contrato, a responsabilidade advém da lei (exemplo bater em um poste do estado e ter que dar indenização) ou de um ato ilícito) Fim da pessoa jurídica Pode acontecer de quatro formas: a) Convencional - Por deliberação dos membros, votação de quórum absoluto, vencimento de duração ou falta de pluralidade de sócios. b) Legal - Em razão determinada por lei, decretação de falência, morte de um dos sócios, desaparecimento do capital, etc. c) Administrativa - Quando dependem do poder público e são cassadas, seja por infração ou prática de atos contrários aos fins declarados no seu estatuto, por se tornar ilícita, impossível ou inútil a sua finalidade. d) Judicial - Quando se configura algum dos casos de dissolução previstos em lei ou no estatuto, especialmente quando a entidade se desvia dos fins para que se constituiu, mas continua a existir, obrigando um dos sócios a ingressar em juízo. O processo da extinção realiza-se pela dissolução e liquidação. Quando há a partilha entre os sócios e o pagamento das dívidas, se o destino não estiver previsto no ato constitutivo a divisão e partilha será feita de acordo com a partilha dos bens da herança. Portanto, o fim da pessoa jurídica só se concretizará após o encerramento da liquidação (art. 51). A sociedade dissolvida permanecerá na integralidade de sua personalidade até o final da liquidação, para o fim de negociações pendentes. A liquidação seria a quitação de todas as dívidas e devolução de dinheiro aos contribuidores. Mas e se sobrar dinheiro? ➔ Na associação: Depois de pagar os credores e os associados serem restituídos do capital que eles colaboraram durante a existência da associação, esse dinheiro vai para uma outra associação de mesmo fim ou fim semelhante. (art. 61) Normalmente na realidade não sobra nada. ➔ Na fundação: Serão quitadas todas as dívidas contraídas, mas NUNCA o capital que sobrou na liquidação será restituído ao fundador ou doador, quando você doa o patrimônio deixa de ser seu e de se integrar na pessoa jurídica. - As duas fazem o mesmo com o capital remanescente, no sentido de dar para outras associações/ fundações de mesmo fim (pode ser especificada qual). x Referência bibliográfica: Direito Civil Brasileiro, Parte Geral. 2021. Carlos Roberto Gonçalves.
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