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Aulas - Direito Civil I - atualizado

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DIREITO CIVIL: PARTE GERAL
JOSÉ AUGUSTO PAZ XIMENES FURTADO
Doutorando em Direito Civil – UFBA. Mestre em Educação – UFPI. Especialista em Direito Processual – UFSC. Graduado em Direito – UDF. Professor de Direito Civil, de História do Direito e de Direito Processual Civil. Advogado. Membro do Instituto dos Advogados Piauienses – IAP. 
		Este material (notas de aulas) presta-se simplesmente para consulta imediata, não dispensando estudos mais aprofundados acerca do Direito Civil brasileiro. Jamais poderá substituir os livros doutrinários, os estudos de direito comparado, o exame acurado da legislação vigente, os julgados dos tribunais...
		Desejo, portanto, que sirva apenas de bússola, de apoio, ao longo desse estudo envolvendo a Parte Geral do Código Civil pátrio. Como notas de aulas, outra não poderia ser sua função senão de prestar-se – repito – como auxílio nos estudos. Nada mais do que isso. Neste sentido, pois, espero que seja útil.
						Augusto Ximenes
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Em um País, há duas leis fundamentais, a Constituição e o Código Civil: a primeira estabelece a estrutura e as atribuições do Estado em função do ser humano e da sociedade civil; a segunda se refere à pessoa humana e à sociedade civil como tais, abrangendo suas atividades essenciais. 
 
MIGUEL REALE
 
1	O QUE VEM A SER O DIREITO CIVIL
Civil = o que é pertinente ao cidadão.
Definição: Parte do DIREITO POSITIVO que disciplina as RELAÇÕES JURÍDICAS estabelecidas entre as PESSOAS, no que dizem respeito às OBRIGAÇÕES em geral, inclusive aos CONTRATOS, às COISAS (bens), à atividade EMPRESARIAL, à FAMÍLIA, e à SUCESSÃO (como ficam os bens deixados por quem falece).
2	ALGUNS PRINCÍPIOS DO DIREITO CIVIL
Da personalidade;
Da autonomia da vontade;
Da liberdade de firmar negócios jurídicos;
DIREITO CIVIL: ASPECTOS GERAIS
Da propriedade como garantia constitucional;
Da ampla proteção à família;
Da legitimidade da herança e do direito de testar;
Da solidariedade social;
Da probidade nos negócios jurídicos;
Da boa-fé nos negócios jurídicos;
Da prevalência do interesse público sobre o interesse privado;
Da dignidade da pessoa humana (princípio fundamental, esculpido na CF/88, no artigo 1º, III, que irradia-se para todo o ordenamento jurídico).
DIREITO CIVIL: ASPECTOS GERAIS
A) DA PERSONALIDADE: aceita a idéia que todo ser humano é sujeito de direito e obrigações. 
B) DA AUTONOMIA DA VONTADE: reconhece que a capacidade jurídica da pessoa humana lhe confere o poder de praticar ou abster-se de certos atos, conforme sua vontade. 
C) DA LIBERDADE DE ESTIPULAÇÃO NEGOCIAL: decido à permissão de outorgar direitos e de aceitar deveres, nos limites legais, dando origem à negócios jurídicos. 
D) DA PROPRIEDADE INDIVIDUAL: pela idéia assente de que o homem pelo seu trabalho ou pelas formas admitidas em lei pode exteriorizar a sua personalidade em bens imóveis ou móveis que passam a constituir o seu patrimônio. 
E) DA INTANGIBILIDADE FAMILIAR: ao reconhecer a família como uma expressão imediata de seu ser pessoal. 
F) DA LEGITIMIDADE DA HERANÇA E DO DIREITO DE TESTAR: pela aceitação de que, entre os poderes que as pessoas têm sobre seus bens, se inclui o de poder transmiti-los, total ou parcialmente, a seus herdeiros. 
G) DA SOLIDARIEDADE SOCIAL: ante a função social da propriedade e dos negócios jurídicos, a fim de conciliar as exigências da coletividade com os interesses particulares. 
PRINCÍPIOS DO DIREITO CIVIL: DEFINIÇÕES IMPORTANTES
3	PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO DIREITO CIVIL
Existe uma aproximação cada vez maior entre Direito Civil e Direito Constitucional.
Todos os princípios, valores e normas constitucionais devem ser observados pelo Direito Privado.
Muitos valores, direitos, institutos, do Direito Privado, encontram-se previstos na CF: presunção de igualdade entre homem e mulher; direitos da personalidade; propriedade; família; herança, entre outros.
A prevalência do princípio da dignidade humana, da cidadania, alcançaram o Direito Privado.
Em lugar do TER prepondera o SER.
DIREITO CIVIL: ASPECTOS GERAIS
- Valores contemplados na CF/88: dignidade da pessoa humana; valorização social do trabalho; igualdade e proteção dos filhos; caráter não abusivo da atividade econômica; respeito às outras formas de relação familiar, entre outros.
Dispositivos constitucionais aplicáveis ao Direito Privado:
Imutabilidade dos direitos fundamentais – artigo 60, § 4º, IV, CF;
Direitos que resguardam a liberdade;
Direitos que resguardam a segurança;
Direitos que resguardam a propriedade.
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4	DIVISÃO DO CÓDIGO CIVIL ATUAL:
4.1		Parte Geral – 3 livros: Livro I – Das pessoas; Livro II – dos Bens; e Livro III – Dos fatos Jurídicos – do artigo 1º ao 232, CC.
4.2		Parte Especial – 5 livros:
Direito das Obrigações: artigo 233 ao 965, CC: Das obrigações em geral; Dos contratos em geral; Das várias espécies de contrato; Dos atos unilaterais; Dos títulos de crédito; Da responsabilidade civil.
Direito de Empresa: artigo 966 ao 1.195, CC.
Direito das Coisas: artigo 1.196 ao 1.510, CC.
Direito de Família: artigo 1.511 ao 1.783, CC.
Direito das Sucessões: artigo 1.784 ao 2.027, CC. 
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5	A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL. OS MICROSSISTEMAS JURÍDICOS
A experiência jurídica no ocidente (século XX) trouxe mudanças ao Direito Público. Essas mudanças afetaram o Direito Civil.
Mudanças: socialização do Direito Privado; privatização do Direito Público; e constitucionalização do Direito Civil.
Um dos fundamentos da RFB – dignidade da pessoa humana – artigo 1º, III: o ser humano encontra-se no centro das preocupações do ordenamento jurídico.
As normas constitucionais – compostas de princípios e regras – conferem unidade ao sistemática ao ordenamento jurídico.
DIREITO CIVIL: ASPECTOS GERAIS
Desponta um Direito Civil Constitucional: o constitucionalismo abandonou o liberalismo.
O constitucionalismo acha-se carregado de postura socializante, comprometendo o Estado com a promoção do bem comum.
O Estado Liberal de Direito (não interventor da vida privada) caminhou para o Estado Social de Direito (interventor na vida privada, no domínio econômico).
No Estado Social despontam, de um lado: 1) os direitos fundamentais; e 2) a promoção e proteção dos bens essenciais por parte do poder público.
Os princípios e direitos fundamentais que regulam matérias privadas são elevados à categoria de normas essenciais do Direito Civil. 
DIREITO CIVIL: ASPECTOS GERAIS
exemplo: os direitos da personalidade – artigo 11 a 21, CC – são desdobramentos dos direitos fundamentais previstos no artigo 5º, e seguintes, CF.
Ocorre a CONSTITUCIONALIZAÇÃO do Direito Civil por duas vias:
1ª)	Privatização do Direito Constitucional – integração das normas civis na CF – exemplos: direito de propriedade como direito fundamental – artigo 5º, XXII e XXIII c/c artigo 170, II e III; proteção do consumidor como direito fundamental – artigo 5º, XXXII c/c artigo 170, V, e tantos outros.
2ª)	Publicização do Direito Civil – trata-se da concretização, pelo CC, e pelas demais leis infraconstitucionais (em especial, pelos microssistemas),
DIREITO CIVIL: ASPECTOS GERAIS
das normas (princípios e regras) e valores constitucionais (função social da propriedade, CDC, e outros).
Há, ainda, o crescente movimento de DESCODIFICAÇÃO. Este se caracteriza pela perda do prestígio dos códigos oitocentistas (CC de 1916). 
O CC não é mais capaz de solucionar sozinho os problemas complexos dos séculos XX e XXI.
No Brasil, além do CDC, existem outros microssistemas: LRP, ECA, Lei do Inquilinato, Estatuto do Idoso, entre outros.
DIREITO CIVIL: ASPECTOS GERAIS
DA PESSOA NATURAL NO CÓDIGO CIVIL 
1	INTRODUÇÃO
	-	O CC – artigo 1º - dispõe: Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
	-	No CC revogado continha uma disposição preliminar, no seu art. 1º, que dizia: Este Código REGULA os DIREITOS e OBRIGAÇÕES de ORDEM PRIVADA concernentes
às PESSOAS, aos BENS e às suas RELAÇÕES. 
	-	O referido artigo (omisso no atual CC), continua válido. 
DA PESSOA NATURAL NO CÓDIGO CIVIL 
	
-	O DIREITO OBJETIVO – composto de normas vigentes, que regem as relações entre as diversas pessoas. 
-	O DIREITO SUBJETIVO – prerrogativa advinda da norma objetiva, que torna o indivíduo titular de um direito.
 
-	Significa também: faculdade que cada um possui de AGIR conforme as normas legais e de INVOCAR a sua proteção e aplicação em defesa de seus interesses.
-	O ser humano é considerado como sujeito de direitos e obrigações = pessoa natural. 
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1.1	PESSOA – CONCEITO: ente FÍSICO ou COLETIVO suscetível de direitos e obrigações (sujeito de direito). 
 
1.1.1	PESSOA NATURAL – CONCEITO: é o ser humano proveniente da mulher, considerado como sujeito de direitos e obrigações. Todo ser humano é dotado de PERSONALIDADE: capacidade para figurar numa relação jurídica. 
 
1.1.2 	PERSONALIDADE: Aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. A personalidade é adquirida com o nascimento com vida – art. 2º, CC atual – e termina com a morte – art. 6º, CC. 
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1.1.3 	NASCITURO: é o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre da mãe. Nascituro tem personalidade? 
-	Sua proteção legal se encontra prevista no artigo 2º, parte final, do Código Civil. 
A respiração é a melhor PROVA do nascimento com vida. 
Artigo 1º, do CC: Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Significado: nas suas inúmeras relações, as pessoas se obrigam mutuamente, adquirem e exercem seus direitos perante as demais. 
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Teorias relacionadas à situação jurídica do NASCITURO:
NATALISTA: a personalidade civil somente tem início com o nascimento com vida.
PERSONALIDADE CONDICIONAL: o nascituro é pessoa condicional – a aquisição da personalidade depende de condição suspensiva – nascimento com vida.
CONCEPCIONISTA: a personalidade é adquirida ANTES do nascimento, desde a concepção. Apenas os direitos patrimoniais ficam condicionados ao nascimento com vida: herança, legado, doação.
Pelo artigo 2º, CC, o nascituro não é sujeito de direito, embora apresente uma personalidade condicional.
DA PESSOA NATURAL NO CÓDIGO CIVIL 
A Lei de BIOSSEGURANÇA – Lei n. 11.105/05 – reforça a TEORIA CONCEPCIONISTA, haja vista a proibição de engenharia genética em embrião humano.
No DIREITO COMPARADO a divergência persiste: adotaram posição semelhante à brasileira (o início da personalidade civil da pessoa ocorre com seu nascimento): Código Civil Alemão, Código Civil Suíço, Código Civil Italiano, Código Civil Português, Código Civil Venezuelano.
Adotaram posição diversa: Código Civil Argentino, Código Civil Peruano (adotam o momento da concepção). 
DA PESSOA NATURAL NO CÓDIGO CIVIL 
DIREITOS DO NASCITURO: 
A lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (CC, artigos 22, 1.609, 1.779, parágrafo único e 1.798), como o direito à vida (CF, artigo 52, CP, artigos124 a 128, I e II), à filiação (CC, artigos1.596 e 1.597), à integridade física, a alimentos (RT 650/220; RJTJSP 150/906), a uma adequada assistência pré-natal, a um curador que zele pelos seus interesses em caso de incapacidade de seus genitores, de receber herança (CC, artigos1.798 e 1.800, §3º), de ser contemplado por doação (CC, artigo542), de ser reconhecido como filho, entre outros. 
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1.2	CAPACIDADE E INCAPACIDADE. Toda pessoa é CAPAZ – art. 1º, CC. A capacidade é presumida. 
A personalidade possibilita a pessoa ADQUIRIR direitos, ASSUMIR obrigações. Possibilita também a pessoa INGRESSAR numa relação jurídica, bem como REIVINDICAR seus direitos. 
PERSONALIDADE = capacidade de figurar numa relação jurídica. É um conjunto de capacidades (poderes) de uma pessoa. 
 
1.3	CAPACIDADE – CONCEITO: é a medida jurídica da personalidade. É a manifestação do poder de ação implícito no conceito de personalidade. É a maior ou menor extensão de exercício de direitos de uma pessoa – art. 1º, CC.
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Todos possuem capacidade? 
Todos possuem capacidade DE DIREITO (de aquisição ou de gozo de direitos), mas somente alguns possuem capacidade DE FATO OU DE AÇÃO (de exercício de direito). 
Alguns possuem CAPACIDADE PLENA = quando possuem capacidade de fato e de direito.
 
1.3.1	CAPACIDADE DE GOZO OU DE DIREITO. Todos a têm, indistintamente. Porém, que a tem precisa de alguém para substituí-lo ou completar a sua vontade. 
 
1.3.2	CAPACIDADE DE FATO OU DE AÇÃO. Aptidão para exercer, por si próprio, os atos da vida civil.
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1.3.3	INCAPACIDADE. É a restrição legal ao exercício de atos da vida civil. É exceção. Tem que ser provada, pois não pode ser presumida. 
 
1.3.4	INCAPACIDADE ABSOLUTA – art. 3º, CC c/c art. 166, I, CC. Dá-se quando existe proibição COMPLETA ao exercício de direitos pelo incapaz. Estes são representados. Acarreta nulidade, caso não seja observada. 
-	Hipóteses:
	a)	os menores de dezesseis anos – São representados pelos pais. Se os pais estiverem mortos? Se os pais se tornarem incapazes? Se os pais perderem o poder familiar (poder familiar) sobre os filhos menores? Os filhos serão representados por TUTOR, nomeado por juiz ou pelos próprios pais;
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b)		os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos – casos que comprometem o discernimento para a prática de atos da vida civil. O CC revogado falava de loucos de todo gênero. Agora o critério é o da inexistência de discernimento (aptidão para compreender a realidade e tomar decisões).
A enfermidade mental decorre de fato que leva à perda total ou parcial da higidez psíquica, podendo em princípio ser curada. A incapacidade absoluta perdura enquanto persistir o tratamento. (LOBO, Paulo).
-	A deficiência mental deve ser permanente (desde a concepção, ou nascimento, ou ocorrida posteriormente. 
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Depende de decisão judicial que conclua pela existência de caso de deficiência ou enfermidade mental. 
Podemos incluir: Pessoas esclerosadas, entre outras. Compreende todos os casos de insanidade mental, permanente e duradoura, proveniente de graves alterações psíquicas. 
-	Inclui-se a expressão ou deficiência mental. Envolve os casos de insanidade mental provocada por doença ou enfermidade mental congênita ou adquirida – oligofrenia e esquizofrenia, bem como por deficiência mental – distúrbios psíquicos que prejudiquem a prática de atos da vida civil.
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Sujeitam-se ao procedimento de interdição do rito estabelecido nos artigos 1.177 e seguintes, CPC, bem como as disposições da LRP. 
O MP atua como fiscal da lei – artigo 82, II, CPC. Será nomeado curador ao interdito. A sentença é declaratória.
c)		os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade – aqui não estão abrangidas as pessoas portadoras de doença ou deficiência mental PERMANENTES, referidas no artigo 3°, II, CC. 
    
 
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-	Não se confunde com a deficiência ou enfermidade mental.
Refere-se às que não podem exprimir totalmente sua vontade por causa TRANSITÓRIA, ou em virtude de alguma patologia – arteriosclerose, excessiva pressão arterial, paralisia, embriaguez habitual, uso eventual e excessivo de entorpecentes, hipnose, entre outras. 
Também o SURDO-MUDO que não pode manifestar sua vontade. Se ele puder exprimir sua vontade, será considerado relativamente incapaz, ou até plenamente capaz.
 Igualmente as pessoas que perderam a memória, bem como aquelas que estão em coma.
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1.3.5	INCAPACIDADE RELATIVA – art. 4º, CC c/c art. 171, I, CC. Não proíbe o exercício de direitos, mas impõe a obrigatoriedade
de assistência pelo responsável (parente, por sentença, etc.). Sua violação acarreta ANULABILIDADE do ato jurídico. 
Hipóteses:
-	Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I— os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II— os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por defi­ciência mental, tenham o discernimento reduzido;
III — os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV — os pródigos.
 
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-	Os maiores de 16 e menores de 18 anos só poderão praticar atos válidos desde que assistidos pelo seu representante legal, sob pena de serem anuláveis.
-	Ébrios habituais, viciados em tóxicos e deficientes mentais com discernimento reduzido: Alcoólatras, dipsômanos, toxicômanos, portadores de deficiência mental, que sofram redução na sua capacidade de entendimento, não poderão praticar atos na vida civil sem assistência de curador (CC, artigo 1.767, III). desde que interditos.
-	Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo:os fracos de mente, surdos-mudos e portadores de anomalia psíquica que apresentem sinais de desenvolvimento mental incompleto, comprovado e declarado em sentença de interdição, que os tornam incapazes de praticar atos na vida civil, sem a assistência de um curador (CC, artigo 1.767, IV).
DA PESSOA NATURAL NO CÓDIGO CIVIL 
Pródigos: São aqueles que, comprovada, habitual e desordenadamente, dilapidam seu patrimônio, fazendo gastos excessivos. 
Com a interdição do pródigo, privado estará ele dos atos que possam comprometer seus bens, não podendo, sem a assistência de seu curador (CC, artigo 1.767, V), alienar, emprestar, dar quitação, transigir, hipotecar, agir em juízo e praticar, em geral, atos que não sejam de mera administração (CC, art. 1.782).
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1.4	DA PROTEÇÃO LEGAL DOS INCAPAZES – através da assistência ou da representação. 
	Visa oferecer segurança aos interesses do incapaz, protegendo-se não somente a sua pessoa, os seus interesses, mas também o seu patrimônio. 
	Ocorre através da assistência – relativamente incapazes - ou da representação – absolutamente incapazes. 
	
	O ECA é o diploma legal que cuida da defesa da criança e do adolescente em nosso País.
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1.5	DA CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE – Em geral, termina com o desaparecimento dos FATORES que lhe deram causa – loucura, menoridade, etc. 
-	Segundo o artigo 5º, do CC, a menoridade cessa aos 18 anos completos. A incapacidade por DEFICIÊNCIA da integridade psíquica cessa com o fim da respectiva doença. 
-	A incapacidade relativa pela FALTA DE ACULTURAMENTO à civilização deixa de existir com a integração do silvícola à sociedade. Silvícola era a denominação que o CC revogado aplicava aos nativos de nosso País. 
DA PESSOA NATURAL NO CÓDIGO CIVIL 
O que fez o CC atual? Determinou (conforme CF – artigos 231 a 232 - que a CAPACIDADE dos índios será regulada por legislação especial - parágrafo único, do seu artigo 4º. 
O diploma legal que regula a situação jurídica dos índios é a Lei n. 6.001/73 – Estatuto do Índio. Segundo esta Lei, o índio é absolutamente incapaz. 
Com relação ao término da MENORIDADE CIVIL, ocorre aos 18 anos ou pela EMANCIPAÇÃO – parágrafo único, do art. 5º, CC. 
A emancipação é irrevogável e definitiva. 
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1.5.1	EMANCIPAÇÃO – é a isenção do Poder de família, decorrente da vontade de quem o detém – emancipação expressa – ou da lei – emancipação tácita – art. 5º, parágrafo único, incisos I, II, III, IV e V, do CC atual.
 
1.5.2	ESPÉCIES DE EMANCIPAÇÃO: A) VOLUNTÁRIA – concedida pelos pais, ou por qualquer deles na falta do outro, se o menor já tiver 16 anos completos – art. 5º, I, primeira parte, CC – por instrumento público, registrada no Cartório da Comarca onde está domiciliado o menor, e no seu registro de nascimento; 
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B) JUDICIAL – é a concedida por sentença, ouvido o tutor, em favor do tutelado que já completou 16 anos, devendo ser registrada no Cartório da Comarca onde está domiciliado o menor, e no seu registro de nascimento – artigo 107, § 1º, Lei n. 6.015/73 – LRP.
Também é cabível no caso de um dos pais não concordar com a emancipação, contrariando um a vontade do outro.
A decisão judicial afasta a necessidade de escritura pública.
DA PESSOA NATURAL NO CÓDIGO CIVIL 
C) LEGAL – é a que decorre de certas situações previstas na lei, e independe de registro, operando seus efeitos desde logo, diversamente das anteriores, que só produzirão efeitos depois do registro.
-	Hipóteses da lei: casamento do menor, exercício de emprego público efetivo, colação de grau em curso superior e estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que o menor se encontre com 16 anos completos – incisos II, III, IV e V, do artigo 5º, CC
DA PESSOA NATURAL NO CÓDIGO CIVIL 
OBS: O divórcio, a separação, a viuvez e anulação do casamento NÃO implicam no retorno à incapacidade.
O casamento NULO faz com que ocorra o retorno à situação de incapacidade.
 
Os tribunais têm admitido que a emancipação não exclui a responsabilidade dos pais pelos danos cometidos por seus filhos menores, distinguindo a capacidade de exercício de direitos da capacidade delitual. (LOBO, Paulo).
DA PESSOA NATURAL NO CÓDIGO CIVIL
A Convenção sobre os Direitos da Criança dispõe, artigo 1º: Para los efectos de la presente convención, se entiende por niño todo ser humano menor de dieciocho años de edad, salvo que, en virtud de la ley que le sea aplicable, haya alcanzado antes la mayoría de edad. 
A Convenção Internacional dos Direitos da Criança considera criança a pessoa até 18 anos.
O ECA (Lei n. 8.069/90) considera adolescente a pessoa entre 12 e 18 anos – artigo 2º.
DA PESSOA NATURAL NO CÓDIGO CIVIL
1 	MODOS DE EXTINÇÃO
Artigo 6º, CC: A existência da pessoa NATURAL termina com a morte; PRESUME-SE esta, quanto aos AUSENTES, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Somente com a MORTE REAL termina a existência da pessoa natural.
Temos, portanto: 1) morte real, 2) morte simultânea (COMORIÊNCIA), 3) morte civil, e 4) morte presumida.
1.1 MORTE REAL
Acha-se prevista no artigo 6º, CC. 
Meio de prova: atestado de óbito, ou Ação Declaratória de Morte Presumida (sem decretação de ausência – artigo 7º, CC).
DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL
Pode ser utilizada também a Justificação de Óbito – artigo 88, LRP – morte em catástrofe, não sendo encontrado o corpo.
A morte real ocorre com o diagnóstico de paralisação da atividade encefálica – artigo 3º, Lei n. 9.434/97: transplante de órgãos.
EFEITOS: não é mais sujeito de direitos e obrigações, extingue-se o poder familiar, dissolve-se o vínculo matrimonial, extinguem-se os contratos personalíssimos, extingue-se a obrigação de pagar alimentos (artigo 1.700, CC), abre-se a sucessão, entre outros efeitos.
DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL
1.2 	MORTE SIMULTÂNEA (COMORIÊNCIA) 
Acha-se prevista no artigo 8º, CC.
Ocorre quando dois ou mais indivíduos falecem na MESMA OCASIÃO, não se podendo verificar qual deles faleceu primeiro.
Neste caso, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Tem interesse apenas para os casos em que duas morrem em determinado acidente, devendo-se averiguar qual delas faleceu primeiro – fins sucessórios.
DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL
Exemplo 1: A e B, casados civilmente, falecem em acidente. Eles não têm descendentes e nem ascendentes. Não sendo constatado qual deles faleceu primeiro, um não herdará do outro. Resultado: os bens do casal ficarão, metade para os colaterais de A e metade para os colaterais de B.
Exemplo 2: A e B, casados civilmente, falecem em acidente. Comprova-se que B faleceu pouco antes de A. A, como faleceu depois, herdaria a meação de B, e, com a sua morte posterior, os bens, na totalidade, seriam transmitidos aos seus colaterais. 
DA EXTINÇÃO
DA PESSOA NATURAL
1.3	MORTE CIVIL
Comum na Idade Média – para os condenados a penas perpétuas, para os religiosos, entre outros: as pessoas ficavam privadas de seus direitos civis, e eram consideradas mortas.
O artigo 1.816, CC, prevê hipótese de morte civil: caso do herdeiro afastado da herança, como se morto fosse antes da abertura da sucessão. Aplica-se somente para afastá-lo da herança.
DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL
	 
1.4 	MORTE PRESUMIDA
Pode ocorrer COM ou SEM declaração de Ausência.
Presume-se a morte, quanto aos AUSENTES, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva – artigo 6º, segunda parte, CC. 
O artigo 37, CC, permite que os interessados requeiram a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas 10 anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória. 
Pode-se, ainda, requerer a sucessão definitiva, provando-se que o ausente conta 80 anos de idade, e que de 5 datam as últimas notícias dele – artigo 38, CC.
DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL
 
-	AUSÊNCIA significa que alguém desapareceu de seu domicílio sem dar notícia de seu paradeiro e sem deixar representante.
Produz efeitos patrimoniais: permitindo a abertura de sucessão provisória, e, em seguida, definitiva.
É também causa de dissolução da sociedade conjugal – artigo 1.571, § 1º, CC.
O artigo 7º, CC, permite a declaração de morte presumida, para todos os efeitos, SEM decretação de ausência:
DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL
HIPÓTESES:
●	se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
●	se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra;
●	Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
-	Quando os parentes requerem apenas a declaração de ausência, pretendem apenas realizar a abertura da sucessão provisória, e, depois, a definitiva – artigo 22, CC – mas não estão pretendendo que seja declarada a morte do ausente. No caso do artigo 7º, CC, pretende-se que seja declarada a morte que se supõe ter ocorrido, e sem decretação de ausência. 
 DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL 
 
Em qualquer caso, a sentença declaratória de ausência e a morte presumida serão registradas em Registro Público – artigo 9º, IV, CC. 
Justificação – para fins de suprir a falta de atestado de óbito, que não pode ser fornecido pelo médico em vista do corpo do falecido não ter sido encontrado – artigo 88, Lei n. 6.015/73: em casos de naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe. 
 
DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL 
 
A noção de morte civil, comum entre os antigos, está superada no direito atual. 
personalidade civil da pessoa natural começa do nascimento com vida – art. 2º, CC – bastando que tenha respirado, ainda que por segundos – art. 53, § 2º, da Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/73). 
Se, durante o parto, o nascituro vier a falecer, mas tendo respirado, serão feitos dois assentos: o de nascimento e o de óbito – art. 53, § 2º, da Lei dos Registros Públicos. 
DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL: RESUMO 
	A extinção da personalidade só ocorre em havendo MORTE REAL – art. 6º, primeira parte, CC - podendo também, no caso dos ausentes, ser PRESUMIDA – artigo 6º, segunda parte, e artigo 7º, CC - e simultânea – COMORIÊNCIA – artigo 8º, CC. Quando dois ou mais indivíduos falecem na mesma ocasião, e não sendo possível verificar quem faleceu primeiro, a lei estabelece a presunção de que TODOS faleceram SIMULTANEAMENTE.
	COMORIÊNCIA é, pois, a morte simultânea. A PROVA da morte real se faz pelo ATESTADO DE ÓBITO ou pela JUSTIFICAÇÃO – art. 88, Lei dos Registros Públicos. Ela põe fim ao vínculo do casamento, caso o falecido seja casado, extingue os contratos personalíssimos, extingue a obrigação de pagar alimentos, etc. Entre os comorientes não há transferência de bens.
DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL: RESUMO 
Quanto à MORTE PRESUMIDA (FICTA), que decorre em face daqueles que foram, ou não, declarados AUSENTES, judicialmente – artigos 6º e 7º, CC. 
O ausente não é declarado morto, nem tampouco o seu cônjuge se torna viúvo(a). O que pode haver são efeitos patrimoniais: abre-se a sucessão provisória – artigo 26, CC - e, depois, a definitiva, após 10 anos de passada em julgado a sentença concessiva de sucessão provisória – artigo 37, CC. 
 DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL: RESUMO 
Ausência decretada judicialmente ≠ ausência de fato.
O instituto da Ausência encontra-se disciplinado nos artigos 22 a 39, Código Civil e artigos 1.159, e seguintes, do CPC.
Fases da Ausência: 
1) Curadoria dos bens do ausente -> procede-se à arrecadação dos bens do ausente e nomeia-lhe um curador. Curatela; 
2) Da sucessão provisória -> após 01 (um) ano de ausência , ou 03 (três) anos, havendo ele deixado representante ou procurador, procede-se à sucessão provisória, e; 
3) Da sucessão definitiva -> decorridos 10 (dez) anos após concedida a sucessão provisória, ou 05 (cinco) anos sem notícia, caso o ausente seja octogenário. 
AUSÊNCIA
Declaração de morte presumida, SEM decretação de Ausência – casos do artigo 7º, I e II, Código Civil.
Só pode ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações. A declaração de morte presumida autoriza o cônjuge a contrair novo casamento – artigo 1.571, I, CC. 
Curadoria dos bens do ausente. Quem pode requerê-la: Qualquer interessado ou o Ministério Público. Quem pode ser curador (artigo 25, CC): cônjuge do ausente (não separado judicialmente ou de fato), os pais, descendentes, um terceiro escolhido pelo juiz. 
A sentença deve ser registrada – Artigo 29, VI, da LRP.
A Curadoria cessará, por sentença, segundo artigo 104, LRP: comparecendo o ausente, seu procurador ou quem o representante; sobrevindo a certeza da morte do ausente; sendo aberta a sucessão provisória – artigo 1.163, CPC. 
AUSÊNCIA
1	ASPECTOS GERAIS
Direitos e garantias fundamentais – CF – artigo 5º, caput: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade, [...].
Artigo 5º, X, CF: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
A pluralidade de direitos, garantidos constitucionalmente em cláusula pétrea, estendeu sua amplitude para o CC, que passou a disciplinar os DIREITOS DA PERSONALIDADE.
 
DIREITOS DA PERSONALIDADE
-	Classificação de ORLANDO GOMES:
-	DIREITOS À INTEGRIDADE FÍSICA, compreendidos aí o direito à vida e os atos de disposição sobre o próprio corpo (inteiro ou sobre partes separadas) = artigo 5º, X, da Constituição Federal e artigos 13, 14 e 15 do Código Civil; DIREITOS À INTEGRIDADE MORAL, compreendidos aí os direitos à honra, à liberdade, à intimidade ou recato, à imagem, ao nome e à moral do autor = artigo 5º, X, e artigos 16, 17, 18, 19, 20 e 21 do Código Civil.
DIREITOS DA PERSONALIDADE
-	Classificação de ROBERTO GONÇALVES:
-	[...] os atos de disposição do próprio corpo (artigos 13 e 14), o direito à não submissão a tratamento médico de risco (artigo 15), o direito ao nome e ao pseudônimo (artigos 16 a 19), a proteção à palavra e à imagem (artigo 20) e a proteção à intimidade (artigo 21). 
DIREITOS DA PERSONALIDADE
-	GAMA (2006, p. 31-32), antes reconhecendo que os direitos da personalidade, contemplados no CC, são apenas exemplificativos, podendo ser considerados mais como princípios fundamentais, afirma que em razão disso o Código Civil optou por tipificá-los “[...] (caso lido isoladamente) e seguindo na esteira do Código Civil italiano, regula alguns direitos da personalidade. São eles [...], os direitos à integridade
psicofísica, ao nome, ao pseudônimo, à imagem e à privacidade.”
DIREITOS DA PERSONALIDADE
Classificação de FERNANDO AZEVEDO:
-	Direitos à integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, imagem (enquanto imagem-retrato), voz (reprodução) etc.).
-	Direitos à integridade intelectual ou psíquica (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e literária, convivência social, intimidade, sigilo etc.).
-	Direitos à integridade moral (honra (imagem-atributo), recato, segredo profissional e doméstico, identidade pessoal (prenome-imagem), familiar e social (sobrenome-imagem) educação, emprego, habitação, cultura.
DIREITOS DA PERSONALIDADE
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PAULO LÔBO, ao invés de classificá-los simplesmente, o que seria proceder de modo abstrato, preferiu denominá-los de tipos de direitos da personalidade, por força da impossibilidade de previsão de todas as situações concretas da vida que podem reclamar a invocação desses direitos. 
Existem para ele, enfim: “a) os tipos exemplificativos previstos na Constituição e na legislação civil; b) os tipos reconhecidos socialmente e conformes com o princípio da dignidade da pessoa humana”. 
DIREITOS DA PERSONALIDADE
-	NESTOR DUARTE entende que 
-	Os direitos da personalidade são absolutos, extrapatrimoniais e perpétuos. De seu caráter absoluto decorre a oponibilidade erga omnes, na medida em que geram o dever geral de abster-se de sua violação. Sua extrapatrimonialidade afasta a possibilidade de transmissão e, em conseqüência, são direitos impenhoráveis. Sendo perpétuos, não comportam renúncia, nascendo e extinguindo-se com a pessoa, embora sob alguns aspectos possam gozar de proteção para depois da morte. 
DIREITOS DA PERSONALIDADE
 1 INTRODUÇÃO
O ser humano é gregário. Vive em sociedade. Estabelece inúmeras relações jurídicas. Como sujeitos de direito, precisa ser individualizado (identificado) nas suas diversas relações jurídicas. 
Essa individualização (identificação) interessa ao próprio ser humano, a terceiros, e ao Estado, a fim de conferir maior segurança jurídica aos negócios e atos da vida civil. Vejamos como o ser humano pode ser individualizado: através do NOME, do ESTADO FAMILIAR, do ESTADO POLÍTICO, do ESTADO CIVIL e do DOMICÍLIO. 
 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
1.1	NOME = é composto por prenome (nome individual, o nome próprio), patronímico (apelido de família, sobrenome, cognome, etc. identifica a procedência da pessoa) e agnome. 
	É o sinal exterior que identifica uma pessoa, individualizando-a e reconhecendo-a perante a sua família, a sociedade e o próprio Estado. É um bem inalienável, intransmissível, irrenunciável e imprescritível. É um direito subjetivo.
	o nome integra os chamados direitos da personalidade, previstos no Código Civil, nos artigos 11 a 21. Tal proteção se encontra esculpida nos artigos 16, 17, 18 e 19. 
	
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
	Artigo 16, CC: Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. 
	Artigo 17, CC: O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
	O nome pode ser alterado, posto que o prenome não pode expor a pessoa ao ridículo – art. 55, LRP. O patronímico é imutável – art. 56, LRP. 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
	O PRENOME pode ser alterado nos seguintes casos, por exemplo: erro gráfico evidente – art. 110, LRP – exposição ao ridículo – parágrafo único, art. 55, LRP – prenome de uso (prenome diverso do constante no registro, mas pelo qual a pessoa é mais conhecida); adoção – art. 47, § 5º, LRP – 1º ano de maioridade – art. 56, LRP (Administrativamente, desde que não prejudique os NOMES DE FAMÍLIA. Após o 1º ano de maioridade: só através do Judiciário – art. 57, LRP); homonímia; inclusão de alcunha ou apelido. 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
O Código Penal também protegia o nome – artigo 185: crime de usurpação de nome ou pseudônimo alheio (revogado pela Lei n. 10.695/03). A proteção ao nome está no CC, artigos 16 a 19. 
 
 
O NOME, em relação à pessoa que o possui, adquire grande importância juntamente com a sua CAPACIDADE CIVIL e o seu ESTADO CIVIL. 
 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
1.2 	ESTADO FAMILIAR – é a condição pessoal do indivíduo como INTEGRANTE de uma FAMÍLIA ou ENTIDADE FAMILIAR. 
 
1.3	ESTADO POLÍTICO – é a situação JURÍDICA da pessoa natural em sua relação com o Estado. Vínculo entre nacionalidade e cidadania. Refere-se à POSIÇÃO da pessoa na SOCIEDADE: se o indivíduo é estrangeiro, naturalizado, nato, etc. Conferir o artigo 5º, da Constituição Federal. 
1.4	ESTADO CIVIL – determina a situação jurídica em que se encontra o individuo: casado, solteiro, viúvo, separado, divorciado. Obrigatoriedade de registro – artigo 12, da Lei n. 6.015/73: nascimentos, casamentos, separações judiciais, divórcios, óbitos, emancipações, interdições, etc. 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
1.5	DO DOMICÍLIO – Domicílio vem do latim: domus = casa. É a sede jurídica da pessoa, onde ela exerce suas atividades. O domicílio civil da pessoa natural é o LUGAR onde ela estabelece a sua RESIDÊNCIA com ânimo definitivo – art. 70, CC. 
	Pode ser também o local de trabalho ou o local onde mantém seu centro de ocupações habituais. Em todo caso, é o local onde ela responde por suas obrigações. A lei admite a PLURALIDADE de domicílios. 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
	RESIDÊNCIA é elemento material, objetivo, mas que tem ampla proteção constitucional – art. 5º, XI, CF/88. ÂNIMO DEFINITIVO vem a ser o elemento subjetivo; psicológico; intencional. 
	Em todo caso, DOMICÍLIO relaciona o indivíduo ao LUGAR onde o mesmo PRATICA seus ATOS e NEGÓCIOS JURÍDICOS, pois é nele que se presume presente para os efeitos jurídicos. 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
	É no domicílio que a pessoa é citada para se defender num processo qualquer; é intimada para esclarecer ou prestar informações num processo; é notificada (ato por meio do qual se cientifica determinada pessoa a praticar ou deixar de praticar alguma coisa); é interpelada (ato pelo qual uma pessoa, para proteger seus direitos, exige que outra venha a cumprir com determinada obrigação ou venha a se manifestar sobre o fato que lhe deu causa); ou é cientificada (ato de dar conhecimento ao interessado sobre a existência de algum fato). 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
	Disposições legais pertinentes: artigos 73, 71 e 72, parágrafo único (domicílio sem residência, e o domicílio múltiplo, onde a pessoa natural possui diversas residências ou exerça profissão em lugares diversos), artigo 73 (domicílio itinerante). 
	Art. 94, do CPC: A ação fundada em DIREITO PESSOAL e a ação fundada em DIREITO REAL sobre BENS MÓVEIS serão propostas, em regra, no foro do DOMICÍLIO DO RÉU. Outros artigos do CPC também estão relacionados a domicílio: artigos 95 a 98, 100, II e III. E na LICC temos os seguintes artigos: 7º, 10 e 12. 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
1.5.1	Espécies de domicílio.
a)	Necessário ou legal – domicílio determinado pela lei, em razão da CONDIÇÃO ou SITUAÇÃO de certas pessoas – artigo 76, CC. Exemplos: incapaz, servidor público, o militar, o preso. 
 
b) Voluntário – é o domicílio escolhido livremente pelo indivíduo. Pode ser GERAL ou COMUM, quando escolhido pela própria pessoa, livre e individualmente – artigo 74, CC; 
c) Especial - é fixado com base num contrato (escrito), escolhido em comum acordo entre os contratantes – artigo 78, CC e artigo 111, CPC. 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
1.5.2 	Pluralidade de domicílios: a pessoa pode ter mais de um domicílio, desde que mantenha VÁRIOS centros de atividades, com ocupação habitual. Daí, a pessoa natural pode ter diversos centros de interesses, e a pessoa jurídica, várias sedes ou filiais. 
1.5.3 	Alteração de domicílio: toda vez que alguém muda de residência, passando para outra localidade e aí residindo de modo fixo e habitual,
diz-se que houve transferência de domicílio. Basta, pois, outro local de residência ou moradia e a intenção de ali se fixar. 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
1.6	DOMICÍLIO DAS PESSOAS JURÍDICAS
Artigo 75, CC:
Da União -> o DF.
Dos Estados e Territórios -> respectivas capitais.
Do Município -> lugar onde funciona a administração Municipal.
Das demais pessoas jurídicas -> lugar onde funcionam as respectivas diretorias e administrações, ou domicílio especial determinado.
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
1	INTRODUÇÃO – estudamos antes a pessoa natural; pessoa física, como sujeito de direitos e obrigações. 
	Trata-se de pessoa abstrata; diversa da pessoa natural, constituída pela vontade humana, passando a ter personalidade e patrimônio próprios e distintos dos de seus constituintes. 
	As pessoas jurídicas são criadas para atender determinadas finalidades. 
DAS PESSOAS JURÍDICAS
As pessoas jurídicas são tratadas nos artigos 40 ao 69, do CC.
O artigo 40 dispõe: As pessoas jurídicas são: a) de direito público; e b) de direito privado.
De direito público (interno): União, Estados, DF, Territórios, Municípios, Autarquias (inclusive associações públicas), as demais entidades de caráter público criadas por lei – artigo 41, CC.
De direito público (externo): Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. 
De direito privado: artigo 44, CC. 
DAS PESSOAS JURÍDICAS
As pessoas jurídicas de direito público interno classificam-se em: 
1) de administração direta: União, Estados, DF, Territórios, Municípios; e 
2) de administração indireta: autarquias, fundações públicas e demais entidades de caráter público criadas por lei (agências reguladoras).
DAS PESSOAS JURÍDICAS
2	CONCEITO: entidades que a lei empresta personalidade, capacitando-as como sujeito de direitos e obrigações. 
	É o agrupamento de pessoas físicas, dotada de vida própria, reconhecida por lei como sujeito de direitos e obrigações na ordem civil. A sua existência é ABSTRATA.
 
3	REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS: A partir do artigo 40, CC dispõe: As pessoas jurídicas são de direito público interno, ou externo, e de direito privado. 
DAS PESSOAS JURÍDICAS
4	PRINCIPAL CARACTERÍSTICA – atua na vida civil com personalidade DIVERSA da dos indivíduos que a integram. O Código Civil novo garante em favor das pessoas jurídicas a proteção legal referente aos direitos da personalidade – art. 52, CC novo. 
 
5	REQUISITOS PARA A CONSTITUIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA – A vontade humana; consenso de seus integrantes; observância das condições legais; e a licitude de seus objetivos. Objetivos ilícitos ou nocivos dão causa à extinção da pessoa jurídica, já que se houver prática de atos contrários aos seus fins ou nocivos ao bem público tal poderá ocorrer.
DAS PESSOAS JURÍDICAS
6	DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS – ART. 45, CC. A existência legal das pessoas jurídicas de DIREITO PRIVADO começa com a inscrição de seus contratos, atos constitutivos, estatutos e compromissos no seu registro competente, ou com a autorização ou aprovação do Poder Executivo, quando necessária.
 
Encaminham ao registro competente as pessoas jurídicas de direito privado: as associações (sem fins lucrativos) o seu estatuto; As sociedades civis e comerciais (empresariais), o contrato social; as fundações, através de escritura pública ou de testamento; as organizações religiosas – seus estatutos; e os partidos políticos – regidos pela Lei n. 9.096/95. 
DAS PESSOAS JURÍDICAS
7	CLASSIFICAÇÃO AS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO:
A)	AS ASSOCIAÇÕES – São Aquelas constituídas de PESSOAS que reúnem seus esforços para a realização de fins não econômicos – artigo 53 e seguintes, CC. 
B)	AS SOCIEDADES – O CC atual unificou as obrigações civis e comerciais no Livro II, no Direito de Empresa, a partir do artigo 981. 
-	Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens e serviços, para o exercício de atividade econômica e partilha, entre si, dos resultados. As sociedades podem ser simples e comerciais.
DAS PESSOAS JURÍDICAS
As sociedades simples são constituídas, em geral, por profissionais que atuam em uma mesma área ou por prestadores de serviços técnicos – clínicas médicas e dentárias, escritórios de advocacia, instituições de ensino, entre outras.
	As sociedades empresárias (conceituadas no artigo 966, CC) também visam lucro, mas distinguem-se das sociedades simples porque têm por objeto o exercício de atividade própria de empresário, sujeita ao registro previsto no artigo 967, CC. 
DAS PESSOAS JURÍDICAS
C)	AS FUNDAÇÕES – artigo 62 e seguintes, CC – Constituem em um acervo de BENS, que recebe personalidade jurídica para a realização de fins determinados, de interesse público, de modo permanente e estável. 
D)	AS ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS – O CC seguiu orientação constitucional. Tem fins pastorais, de evangelização, envolvendo fé. Aplicam-se a elas as normas referentes às associações, desde que compatíveis. 
E)		PARTIDOS POLÍTICOS – Têm natureza jurídica própria (associativa). Seus fins são políticos. São regidos pela Lei n. 9.096/95, que regulamenta os artigos 14, § 3º, V, e 17, CF. 
		
DAS PESSOAS JURÍDICAS
1	INTRODUÇÃO – Estudamos a relação jurídica, depois, os sujeitos do direito (pessoas naturais e jurídicas) de Direito. Agora, estudaremos o objeto sobre o qual recai um direito: os bens. Todo direito tem o seu objeto. Como o direito subjetivo se constitui no poder conferido a um titular, requer um objeto. Em regra, esse poder recai sobre um bem. O novo CC, ao contrário do CC de 1916, que não distinguia bem de coisa, usa apenas a palavra bem. 
1.1 CONCEITO DE BEM – é tudo que satisfaz uma necessidade da pessoa (sentido genérico). Pelo novo CC: bem é tudo aquilo – material ou imaterial - útil à pessoa, possuindo ou não expressão econômica e que pode servir de objeto numa relação jurídica.
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
	Todo bem econômico é bem jurídico, mas a recíproca não é verdadeira, pois existem bens jurídicos que não podem ser avaliáveis economicamente. Daí, bem jurídico – material ou imaterial – economicamente apreciável ou não, é objeto de direitos subjetivos.
QUESTIONAMENTO: O terreno é objeto de meu direito de propriedade. A minha imagem é objeto de meu direito da personalidade. Ambos podem ser medidos economicamente? 
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
	Os direitos também podem ser objeto de outros direitos (cessão de crédito, etc.) como também determinados atributos da personalidade, como o direito à honra, etc. Os Direitos da personalidade, inerentes à pessoa humana, são direitos subjetivos não pertencem ao âmbito patrimonial no sentido restrito (pois estão fora do comércio), haja vista que são intransmissíveis, inalienáveis, imprescritíveis e irrenunciáveis – art. 11, CC. 
	Segundo GONÇALVES: Os direitos da personalidade, por não terem conteúdo econômico imediato e não se destacarem da pessoa de seu titular, distinguem-se dos direitos de ordem patrimonial. 
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
O conjunto de bens, de qualquer ordem, pertencentes a um titular, constitui o seu PATRIMÔNIO – em sentido amplo. Em sentido estrito, corresponde APENAS às relações jurídicas ativas e passivas de que a pessoa é titular, aferíveis economicamente. O patrimônio de alguém vai refletir no Direito obrigacional. Por quê? A princípio, o patrimônio do devedor responde por suas dívidas. É o garante de seus credores. 
Qualquer bem de um devedor responderá por suas dívidas? Não, somente aqueles suscetíveis de apreciação econômica, e que a lei permita que seja objeto de expropriação judicial. E se o devedor não tiver bens penhoráveis, o que acontecerá com o crédito de seu credor? A princípio, este ver inviabilizado o seu crédito. 	
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
 1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS BENS. O legislador levou em consideração para classificar os bens os seguintes aspectos:
	Os bens considerados em sua individualidade, independentemente
de seus titulares; 
	Os bens considerados uns em relação aos outros e, por fim;
	Os bens segundo sua titularidade. 
	O bem de família passou a ser estudado na parte que trata do Direito de Família – artigos 1.711 a 1.722, do CC – na Lei n.8.009/90 e na LRP. 
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
A)	Dos bens considerados em si mesmos – Imóveis – artigos 79 a 81, CC. São as coisas que não podem ser removidas de um lugar para outro SEM comprometimento de sua substância. O art. 79, 1ª parte, nos indica os imóveis por natureza – solo, espaço aéreo e acessórios naturais, as árvores, etc. O art. 79, 2ª parte, os imóveis por acessão física artificial – edifícios e construções. O art. 93, os imóveis por acessão intelectual (pertenças) – todas as coisas móveis que o proprietário do imóvel mantiver, duradoura e intencionalmente, empregadas em sua exploração industrial, comodidade, etc – objetos de decoração, escadas de emergência, aparelhos de ar-condicionado, máquinas, etc.
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
	O art. 80, I e II, e Súmula 329, STF, os imóveis por determinação legal – são direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; e o direito à sucessão aberta. 
-	São, na verdade, bens incorpóreos (direitos), considerados legalmente como imóveis, para que passem a gozar de maior proteção jurídica. 
	Móveis – artigos 82 a 84, CC. Por natureza: São bens corpóreos suscetíveis de movimento próprio (semoventes), ou de remoção por força alheia sem alteração da substância ou da destinação econômico-social deles – art. 82, CC.
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
	Por determinação legal – art. 83, I a III – são as energias, os direitos reais sobre objetos móveis e os direitos pessoais de caráter patrimonial e os direitos do autor (Lei nº 9.610/98). 
	Móveis por antecipação – são bens incorporados ao solo, mas com a intenção de separá-los oportunamente e convertê-los em móveis: ex. árvores para corte. Os imóveis são adquiridos por escritura pública e, caso sejam alienados, a autorização do cônjuge é obrigatória. A aquisição se de bens móveis se dá por simples tradição.
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
-	Fungíveis. Art. 85, CC. São aqueles bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Em regra, é própria dos bens móveis – ex: o dinheiro.
-	Infungíveis – São os que não têm esse atributo, pois são considerados de acordo com as suas qualidades individuais, particulares. Em regra, é própria dos bens imóveis – ex: uma escultura famosa. 
Consumíveis: art. 86, CC. São móveis que têm a destruição imediata de sua substância e aqueles que são destinados à alienação. Ex: alimentos. 
Inconsumíveis, são os que podem ser usados continuamente. Coisas inconsumíveis podem se tornar consumíveis se destinadas à alienação – ex: roupa.
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
	Divisíveis (artigos 87 a 88: fracionam-se sem perder a sua substância, diminuição de seu valor ou prejuízo de seu uso) – divisão de uma saca de arroz. 
-	Segundo o artigo 88 os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. 
	Indivisíveis – art. 88. Compreendem os que podem ser: 
	Indivisíveis por natureza (física ou material) – quando não puderem ser partidos sem alteração na sua substância ou no seu valor. Ex: animal vivo e um terreno loteado.
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
	Indivisíveis por determinação legal (jurídica) – a lei determinando a indivisibilidade ex: servidões, hipotecas. 
	Indivisíveis por vontade das partes – é convencional. Quando uma coisa divisível poderá transformar-se em indivisível se assim acordarem as partes, mas a qualquer tempo poderá voltar a ser divisível. 
-	O acordo tornará a coisa comum indivisa por prazo não superior a 05 anos, suscetível de prorrogação ulterior – art. 1.320, § 1º.
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
	Singulares (art. 89: embora reunidos, são considerados individualmente, independentes dos demais. São considerados singulares quando nos prendemos à sua individualidade).
	Coletivos (artigos 90 – universalidade de fato: pluralidade de bens singulares que pertencem à mesma pessoa e tenham a mesma destinação – biblioteca - a 91 – universalidade de direito: complexo de relações jurídicas de uma pessoa, dotadas de valor econômico – herança, patrimônio, etc.). 
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
B)	Dos bens reciprocamente considerados – Principal (art. 92: o que tem existência própria; existindo por si só – solo, etc.). Acessórios (art. 92: cuja existência supõe a de um principal – fiança, benfeitorias, etc). 
-	Salvo disposição em contrário, o acessório segue o principal. A lei também pode estabelecer o contrário dessa regra – art. 1.284: os frutos pertencem ao dono do solo onde caíram e não ao dono da árvore. 
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
	
-	Quais são as conseqüências advindas da regra de que o acessório segue o principal? 1) a natureza do acessório é a mesma do principal; 2) o destino do acessório segue o principal (extinção da obrigação principal extingue também a acessória); 3) o proprietário do principal é também proprietário acessório. 
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
Os bens acessórios compreendem os produtos e os frutos – art. 95 – e as benfeitorias – art. 96. Produtos são as utilidades que se pode retirar da coisa, alterando sua substancia, com a diminuição da quantidade até o esgotamento, porque não se reproduzem periodicamente – ex: as jazidas de ouro. 
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
	Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz – ex: os frutos das árvores. São divididos em naturais – os que se desenvolvem e se renovam periodicamente, em razão da própria natureza orgânica da coisa; industriais – são produzidos pelo engenho humano – produção de uma fábrica; e os civis – que são os rendimentos oriundos da coisa, em virtude de sua utilização por outrem que não o proprietário - aluguéis. 
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
	
As benfeitorias estão previstas no artigo 96. São obras ou despesas que se fazem em bens móveis ou imóveis para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. 
Podem ser necessárias – feitas para conservação do bem, evitando-se que ele seja deteriorado; úteis – que possibilitam o aumento ou facilitam a utilização do bem; voluptuárias – feitas para embelezar o bem. 
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
C) Dos bens públicos – são bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno – art. 98, CC. Podem ser – art. 99: 1) de uso comum do povo – os que podem ser utilizados por qualquer cidadão, sem a exigência de formalidades – ex: ruas e praças; 2) de uso especial – são os destinados especialmente à execução dos serviços públicos – ex: edifícios onde funcionam as repartições públicas; 3) dominicais – patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, quer pessoais ou reais. Patrimônio da União – art. 20, I a XI, CF/88. Patrimônio dos Estados – art. 26, I a IV, CF/88. Patrimônio dos Municípios. Abrangem imóveis e móveis: títulos de dívida pública; estradas de ferro, terrenos de marinha; mar territorial, etc. 
DOS BENS NO CÓDIGO CIVIL
	1 INTRODUÇÃO. Os direitos NASCEM, se DESENVOLVEM e se EXTINGUEM. Esses ciclos decorrem de FATOS, ou melhor, de FATOS JURÍDICOS, porque produzem efeitos jurídicos. 
-	Daí podemos dizer que é do fato jurídico que se originam os direitos subjetivos, fomentando a relação jurídica, e concretizando as normas jurídicas previstas no direito objetivo.
	ACONTECIMENTO + DIREITO OBJETIVO = FATO JURÍDICO.
DOS FATOS JURÍDICOS
2 CONCEITO - FATO JURÍDICO – é todo ACONTECIMENTO previsto em norma jurídica, em razão do qual nascem, se modificam, se protegem e se extinguem as RELAÇÕES JURÍDICAS. 
	Fato jurídico é, portanto, acontecimento previsto em norma jurídica. 
-	É todo acontecimento apto a produz efeitos (conseqüências) jurídicas.
DOS FATOS JURÍDICOS
Envolvem: todas as ações humanas (lícitas e ilícitas), ações naturais, capazes de: CRIAR, MODIFICAR, TRANSFERIR CONSERVAR e EXTINGUIR relações jurídicas.
3	DIVISÃO:
3.1
NATURAIS – Quando não envolvem qualquer ato humano. Exemplos: morte, nascimento.
3.2	 HUMANOS – Decorrem diretamente da ação humana. Podem ser: 
a)	Lícitos – praticados de acordo com o ordenamento jurídico.
b)	Ilícitos – praticados em desconformidade com o ordenamento jurídico. Exemplos: furto de objeto. Dano ao veículo de alguém. 
DOS FATOS JURÍDICOS
Os Atos Lícitos dividem-se em: 
A) ATO JURÍDICO – aqueles que gera conseqüências jurídicas previstas em lei, em não por vontade do(s) interessado(s); 
B) NEGÓCIO JURÍDICO – ato praticado com intuito de negócio. As partes envolvidas celebram o ato com o intuito de alcançar efeito jurídico determinado. Exemplos: Testamento. Renúncia a Direito. Contratos, entre outros.
Negócio Jurídico encontra-se disciplinado nos artigos 104 a 184, CC. 
DOS FATOS JURÍDICOS
4	CLASSIFICAÇÃO DO EGÓCIO JURÍDICO:
4.1	Quanto às vantagens: 
– gratuitos – quando há vantagens apenas para uma das partes. Exemplo: Doação Pura.
-	Onerosos – Quando envolve transferência recíproca de direitos. Exemplo: Compra e Venda.
 
4.2	 Quanto às formalidades:
-	Solenes – Forma prescrita em lei. Exemplos: Testamento. Casamento. 
-	Não solenes – Forma livre. Exemplo: Compra e Venda de bem móvel.
DOS FATOS JURÍDICOS
4.3 Quanto ao conteúdo:
-	Patrimoniais – Exemplos: direitos reais e direitos obrigacionais.
Extra-patrimoniais – Exemplo: Direitos de família.
4.4 Quanto à manifestação de vontade:
- Unilaterais – Se há apenas uma manifestação de vontade. Exemplo: Testamento.
- Bilaterais – Se há duas ou mais manifestações de vontades. Exemplos: Compra e Venda.Locação. 
DOS FATOS JURÍDICOS
4.5 Quanto ao tempo e produção de efeitos:
-	Inter Vivos – se os efeitos são produzidos durante a vida do declarante. Exemplo: Doação.
-	Causa Mortis – Se os efeitos são produzidos APÓS a morte do declarante. Exemplo: Testamento. 
4.6 Quanto à existência:
-	Principais – Se sua existência independe da existência de outro negócio jurídico. Exemplo: Locação.
-	Acessórios – Se a sua existência está condicionada à existência de OUTRO negócio. Exemplo: Fiança. 
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5.	ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA – sujeito ativo, sujeito passivo, vínculo de atributividade e um objeto.
 
5.1 Sujeito Ativo – é o titular do direito subjetivo, em razão do qual existe uma obrigação ou uma prestação principal, contando o mesmo com a proteção da lei para fazer valer o seu direito, judicialmente, em face do sujeito passivo. 
5.2 Sujeito Passivo – é a pessoa física ou jurídica que assumiu a obrigação de satisfazer um dever, uma prestação, em face de outrem (sujeito ativo). 
 
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5.3 Objeto – este pode ser imediato, pertinente à própria relação estabelecida com o sujeito passivo (prestação: dar, fazer ou não fazer), ou mediato, que é um bem qualquer (móvel, imóvel ou semovente) ou seus direitos de personalidade (vida, nome, honra, liberdade, intimidade, etc.). 
	Tradicionalmente, as relações eram consideradas a partir do OBJETO MEDIATO: relações de família; relações obrigacionais e contratuais; relações de direito real; e relações sucessórias.
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5.4 Vínculo de Atributividade – é o vínculo que confere a cada sujeito da relação jurídica o poder de pretender ou de exigir algo determinado. Pode ser a lei ou um contrato. 
6	ATOS ILÍCITOS – Artigos - 186, 187 e 188, CC. 
 
6.1 Conceito – é aquele ato praticado em desconformidade com a lei, violando o direito de outrem. É todo comportamento humano contrário ao ordenamento jurídico, em razão de desvio de conduta ou pelo descumprimento de um dever jurídico, resultando em lesão a outrem. Em razão de causar dano a alguém, cria-se o dever de reparar o prejuízo (artigo 927, do CC) -> responsabilidade civil. 
 
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6.2 	elementos do ato ilícito: 
a) fato lesivo voluntário, ou imputável, causado pelo agente por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência – art. 186, 1ª parte, CC; 
b) ocorrência de dano moral e/ou patrimonial; 
c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente. Não haverá nexo: se houver culpa exclusiva da vítima, o que resultará na ausência de indenização em seu favor; também se a vítima concorreu culposamente, fato esse que fará com que a indenização seja reduzida pela metade ou diminuída proporcionalmente; em caso de força maior ou caso fortuito. 
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6.3 	conseqüência do ato ilícito – obrigação de indenizar – artigos 186 e 927, do CC. A obrigação de indenizar é de ordem pública. 
 
6.4 	dano moral e dano patrimonial. Mas, que dano poderá ocorrer? Dano material (patrimonial) ou moral. A reparação virá independentemente da vontade do agente que causou o dano. Como? Através do poder coercitivo do Judiciário, acionado este pelo prejudicado por meio de uma ação de reparação de danos. 
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6.6 	ilícito civil e ilícito penal. Qual a diferença entre o ilícito civil e o ilícito penal? Enquanto o ilícito civil se constitui numa ofensa ao interesse privado de alguém, o ilícito penal ofende a sociedade como um todo, em vista do delito praticado pelo agente. 
Às vezes, o ato ofensivo praticado pelo agente tanto atinge o particular quanto a sociedade, gerando a responsabilidade civil e penal conjuntamente – art. 949, do Código Civil e art. 129, do Código Penal. De qualquer modo, o ato ilícito pode decorrer de descumprimento à lei, gerando indenização por danos extracontratuais ou ao contrato, possibilitando a indenização por danos contratuais.
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6.7 	dolo e culpa. O agente pode causar o dano a outrem mediante dolo, quando age intencionalmente ou assume o risco de que o prejuízo possa ocorrer; ou mediante culpa, quando age com negligência, imprudência ou imperícia. 
A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade estão reguladas nos artigos 927 a 943 – da obrigação de indenizar – e 944 a 954 – da indenização – CC.
Ato ilícito é o praticado com INFRAÇÃO ao dever legal de não lesar a outrem, conforme artigo 186, CC: aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito E causar dano a outrem, ainda que EXCLUSIVAMENTE moral, comete ato ilícito. 
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6.7 atos lesivos que excluem a ilicitude – segundo o artigo 188, do CC são eles: os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido: a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Nesses casos existe o dano, a relação de causalidade, mas a própria lei lhes retira o caráter de ilicitude. 
 
6.8 abuso de direito - também comete ato ilícito quem pratica ABUSO DE DIREITO – art. 187: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
	No abuso de direito NÃO se exige que o agente tenha a intenção de prejudicar terceiro, pois basta apenas que exceda manifestamente os limites impostos no artigo 187, do CC. 	
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7	NEGÓCIO JURÍDICO – É o acordo lícito estabelecido entre os interessados, para a regulamentação legal de seus interesses, segundo a manifestação de cada um. 
Ocorre uma composição de interesses entre partes envolvidas, havendo manifestação de vontade com finalidade negocial – criar, adquirir, transferir, modificar ou extinguir direitos.
 
Há uma bilateralidade de condutas, como nos contratos. Temos como requisitos de existência: declaração de vontade, a finalidade negocial e a idoneidade do objeto. 	 
DOS FATOS JURÍDICOS
7.1	Validade do negócio jurídico – agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. 
-	São requisitos de validade do negócio jurídico - art. 104, do CC: agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita ou não defesa em lei. 
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7.2	Forma da declaração de vontade –
O negócio jurídico requer para sua validade agente capaz, objeto lícito possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei – art. 104, I, II, III, CC. A forma é o meio através do qual se acha exteriorizada a manifestação de vontade nos negócios jurídicos, para que produzam os efeitos jurídicos.
 
Segundo o art. 107, a forma será especial somente quando a lei expressamente a exigir. Se a lei estabelece uma determinada forma e uma solenidade para que o negócio seja válido, se as mesmas não forem satisfeitas, tal negócio será nulo – art. 166, IV, CC. 
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-	Podemos ter: forma livre, porque não existe um meio previsto na lei para determinado negócio jurídico. Forma predominante; 
A forma solene (ritual), quando a lei impõe determinadas solenidades como requisitos de validade do negócio jurídico; 
A forma contratual decorre da opção feita pelas partes que integram o negócio jurídico. É a convencionada – art. 109, CC. 
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8	INTERPRETAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO – assim como a lei, o negócio jurídico também deve ser interpretado. 
Observemos que o negócio jurídico provém do concurso de vontades entre seus signatários, daí porque poderá trazer cláusula que seja duvidosa, abusiva, obscura, controvertida, e até ilegal. 
Art. 112, CC: atende-se mais à intenção do que o sentido literal da linguagem. 
DOS FATOS JURÍDICOS
A interpretação também deve atentar para a boa-fé e os usos do lugar da celebração do negócio jurídico – art. 113, CC. 
As cláusulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente, porém considerando-se as demais. 
Havendo dúvida, o contrato deve ser interpretado de maneira menos onerosa para o devedor. 
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9	REPRESENTAÇÃO – art. 115 a 120, CC: preceitos gerais sobre a representação legal e a voluntária. 
Artigo 115: Os poderes de representação conferem-se por LEI ou pelo INTERESSADO. 
O Mandato – artigo 653, CC. Representação, portanto, é o poder conferido a uma pessoa para realizar negócio jurídico em nome de outra – art. 115, CC. 
DOS FATOS JURÍDICOS
9.1	Espécies de representação: 
A)	legal, quando os poderes de representação decorrem de imposição legal, sendo que os seus requisitos e os seus efeitos se encontram estabelecidos nas normas respectivas – artigo 115, 1ª, c/c art. 120, ambos do CC. Exemplos: pais, tutores, etc.;
b) voluntária, quando os poderes de representação são conferidos pelo próprio interessado – artigo 115, 2ª parte, c/c art. 120, 2ª parte, ambos do CC. 
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c)	Judicial, quando ocorre a nomeação pelo juiz, para o exercício de poderes de representação no processo. Exemplos: inventariante, síndico de falência, etc.
Havendo conflito de interesses entre o representado e o seu representante ao ocorrer a conclusão do negócio jurídico por parte deste, se tal fato era ou devia ser de conhecimento de quem com o último tratou – art. 119, CC: o negócio jurídico é ANULÁVEL. 
O conflito de interesses entre representante e representado decorre, em geral, de abuso de direito e excesso de poder. 
DOS FATOS JURÍDICOS
O abuso de direito pode acontecer em inúmeras situações. Exemplos: representante que atua com falta de poderes (falso procurador). Procuração exercida conforme os poderes, mas de forma contrária à sua destinação (ou seja,contrária aos interesses do representado).
O excesso de poder se configura quando o representante ultrapassa os limites da atividade representativa. 
DOS FATOS JURÍDICOS
10	DOS ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO: CONDIÇÃO; TERMO E ENCARGO – ARTIGOS 121 A 137, CC. 
 
10.1	Introdução – ao lado dos requisitos essenciais e à existência e validade do negócio jurídico – agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei – art. 104, CC - podem figurar outros, ditos acidentais, estabelecidos pela vontade das partes, de modo facultativo, e que podem modificar o negócio jurídico. São, pois, elementos acessórios, acidentais, do negócio jurídico. 
DOS FATOS JURÍDICOS
10.2	Conceito: São convenções acessórias que limitam a vontade e são admitidas nos atos de natureza patrimonial em geral, mas não podem integrar os de caráter eminentemente pessoal (direitos de família, direitos personalíssimos). 
A falta desses elementos acidentais não anula o negócio jurídico, porém lhe conferem certas particularidades.
 Quando, todavia, forem inseridos no negócio jurídico tornam-se obrigatórios e a sua inobservância compromete a sua eficácia. 
DOS FATOS JURÍDICOS
10.3	Espécies: 
a)	condição – art. 121, CC – É uma cláusula acrescentada num negócio jurídico, subordinando a eficácia deste ao implemento dessa condição. 
-	É um evento futuro e incerto ao qual se subordina o efeito de um ato ou negócio jurídico em decorrência da vontade das partes. 
DOS FATOS JURÍDICOS
O efeito depende da verificação da condição fixada. Os requisitos do negócio jurídico condicional são a futuridade e a incerteza do evento. 
 
Exemplo: A promete a B uma certa quantia X se ganhar no bingo.
Exemplo: A Escola A compromete-se a conferir um certificado a um aluno B se este lograr êxito nas avaliações.
Comportam condição como convenção acessória os negócios de natureza patrimonial, em geral. Porém, não se subordinam à qualquer condição os direitos de família puros, os direitos personalíssimos, que têm caráter eminentemente pessoal. 
DOS FATOS JURÍDICOS
Exemplo: A deseja adotar B. Aquele não pode sujeitar esse ato a qualquer condição. 
 
A condição pode ser: 
a)	lícita – quando não for contrária à lei, à ordem pública ou aos bons costumes – art. 122, CC. 
b) ilícita – todas que ofenderem à lei, à ordem pública ou aos bons costumes – art. 122, CC. 
c) possíveis e impossíveis – estas podem ser física e juridicamente impossíveis, daí porque invalidam o negócio jurídico que lhe é subordinado, quando suspensivo – art. 123, I, CC. 
DOS FATOS JURÍDICOS
Enquanto a fisicamente impossível decorre de ações superiores às forças da pessoa humana, daí porque impossíveis de ser realizadas; a juridicamente impossível é a viola a lei ou atenta contra a moral e os bons costumes. 
Exemplo: A compromete-se a carregar sobre os próprios ombros 20.000 kg de areia.
 
Exemplo: A assume a obrigação de vender para B um imóvel que não lhe pertence. 
DOS FATOS JURÍDICOS
d) causais – as que dependem do acaso, do fortuito, de fato alheio à vontade dos interessados. 
Exemplo: A promete dar a B uma bicicleta de chover amanhã.
 
e) potestativas – são as que decorrem da vontade de uma das partes – art. 122, CC, última parte. Só são ilícitas aquelas condições potestativas onde a eficácia do negócio jurídico fica dependente exclusivamente do arbítrio de uma das partes, sem que haja interferência de qualquer fator externo. A doutrina as chama de puramente potestativas. 
Exemplo: Se A achar conveniente, pagará o que deve ao seu credor B. 
DOS FATOS JURÍDICOS
Existem ainda as denominadas simplesmente potestativas, ou seja, aquelas que não dependem somente da vontade de uma das partes, mas também de um acontecimento ou circunstância externa que independe de seu controle. 
Exemplo: Se eu viajar para Salvador eu lhe darei R$ 2.000,00. 
DOS FATOS JURÍDICOS
f) 	suspensiva ou inicial – é aquele que impede que o negócio jurídico produza efeitos até a realização do evento futuro e incerto – art. 125, CC. Condiciona a aquisição do direito só quando for ela satisfeita. 
-	Há mera expectativa de direito, e não a sua aquisição, que somente ocorre com a realização de evento futuro e incerto. 
 
Exemplo: A promete um carro a B se este se formar em Direito. 
 
DOS FATOS JURÍDICOS
g)	resolutiva ou final – é a aquela que extingue um direito advindo com um ato ou negócio jurídico, uma vez ocorrido um determinado evento futuro e incerto – art. 127, CC. 
Exemplo: A recebe uma renda mensal de B enquanto estiver na Faculdade. 
DOS FATOS JURÍDICOS
b)	Termo. Os interessados podem submeter o negócio jurídico a um determinado tempo ou período a que chamamos de termo. Termo, portanto é o dia que começa ou que se finda a eficácia do negócio jurídico. 
Exemplo: A e B acordam entre si, em 16 de abril do corrente ano, que o contrato de uso estabelecido entre ambos começará a vigor no dia 02/05/10 e vai até o dia 02/05/11. 
DOS FATOS JURÍDICOS
Esse termo, denominado convencional, é diferente da condição porque os interessados subordinam o negócio entre eles a um evento futuro e certo. 
O termo inicial (dies a quo) é suspensivo porque a eficácia do negócio jurídico começa nele, não na celebração desse negócio. 
O termo final (dies ad quem) faz terminar os efeitos do negócio jurídico, pois é um termo resolutivo. 
DOS FATOS JURÍDICOS
Termo é diferente de prazo. Prazo é o intervalo entre o termo inicial e o termo final, conforme artigos 132 a 134, CC. 
Artigo 132, CC: Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluindo o do vencimento. 
Os critérios para a contagem de prazos estão no artigo 132, do CC. 
DOS FATOS JURÍDICOS
C)	Encargo ou modo – Cláusula acessória na qual se acha imposta a um beneficiário de um negócio jurídico gratuito inter vivos ou causa mortis, impondo-lhe um ônus ou uma obrigação.
 
Exemplo: A faz doação de um bem imóvel a seu único filho B, com a obrigação imposta a este de não vender o referido bem no prazo de 15 anos. 
O encargo aplica-se aos atos ou negócios jurídicos de liberalidade, como num testamento ou doação. Em contratos onerosos e de prestações recíprocas não são cabíveis encargos. 	
DOS FATOS JURÍDICOS
11 DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO – artigos 138 ao 165, CC.
A manifestação de vontade deve ocorrer sem qualquer vício que possa prejudicá-la. 
Todo ato ou negócio jurídico necessita de manifestação de vontade, calcada esta na liberdade e exercida conscientemente, sob pena de prejudicar a sua validade.
Exemplo: A obriga B, mediante coação, a assinar um acordo referente a um débito que aquele tem perante este último. 
DOS FATOS JURÍDICOS
Quais são esses vícios? Erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. 
O artigo 171, II, do CC, afirma ser anulável o negócio jurídico que contenha qualquer desses vícios. 
O artigo 178, I e II, CC, diz que o interessado em anular o negócio jurídico eivado de tais vícios tem um prazo de 04 (quatro) anos para pleiteá-la. 
E o referido artigo nos informa quando deveremos começar a contar esse prazo decadencial.
DOS FATOS JURÍDICOS
Espécies de defeitos:
Erro ou ignorância – Age com erro ou ignorância o indivíduo que manifesta sua vontade a partir de sua compreensão equivocada do fato. 
No erro não é alguém que leva o indivíduo a equivocar-se, mas ele próprio, de tal sorte que se conhecesse a realidade, não praticaria o ato. 
O erro e a ignorância, como defeitos do negócio jurídico, são disciplinados nos artigos 138 a 144, do CC. 
DOS FATOS JURÍDICOS
Exemplos:
a)	A assina em favor de B um contrato no qual figura como seu fiador pensando tratar-se de uma simples declaração.
  
b)	A compra um imóvel de B pensando que a terra é fértil, mas nela só encontra pedregulhos.
c)	A compra uma jóia de B acreditando ser de ouro, mas a mesma é de bronze. 
d)	A outorga uma procuração ad judicia a B pensando que este é advogado.
DOS FATOS JURÍDICOS
Dolo. É o emprego de um artifício por parte de alguém, em benefício próprio ou de terceiro, no sentido de induzir a outrem à prática de um ato que a este trará prejuízo. 
Esse vício é disciplinado nos artigos 145 a 150, do CC. Dolo, portanto, é um ardil, uma atitude maliciosa que conduzirá o prejudicado à prática de um negócio jurídico prejudicial. 
Ao lado do prejuízo patrimonial poderá ocorrer, concomitantemente, um prejuízo moral. 
DOS FATOS JURÍDICOS
-	O dolo tanto pode ser praticado por ação como por omissão. Este último caso nós observamos no artigo 147, do CC: o silêncio intencional de uma das partes – sujeito da relação jurídica – a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado. Temos aqui a omissão dolosa. 
DOS FATOS JURÍDICOS
Dolo principal. O dolo civil é diferente do dolo penal, haja vista que se nos apresenta como um dos vícios de vontade, passível de conduzir o negócio jurídico a uma anulabilidade.
 O dolo a que se refere o artigo 145, do CC, é o chamado dolo principal. Este é o dolo que causa dano e acarreta anulabilidade, por ter sido a causa determinante do negócio jurídico. 
 
Exemplo: A adquire um carro junto a B, que é corretor de veículos, acreditando que o mesmo se encontra em perfeito estado, quando, na realidade tem o motor batido. B, agindo de má-fé, fez o carro parecer em perfeitas condições de funcionamento.
 
DOS FATOS JURÍDICOS
Coação. Esta prevista nos artigos 151 a 155, CC. 
A coação visa a levar o indivíduo à prática de um ato ou negócio não desejado por ele, mediante violenta pressão física ou psicológica.
Exemplo: A entrega seus objetos pessoais a B coagido por este último, que se encontra armado de um revólver. 
 
Exemplo: A entrega a B R$ 10.000,00 porque C, comparsa deste último, mantém D, filha do coagido, seqüestrada. 
 
DOS FATOS JURÍDICOS
Estado de perigo. Artigo 156, CC. Ocorre quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. 
Exemplo: A encontra-se com a sua esposa doente, precisando interná-la com urgência, mas para tanto precisa fazer um depósito referente à internação. Mesmo sem recursos, A assina um cheque em favor do Hospital, assumindo uma obrigação excessivamente alta. 
DOS FATOS JURÍDICOS
Lesão. Artigo 157, CC. Ocorre quando alguém, aproveitando-se de necessidade premente ou da inexperiência da outra parte contratante, aufere lucro exagerado, manifestamente desproporcional ao valor da prestação firmada. 
Dispensa-se a verificação do dolo, ou má-fé, da parte que se aproveitou dessa falta de equilíbrio contratual.
 
O CDC reprime a prática de lesão decorrentes de cláusulas abusivas firmadas em contratos referentes às relações de consumo – art. 51, IV. 
DOS FATOS JURÍDICOS
Exemplo: A assume prestação excessivamente alta, ao alugar um imóvel, porque não precisa viajar a trabalho e está preste a ser despejado do imóvel onde reside com a família. 
 
Verifica-se, pois, no caso de lesão, um abuso por parte de quem se aproveita dessas situações previstas no artigo 157, CC em detrimento da outra, em situação de inferioridade. 
O certo é que verificamos, pois, em muitos casos, um abuso do poder econômico por parte de quem se beneficiará com essa prática lesiva. 
DOS FATOS JURÍDICOS
Lesão é diferente de estado de perigo. Na lesão há uma desproporcionalidade de prestações assumidas entre os contratantes, haja vista a premente necessidade ou inexperiência a que se acha submetido um dos contratantes, resultando um abuso em desfavor deste último. 
Já no estado de necessidade uma das partes assume obrigação excessivamente onerosa para salvar a si próprio ou a pessoa de sua família, sendo possível também em se tratando de terceiro – art. 156, parágrafo único. 
DOS FATOS JURÍDICOS
Fraude contra credores. Artigos 158 a 165, do CC. Trata-se de vício social. 
A fraude é praticada com o propósito de prejudicar terceiros na qualidade de credores. 
Segundo o princípio da responsabilidade patrimonial, sabemos que o patrimônio de um devedor se presta, inclusive, para responder por suas obrigações contraídas. 
Nessa espécie de vício, o devedor desfalca maliciosamente seus bens para não garantir com os mesmos as suas dívidas contraídas.
DOS FATOS JURÍDICOS
Se o devedor transmite gratuitamente seus bens ou perdoa dívida, estando ele insolvente ou levado a esta condição por esse seu ato, os seus credores poderão anular tais negócios, em vista de serem lesivos aos

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