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Ectima Contagioso

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VIROSES E MICOSES DOS ANIMAIS 
 
1 
 
FAMÍLIA Poxviridae 
GÊNERO Parapoxvirus 
 
Os parapoxvírus mais importantes na medicina 
veterinária são: 
1. Vírus do Ectima Contagioso dos Ovinos 
(orf); 
2. Vírus da pseudovaríola bovina 
3. Vírus da estomatite papular bovina. 
 
Esses três vírus infectam ruminantes e também 
podem infectar humanos, causando lesões 
clinicamente semelhantes. 
 
O ectima contagioso (aka. dermatite pustular 
contagiosa, boca sarnenta, orf (expressão inglesa 
antiga para rugoso – rough) ou boqueira) é uma 
enfermidade exantematosa vesicular e pustular 
localizada que ocorre no mundo todo acometendo 
cabras, camelos e humanos. 
 
Epidemiologia: 
Ocorre em todas as regiões do mundo onde 
existem criações de ovinos e caprinos e é mantido 
nas populações por infecções persistentes e pela 
sua longa sobrevivência em crostas secas no 
ambiente ou nas pastagens, instalações, 
estábulos e utensílios. 
 
A disseminação ocorre por contato direto, fômites 
(contato indireto) e principalmente por pastagens 
contaminadas. Cordeiros também podem adquirir 
a infecção ao mamarem nas ovelhas com lesões 
nas tetas. 
 
Forragens abrasivas contaminadas com o vírus 
facilitam a instalação da infecção e podem resultar 
em infecção disseminada. Em criações intensivas, 
a infecção se dissemina rapidamente, 
principalmente em confinamentos de cordeiros 
para engorda. 
 
A enfermidade afeta animais de todas as idades, 
mas é mais grave em cordeiros lactentes que 
perdem peso e podem até morrer por não se 
alimentarem devido às lesões nas comissuras 
orais. 
 
Condições deficientes de higiene, deficiência de 
vitamina A, estresse e outras condições que 
causem imunodepressão predispõem à 
ocorrência de surtos severos e infecções 
subclínicas provavelmente também ocorram. 
 
As taxas de morbidade podem atingir 100%, mas 
a mortalidade é geralmente baixa e deve-se 
principalmente a complicações secundárias e à 
inanição em cordeiros jovens. 
 
Patogenia: 
 
 
O vírus é epiteliotrópico e produz lesões 
proliferativas semelhantes à verruga, após sua 
entrada na pele. Replica-se nos queratinócitos 
epidérmicos, e as células infectadas liberam um 
fator de crescimento endotelial que está implicado 
na proliferação de células epiteliais. As lesões 
papulares progridem para vesículas e pústulas, 
eventualmente formando crostas. A proliferação 
de células abaixo das crostas produz uma massa 
verrucosa. 
 
As lesões geralmente cicatrizam dentro de quatro 
semanas na ausência de infecção bacteriana 
secundária. 
 
Contato direto
Contato indireto
Pastagens, instalações,
estábulos e utensílios
OrfV penetra na
pele/junção
mucocutânea dos lábios
e focinho
O período de incubação
é de 2 a 6 dias
Pápulas e vesículas
progridem rapidamente
para pústulas e crostas
Crostas salientes
podendo apresentar
rachaduras e
sangramentos,
predispondo a miíases
Lesões nos lábios
podem levar a
diminuição da ingestão
de alimento e água
Pode haver resolução
das lesões em casos
não complicados
Pode ocorrer nas formas
genital e generalizada,
que é fatal
ectima contagioso 
VIROSES E MICOSES DOS ANIMAIS 
 
2 
 
A doença afeta primariamente ovinos jovens e 
embora as lesões ocorram mais frequentemente 
nas comissuras labiais e no focinho, também 
podem desenvolver-se na boca, nos pés, na 
genitália e nos tetos. 
 
Os surtos duram alguns meses e variam na 
severidade de propriedade para propriedade e de 
ano para ano. A doença geralmente não é 
recorrente até o nascimento de novos cordeiros 
suscetíveis no rebanho. 
 
Embora os isolados de rebanhos individuais 
possam diferir no genótipo, não há evidência que 
a severidade da doença esteja relacionada às 
linhagens de vírus envolvidos e fatores de manejo 
ambiental podem influenciar as consequências da 
infecção. 
 
A imunidade após infecção natural pode não 
conferir proteção completa. Todavia, as lesões em 
animais previamente afetados geralmente são 
menos severas, e a cura é mais rápida do que as 
que se desenvolvem após a primeira exposição. 
 
Nos ovinos cronicamente infectados, as lesões 
podem ser moderadas ou proliferativas. Cordeiros 
recém-nascidos são suscetíveis à infecção, 
apesar de receberem colostro de ovelhas 
previamente infectadas. 
 
Diagnóstico: 
Baseia-se nos dados clínicos epidemiológicos. As 
lesões crostosas são típicas e inicialmente afetam 
poucos animais, mas se dissemina rapidamente 
nos jovens que nunca foram infectados ou 
vacinados. 
 
Em rebanhos virgens, a enfermidade se alastra e 
infecta animais de todas as idades. 
 
Ao microscópio: células em forma de balão e 
corpúsculos de inclusão do tipo B nas lesões 
epiteliais. 
 
O diag. clínico + histórico + informações 
epidemiológicas, é, geralmente, suficiente para 
definir a etiologia da doença. No entanto, o vírus 
pode ser identificado por ME a partir de crostas 
coletadas dos animais doentes. 
 
Na prática clínica, o diagnóstico é geralmente 
clínico, podendo ser acompanhado de 
confirmação por ME. 
 
Tratamento e controle: 
Não há tratamento específico para infecções pelo 
vírus do ectima contagioso. Terapia antibiótica 
reduz o efeito das infecções bacterianas 
secundárias nos cordeiros jovens. 
 
Em rebanhos endemicamente infectados, o 
controle está apoiado no uso de uma vacina viva 
completamente virulenta obtida com o material de 
crostas ou com culturas celulares. 
 
As ovelhas podem ser vacinadas por escarificação 
na axila pelo menos oito semanas antes do parto. 
Na época do parto, devem ser removidas para 
uma nova área de pasto, com o objetivo de 
minimizar a exposição dos cordeiros ao material 
infeccioso vacinal das crostas. 
 
Os cordeiros devem ser vacinados somente se 
ocorrer um surto no rebanho. Se realizadas 
eficazmente, limpeza e desinfecção completas de 
superfícies e de equipamentos entre os períodos 
de alojamento podem reduzir a quantidade de 
vírus nas instalações. 
 
Os humanos são suscetíveis à infecção pelo vírus 
do ectima contagioso. Tipicamente, uma única 
lesão ocorre nas mãos, nos antebraços ou na 
face. Cuidados devem ser tomados ao manuseio 
de ovinos afetados e ao uso de vacinas vivas. 
 
A ocorrência de infecções crônicas, a 
possibilidade de ovinos previamente expostos se 
reinfectarem e a longa permanência do vírus 
viável no ambiente tornam difícil a erradicação da 
doença uma vez estabelecida no rebanho.

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