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AN02FREV001/REV 4.0 45 MÓDULO II Neste módulo iniciaremos a partir da migração celular. Introduziremos todos os processos de migração celular que existem no sistema imunológico, desde a migração dos leucócitos da corrente sanguínea para o sítio infeccioso até a migração das células apresentadoras de antígeno para os linfonodos. Antes de iniciarmos os nossos estudos deste módulo, segue uma figura para relembrarmos as etapas que foram vistas no módulo 1 deste curso FIGURA 27: ETAPAS INICIAIS DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA FONTE: ABBAS, 2008. AN02FREV001/REV 4.0 46 2 FUNÇÃO EFETORA DOS COMPONENTES DO SISTEMA IMUNOLÓGICO: MIGRAÇÃO PARA O SÍTIO INFLAMATÓRIO As nossas células se movem continuamente pela corrente sanguínea, e para que estas células migrem do sangue para o local de infecção é necessária à presença de: moléculas de adesão nas células endoteliais e quimiocinas, que são moléculas ou proteínas que têm a função de atrair essas células para o sítio infeccioso. O processo de migração celular é composto por diversas etapas, são elas: rolagem das células sob o endotélio, ativação de integrinas (moléculas de adesão, que se ligam a moléculas presentes na superfície das células) por meio da ação das quimiocinas, adesão estável da célula circulante sob as células endoteliais (forte ligação entre integrinas e moléculas da superfície celular) e a migração ou transmigração pelo endotélio (atravessa o endotélio) (ABBAS et al., 2008). Segue uma imagem para melhor entendermos esse processo. AN02FREV001/REV 4.0 47 FIGURA 28: PROCESSO DE ROLAMENTO E MIGRAÇÃO DOS LINFÓCITOS FONTE: ABBAS, 2008. A migração das células que se encontram na corrente sanguínea para o sítio infeccioso acontece da seguinte maneira. Vamos estudar cada etapa de forma separada. 2.1 ROLAGEM DOS LEUCÓCITOS SOBRE O ENDOTÉLIO Quando os leucócitos (células de defesa, ex.: macrófagos, células dendríticas) encontram o microrganismo é iniciada a produção de citocinas. As células do endotélio que revestem as vênulas no local da infecção aumentam a expressão, na superfície, de proteínas chamadas de selectinas. As citocinas produzidas pelos leucócitos são capazes de ativar as células a expressar mais AN02FREV001/REV 4.0 48 destas proteínas, as selectinas, em sua superfície. Existem dois tipos selectinas expressas pelas células endoteliais, são as selectinas P e E. Os leucócitos, assim como as células endoteliais, também são capazes de expressarem sua superfície em algumas destas proteínas, no entanto, nos leucócitos é possível encontrar expresso outro tipo de selectina, a selectina L. Os leucócitos também são capazes de expressar outras moléculas em sua superfície. Para que os circulantes se liguem fortemente às células endoteliais é necessário que haja ligantes para essas várias selectinas, logo, os leucócitos expressam os ligantes para as selectinas P e E. Inicialmente, somente a expressão destas moléculas não é capaz de induzir uma ligação forte entre leucócitos e células endoteliais. Isso é interessante entender, pois neste momento inicial, os leucócitos estão seguindo a “correnteza” da corrente sanguínea, por isso é necessário que a expressão se torne mais forte e que outras moléculas comecem a ser expressas para auxiliar neste processo. O conjunto da superexpressão de diversas moléculas torna o fluxo dos leucócitos, presentes na circulação, cada vez mais lento, e assim, os leucócitos conseguem permanecer mais tempo ligados às células endoteliais (KUBY, 2003; KINASHI, 2005; ABBAS et al., 2008). 2.2 AUMENTO DA AFINIDADE DAS INTEGRINAS As integrinas, assim como as selectinas, são proteínas com a função de mediar à adesão de leucócitos e linfócitos às células endoteliais. E como vimos anteriormente, as citocinas produzidas por leucócitos são as responsáveis pela indução da expressão dessas moléculas de adesão. Algumas dessas citocinas também podem ser chamadas de quimiocinas, por apresentarem a função de atrair de forma específica outros tipos celulares. Quando acontece um estado de infecção no organismo, várias células migram para o sítio infeccioso, e lá produzem e secretam citocinas e quimiocinas. Essas quimiocinas produzidas por leucócitos são transportadas para a superfície das células endoteliais das vênulas e exibidas em grande quantidade, formando um AN02FREV001/REV 4.0 49 Gradiente de Concentração de Quimiocinas. Nesse momento, estas quimiocinas emitem sinais que estimulam nas células endoteliais, o aumento da expressão de ligantes de integrinas, e nos leucócitos ainda circulantes o aumento da expressão das integrinas. O resultado do aumento da expressão das moléculas de adesão e seus ligantes é uma maior afinidade entre leucócitos (as integrinas de adesão presentes na superfície dos leucócitos) e células endoteliais (ligantes presentes na superfície das células endoteliais). Esta maior afinidade entre os leucócitos e células endoteliais induz um rolamento cada vez mais lento destes leucócitos sob o endotélio, até que fiquem parados ou presos ou ligados firmemente, gerando uma adesão estável (KUBY, 2003; KINASHI, 2005; ABBAS et al., 2008).. 2.3 ADESÃO ESTÁVEL O resultado da ativação das moléculas de adesão (integrinas e selectinas) é o aumento da afinidade entre as moléculas e seus ligantes. Alguns exemplos de moléculas de adesão são: VCAM-1 (molécula de adesão da célula vascular) que se liga a VLA-4 (ligante para integrina); ICAM-1 (molécula de adesão intercelular-1) que se liga a LFA-1 e Mac-1 (ligantes para integrinas). Com o aumento da afinidade das moléculas, os leucócitos se fixam firmemente ao endotélio, e o citoesqueleto celular é reorganizado de tal maneira que a células se espalha sobre a superfície endotelial. O citoesqueleto celular é reorganizado desta maneira, pois somente assim todas as moléculas da superfície da célula, que colaboram a adesão celular, são capazes de interagir com seus respectivos ligantes encontrados no endotélio (KINASHI, 2005). 2.4 TRANSMIGRAÇÃO DOS LEUCÓCITOS POR MEIO DO ENDOTÉLIO Após os leucócitos estarem firmemente aderidos ao endotélio, as quimiocinas continuam agindo sobre eles, mas agora estas quimiocinas os forçam a AN02FREV001/REV 4.0 50 migrar por meio dos espaços interendoteliais. Essas quimiocinas formam um gradiente de concentração (grande quantidade de quimiocinas em um único lugar) que age sobre este leucócito aderido no endotélio. Os leucócitos conseguem migrar para o tecido extravascular e se acumulam em torno do micro-organismo, reconhecendo-o e fagocitando-o (KUBY, 2003; KINASHI, 2005; ABBAS et al., 2008).. FIGURA 29: EXPRESSÃO DE SELECTINAS E INTEGRINAS QUE AUXILIAM O PROCESSO DE ADERÊNCIA DOS LEUCÓCITOS AO ENDOTÉLIO FONTE: ABBAS, 2008. Após os leucócitos fagocitarem o antígeno, processo já estudado no módulo 1, nós já sabemos que eles são capazes de processá-los e em seguida apresentar peptídeos antigênicos para os linfócitos presentes em nossos linfonodos. Mas para isso acontecer, esses leucócitos precisam migrar até os linfonodos e essa migração também está relacionada com os sinais emitidos por quimiocinas e seus receptores, por exemplo: CCR7 (receptor de quimiocina). Mas até agora o que nós não sabemos é o que acontece com os linfócitos quando lhes são apresentados peptídeos antigênicos. Então, agora nós vamos estudar a ativação dos linfócitos e migração destes para o sítio inflamatório. AN02FREV001/REV 4.0 51 No módulo 1 nós vimos que os linfócitos T naives (virgens, que nunca entraram em contato com um antígeno) conseguem reconhecer peptídeos antigênicos apresentados por células apresentadorade antígeno profissionais (células dendríticas) no linfonodo, e isso leva a uma ativação celular que é dependente de várias moléculas presentes na superfície das duas células, como, por exemplo: MHCI ou MHCII, TCR, CD4 ou CD8, B7-1, B7-2, CD80 e CD86. Essa ativação celular induz um processo conhecido como expansão clonal, ou seja, a ativação leva ao aumento do número de células, sendo estes clones uma das outras. Somente com um grande número de linfócitos T específicos para o antígeno que foi capaz de ativar a célula que nosso organismo conseguirá eliminar o agente infeccioso (ABBAS et al., 2008). FIGURA 30: APRESENTAÇÃO ANTIGÊNICA E EXPANSÃO CLONAL DE LINFÓCITOS FONTE: ABBAS, 2008. Com a expansão clonal também ocorre à diferenciação dessas células em: linfócitos T efetores e linfócitos T de memória. Os linfócitos T CD4+naives que foram ativados por terem recebido o primeiro sinal (TCR é capaz de reconhecer o antígeno associado à molécula do MHC, formando o complexo MHCII+peptídeo antigênico) e o segundo sinal Expansão clonal das células T AN02FREV001/REV 4.0 52 (moléculas coestimuladoras), começam a produzir interleucinas, que também são chamadas de citocinas. Cada linfócito pode produzir e secretar diversas citocinas de acordo com o contexto em que foi ativado. Um exemplo de citocina é a IL-2, citocina capaz de agir sobre o próprio linfócito (ação denominada autócrina) levando a expansão de clones específicos para o antígeno. A interleucina 2 ou IL-2 é muito importante neste momento, pois ela é capaz de estimular os linfócitos a se diferenciarem em linfócitos T efetores ou linfócitos de memória. Após a diferenciação celular, algumas dessas células vão deixar o órgão linfoide secundário (linfonodo) e entrar na corrente sanguínea; outras permanecerão no órgão linfoide secundário (linfonodo), local onde ajudarão outras células a se diferenciarem. Os linfócitos T CD4+ efetores, como o próprio nome já indica, são as células que entrarão na corrente sanguínea e serão capazes de migrar para qualquer local de infecção ou inflamação e efetuarem a sua função. Nesses locais, essas células vão encontrar com vários agentes infecciosos, no entanto, só irão responder eficazmente no momento em que encontrarem o antígeno que a ativou assim este antígeno será eliminado. Esse tipo celular quando diferenciado é capaz de produzir e liberar citocinas que ajudam outras células, como os macrófagos, a destruir os antígenos fagocitados. Os linfócitos que permaneceram nos linfonodos são os chamados linfócitos T CD4+ de memória. Este grupo celular não é capaz de migrar para qualquer local de infecção. Porém, esses linfócitos de memória, assim como os efetores, também são capazes de ajudar outros tipos celulares, neste caso, os linfócitos de memória auxiliam os linfócitos B a se diferenciarem em plasmócitos (células produtoras de anticorpos). Visto que os linfócitos T CD4+ estão sempre auxiliando outros tipos celulares, eles foram denominados: Linfócitos Th (h- helper: ajuda, auxílio). E quando este tipo celular é ativado e se diferencia sobre estímulo de citocinas, podem gerar vários subtipos de linfócitos T helper (MOSMANN et al., 2005; ABBAS et al., 2008). Abaixo segue alguns dos vários subtipos de linfócitos T helper. AN02FREV001/REV 4.0 53 FIGURA 31: DIFERENCIAÇÃO DE LINFÓCITOS T HELPER CD4+ FONTE: Nature review, 2005. A ativação dos linfócitos sejam eles CD8+ ou CD4+ ocorre a partir de alguns sinais, então os linfócitos T CD8+ também precisam de um reconhecimento do antígeno (1º sinal) e de moléculas coestimuladoras como 2º sinal. Isso leva a sua ativação e proliferação seguida da expansão clonal e diferenciação em CTLs. No entanto, a natureza desse segundo sinal pode ser diferente daquele observado para os linfócitos T CD4+, no entanto os procedimentos que se seguem são semelhantes para ambos os linfócitos T. A indução da resposta deste tipo celular é em partes muito especial, pois os antígenos que esta célula é capaz de reconhecer podem ser produzidos por alguns tipos celulares, como uma célula tecidual infectada, as quais não são apresentadoras de antígenos profissionais. E para que os linfócitos T CD8+ sejam ativados neste contexto acima, também é necessário que aconteça a apresentação de antígeno, no entanto, o antígeno é uma célula infectada. Curiosamente, o nosso sistema imunológico contém um tipo celular que é chamado de APC (célula apresentadora de antígeno profissional) estas são as células dendríticas. Essas células são capazes de capturar AN02FREV001/REV 4.0 54 e ingerir células infectadas por vírus ou células tumorais, e ainda apresentar seus peptídeos antigênicos aos linfócitos T CD8+ naives. Essa é uma via diferente das duas que estudamos no primeiro módulo, pois agora, o antígeno que foi fagocitado e que está dentro de uma vesícula (extracelular – MHCII) é transportado para o citosol da célula (intracelular – MHCI), entrando então para a via de processamento antigênico de classe I, para posteriormente serem apresentados aos linfócitos TCD8+. Esta via de apresentação antigênica foi então denominada como: Apresentação cruzada, pois usam as duas vias de processamento MHC de classe II e MHC de classe I (ABBAS et al., 2008). FIGURA 32: APRESENTAÇÃO CRUZADA FONTE: ABBAS, 2008. Os linfócitos B são células que ficam circulando entre a corrente sanguínea e os órgãos linfoides secundários, sempre em busca de antígenos. Esse grupo celular é capaz de reconhecer os antígenos em sua forma nativa, endocitá-lo, processá-lo e apresentar peptídeos antigênicos para os linfócitos T CD4+. Essa característica observada nos linfócitos B os classifica como células que podem atuar como células apresentadoras de antígeno. Essas células além de atuarem como apresentadoras de antígenos, também são capazes de se diferenciarem em plasmócitos e iniciar a produção de anticorpos específicos para aqueles antígenos que desencadearam a sua ativação. Antígeno capturado Resposta de célula T Célula dendrítica Fagocitose da célula infectada Célula T CD8 vírus-específica AN02FREV001/REV 4.0 55 Contudo, a resposta mediada por anticorpos a antígenos proteicos necessita de um auxílio dos linfócitos T CD4+, pois são estas as células capazes de reconhecer este tipo de antígeno mediante apresentação via MHCII, e secretar citocinas que estimulam os linfócitos B a produzirem os anticorpos específicos a antígenos proteicos. Devido a essa dependência foi dado algumas denominações quanto à capacidade das células B a responderem aos antígenos, são elas: antígenos T-dependentes e antígenos T-independentes. A ativação dos diversos grupos celulares só ocorre a partir de um estímulo antigênico. No entanto, o sistema imunológico não é apenas composto por células, e desta forma, no sítio inflamatório nós também podemos observar a ativação de proteínas que auxiliam no processo de eliminação do antígeno. Estas proteínas são conhecidas como Sistema Complemento. O sistema complemento apresenta três vias de resposta, as quais são ativadas por diferentes fatores, contudo, existem duas das três vias que são ativadas na presença de um microrganismo. São elas: a Via Alternativa, a qual é ativada nas superfícies das células microbianas na ausência de anticorpos; e a Via das Lectinas, a qual é ativada por uma lectina plasmática que se liga aos resíduos de manose presentes na superfície microbiana. Como nós já sabemos, existem três Vias do sistema complemento, e cada uma é ativada de forma particular, no entanto as três convergem em um ponto comum, o qual é a formação do C3b convertase e, posteriormente a formação do MAC (complexo de ataque a membrana). Segue agora uma figura sucinta que esclarecemelhor como é esse sistema complemento, e suas principais funções na resposta imunológica (WALPORT, 2001; ABBAS et al., 2008). AN02FREV001/REV 4.0 56 FIGURA 33: PROCESSOS DECORRENTES DA ATIVAÇÃO DAS VIAS DO SISTEMA COMPLEMENTO FONTE: ABBAS, 2008. A seguinte figura mostra as etapas tardias da ativação do complemento com a formação do MAC (complexo de ataque à membrana do patógeno). FIGURA 34: ETAPAS TARDIAS DAS VIAS DO SISTEMA COMPLEMENTO. COMPLEXO DE ATAQUE À MEMBRANA FONTE: ABBAS, 2008. AN02FREV001/REV 4.0 57 FIGURA 35: ETAPAS ESTUDADAS DURANTE O MÓDULO FONTE: ABBAS, 2008. 2.5 FUNÇÃO EFETORA DOS COMPONENTES DO SISTEMA IMUNOLÓGICO: ELIMINAÇÃO DO ANTÍGENO E HOMEOSTASIA Os subconjuntos de células T CD4+ são diferenciados pelo tipo de citocinas que produzem e pelas suas funções efetoras. Agora vamos estudar cada subtipo de células T CD4+. Os subconjuntos melhores de células T efetoras na imunologia são as células do tipo Th1 e Th2, as quais possuem as citocinas: IFN-gama, e IL-4 e IL-5, respectivamente, como “assinaturas”. Essas citocinas que são produzidas por estes tipos celulares também são fundamentais para o desenvolvimento e expansão clonal das mesmas. As citocinas agem da seguinte maneira: quando há produção de IFN-gama por linfócitos T ocorre uma diferenciação destes para o padrão Th1, consequentemente a expressão desta citocina é capaz de inibir a diferenciação para AN02FREV001/REV 4.0 58 o padrão Th2, de forma contrária, o mesmo é observado quando se há produção da citocina IL-4, a qual é fundamental para a diferenciação dos linfócitos T para um padrão Th2 e inibição do padrão Th1. A diferenciação para o padrão de resposta do tipo Th1 é dependente da citocina IL-12 e INF-gama e da expressão do fator de transcrição T-bet. Essa diferenciação ocorre quando o nosso organismo entra em contato com micro- organismos que infectam ou ativam os macrófagos e as células NK. Essa infecção se dá por bactérias intracelulares e parasitas, também é estimulada por vírus e antígenos de origem proteica. Nesse caso, os microrganismos são reconhecidos por receptores do tipo Toll presentes na superfície celular de macrófagos e células dendríticas, ativam e induzem estas células a produzirem citocinas, como, IL-12, IL-18 e interferons do tipo 1. Outros microrganismos podem ativar estas células de forma indireta, estimulando as células NK a produzir IFN-gama, citocina capaz de ativar os macrófagos a produzir IL-12 (FIORENTINO et al., 1989; MOSMANN et al., 2005; ABBAS et al., 2008). As células NK são capazes de reconhecer células infectadas por um mecanismo usado por alguns microrganismos, o qual diminui a expressão de moléculas padrão na superfície de todas as células nucleadas o MHC I. Ou por apresentação de peptídeos antigênicos na superfície celular. AN02FREV001/REV 4.0 59 FIGURA 36: PROCESSOS DE ATIVAÇÃO E DIRECIONAMENTO DO PADRÃO DE RESPOSTA DO TIPO Th1 FONTE: KUBY, 2003. FIGURA 36.2: ATIVAÇÃO INDIRETA E AÇÃO SOBRE O ALVO FONTE: KUBY, 2003. Por outro lado, a diferenciação para o padrão Th2 ocorre em virtude de infecção por helmintos e alérgenos, os quais causam uma estimulação crônica AN02FREV001/REV 4.0 60 (persistente) nos linfócitos T.A diferenciação das células T para o subtipo Th2 é dependente da citocina IL-4, a qual ativa o fator de transcrição exclusivo deste tipo celular, o GATA-3. Os helmintos são microrganismos muito grandes para serem fagocitados e mais resistentes a ação microbicida dos macrófagos, então este subtipo celular produz a citocina IL-4 que estimula a produção de anticorpos, pelos linfócitos B, específicos para o helminto. Esses anticorpos, no caso IgE, são capazes de se ligar a superfície do helminto, nesse momento, dizemos que o helminto está opsonizado. Outra citocina então entra em ação, a IL-5, essa é capaz de ativar os eosinófilos (outro tipo de leucócito) ao helminto opsonizado, a secretarem seus granulo citoplasmáticos, como proteínas básicas e catiônicas que são responsáveis pela destruição do tegumento resistente dos helmintos. Outra solução é a capacidade de outro leucócito, os mastócitos, de se ligar a região do anticorpo que não está ligada ao helminto, esta região é denominada porção Fc. Os mastócitos possuem um receptor para a região Fc do anticorpo, chamada de Receptor FcE. Este receptor quando se liga a região Fc do anticorpo ativa os mastócitos a desgranularem, ou seja, liberarem seus grânulos citoplasmáticos, os quais são aminas vasoativas, alguns tipos de citocinas e mediadores lipídicos, resultando na destruição deste helminto (FIORENTINO et al., 1989; KUBY, 2003; MOSMANN et al., 2005; ABBAS et al., 2008; KIM et al., 2013). AN02FREV001/REV 4.0 61 FIGURA 37: PROCESSOS DE ATIVAÇÃO E DIRECIONAMENTO DO PADRÃO DE RESPOSTA DO TIPO Th2 FONTE: KUBY, 2003. FIGURA 38: DIFERENCIAÇÃO PARA O PADRÃO Th2, PRODUÇÃO DE ANTICORPOS IgE E OPSONIZAÇÃO DO HELMINTO FONTE: KUBY, 2003. AN02FREV001/REV 4.0 62 Existem vários outros subconjuntos de linfócito T helper, mas até o momento, em livros para estudo são abordados, além dos Th1 e Th2, os linfócitos Th17. Foi dado este nome a este subtipo celular, pois a principal citocina produzida por elas é a IL-17. Essas células não produzem IFN-gama ou IL-4, e assim como estudamos o padrão de resposta Th2, as células T naives quando na presença de citocinas como IFN-gama ou IL-4 tem a diferenciação para o padrão Th17 inibida. Algumas características já estão estabelecidas sobre este tipo de população celular, uma delas é que o seu papel principal está relacionado com a indução de resposta inflamatória com predominância de um tipo de leucócito, os neutrófilos. Dessa forma, esta resposta celular leva a grandes danos teciduais em doenças inflamatórias. Outra característica bem estabelecida para este tipo celular é a dependência das citocinas TGF-beta, IL-6 e IL-1 para que ocorra a diferenciação celular (ABBAS et al., 2008; ABE et al., 2013; KIM et al., 2013). FIGURA 39: ATIVAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DO PADRÃO DE RESPOSTA DO TIPO Th17 FONTE: COSTA, 2005 (MODIFICADO DE NATURE REVIEW). AN02FREV001/REV 4.0 63 Também existe uma população de células TCD4+ que se diferencia em células Treg (linfócitos T reguladores), influência das citocinas TGF-beta e IL-2. Elas apresentam como assinatura um fator de transcrição chamado FoxP3. Essas células são caracterizadas pela sua capacidade em regular/suprimir a resposta imunológica, diminuindo a ação efetora de outros tipos de linfócitos T.E isso só acontece porque as células Treg possuem um receptor para a citocina IL-2, chamado cadeia alpha (CD25). A citocina IL-2 tem um papel muito importante como fator de crescimento, de sobrevivência e diferenciação de linfócitos T, além de ser produzida pelas mesmas células com objetivo de se manter viva e funcional. No entanto, se as células Treg apresentam o receptor para esta citocina, significa que ela é capaz de “roubar” essa citocina dos linfócitos T, desta forma não ocorrerá à diferenciação destas células em Th1, Th2 ou Th17 (ABBAS et al., 2008; ABE et al., 2013; KIM et al., 2013). Este linfócito Treg também é capaz de regular ou inibir a ativação dos linfócitos T CD8+, desta maneira este linfócitos não se diferenciam em linfócitos citotóxicos (BERES et al., 2013). Existem outras maneiras de se regular a resposta imunológica,mas isso não será abordado neste módulo. Nós não podemos esquecer que a resposta imunológica contém vários outros celulares que atuam dos linfócitos T CD4. Então vamos entender melhor os linfócitos T CD8+, e em seguida vamos estudar os Linfócitos B. Os linfócitos T CD8+, também chamados de CTLs, são células efetoras que eliminam os micro-organismos intracelulares por meio da destruição da célula infectada. O desenvolvimento deste tipo celular segue semelhante àquele visto para os linfócitos T CD4+, com estimulação primária e secundária, expansão clonal, diferenciação celular e migração dos CTLs da corrente sanguínea para dentro do tecido. AN02FREV001/REV 4.0 64 FIGURA 40: DIFERENCIAÇÃO DOS LINFÓCITOS T CD8+ EM CTLs FONTE: ABBAS, 2008 (MODIFICADO). Os CTLs destroem as células-alvos (células infectadas) que expressam o mesmo antígeno associado ao MHC de classe I que gerou a proliferação e diferenciação dos linfócitos T CD8+ naives. Esta especificidade da função efetora das CTLs (reconhecer o MHC I associado ao antígeno que gerou sua expansão clonal e diferenciação) assegura que as células normais não sejam destruídas pelas mesmas. O processo de destruição do alvo consiste no reconhecimento antigênico, organização do citoesqueleto, liberação dos grânulos (“tiro letal”), constituídos por granzimas e perforinas, que destroem a célula alvo (BERTOLINO et al., 2001; ABBAS et al., 2008). AN02FREV001/REV 4.0 65 FIGURA 41: PROCESSO DE MORTE CELULAR REALIZADO POR LINFÓCITOS T CD8+ FONTE: ABBAS & LICHTMAN, 2005. Os linfócitos B também sofrem o processo de diferenciação, como vimos para os linfócitos T em geral. Esse tipo celular também sofre uma expansão clonal e diferenciam-se quando encontram com um antígeno quando são auxiliados pelos linfócitos T helper, tudo sobre estímulo de citocinas e moléculas adaptadoras, como CD40. Ambos os estímulos ativam fatores de transcrição, como abordado em linfócitos T, fundamentais no processo de diferenciação (KUBY, 2003; ABBAS et al., 2008). Quando ocorre a diferenciação deste tipo celular eles passam a se chamar plasmócitos. São estas as células capazes de produzir e secretar anticorpos. AN02FREV001/REV 4.0 66 FIGURA 42: DIFERENCIAÇÃO DE LINFÓCITOS B PARA PLASMÓCITOS FONTE: ABBAS, 2008. A principal função dos anticorpos é neutralizar, opsonizar o antígeno, auxiliando na fagocitose, ativar o sistema complemento e eliminar o micro- organismo, eles são produzidos nos órgãos linfoides e medula óssea, mas a sua ação efetora ocorre em locais bem distantes, pois esses são capazes de entrar na corrente sanguínea e circular para qualquer lugar onde o antígeno esteja localizado. AN02FREV001/REV 4.0 67 FIGURA 43: FUNÇÃO EFETORA DOS ANTICORPOS FONTE: ABBAS, 2008. Os anticorpos produzidos por plasmócitos podem ser de diferentes isótipos, ou seja, tipos diferentes e funções distintas. De maneira bem sucinta vamos aprender quais são os tipos de anticorpos que podem ser produzidos quando nós entramos em contato com algum tipo de microrganismo. IgM é uma imunoglobulina pentamérica capaz de ativar o sistema complemento, além de ser encontrada ligada a membrana de células B por ser um dos seus receptores. AN02FREV001/REV 4.0 68 FIGURA 44: ANTICORPO IgM FONTE: KUBY, 2003. IgG é outra imunoglobulina monomérica capaz de opsonizar microrganismos, ativar complemento. Esta imunoglobulina apresenta 4 subtipos que são IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4, e todas são encontradas de forma monomérica. FIGURA 45: ANTICORPO IgG FONTE: KUBY, 2003. IgA é uma imunoglobulina encontrada de forma dimérica e está sempre relacionada com a resposta imunológica de mucosas. AN02FREV001/REV 4.0 69 FIGURA 46: ANTICORPO IgA FONTE: KUBY, 2003. IgE é uma imunoglobulina monomérica que é capaz de agir em defesa contra parasitas helmínticos e em respostas de hipersensibilidade imediata. FIGURA 47: ANTICORPO IgE FONTE: KUBY, 2003. AN02FREV001/REV 4.0 70 IgD que é uma imunoglobulina encontrada ligada a membrana de linfócitos B como um de seus receptores. FIGURA 48: ANTICORPO IgD FONTE: KUBY, 2003. Todos os processos vistos até o momento são extremamente importantes para que ocorra a eliminação do antígeno. Com a eliminação dos microrganismos é importante que todas essas células vistas agora, que se multiplicaram, parem de agir, pois não há mais o que combater em nosso organismo. Dessa forma, neste momento da resposta imunológica é iniciado um processo conhecido como homeostasia. Esse procedimento nada mais é do que a manutenção do número constante de células do sistema imunológico. A resposta imunológica a um é autolimitada e desaparece à medida que os antígenos são eliminados, assim o sistema imunológico vai retornando ao seu estado basal. Podemos dizer que neste momento ocorre uma contração na resposta imunológica, onde pode ser observada a morte de várias células. Está morte é denominada apoptose, a qual só acontece de maneira programada, quando é imprescindível que ausência das células, pois se elas persistirem pode ocasionar alguma doença autoimune. Essa morte é resultado principalmente da ativação de sensores de morte como BIM e níveis reduzidos de proteínas de sobrevida como a Bcl-2 e Bcl-x. AN02FREV001/REV 4.0 71 Somente assim, a homeostasia é restaurada e o único sinal da resposta imune é a presença de linfócitos de memória (KUBY, 2003; ABBAS et al., 2008). FIGURA 49: FASES DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA FONTE: ABBAS, 2008. 2.6 TIPOS DE ANTÍGENOS QUE GERAM UMA RESPOSTA IMUNOLÓGICA Os antígenos são qualquer substância que pode ser de maneira específica reconhecida por anticorpos ou receptores de antígeno das células T. Os anticorpos conseguem reconhecer como antígeno qualquer tipo de molécula biológica, incluindo simples metabólitos, açúcares, lipídeos, hormônios, carboidratos, proteínas, ácidos nucléicos. Por outro lado, as células T só reconhecem peptídeos antigênicos. Embora todos os tipos de antígenos sejam reconhecidos por células T ou anticorpos, apenas alguns são capazes de ativar linfócitos, ou seja, gerar uma resposta imunológica. Esses antígenos que são capazes de ativar linfócitos são denominados imunógenos (ABBAS et al., 2008). AN02FREV001/REV 4.0 72 Apenas macromoléculas são capazes de ativar linfócitos B para se diferenciarem em plasmócitos e produzirem anticorpos, assim como, somente macromoléculas são reconhecidas pelos leucócitos, processados e apresentados peptídeos antigênicos aos linfócitos T. Existe um grupo de pequenas moléculas, substâncias químicas que podem ser reconhecidos por anticorpos, ou seja, antígenos, que não conseguem estimular as células B, logo esses antígenos não são imunogênicos. Para que sejam gerados anticorpos específicos para esse grupo de pequenos antígenos é necessário que conecte a eles uma proteína. Nesses casos, a pequena substância química é denominada de hapteno e a proteína é denominada carreadora, pois somente assim, formando um complexo denominado hapteno - carreador este antígeno passou a ser um imunógeno capaz de ativar a resposta imunológica (KATZ et al., 1975; ABBAS et al., 2008). FIGURA 50: ESQUEMA ILUSTRATIVO DO COMPLEXO HAPTENO - CARREADOR FONTE: ABBAS & LICHTMAN, 2005.Quando nós falamos em macromoléculas, pensamos em proteínas, polissacarídeos e ácidos nucleicos. E o nome já diz Macromoléculas, ou seja, são moléculas grandes, as quais geralmente são maiores do que a região de ligação do antígeno de um anticorpo (maior do que a fenda do receptor das células B). Por isso, sempre que houver um reconhecimento antigênico, nós dizemos que o receptor reconheceu um epítopo ou determinante antigênico. AN02FREV001/REV 4.0 73 Quando os receptores de reconhecimento padrão dos leucócitos (PRR) reconhecem um antígeno, nós já sabemos que foi capaz de reconhecer um padrão molecular associado ao patógeno (PAMPs), esse padrão molecular, ou seja, essa molécula presente na superfície do antígeno é denominada também como um epitopo ou determinante antigênico. Assim, da mesma forma como os leucócitos reconhecem seus antígenos, as células B por meio do seu receptor chamado BCR é capaz de reconhecer os epítopos antigênicos (TAKEUCHI et al., 2010). As macromoléculas geralmente apresentam vários epítopos antigênicos, sendo que, alguns podem ser iguais ou diferentes entre si. Quando se têm vários epítopo ou determinantes antigênicos iguais nós dizemos que este antígeno é multivalente ou polivalente. Pensando no conceito de antígenos proteicos que são capazes de ativar uma resposta imunológica, ou seja, imunógenos, podemos listar um grupo destes antígenos que são muito conhecidos: Os Vírus; As Bactérias; Os Fungos. Podem ser também alguns parasitas, protozoários, entre outros. E à base da resposta imunológica frente a estes tipos de antígenos vimos anteriormente, e agora nós vamos estudar quais células são mais eficazes frente aos diferentes tipos de antígenos. 2.7 CARACTERÍSTICAS ANTIGÊNICAS E QUAIS SÃO OS COMPONENTES DE DEFESA MAIS EFICIENTES PARA CADA TIPO DE ANTÍGENOS A defesa contra os microrganismos é sempre mediada pelos mecanismos efetores da imunidade natural e adquirido. Onde o sistema imunológico natural proporciona a defesa inicial e o sistema imunológico adquirido proporciona uma resposta mais forte. O sistema imunológico responde de forma distinta e especializado a diferentes tipos de microrganismos para que sejam combatidos com mais eficácia. Isso é importante, pois cada microrganismo difere em padrões de invasão e colonização do hospedeiro, sendo assim, a forma de eliminação do mesmo requer sistemas efetores diversos. AN02FREV001/REV 4.0 74 Nós vamos iniciar falando sobre as bactérias, nós sabemos que existem bactérias intracelulares e extracelulares. É muito importante termos em mente que a resposta para cada uma é diferenciada, pois existem momentos em que a bactéria está fora da célula e momentos em que a bactéria está dentro das células. Então, pensando um pouco sobre as bactérias extracelulares nós podemos dizer que elas são capazes de se replicar fora das células. Nesse caso, elas acabam por preferir se replicar em tecidos conjuntivos, circulação e em espaços teciduais. Muitas espécies de bactérias extracelulares são patogênicas, causando graves doenças em seu hospedeiro, algumas são capazes de produzir toxinas que possuem efeitos patológicos diversos. Essas toxinas podem ser endotoxinas, ou seja, toxinas componentes da própria parede celular da bactéria; e podem ser exotoxinas, ou seja, estas são secretadas pelas bactérias. Um tipo de endotoxina é o Lipopolissacarídeo (LPS), essa endotoxina nós já sabemos que é capaz de ativar um tipo de leucócito da resposta imune natural, os macrófagos, por meio dos PRR. Logo, podemos deduzir que um tipo de defesa importante durante esta infecção é a resposta imune mediada por macrófagos, os quais são capazes de reconhecer o LPS (um epítopo antigênico) fagocitar o antígeno, processá-lo e apresentá-lo aos linfócitos T (KUBY, 2003; ABBAS et al., 2008). AN02FREV001/REV 4.0 75 FIGURA 51: TLR CAPAZ DE RECONHECER O LPS DA PAREDE BACTERIANA FONTE: KUBY, 2003. Por outro lado, as bactérias intracelulares são capazes de sobreviver e de se replicar no interior das células, fugindo e se tornando inacessíveis aos anticorpos circulantes. Se esta bactéria está inacessível aos anticorpos, elas também não serão reconhecidas por macrófagos, neutrófilos e células dendríticas. No entanto, nós já sabemos que existem tipos celulares que conseguem ajudar os macrófagos a destruírem a bactéria intracelular que o infectou. E neste caso, entram em ação as células NK, que produzem IFN-gama, citocina importante no aumento da capacidade microbicida dos macrófagos. AN02FREV001/REV 4.0 76 FIGURA 52: CÉLULA NK FONTE: ABBAS, 2008. Os vírus são muito semelhantes às bactérias intracelulares, pois eles também são capazes de sobreviverem e se replicarem dentro das células e ficarem inacessíveis aos anticorpos circulantes. No entanto, temos que gravar que, os vírus são microrganismos intracelulares obrigatórios e utilizam a “maquinaria”, os ácidos nucleicos do hospedeiro para sua sobrevivência. Este microrganismo infecta as células utilizando suas próprias moléculas de superfície como porta de entrada. Após a entrada, eles podem causar grandes lesões teciduais e doenças, da seguinte maneira: a replicação viral interfere na síntese e função das proteínas celulares normais levando a lesão e morte celular. Contudo, os vírus também podem provocar uma infecção latente, na qual o DNA viral persiste na célula do hospedeiro e produz proteínas que podem ou não alterar as funções normais das células. Essa latência, frequentemente é desenvolvida por um equilíbrio entre a infecção persistente e a resposta imunológica que é capaz de controlá-la, mas não de erradicá-la. A resposta imunológica aos vírus tem por objetivo bloquear a infecção e eliminar as células infectadas. Então, as células capazes de responder frente a um microrganismo intracelular são as células NK e CTLs (WU et al., 2011; RAMOS et al., 2012; ZHANG et al., 2013),. AN02FREV001/REV 4.0 77 FIGURA 53: CÉLULAS RECONHECEDORAS DE ANTÍGENOS INTRACELULARES FONTE: ABBAS, 2008. Outro tipo de microrganismo muito conhecido são os fungos, os quais são causadores das micoses. Algumas infecções fúngicas são ditas como oportunistas porque os agentes causadores provocam doenças brandas ou até nenhuma quando a pessoa está saudável. No entanto, se a pessoa já está imunocomprometida (imunodeficientes) elas podem gerar doenças muito graves. Diferentes fungos são capazes de infectar o nosso organismo podendo viver nos tecidos extracelulares e até mesmo dentro de células fagocíticas. Dessa forma, a resposta imunológica frente a este tipo de microrganismo é um misto das respostas imunológicas vistas em bactérias extracelulares com as respostas imunológicas para bactérias intracelulares. Se para infecções fúngicas é necessário os dois tipos de respostas imunológicas, podemos dizer que é imprescindível à presença de: macrófagos, neutrófilos, células NK, linfócitos Th e CTLs (ABBAS et al., 2008; MOON et al., 2011). AN02FREV001/REV 4.0 78 FIGURA 54: CÉLULAS ESSENCIAIS PARA UMA RESPOSTA IMUNOLÓGICA A FUNGOS FONTE: KUBY, 2003; ABBAS et al., 2008. A infecção por parasitas, atualmente, são as maiores causadoras de morbidade e mortalidade do que qualquer outra classe de organismo infeccioso. A magnitude desse problema de saúde publica é a principal razão para o grande interesse na imunidade aos parasitas e para o desenvolvimento da imunoparasitologia como um ramo da imunologia. A maioria dos parasitas passa por ciclos de vida em dois hospedeiros, uma parte ocorre no homem e a outra emum hospedeiro intermediário. A maioria das infecções parasitárias é crônica devido a uma resposta imunológica natural fraca e a Neutrófilos que fagocitam o fungo Macrófagos que fagocitam o fungo AN02FREV001/REV 4.0 79 capacidade que os parasitas têm de escaparem dessa mesma resposta, além de muitos antibióticos não serem eficazes na eliminação dos mesmos. Diversos parasitas são capazes de ativar diferentes mecanismos de imunidade natural do hospedeiro, no entanto eles também são capazes de sobreviver e se replicar porque estão bem adaptados a resistir às defesas do nosso organismo. A principal resposta contra os parasitas é a fagocitose, mas muitos são resistentes à morte fagocítica, e acabam se replicando dentro das células que o fagocitaram (KUBY, 2003; ABBAS et al., 2008). Alguns desses parasitas são capazes de ativar uma cascata de moléculas que compõem a via do complemento, no entanto, muitos já são também resistentes a morte mediada por essa via. Os parasitas de modo geral diferem muito em suas propriedades estruturais e bioquímicas, de vida e mecanismos patogênicos, sendo assim, não é estranho pensar que estes sejam capazes de desencadear respostas imunes adquiridas distintas. Alguns exemplos de parasitas: os protozoários evoluíram de forma a conseguir sobreviver dentro das células do hospedeiro, então para este parasita a melhor resposta imunológica é aquela mediada por células NK, linfócitos T CD8 naives que ativados se diferenciam em CTLs, as quais combatem e matam células infectadas. Por outro lado, os helmintos conseguem sobreviver em tecidos, ou seja, extracelular, neste caso a melhor resposta imunológica contra ele é aquela mediada por células como macrófagos e anticorpos (opsonização), induzindo ativação e diferenciação de linfócitos T CD4 naives para o subtipo de linfócitos Th2 (KUBY, 2003; ABBAS et al., 2008). FIM DO MÓDULO II
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