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(Varicela)guia_vigilancia_epidemiologica_7ed

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37Secretaria de Vigilância em Saúde / MS
VARICELA / HERPES ZOSTER
CID 10: B01 a B02
Características gerais
Descrição 
Varicela
É uma infecção viral primária, aguda, altamente contagiosa, caracterizada por surgimento de 
exantema de aspecto máculo-papular e distribuição centrípeta, que, após algumas horas, torna-se 
vesicular, evolui rapidamente para pústulas e, posteriormente, forma crostas, em 3 a 4 dias. Pode 
ocorrer febre moderada e sintomas sistêmicos. A principal característica clínica é o polimorfismo 
das lesões cutâneas, que se apresentam nas diversas formas evolutivas, acompanhadas de prurido. 
Em crianças, geralmente, é uma doença benigna e auto-limitada. Em adolescentes e adultos, em 
geral, o quadro clínico é mais exuberante.
Herpes zoster
Geralmente decorrente da reativação do vírus da varicela que permanece em latência, reati-
vando na idade adulta ou em pacientes imunocomprometidos, portadores de doenças crônicas, 
neoplasias, aids e outras. O herpes zoster tem quadro pleomórfico, causando desde doença benigna 
até outras formas graves, com êxito letal. Após a fase de disseminação hematogênica, em que atinge 
a pele, caminha centripetamente pelos nervos periféricos até os gânglios nervosos, onde poderá 
permanecer, em latência, por toda a vida. Causas diversas podem levar a uma reativação do vírus, 
que, caminhando centrifugamente pelo nervo periférico, atinge a pele, causando a característica 
erupção do herpes zoster. Excepcionalmente, há pacientes que desenvolvem herpes zoster após 
contato com doentes de varicela e, até mesmo, com outro doente de zoster, o que indica a possibi-
lidade de uma reinfecção em paciente já previamente imunizado. É também possível uma criança 
adquirir varicela por contato com doente de zoster. 
 
Sinonímia
Catapora.
Agente etiológico
É um vírus RNA. Vírus varicella-zoster (VVZ), família Herpetoviridae.
Reservatório
O homem.
Modo de transmissão
Pessoa a pessoa, através de contato direto ou de secreções respiratórias (disseminação aérea 
de partículas virais/aerossóis) e, raramente, através de contato com lesões de pele. Indiretamente 
é transmitida através de objetos contaminados com secreções de vesículas e membranas mucosas 
de pacientes infectados.
Período de incubação
Entre 14 a 16 dias, podendo variar entre 10 a 20 dias após o contato. Pode ser mais curto em 
pacientes imunodeprimidos e mais longo após imunização passiva.
Varicela / Herpes Zoster
Guia de Vigilância Epidemiológica | Caderno 4
38 Secretaria de Vigilância em Saúde /MS
Período de transmissibilidade
Varia de 1 a 2 dias antes da erupção até 5 dias após o surgimento do primeiro grupo de vesí-
culas. Enquanto houver vesículas, a infecção é possível. 
Suscetibilidade e imunidade
A suscetibilidade é universal. A infecção confere imunidade permanente, embora, raramente, 
possa ocorrer um segundo episódio de varicela. Infecções subclínicas são raras.
A imunidade passiva transferida para o feto pela mãe que já teve varicela assegura, na maioria 
das vezes, proteção até 4 a 6 meses de vida extrauterina. 
Aspectos clínicos e laboratoriais
Manifestações clínicas
Varicela
Período prodrômico – tem início com febre baixa, cefaleia, anorexia e vômito, podendo du-
rar de horas até 3 dias. Na infância, esses pródromos não costumam ocorrer, sendo o exantema o 
primeiro sinal da doença. Em crianças imunocompetentes, a varicela geralmente é benigna, com 
início repentino, apresentando febre moderada de 2 a 3 dias, sintomas generalizados inespecíficos 
e uma erupção cutânea pápulo-vesicular que se inicia na face, couro cabeludo ou tronco (distri-
buição centrípeta).
Período exantemático – as lesões comumente aparecem em surtos sucessivos de máculas que 
evoluem para pápulas, vesículas, pústulas e crostas. Tendem a surgir mais nas partes cobertas do 
corpo, podendo aparecer no couro cabeludo, na parte superior das axilas e nas membranas muco-
sas da boca e das vias aéreas superiores. 
O aparecimento das lesões em surtos e a rápida evolução conferem ao exantema o polimorfismo 
regional característico da varicela: lesões em diversos estágios (máculas, pápulas, vesículas, 
pústulas e crostas), em uma mesma região do corpo.
Nos adultos imunocompetentes, a doença cursa de modo mais grave do que nas crianças, 
apesar de ser bem menos frequente (cerca de 3% dos casos). A febre é mais elevada e prolongada, o 
estado geral é mais comprometido, o exantema mais pronunciado e as complicações mais comuns, 
podendo levar a óbito, principalmente devido a pneumonia primária. 
A varicela está associada à síndrome de Reye, que ocorre especialmente em crianças e adoles-
centes que fazem uso do ácido acetilsalisílico (AAS) durante a fase aguda. Essa síndrome caracte-
riza-se por um quadro de vômitos após o pródromo viral, seguido de irritabilidade, inquietude e 
diminuição progressiva do nível da consciência, com edema cerebral progressivo. A síndrome de 
Reye é o resultado de um comprometimento hepático agudo, seguido de comprometimento cere-
bral. Portanto, está contraindicado o uso de AAS por pacientes com varicela.
 
Varicela e gravidez 
A infecção materna no primeiro ou no segundo trimestre da gestação pode resultar em em-
briopatia. Nas primeiras 16 semanas de gestação, há um risco maior de lesões graves ao feto que po-
dem resultar em baixo peso ao nascer, cicatrizes cutâneas, microftalmia, catarata e retardo mental.
Gestantes que tiverem contato com casos de varicela e herpes-zoster devem receber a imuno-
globulina humana contra esse vírus. 
39Secretaria de Vigilância em Saúde / MS
Herpes zoster 
O quadro clínico do herpes zoster é, quase sempre, típico. A maioria dos doentes refere, an-
tecedendo às lesões cutâneas, dores nevrálgicas, além de parestesias, ardor e prurido locais, acom-
panhados de febre, cefaleia e mal-estar. A lesão elementar é uma vesícula sobre base eritematosa. 
A erupção é unilateral, raramente ultrapassando a linha mediana, seguindo o trajeto de um nervo. 
Surgem de modo gradual, levando de 2 a 4 dias para se estabelecerem. Quando não ocorre infec-
ção secundária, as vesículas se dissecam, formam-se crostas e o quadro evolui para a cura em 2 a 4 
semanas. As regiões mais comprometidas são a torácica (53% dos casos), cervical (20%), trigêmeo 
(15%) e lombossacra (11%). Em pacientes imunossuprimidos, as lesões surgem em localizações 
atípicas e, geralmente, disseminadas. O envolvimento do VII par craniano leva a uma combinação 
de paralisia facial periférica e rash no pavilhão auditivo, denominado síndrome de Hawsay-Hurt, 
com prognóstico de recuperação pouco provável. O acometimento do nervo facial (paralisia de 
Bell) apresenta a característica de distorção da face. Lesões na ponta e asa do nariz sugerem envol-
vimento do ramo oftálmico do trigêmeo, com possível comprometimento ocular. Nos pacientes 
com herpes zoster disseminado e/ou recidivante, é aconselhável fazer sorologia para HIV, além de 
pesquisar neoplasias malignas.
Diagnóstico
Principalmente através do quadro clínico-epidemiológico. O vírus pode ser isolado das lesões 
vesiculares durante os primeiros 3 a 4 dias de erupção. 
Diagnóstico laboratorial 
Os exames laboratoriais não são utilizados para confirmação ou descarte dos casos de varice-
la, exceto quando é necessário fazer o diagnóstico diferencial em casos graves.
A identificação do VVZ pode ser feita pelo teste direto de anticorpo fluorescente ou por cul-
tura em tecido, por meio de efeito citopático específico, porém esse método é de alto custo e sua 
disponibilidade é limitada.
O PCR é considerado o padrão ouro para diagnóstico de infecção pelo VVZ.
Os testes sorológicos são os mais utilizados e, dentre eles, a aglutinação pelo látex ou o Elisa 
apresentam bons resultados, além de estarem comercialmente disponíveis.
Os testes mais utilizados são os seguintes: ensaio imunoenzimático (EIE), aglutinação pelo 
látex (AL) e imunofluorescência indireta (IFI). A identificação do VVZ pode ser realizada através 
da culturado líquido vesicular. O vírus pode ser isolado das lesões vesiculares durante os primeiros 
3 a 4 dias de erupção ou identificado pelas células gigantes multinucleadas, em lâminas preparadas, 
a partir de material obtido de raspado da lesão, ou pela inoculação do líquido vesicular em culturas 
de tecido, porém a identificação das células gigantes multinucleadas não é específico para o VVZ. 
Aumento em quatro vezes da titulação de anticorpos por diversos métodos (imunofluorescência, 
fixação do complemento, Elisa) também auxilia o diagnóstico. O PCR tem sido utilizado.
Diagnóstico diferencial
Varíola (erradicada); coxsackioses; infecções cutâneas; dermatite herpetiforme de During 
Brocq; impetigo; erupção variceliforme de Kaposi; riquetsioses, entre outras.
Em caso de dúvida quanto ao diagnóstico, encaminhar o paciente para uma unidade de 
saúde de referência.
Complicações
Infecção bacteriana secundária de pele: impetigo, abcesso, celulite, erisipela, causadas por S. 
aureus, Streptococcus pyogenes, que podem levar a quadros sistêmicos de sepse, com artrite, pneu-
monia, endocardite, encefalite ou meningite e glomerulonefrite. Pode ocorrer Síndrome de Reye, 
Varicela / Herpes Zoster
Guia de Vigilância Epidemiológica | Caderno 4
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caracterizada por quadro neurológico de rápida progressão e disfunção hepática, associado ao uso 
de ácido acetil-salicílico, principalmente em crianças. Infecção fetal, durante a gestação, pode levar 
à embriopatia, com síndrome da varicela congênita (varicela neonatal que se expressa por meio de 
um ou mais dos seguintes sintomas: microoftalmia, catarata, atrofia óptica e do sistema nervoso 
central). Imunodeprimidos podem ter a forma de varicela disseminada, varicela hemorrágica. 
A nevralgia pós-herpética é definida como dor persistente por 4 a 6 semanas após a erupção 
cutânea. Sua incidência é claramente associada à idade, atingindo cerca de 40% dos indivíduos 
acima de 50 anos. É mais frequente em mulheres e após comprometimento do trigêmeo.
Tratamento
Sintomático – antihistamínicos sistêmicos, para atenuar o prurido, e banhos de permanga-
nato de potássio, na diluição de 1:40.000. Havendo infecção secundária, recomenda-se o uso de 
antibióticos sistêmicos. Varicela em crianças é uma doença benigna, que em geral não necessita de 
tratamento específico. 
• Tópico – compressas de permanganato de potássio (1:40.000) ou água boricada a 2%, 
várias vezes ao dia. Deve-se ter o cuidado de proteger os olhos quando da aplicação do 
permanganato.
• Específico – Antivirais: aciclovir.
› Crianças – quando indicado, 20mg/kg/dose, VO, 4 vezes ao dia, dose máxima 800mg/
dia, durante 5 dias. 
› Adultos – (altas doses) - 800mg, VO, 5 vezes ao dia, durante 7 dias. Só tem efetividade 
quando iniciado nas primeiras 24 horas da doença, ficando a indicação a critério médi-
co. Crianças imunocomprometidas devem fazer uso de aciclovir venoso ou em casos 
graves (adulto ou criança), na dosagem de 10mg/kg, a cada 8 horas, infundido durante 1 
hora, durante 7 a 14 dias. Seu uso está indicado, com restrições, em gestantes com com-
plicações graves de varicela. Outros antivirais têm sido indicados.
A nevralgia pós-herpética (NPH) é uma complicação frequente (até 20%) da infecção pelo 
herpes zoster, que se caracteriza pela refratariedade ao tratamento. A terapia antiviral específi-
ca, iniciada em até 72 horas após o surgimento do rash, reduz a ocorrência da NPH. O uso de 
corticosteróides, na fase aguda da doença, não altera a incidência e a gravidade do NPH, porém 
reduz a neurite aguda, devendo ser adotado em pacientes sem imunocomprometimento. Uma vez 
instalada a NPH, o arsenal terapêutico é muito grande, porém não há uma droga eficaz para seu 
controle. São utilizados: creme de capsaicina, de 0,025% a 0,075%; lidocaína gel, a 5%; amitriptili-
na, em doses de 25 a 75mg, VO; carbamazepina, em doses de 100 a 400mg, VO; benzodiazepínicos. 
Rizotomia, termocoagulação e simpatectomia também têm sido empregadas.
Aspectos epidemiológicos 
A varicela é uma doença benigna, mas altamente contagiosa que ocorre, principalmente, em 
menores de 15 anos de idade. É mais frequente no final do inverno e início da primavera. Indiví-
duos imunocomprometidos, quando adquirem varicela primária ou recorrente, possuem maior 
risco de doença grave. A taxa de ataque para síndrome de varicela congênita, em recém-nascidos 
de mães com varicela no primeiro semestre de gravidez, é de 1,2%; quando a infecção ocorreu 
entre a 13ª a 20ª semanas de gestação, é de 2%. Recém-nascidos que adquirem varicela entre 5 
a 10 dias de vida, cujas mães infectaram-se 5 dias antes do parto e 2 dias após o mesmo, estão 
mais expostos à varicela grave, com a letalidade podendo atingir 30%. A infecção intrauterina e 
a ocorrência de varicela antes dos 2 anos de idade estão relacionadas à ocorrência de zoster em 
idades mais jovens. 
41Secretaria de Vigilância em Saúde / MS
Herpes zoster e aids
A partir de 1981, o herpes zoster passou a ser reconhecido como uma infecção frequente 
em pacientes portadores de HIV. Posteriormente, observações epidemiológicas demonstraram ser 
uma manifestação inicial de infecção pelo HIV, cuja ocorrência é preditiva de soropositividade 
para HIV, em populações de risco. A incidência de herpes zoster é significativamente maior entre 
indivíduos HIV positivos que entre os soro negativos (15 vezes mais frequente nos primeiros). A 
incidência cumulativa de zoster por 12 anos após a infecção pelo HIV foi de 30%, taxa relativamen-
te constante, podendo caracterizar manifestação precoce ou tardia da infecção pelo HIV. Compli-
cações, como retinite, necrose aguda de retina e encefalite progressiva fatal, têm sido relatadas com 
mais frequência em pacientes HIV positivos.
Situação epidemiológica da varicela no Brasil
No Brasil, a varicela não é uma doença de notificação compulsória, embora os surtos devam ser 
notificados às secretarias municipais e estaduais de saúde. Estudo realizado no país, em 1997, avaliou 
a prevalência da infecção pelo vírus varicela zoster em 975 amostras de soro de adultos jovens de 20 
a 29 anos, doadores de sangue de cinco capitais brasileiras: Fortaleza, Salvador, São Paulo, Curitiba e 
Porto Alegre. A soroprevalência global de anticorpos anti-varicela zoster foi de 94%, e a soropreva-
lência nas regiões de clima tropical (Fortaleza e Salvador, 89%) foi significativamente menor que nas 
regiões de clima temperado (97%). Outro estudo, conduzido de 1992 a 1994, em escolas públicas do 
município de São Paulo, indica que o contato com o vírus varicela zoster ocorre nos primeiros anos 
da infância. Cerca 40% das crianças com 1 ano apresentaram anticorpos anti-varicela zoster; essa 
proporção aumentou rapidamente até o 3º ano, manteve-se ascendente e alcançou 90% aos 10 anos.
No período de 1998 a 2007, foram registradas no SIH-SUS 36.623 internações por varicela, 
com uma média anual de 3.662,3 casos (desvio padrão = 2.102,9). De acordo com o Gráfico 1, o 
número de internações variou de 1.488 (em 2000) a 7.791(em 2003), enquanto que, para o núme-
ro de óbitos, essa variação foi de 8 (em 2002) a 44 (em 2006). Já a variação máxima e mínima da 
letalidade foi de 0,34% (em 2002) a 1,28% (em 2000). O maior número de hospitalizações concen-
tra-se na faixa etária de 1 a 4 anos, seguido dos <1ano e de 5 a 9 anos (Gráfico 2). Embora o maior 
número absoluto de hospitalizações seja observado entre crianças, grupo em que se espera o maior 
número de casos da doença, proporcionalmente, os adultos, apresenta maior risco de evoluir com 
complicações, hospitalização e óbito, como mostrado na Figura 2. A taxa de letalidade entre os 
casos hospitalizados aumenta com a idade, chegando a 4,6% na faixa etária de 50 anos ou mais e 
2,6% na faixa etária de 15 a 49 anos (Grafico 2).
A SVS/MS solicita a notificação de casos agregados de varicela (surtos) e a notificação e inves-
tigação de casos graves e óbitos. A primeira tem como objetivo conheceros padrões de ocorrência 
da doença (sazonalidade e distribuição por faixa etária) e detectar surtos em sua fase inicial. A se-
gunda visa monitorar a intensidade da circulação viral e fatores associados à gravidade e óbito, que 
possam inclusive reorientar as recomendações de vacinação. O número de casos notificados de va-
ricela registrado no Sinan NET aponta 154.778 notificações, no ano de 2007, e 25.594 notificações, 
em 2008. A faixa etária com maior número de notificações foi de 1 a 4 anos, representando 40% 
dos casos, em 2007, e 39% dos casos, em 2008. Entre as unidades federadas que mais notificaram 
casos em 2007, encontra-se Minas Gerais, com 27% dos casos notificados, e, em 2008, Rio Grande 
do Sul, com 23% dos casos notificados.
Esta virose pode ocorrer durante o ano todo, porém observa-se um aumento do número de 
casos no período que se estende do fim do inverno até a primavera (agosto a novembro). Apesar 
de acometer as mais variadas faixas etárias, estudos de soroprevalência da varicela realizados, no 
Brasil e no município de São Paulo, apontam que, até os 5 anos de idade, cerca de 50% das crianças 
ainda não tiveram esta doença. 
Varicela / Herpes Zoster
Guia de Vigilância Epidemiológica | Caderno 4
42 Secretaria de Vigilância em Saúde /MS
Vigilância epidemiológica
Objetivos 
• Conhecer os padrões de ocorrência da doença (sazonalidade e distribuição por faixa etária) 
e detectar surtos em sua fase inicial. 
• Fazer isolamento dos casos e bloqueio dos contatos, visando impedir a disseminação da 
doença.
A vigilância de casos graves de varicela visa monitorar a intensidade da circulação viral e 
fatores associados à gravidade e óbito, que possam, inclusive, reorientar as recomendações de va-
cinação atuais. 
Gráfico 1. Internamentos, óbitos e letalidade hospitalar devido a varicela por ano de 
ocorrência. Brasil, 1998 - 2007
9.000
8.000
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
In
te
rn
am
en
to
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250,00
200,00
150,00
100,00
50,00
0,00 N
° 
d
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sp
it
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ar
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Internamentos Letalidade hospitalar (%) Óbito
Fonte: SVS/MS
Gráfico 2. Número de internamentos e taxa de letalidade hospitalar por varicela segundo 
faixa etária. Brasil, 1998 - 2007
20.000
18.000
16.000
14.000
12.000
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
5,0
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
50 e +15 a 49 anos5 a 14 anos1 a 4 anos<1 ano
Internamentos Letalidade hospitalar
In
te
rn
am
en
to
s
Le
ta
lid
ad
e 
h
o
sp
it
al
ar
 (
%
)
Fonte: SVS/MS
43Secretaria de Vigilância em Saúde / MS
Definição de caso 
Suspeito
Varicela – paciente com quadro discreto de febre moderada, de início súbito, que dura de 2 
a 3 dias, e sintomas generalizados inespecíficos (mal-estar, adinamia, anorexia, cefaleia e outros) 
e erupção cutânea pápulo-vesicular, que se inicia na face, couro cabeludo ou tronco (distribuição 
centrípeta – cabeça e tronco). 
Surtos de varicela – considerar, surtos de varicela, a ocorrência de número de casos acima do 
limite esperado, com base nos anos anteriores, ou casos agregados em instituições, como creches, 
escolas e hospitais pediátricos. 
Varicela grave – paciente com febre alta (>38ºC) e lesões cutâneas polimorfas (pápulas, vesí-
culas, pústulas, crostas), que: 
• tenha sido hospitalizado, OU
• evoluiu com complicações ou óbito, E
• pertença a um dos seguintes grupos:
› recém-nascidos, adolescentes, adultos;
› pacientes imunodeprimidos, gestantes.
Confirmado 
Critério clínico – são manifestações clínicas características da varicela: paciente com febre 
moderada de 2 a 3 dias, de início repentino, sintomas generalizados inespecíficos (mal-estar, adi-
namia, anorexia, cefaleia e outros) e erupção cutânea pápulo-vesicular. 
 
Critério clínico epidemiológico – todo caso suspeito de varicela que teve contato com caso 
de varicela até 8 dias antes do início do exantema. 
Descartado
Caso suspeito de varicela não grave – cuja avaliação clínico-epidemiológica conclua como 
sendo outra doença.
Caso suspeito de varicela grave – com diagnóstico laboratorial negativo para varicela ou 
confirmado como outra doença.
Notificação
A ocorrência de casos suspeitos de varicela não requer notificação e investigação por não se tratar 
de doença de notificação compulsória. Na situação de surto, a notificação deve ser realizada através do 
módulo de notificação de surtos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). 
Primeiras medidas a serem adotadas
 
Assistência médica ao paciente
Tratamento sintomático em nível ambulatorial. Hospitalização imediata dos pacientes com 
varicela grave ou zoster disseminado, em regime de isolamento.
Proteção da população
Afastar os acometidos da escola, creches, trabalho, etc, por um período de 10 dias, contados 
a partir da data de aparecimento do exantema. Vacinar os indivíduos sob risco de desenvolver for-
mas graves, de acordo com orientações do item Imunização, deste Capítulo. 
Varicela / Herpes Zoster
Guia de Vigilância Epidemiológica | Caderno 4
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Investigação
Recomenda-se investigar os casos graves. 
Roteiro da investigação epidemiológica 
Identificação do paciente
Preencher todos os campos dos itens da ficha de notificação.
 
Coleta de dados clínicos e epidemiológicos
• É necessário consultar o prontuário e entrevistar o médico assistente para completar as 
informações clínicas sobre o paciente. Essas informações servirão para definir se o quadro 
apresentado é compatível com a varicela grave. Sugere-se que se faça uma cópia da anam-
nese, exame físico e da evolução do doente, com vistas ao enriquecimento da análise. 
• Verificar se o paciente foi vacinado previamente contra varicela, se entrou em contato com 
casos de varicela ou herpes zoster ou se já teve varicela em algum momento de sua vida. 
Registrar a data da vacinação para saber se o mesmo encontrava-se protegido. Essa infor-
mação é também utilizada como subsídio para a escolha dos exames laboratoriais. 
• Acompanhar a evolução dos pacientes e os resultados dos exames laboratoriais específicos.
• Verificar se, na residência, estão ocorrendo outros casos. Investigar minuciosamente: des-
locamentos do caso, de seus familiares e/ou de amigos (considerar todos os deslocamentos 
que antecederam 10 dias do início do exantema, inclusive os de curta duração), para iden-
tificar a ocorrência de outros casos.
Análise de dados
A análise dos dados da investigação deve permitir a avaliação da magnitude do problema e da 
adequação das medidas adotadas. Essa análise, como referido anteriormente, deve ser orientada 
para identificação do local de transmissão, fonte de infecção, dimensionamento da real magnitude 
do episódio, extensão do surto, etc. Consolidar os dados considerando as características de pessoa, 
tempo e área geográfica.
Encerramento de casos
Os casos notificados serão classificados de acordo com os critérios mencionados no item De-
finição de caso, neste Capítulo. 
Relatório final
Os dados da investigação deverão ser sumarizados em um relatório com as principais 
conclusões.
Instrumentos disponíveis para controle 
Imunização
Vacina 
As vacinas contra a varicela são de vírus vivo atenuado, provenientes da cepa OKA. Cada dose 
da vacina deve conter no mínimo 1.350 unidades formadoras de placa UFP de VZV em cultura de 
células. Contêm traços de neomicina e gelatina. A sua administração é feita por via subcutânea, a 
partir dos 12 meses de idade.
Até o momento, a vacinação universal contra a varicela não é realizada no Brasil, exceto nas 
populações indígenas em caso de surto, a partir dos 6 meses, e para a prevenção da doença em in-
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divíduo suscetível de qualquer idade, até 96 horas após a exposição a uma fonte de infecção, desde 
que seja integrante de grupo de risco para as formasgraves da doença. Além disso, essa vacina 
encontra-se disponível nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) para ser 
administrada em acordo com as indicações específicas.
A vacina contra varicela integra o calendário de rotina de imunização da população indígena, 
tendo em vista a alta letalidade observada nesses povos.
Situações especiais em que deve ser indicada a vacina contra a varicela, de acordo 
com as orientações dos Centros de Referências de Imunobiológicos Especiais (CRIE)
• Pacientes imunocomprometidos (leucemia linfocítica aguda e tumores sólidos em remis-
são, pelo menos, 12 meses), desde que apresentem resultado maior ou igual a 1.200 linfó-
citos/mm3, sem radioterapia; caso esteja em quimioterapia, suspendê-la por 7 dias antes e 7 
dias depois da vacinação.
• Pessoas suscetíveis à doença, candidatos a transplante de órgãos (fígado, rim, coração, pul-
mão e outros órgãos sólidos), pelo menos 3 semanas antes do ato cirúrgico.
• Profissionais de saúde, familiares suscetíveis à doença, imunocompetentes que estejam em 
convívio comunitário ou hospitalar com imunocomprometidos.
• Suscetíveis à doença, imunocompetentes, no momento da internação em enfermaria onde 
haja caso de varicela.
• HIV positivos, assintomáticos ou oligossintomáticos.
Crianças vacinadas com menos de 6 meses de idade devem receber a 2ª dose após 
completar 12 meses.
Contraindicações da vacina
• Gestantes (mulheres em idade fértil devem evitar a gravidez durante 30 dias após 
administração).
• Imunodeprimidos, exceto os casos previstos nas indicações acima (pacientes em uso de 
terapia imunossupressora só deverão fazer uso da vacina após 3 meses de suspensão da 
medicação).
• Durante 1 mês após o uso de corticosteróides em dose imunodepressora (equivalente a 
2mg/Kg/dia ou mais prednisona, durante 14 ou mais).
• Reação anafilática à dose anterior da vacina ou a algum de seus componentes.
Eventos adversos
Dor transitória, hiperestesia, rubor no local da aplicação. Um mês após a vacinação, em cerca 
de 7 a 8% dos indivíduos, pode ocorrer exantema maculopapular ou variceliforme, de pequena 
intensidade. A literatura refere que eventos adversos a essa vacina são poucos significativos, obser-
vando-se manifestações como dor, calor e rubor em torno de 6%, em crianças, e de 10 a 21%, em 
adultos suscetíveis.
Observação
Não utilizar salicilatos durante 6 semanas após a vacinação, por terem sido temporalmente 
associados à ocorrência de síndrome de Reye.
O risco de herpes zoster é mais baixo após a vacinação do que após a doença natural.
Varicela / Herpes Zoster
Guia de Vigilância Epidemiológica | Caderno 4
46 Secretaria de Vigilância em Saúde /MS
Imunoglobulina humana antivaricela–zoster (IGHAV)
É obtida de plasma humano contendo títulos altos de IgG contra o vírus da varicela. Contém 
de 10 a 18% de globulina e timerosol como preservativo. É administrada por via intramuscular em 
qualquer idade.
 
Indicação 
• Indivíduo imunodeprimido que tenha tido contato com doente de varicela em fase 
contagiosa. 
• Indivíduo suscetível de alto risco que tenha tido contato com paciente com herpes-zoster.
Deve ser utilizada, no máximo, até 96 horas após ter ocorrido o contato, o mais precocemente 
possível. Está disponível nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE), de acor-
do com as recomendações a seguir:
• menores de 6 meses de idade (em situação de surto);
• crianças e adultos imunocomprometidos em qualquer idade;
• gestantes;
• recém-nascidos de mães nas quais a varicela surgiu nos últimos 5 dias de gestação ou nos 2 
primeiros dias após o parto;
• recém-nascidos prematuros, com menos de 28 semanas de gestação (ou menos de 1.000g 
ao nascimento), independente de história materna de varicela.
Medidas de prevenção
Gerais
• Lavar as mãos após tocar nas lesões potencialmente infecciosas.
 
Específicas
• Isolamento – crianças com varicela não complicada só devem retornar à escola após todas 
as lesões tenham evoluído para crostas. Crianças imunodeprimidas ou que apresentam 
curso clínico prolongado só deverão retornar às atividades após o término da erupção 
vesicular.
• Pacientes internados – isolamento.
• Desinfecção – concorrente dos objetos contaminados com secreções nasofaríngeas.
Imunoprofilaxia em surtos
A varicela não é uma doença de notificação compulsória em casos isolados, porém os surtos 
decorrentes deste agravo em hospitais, creches, pré-escolares, escolas, comunidade em geral, devem 
ser notificados e registrados no Sinan.
A vacina contra varicela, para utilização em surtos, está disponível apenas para bloqueio em 
ambiente hospitalar e controle em creches (pública ou privada).
Ambiente hospitalar
• Vacina contra varicela, para as pessoas imunocompetentes suscetíveis (pacientes, acompa-
nhantes e profissionais de saúde), até 12 horas após o contato com o caso índice (vacinação 
de bloqueio).
• Imunoglobulina humana antivaricela-zoster, para as crianças menores de 9 meses de idade, 
gestantes suscetíveis e imunocomprometidos, até 96 horas após o contato com o caso 
índice.
47Secretaria de Vigilância em Saúde / MS
Nas situações de controle de surto em hospitais, mesmo utilizando a vacina, é importante lem-
brar que existe a possibilidade de que um pequeno percentual de pessoas desenvolva a doença.
Creches
Considerando que a varicela em crianças que frequentam creches pode ser mais grave, a va-
cina está indicada, a partir da ocorrência do primeiro caso, no período máximo de até 4 semanas 
do último caso. Serão vacinadas as crianças na faixa etária de 9 meses a 5 anos, 11 meses e 29 dias 
de idade, suscetíveis a doença.
Instruções adicionais
• Identificar o número de crianças entre 9 meses e 5 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 
dias), que não tiveram varicela e que frequentam a instituição nas últimas 4 semanas, a par-
tir da identificação dos casos, independente do número de horas que a criança permaneça 
na instituição.
• Identificar o número de pessoas imunocomprometidos e as gestantes suscetíveis que ti-
veram contato com os casos. Anotar o peso para cálculo da dosagem da imunoglobulina 
específica.
• Identificar o número de funcionários da instituição que não tiveram varicela e tiveram con-
tato com os casos.
• Aplicar a imunoglobulina específica, dentro do período hábil para bloqueio das manifesta-
ções clínicas (96 horas).
• Monitorar o aparecimento de casos novos.
• Recomenda-se não aceitar matrículas de crianças suscetíveis até que tenham decorrido 21 
dias do último caso. Na impossibilidade, vacinar a criança antes da admissão.
• Após 21 dias sem novos casos, considera-se o surto controlado.
Os surtos de varicela devem ser registrados no boletim de notificação de surtos (BNS), do 
Sinan.
As crianças com varicela deverão ficar no seu domicílio por 7 dias ou até que todas as lesões 
tenham evoluído para crosta.
As doses aplicadas devem ser anotadas na carteira de vacinação e constar no API.
Ações de educação em saúde 
Em situações de surtos, desenvolver atividades de educação em saúde, principalmente em es-
colas e creches, visando orientar professores e pais para que os indivíduos com suspeita da doença 
permaneçam em casa. Alertar para a necessidade de vacinar os indivíduos conforme as situações 
apontadas no item Imunização e evitar que mantenham contato com pessoas portadoras da doença.
Varicela / Herpes Zoster

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