Buscar

DJi - Crime Culposo - Tipo Penal nos Crimes Culposos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

- Índice Fundamental do Direito
Legislação - Jurisprudência - Modelos - Questionários - Grades
Crime Culposo - Art. 18, II, Crime Culposo - Crime - Código Penal - CP - DL-002.848-1940 - Culpa
Penal - Culpa - Tipo Penal nos Crimes Dolosos
Penal
- de trânsito; pena de suspensão de autorização ou de habilitação para
dirigir veículo; aplicação: Art. 57, CP
- pena de multa; aplicação: Art. 58, parágrafo único, CP
- pena privativa de liberdade; substituição: Art. 44, § 2º, CP
- penas restritivas de direitos; aplicação: Art. 54, CP
 Culpa é a imprevisão do previsível. "prevenir o previsível é dolo".
Culpa e elemento do tipo, está integrado a este. "neminem laedere" -
ninguém pode lesionar a outrem.
Elementos da Culpa:
Conduta Humana - (fazer ou não fazer).
Falta de Cuidado Objetivo - Imprudência, Negligência e Imperícia.
Previsibilidade Objetiva - Antevisão do Resultado.
Resultado Involuntário -Resultado
Nexo - Nexo Causal
Tipicidade - Tipicidade
Espécies de Culpa
Culpa Inconsciente
(comum) Art. 18, II C.P. (culpa própria)
Culpa Consciente
com previsão - se confunde com o dolo eventual - admite a previsão mas
não tolera a previsão do resultado. Acredita piamente que o resultado
não vai ocorrer.
* Concorrência de Culpa - Compensação de Culpa
ex.: duas pessoas que batem o carro podem ser concorrente na culpa
Art. 29, (no direito penal não existe compensação de culpa.
* ver Crime Preterdoloso na Qualificação Doutrinária do Crime
* revogados os §§ únicos dos arts. 213 e 214
Tipo Penal nos Crimes Culposos
Culpa: é o elemento normativo da conduta. A culpa é assim chamada
porque sua verificação necessita de um prévio juízo de valor, sem o qual
não se sabe se ela está ou não presente. Com efeito, os tipos que definem
os crimes culposos são, em geral, abertos (vide adiante), portanto, neles
não se descreve em que consiste o comportamento culposo. O tipo
limita-se a dizer: "se o crime é culposo, a pena será de ... ", não
descrevendo como seria a conduta culposa.
 A culpa, portanto, não está descrita, nem especificada, mas apenas
prevista genericamente no tipo. Isso se deve ao fato da absoluta
Referências
e/ou
Doutrinas
Relacionadas:
Acidente de Trânsito
Analogia
Aplicação da Pena
Arrependimento
Posterior
Causas de Extinção
da Punibilidade
Circunstâncias
Comunicabilidade e
Incomunicabilidade
de Elementares e
Circunstâncias
Concepção do
Direito Penal
Concurso de Crimes
Concurso de Pessoas
Conduta
Contagem do Prazo
Crime
Crime Consumado
Crime Continuado
Crime Impossível
Crime Preterdoloso
Crimes Dolosos
Culpa
Culpabilidade
Crimes Dolosos
Direito Penal no
Estado Democrático
de Direito
Efeitos da
Condenação
Eficácia de Sentença
Estrangeira
Elementares
impossibilidade de o legislador antever todas as formas de realização
culposa, pois seria mesmo impossível, por exemplo, tentar elencar todas
as maneiras de se matar alguém culposamente. É inimaginável de quantos
modos diferentes a culpa pode apresentar-se na produção do resultado
morte (atropelar por excesso de velocidade, disparar inadvertidamente
arma carregada, ultrapassar em local proibido, deixar criança brincar com
fio elétrico etc.).
 Por essa razão, sabedor dessa impossibilidade, o legislador limita-se a
prever genericamente a ocorrência da culpa, sem defini-Ia. Com isso,
para a adequação típica será necessário mais do que simples
correspondência entre conduta e descrição típica. Torna-se
imprescindível que se proceda a um juízo de valor sobre a conduta do
agente no caso concreto, comparando-a com a que um homem de
prudência média teria na mesma situação. A culpa decorre, portanto, da
comparação que se faz entre o comportamento realizado pelo sujeito no
plano concreto e aquele que uma pessoa de prudência normal, mediana,
teria naquelas mesmas circunstâncias.
 A conduta normal é aquela ditada pelo senso comum e está prevista na
norma, que nada mais é do que o mandamento não escrito de uma
conduta normal. Assim, se a conduta do agente afastar-se daquela
prevista na norma (que é a normal), haverá a quebra do dever de cuidado
e, conseqüentemente, a culpa. Se, por exemplo, um motorista conduz
bêbado um veículo, basta proceder-se a um juízo de valor de acordo
com o senso comum para se saber que essa não é uma conduta normal,
isto é, não é a que a norma recomenda.
 Em suma, para se saber se houve culpa ou não será sempre
necessário proceder-se a um juízo de valor, comparando a conduta do
agente no caso concreto com aquela que uma pessoa medianamente
prudente teria na mesma situação. Isso faz com que a culpa seja
qualificada como um elemento normativo da conduta.
 Norma: é um mandamento de conduta normal, que não está escrito
em lugar algum, mas decorre do sentimento médio da sociedade sobre o
que é justo ou injusto, certo ou errado.
 Dever Objetivo de Cuidado: é o dever que todas as pessoas devem
ter; o dever normal de cuidado, imposto às pessoas de razoável
diligência.
 Tipo Aberto: o tipo culposo é chamado de aberto, porque a conduta
culposa não é descrita. Torna-se impossível descrever todas as hipóteses
de culpa," pois sempre será necessário, em cada caso, comparar a
conduta do caso concreto com a que seria ideal naquelas circunstâncias.
Assim, se o legislador tentasse descrever todas as hipóteses em que
poderia ocorrer culpa, certamente jamais esgotaria o rol. Exemplos de
condutas culposas: dirigir em excesso de velocidade, brincar com arma
carregada, distrair-se enquanto criança vai para o meio da rua, soltar cão
bravio em parques movimentados etc.
Crimes Materiais: não existe crime culposo de mera conduta, sendo
imprescindível a produção do resultado naturalístico involuntário para seu
aperfeiçoamento típico.
Elementos do Fato Típico Culposo: são os seguintes:
Elementos
Normativos do Tipo
Estrito Cumprimento
de Dever Legal
Exercício Regular do
Direito
Exigibilidade de
Conduta Diversa
Extraterritorialidade
da Lei Penal
Brasileira
Fato Típico
Fontes do Direito
Penal
Função Ético-Social
do Direito Penal
Homicídio Culposo
Ilícito Penal
Ilicitude
Imperícia
Imprudência
Imputabilidade
Interpretação da Lei
Penal
Irretroatividade da
Lei Penal
Leis de Vigência
Temporária
Limites de Penas
Livramento
Condicional
Lugar do Crime
Medida de Segurança
Negligência
Nexo Causal
Objeto do Direito
Penal
Pena de Multa
Penas Privativas de
Liberdade
Potencial Consciência
da Ilicitude
Prescrição
Princípio da
Legalidade
Qualificação
Doutrinária do Crime
Qualificação Legal e
Doutrinária do Crime
a) Conduta (sempre voluntária);
b) Resultado Involuntário;
c) Nexo Causal;
d) Tipicidade;
e) Previsibilidade Objetiva - é a possibilidade de qualquer pessoa dotada
de prudência mediana prever o resultado. É elemento da culpa.
Conforme anota Mirabete, "a rigor, porém, quase todos os fatos naturais
podem ser previstospelo homem (inclusive de uma pessoa poder atirar-se
sob as rodas do automóvel que está dirigindo). É evidente, porém, que
não é essa previsibilidade em abstrato de que se fala. Se não se interpreta
o critério de previ sibilidade informadora da culpa com certa flexibilidade,
o resultado lesivo sempre seria atribuído ao causador. Não se pode
confundir o dever de prever, fundado na diligência ordinária de um
homem qualquer, com o poder de previsão. Diz-se, então, que estão fora
do tipo penal dos delitos culposos os resultados que estão fora da
previsibilidade objetiva de um homem razoável, não sendo culposo o ato
quando o resultado só teria sido evitado por pessoa extremamente
prudente. Assim só é típica a conduta culposa quando se puder
estabelecer que o fato era possível de ser previsto pela perspicácia
comum, normal dos homens" (Manual de direito penal, 3 ed.,São Paulo,
Atlas, 1987, v. 1, p. 144.).
f) Ausência de Previsão (cuidado: na culpa consciente inexiste esse
elemento); e
g) Quebra do Dever Objetivo de Cuidado (por meio da Imprudência,
Imperícia ou Negligência).
Previsibilidade Subjetiva: é a possibilidade que o agente,dadas as suas
condições peculiares, tinha de prever o resultado. Não importa se uma
pessoa de normal diligência poderia ter previsto, relevando apenas se o
agente podia ou não o ter feito.
Atenção: a ausência de previsibilidade subjetiva não exclui a culpa, uma
vez que não é seu elemento. A conseqüência será a exclusão da
culpabilidade, mas nunca da culpa (o que equivale a dizer, da conduta e
do fato típico). Dessa forma, o fato será típico, porque houve conduta
culposa, mas o agente não será punido pelo crime cometido ante a falta
de culpabilidade.
Princípio do Risco Tolerado: há comportamentos perigosos
imprescindíveis, que não podem ser evitados e, portanto, por seu caráter
emergencial, tidos como ilícitos. Mesmo arriscada, a ação deve ser
praticada, e aceitos eventuais erros, dado que não há outra solução.
Exemplo: médico que realiza uma cirurgia em circunstâncias precárias,
podendo causar a morte do paciente.
Princípio da Confiança: a previsibilidade também está sujeita a esse
princípio, segundo o qual as pessoas agem de acordo com a expectativa
de que as outras atuarão dentro do que lhes é normalmente esperado. O
motorista que vem de uma via preferencial passa por um cruzamento na
confiança de que aquele que vem da via secundária irá aguardar a sua
passagem. Ao se aferir a previsibilidade de um evento, não se pode exigir
que todos ajam desconfiando do comportamento dos seus semelhantes.
Quando o motorista conduz seu veículo na confiança de que o pedestre
Reabilitação
Reincidência
Resultado
Sanção Penal
Suspensão
Condicional da Pena
Tempo do Crime e
Conflito Aparente de
Normas
Tentativa
Teoria do Crime
Territorialidade da
Lei Penal Brasileira
Tipicidade
Tipo Penal nos
Crimes Dolosos
não atravessará a rua em local ou momento inadequado (ação esperada)
inexiste a culpa, não havendo que se falar em resultado previsível.
Inobservância do Dever Objetivo de Cuidado: é a quebra do dever
de cuidado imposto a todos e manifesta por meio de três modalidades de
culpa, todas previstas no art. 18, II, do CP. Vejamos.
a) Imprudência: é a culpa de quem age, ou seja, aquela que surge durante
a realização de um fato sem o cuidado necessário. Pode ser definida
como a ação descuidada. Implica sempre um comportamento positivo.
Como diz Magalhães Noronha: "A imprudência tem forma ativa. Trata-se
de um agir sem a cautela necessária. É forma militante e positiva da culpa,
consistente no atuar o agente com precipitação, insensatez ou
inconsideração, já por não atentar para a lição dos fatos ordinários, já
por não perseverar no que a razão indica" (Direito penal, cit., v. 1 p.
141). Uma característica fundamental da imprudência é a de que nela a
culpa se desenvolve paralelamente à ação. Desse modo, enquanto o
agente pratica a conduta comissiva, vai ocorrendo simultaneamente a
imprudência. Exemplos: ultrapassagem proibida, excesso de velocidade,
trafegar na contramão, manejar arma carregada etc. Em todos esses
casos, a culpa ocorre no mesmo instante em que se desenvolve a ação.
b) Negligência: é a culpa na sua forma omissiva. Consiste em deixar
alguém de tomar o cuidado devido antes de começar a agir. Ao contrário
da imprudência, que ocorre durante a ação, a negligência dá-se sempre
antes do início da conduta. Implica, pois, a abstenção de um
comportamento que era devido. O negligente deixa de tomar, antes de
agir, as cautelas que deveria. Novamente, Magalhães Noronha é preciso:
"No sentido do Código, ela é a inação, inércia e passividade. Decorre de
inatividade material (corpórea) ou subjetiva (psíquica). Reduz-se a um
comportamento negativo. Negligente é quem, podendo e devendo agir de
determinado modo, por indolência ou preguiça mental, não age ou se
comporta de modo diverso" (Direito penal , cit., p. 141). Exemplos:
deixar de reparar os pneus e verificar os freios antes de viajar, não
sinalizar devidamente perigoso cruzamento, deixar arma ou substância
tóxica ao alcance de criança etc.
c) Imperícia: é a demonstração de inaptidão técnica em profissão ou
atividade. Consiste na incapacidade, na falta de conhecimento ou
habilidade para o exercício de determinado mister. Exemplos: médico vai
curar uma ferida e amputa a perna, atirador de elite que mata a vítima, em
vez de acertar o criminoso etc. Se a imperícia advier de pessoa que não
exerce arte ou profissão, haverá imprudência. Assim, um curandeiro que
tenta fazer uma operação espiritual, no lugar de chamar um médico,
incorre em imprudência, e não em imperícia. Se, além da demonstração
da falta de habilidade, for ignorada pelo agente regra técnica específica
de sua profissão, haverá ainda aumento da pena, sendo essa modalidade
de imperícia ainda mais grave.
Diferença entre imperícia e erro médico: este ocorre quando, empregados
os conhecimentos normais da medicina, por exemplo, chega o médico a
conclusão errada quanto ao diagnóstico, à intervenção cirúrgica etc., não
sendo o fato típico. O erro médico pode derivar não apenas de imperícia,
mas também de imprudência ou negligência. Além disso, a imperícia não
se restringe à área médica, podendo ocorrer em qualquer outra atividade
ou profissão que requeira habilidade especial. Somente a falta grosseira
desses profissionais consubstancia a culpa penal, pois exigência maior
provocaria a paralisação da ciência, impedindo os pesquisadores de
tentar métodos novos de cura, de edificações etc.
Espécies de Culpa
1ª) Culpa Inconsciente: é a culpa sem previsão, em que o agente não
prevê o que era previsível.
2ª) Culpa Consciente ou Com Previsão: é aquela em que o agente prevê
o resultado, embora não o aceite. Há no agente a representação da
possibilidade do resultado, mas ele a afasta, de pronto, por entender que
a evitará e que sua habilidade impedirá o evento lesivo previsto.
- de acordo com a lei penal, não existe diferença de tratamento penal
entre a culpa com previsão e a inconsciente, "pois tanto vale não ter
consciência da anormalidade da própria conduta, quanto estar consciente
dela, mas confiando, sinceramente, em que o resultado lesivo não
sobrevirá" (Exposição de Motivos do CP de 1940). Além disso, não há
diferença quanto à cominação da pena abstratamente no tipo. Entretanto,
parece-nos que no momento da dosagem da pena, o grau de
culpabilidade (circunstância judicial prevista no art. 59, caput, do CP),
deva o juiz, na primeira fase da dosimetria, elevar um pouco mais a
sanção de quem age com a culpa consciente, dada a maior
censurabilidade desse comportamento.
- a culpa consciente difere do dolo eventual, porque neste o agente prevê
o resultado, mas não se importa que ele ocorra ("se eu continuar dirigindo
assim, posso vir a matar alguém, mas não importa; se acontecer, tudo
bem, eu vou prosseguir"). Na culpa consciente, embora prevendo o que
possa vir a acontecer, o agente repudia essa possibilidade ("se eu
continuar dirigindo assim, posso vir a matar alguém, mas estou certo de
que isso, embora possível, não ocorrerá"). O traço distintivo entre
ambos, portanto, é que no dolo eventual o agente diz: "não importa",
enquanto na culpa consciente supõe: "é possível, mas não vai acontecer
de forma alguma".
3ª) Culpa Imprópria, também conhecida como Culpa por Extensão, por
Equiparação ou por Assimilação: é aquela em que o agente, por erro de
tipo inescusável, supõe estar diante de uma causa de justificação que lhe
permita praticar, licitamente, um fato típico. Há uma má apreciação da
realidade fática, fazendo o autor supor que está acobertado por causa de
uma exclusão da ilicitude. Entretanto, como esse erro poderia ter sido
evitado pelo emprego de diligência mediana, subsiste o comportamento
culposo. Exemplo: "A" está assistindo a um programa de televisão,
quando seu primo entra na casa pela porta dos fundos. Pensando tratar-
se de um assalto, "A" efetua disparos de arma de fogo contra o
infortunado parente, certo de que está praticando uma ação perfeitamente
lícita, amparada pela legítima defesa. A ação, em si, é dolosa, mas oagente incorre em erro de tipo essencial (pensa estarem presentes
elementares do tipo permissivo da legítima defesa), o que exclui o dolo de
sua conduta, subsistindo a culpa, em face da evitabilidade do erro. Como
se percebe, há um elemento subjetivo híbrido, uma figura mista, que não
chega a ser dolo, nem propriamente culpa. No momento inicial da
formação do erro (quando pensou que o primo era um assaltante),
configurou-se a culpa; a partir daí, no entanto, toda a ação foi dolosa
(atirou para matar, em legítima defesa). Logo, há um pouco de dolo e um
pouco de culpa na atuação. Daí o nome "culpa imprópria" (não é uma
culpa propriamente dita), "culpa por extensão, assimilação ou
equiparação" (só mesmo mediante uma extensão, assimilação ou
equiparação ao conceito de culpa é que podemos classificá-Ia como tal).
Responsabilização do agente na culpa imprópria: no exemplo dado, se a
vítima vem a falecer, há duas posições a respeito. Vejamos.
a) O agente cometeu homicídio culposo, pois, como o erro estava na
base da conduta (ele confundiu o primo com um assaltante), mesmo que
a ação subseqüente tenha sido dolosa (atirou para matar), todo o
comportamento é considerado culposo. Incide o erro de tipo evitável,
excluindo o dolo, mas deixando a culpa, que, assim, passa a qualificar o
crime. É a posição de Assis Toledo, que acentua: "De resto, não vemos
como se possa falar em dolo, quando o próprio legislador fala em crime
culposo'' (Princípios básicos, cit., p. 275.).
b) Luiz Flávio Gomes, na brilhante monografia Erro de tipo e erro de
proibição, não aceita a existência da culpa imprópria, por entender que se
trata de crime doloso, ao qual, por motivos de política criminal, aplica-se
a pena do crime culposo. Assim, no exemplo dado, entende esse jurista
que o agente cometeu homicídio doloso, mas, por um critério político do
legislador, será punido com a pena do homicídio culposo: "Em suma, o
erro de tipo permissivo vencível ou invencível não parece afetar o dolo do
tipo, mas, sim, a culpabilidade dolosa unicamente. No exemplo mais
comum da legítima defesa putativa, o agente, quando, v. g., dispara
contra a vítima, o faz regularmente, ou com a intenção de lesar ou com a
de matar; é inegável, portanto, o dolo do tipo de lesão corporal ou de
homicídio" (2. ed., São Paulo, Revista dos Tribunais, p. 144.). Para essa
corrente, não existe culpa imprópria, que não passa de dolo punido, a
título de política criminal, como culpa.
Nossa posição: entendemos tratar-se de erro de tipo inescusável, que
exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo. O agente deverá
responder por crime culposo (culpa imprópria), na forma do art. 20, § 1º,
parte final, do CP. A nosso ver, portanto, correta a primeira posição.
Se a vítima vier a sobreviver, dado o aspecto híbrido da culpa imprópria
(metade culpa, metade dolo), o agente responderá por tentativa de
homicídio culposo. Sim, porque houve culpa no momento inicial, mas a
vítima só não morreu por circunstâncias alheias à vontade do autor, no
momento dos disparos. A ação subseqüente dolosa faz com que seja
possível a tentativa, mas houve culpa, pois se trata de caso de erro de
tipo evitável. Aliás, esse é o único caso em que se admite tentativa em
crime culposo.
4ª) Culpa Presumida: sendo uma forma de responsabilidade objetiva, já
não é prevista na legislação penal, ao contrário do que ocorria na
legislação anterior ao Código Penal de 1940, em que havia punição por
crime culposo quando o agente causasse o resultado apenas por ter
infringido uma disposição regulamentar (p. ex., dirigir sem habilitação
legal), ainda que não houvesse imprudência, negligência ou imperícia. No
entanto, na atual legislação, a culpa deve ficar provada, não se aceitando
presunções ou deduções que não se alicercem em prova concreta e
induvidosa. A inobservância de disposição regulamentar poderá
caracterizar infração dolosa autônoma (CTB, art. 309) ou apenas um
ilícito administrativo, mas não se pode dizer que, em caso de acidente
com vítima, o motorista seja presumido culpado, de forma absoluta.
5ª) Culpa Mediata ou Indireta: ocorre quando o agente produz
indiretamente um resultado a título de culpa. Exemplo: um motorista se
encontra parado no acostamento de uma rodovia movimentada, quando é
abordado por um assaltante. Assustado, foge para o meio da pista e
acaba sendo atropelado e morto. O agente responde não apenas pelo
roubo, que diretamente realizou com dolo, mas também pela morte da
vítima, provocada indiretamente por sua atuação culposa (era previsível a
fuga em direção à estrada). Importante notar que, para a configuração
dessa modalidade de culpa, será imprescindível que o resultado esteja na
linha de desdobramento causal da conduta, ou seja, no âmbito do risco
provocado, e, além disso, que possa ser atribuído ao autor mediante
culpa. Vejamos.
a) Nexo Causal: é necessário que o segundo resultado constitua um
desdobramento normal e previsível da conduta culposa, que atua como
sua causa dependente. Se o segundo evento derivar de fato totalmente
imprevisível, desvinculado da conduta anterior, e que, por isso, atuou
como se por si só tivesse produzido o resultado, não será possível falar
em responsabilização do agente, ante a exclusão da relação de
causalidade (CP, art. 13, § 1º - causa superveniente relativamente
independente). Exemplo: se o motorista de um ônibus provoca a sua
colisão, e, em razão desse primeiro fato, uma passageira assusta-se e
põe-se a correr desesperadamente até ser atropelada, não se pode dizer
que entre o primeiro e o segundo acidente haja uma relação causal lógica,
normal e esperada. Não havendo nexo causal, nem se indaga acerca de
culpa, pois se o agente nem deu causa ao resultado, evidentemente, não
pode tê-Io causado culposamente.
b) Nexo Normativo: além do nexo causal, é preciso que o agente tenha
culpa com relação ao segundo resultado, que não pode derivar nem de
caso fortuito, nem de força maior.
Desse modo, a culpa indireta pressupõe: nexo causal (que o agente tenha
dado causa ao segundo evento) e nexo normativo (que tenha contribuído
culposamente para ele).
Graus de Culpa: são três:
a) grave;
b) leve;
c) levíssima.
- inexiste diferença para efeito de cominação abstrata de pena, mas o juiz
deve levar em conta a natureza da culpa no momento de dosar a pena
concreta, já que lhe cabe, nos termos do art. 59, caput, do Código Penal,
fixar a pena de acordo com o grau de culpabilidade do agente.
Compensação de Culpas: não existe em Direito Penal. Desse modo, a
imprudência do pedestre que cruza a via pública em local inadequado não
afasta a do motorista que, trafegando na contramão, vem a atropelá-Io.
A culpa recíproca apenas produz efeitos quanto à fixação da pena, pois o
art. 59 faz alusão ao "comportamento da vítima" como uma das
circunstâncias a serem consideradas. A culpa exclusiva da vítima,
contudo, exclui a do agente (ora, se ela foi exclusiva de um é porque não
houve culpa alguma do outro; logo, se não há culpa do agente, não se
pode falar em compensação).
Concorrência de Culpas: ocorre quando dois ou mais agentes, em
atuação independente uma da outra, causam resultado lesivo por
imprudência, negligência ou imperícia. Todos respondem pelos eventos
lesivos.
Culpa nos Delitos Omissivos Impróprios: é possível a ocorrência de
crimes omissivos impróprios culposos. É o caso da babá que, por
negligência, descumpre o dever contratual de cuidado e vigilância do
bebê e não impede que este morra afogado na piscina da casa.
Responderá por homicídio culposo por omissão. No tocante a essa
modalidade, H. H. Jescheck comenta que "Los delitos de omisión
impropia no regulados en La ley pueden cometerse por imprudencia
siempre que el correspondiente tipo de comisión considere suficiente la
culpa" (Tratado de derecho penal, cit., 1981, v. 2, p. 868.).
Excepcionalidade do Crime Culposo: regra importantíssima: um crime só
pode ser punido como culposo quando houver expressa previsãolegal
(CP, art. 18, parágrafo único). No silêncio da lei, o crime só é punido
como doloso.
Participação no Crime Culposo: há duas posições. Vejamos.
a) No tipo culposo, que é aberto, ou seja, em que não existe descrição
de conduta principal, mas tão-somente previsão genérica ("se o crime é
culposo ... "), não se admite participação. Com efeito, se no tipo culposo
não existe conduta principal, dada a generalidade de sua descrição, não
se pode falar em participação, que é acessória. Desse modo, toda
concorrência culposa para o resultado constituirá crime autônomo.
Exemplo: motorista imprudente é instigado, por seu acompanhante, a
desenvolver velocidade incompatível com o local, vindo a atropelar e
matar uma pessoa. Ambos serão autores de homicídio culposo, não
havendo que se falar em participação, uma vez que, dada a natureza do
tipo legal, fica impossível detectar qual foi a conduta principal.
b) Mesmo no tipo culposo, que é aberto, é possível definir qual a conduta
principal. No caso do homicídio culposo, por exemplo, a descrição típica
é "matar alguém culposamente"; logo, quem matou é o autor e quem o
auxiliou, instigou ou induziu à conduta culposa é o partícipe. Na hipótese
a, quem estava conduzindo o veículo é o principal responsável pela
morte, pois foi quem, na verdade, matou a vítima. O acompanhante não
matou ninguém, até porque não estava dirigindo o automóvel. Por essa
razão, é possível apontar uma conduta principal (autoria) e outra
acessória (participação).
- para os partidários da teoria do domínio do fato, não há como sustentar
o concurso de agentes no crime culposo, pois neste o agente não quer o
resultado e, portanto, não há como sustentar que ele detenha o controle
final sobre algo que não deseja. Por isso, adotam a primeira posição, no
sentido da inviabilidade da participação no crime culposo. Cada um dos
participantes é autor de um delito culposo autônomo e independente.
Para os que, como nós, adotam a teoria restritiva da autoria, é possível
autoria e participação no crime culposo, sendo suficiente detectar o verbo
do tipo (a ação nuclear) e considerar autor quem o realizou e partícipe
aquele que concorreu de qualquer modo, sem cometer o núcleo verbal da
ação."
H. H. Jescheck, Tratado de derecho penal, cit., 1981, v. 2, p. 868.
Gomes, Luiz Flávio, Erro de tipo e erro de proibição, 2. ed., São
Paulo, Revista dos Tribunais.
Manual de direito penal, 3 ed.,São Paulo, Atlas, 1987.
Capez, Fernando, Curso de Direto Penal, parte geral, vol. 1,
Saraiva, 10ª ed., 2006
(Revista Realizada por Suelen Anderson - Acadêmica em Ciências
Jurídicas - 26 de outubro de 2009)
Conduta
Crime
Agravação pelo Resultado - Arrependimento Posterior - Coação
Irresistível e Obediência Hierárquica - Crime Consumado - Crime
Doloso - Crime Impossível - Descriminantes Putativas - Desistência
Voluntária e Arrependimento Eficaz - Erro Determinado por Terceiro -
Erro Sobre a Ilicitude do Fato - Erro Sobre a Pessoa - Erro Sobre
Elementos do Tipo - Estado de Necessidade - Excesso Punível -
Exclusão de Ilicitude - Legítima Defesa - Pena de Tentativa - Relação de
Causalidade - Relevância da Omissão - Superveniência de Causa
Independente - Tentativa
Ação Penal - Aplicação da Lei Penal - Concurso de Pessoas - Crimes
contra a administração pública - Crimes contra a existência, a segurança
e a integridade do Estado - Crimes Contra a Família - Crimes contra a fé
pública - Crimes Contra a Incolumidade Pública - Crimes Contra a
Organização do Trabalho - Crimes Contra a Paz Pública - Crimes
Contra a Pessoa - Crimes Contra a Propriedade Imaterial - Crimes
Contra o Patrimônio - Crimes contra o sentimento religioso e contra o
respeito aos mortos - Crimes Contra os Costumes - Extinção da
Punibilidade - Imputabilidade Penal - Medidas de Segurança - Penas
[Direito Criminal] [Direito Penal]
Jurisprudência Relacionada:
- Ação Penal - Regência de Lei - Denúncia como Substitutivo da Portaria
- Interrupção da Prescrição - Súmula nº 607 - STF
Normas Relacionadas:
Art. 33, Parágrafo único, Excepcionalidade do Crime Culposo,
Art. 36, § 1º, Erro Culposo e Art. 44, Legítima Defesa - Crime -
Código Penal Militar - CPM - DL-001.001-1969
Art. 121, § 3º, Homicídio Culposo - Crimes Contra a Vida -
Crimes Contra a Pessoa - Código Penal - CP - DL-002.848-
1940
Art. 376, Entrega ou Abandono Culposo, Art. 377, Captura ou
Sacrifício Culposo, Art. 380, Separação Culposa de Comando e
Art. 381, Tolerância Culposa - Inobservância do Dever Militar -
Favorecimento ao Inimigo - Crimes Militares em Tempo de Guerra
- Código Penal Militar - CPM - DL-001.001-1969
Favorecimento Culposo ao Inimigo - Favorecimento ao Inimigo -
Crimes Militares em Tempo de Guerra - Código Penal Militar -
CPM - DL-001.001-1969
Ir para o início da página
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ir para o início da página

Outros materiais