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Fase probatória I

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Fase probatória/instrutória
Uma dúvida muito comum quando se fala em fase probatória é a diferença entre fase 
probatória e fase instrutória. Na verdade, os termos são sinônimos, por isso não há 
diferença entre eles.
Na petição inicial, o autor precisa expor os fundamentos de fato e de direito que 
embasam o pedido (causa de pedir). Através da contestação, o réu poderá tornar 
controvertidos os fatos ou apenas as consequências jurídicas que o autor pretende 
deles extrair. 
Em suma, a controvérsia pode ser exclusivamente de direito, ou também de fato. No 
primeiro caso, não há necessidade de provas (exceto os casos excepcionais do art. 
376, em que o juiz pode exigir a comprovação da vigência e do teor do direito 
municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário). Mas se houver fatos 
controvertidos, ele dará às partes a oportunidade de comprová-los.
O que são provas? são os meios utilizados para formar o convencimento do juiz a 
respeito de fatos controvertidos que tenham relevância para o processo. 
Natureza jurídica das provas
São formas de convencimento do juiz, a respeito de fatos controvertidos. 
Classificação das provas
a) Quanto ao objeto podem ser diretas ou indiretas
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Diretas: ligadas diretamente ao fato que se pretende demonstrar, como o recibo ao 
pagamento ou o instrumento ao contrato.
Indiretas: aquelas que não se prestam a demonstrar diretamente o fato a ser provado, 
mas algum outro fato a ele ligado e que, por meio de induções ou raciocínios, poderá 
levar à conclusão desejada. Exemplo: testemunhas que declaram estar o litigante 
viajando, em determinada data, e em razão disso não podendo ser ele o autor da 
conduta lesiva.
b) Quanto ao sujeito:
Prova pessoal ⇒ prestada por uma pessoa a respeito de um fato, como a ouvida por 
testemunhas ou o depoimento pessoal das partes.
Prova real ⇒ obtida pelo exame de determinada coisa, como a inspeção judicial ou 
perícia feita sobre ela.
c) Quanto à forma, pode ser oral ou escrita:
Oral é a colhida verbalmente, como os depoimentos das partes e das testemunhas;
Escrita é a que vem redigida, como os documentos e perícias.
Objeto da prova
O objeto da prova são os fatos controvertidos relevantes para o julgamento do 
processo. 
Para que o juiz profira o julgamento, é preciso que forme sua convicção a respeito dos 
fatos e do direito controvertidos. Para que se convença do direito, não é preciso que as 
partes apresentem provas, porque ele o conhece (jura novit curia), salvo as hipóteses 
do art. 376, em que pode exigi-las quanto à vigência de direito estadual, municipal, 
estrangeiro ou consuetudinário, o que será feito por meio de certidões ou pareceres de 
juristas estrangeiros ou locais.
Fatos que não precisam ser comprovados
Como visto anteriormente, somente fatos relevantes para a causa precisam ser 
comprovados. Dessa forma, dispensam prova aqueles que não terão nenhuma 
repercussão no desfecho do processo e os irrelevantes. 
Vale ressaltar que, até mesmo entre os fatos relevantes, há alguns que não precisam 
ser comprovados, conforme apresenta o artigo 374, CPC:
I- Fatos notórios ⇒ de conhecimento geral da comunidade em que o processo tramita.
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II- Afirmados por uma das partes e confessados pela outra ⇒ o que se foi confessado 
pela parte contrária, seja expressamente, seja por falta de impugnação específica, não 
se tornou controvertido e apenas sobre o que há controvérsia exige-se prova.
III- Admitidos no processo como incontroversos ⇒ assemelha-se a anterior, uma vez 
que pressupõe a incontrovérsia, que dispensa a instrução.
IV- Em cujo favor milita presunção legal de existência ou veracidade.
Presunções e indícios
No item anterior, foi visto que não há necessidade de provar os fatos, ainda que 
relevantes, a respeito dos quais milite presunção legal de existência ou veracidade.
As presunções podem ser divididas em duas categorias:
■ as legais, que podem ser relativas ou absolutas, conforme admitam ou não prova em 
contrário, como visto no item anterior;
■ as que decorrem da observação do que normalmente acontece, chamadas 
presunções simples ou hominis, como a de culpa daquele que, dirigindo um veículo, 
colide contra a traseira do carro que segue à frente.
As presunções, que pertencem ao tema da dispensa de provas, não se confundem 
com os indícios, que são começos de prova. São sinais indicativos da existência ou 
veracidade de um fato, mas que, por si sós, seriam insuficientes para prová-lo. No 
entanto, somados a outras circunstâncias ou a outros indícios, podem fazê-lo.
Juiz e a produção de provas
A prova é destinada a convencer o juiz, a respeito de fatos controvertidos. Portanto, é o 
destinatário da prova. Por isso, cumpre-lhe decidir quais as provas necessárias ou úteis 
para esclarecer os fatos obscuros. 
Obviamente, nem sempre ele terá condições e conhecimento de quais provas serão 
viáveis, por isso, a produção de provas deverá resultar de atuação conjunta das partes 
e do Juiz.
Cumpre àquelas, na petição inicial, contestação, fase ordinatória e fase instrutória 
requerer as provas por meio das quais pretendam convencer o juiz. E a este decidir 
quais são efetivamente necessárias e quais podem ser dispensadas, podendo 
determinar prova que não tenha sido requerida, ou indeferir prova postulada, cuja 
realização não lhe pareça necessária.
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O art. 370 do Código de Processo Civil atribui ao juiz poderes para, de ofício, 
determinar as provas necessárias. Ele deve valer-se desse poder para esclarecer os 
fatos relevantes para o julgamento da causa. É dever do juiz proferir a melhor sentença 
possível, e, para isso, é indispensável que os fatos sejam aclarados.
Se as partes não requereram ou produziram provas suficientes, e o juiz verifica que há 
outras que, realizadas, poderão esclarecer os fatos, permitindo-lhe julgar com mais 
confiança, deve determiná-las, ainda que o processo verse sobre interesse disponível.
Ônus da prova
Se o juiz, concluída a instrução, formou o seu convencimento sobre os fatos, não terá 
necessidade de socorrer-se delas. Bastará extrair as consequências jurídicas 
pertinentes ao caso. Não aclarados os fatos, o juiz, para poder sentenciar, verificará a 
quem cabia o ônus de prová-los: será esse o litigante que sofrerá as consequências 
negativas da falta ou insuficiência de provas.
OBS ⇒ A aplicação das regras do ônus da prova deve ficar reservada à hipótese de 
terem sido esgotadas as possibilidades de aclaramento dos fatos. Se ainda houver 
prova que o auxilie, deverá o juiz mandar produzi-la, de ofício, na forma do art.370 do 
CPC. As regras do ônus da prova vêm formuladas no art. 373 do CPC.
Hierarquia das provas
Em regra, a lei processual não estabelece hierarquia entre as provas. Portanto, não há 
prova com valor superior a outra, cabendo ao juiz sopesá-las ao formar o seu 
convencimento.
O nosso sistema é o da persuasão racional, onde exige que o juiz indique as razões 
pelas quais formou o seu convencimento, expondo fundamentos e provas que o 
sustentam. Conquanto haja o livre convencimento, é preciso que seja motivado e 
racional, amparado nos elementos dos autos e que deles resulte como consequência 
lógica.
Provas ilícitas
A Constituição Federal, no art. 5º, LVI, veda a utilização de provas obtidas por meios 
ilícitos, sem fazer nenhuma ressalva. O art. 369 do CPC, por sua vez, estabelece que 
“As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente 
legítimos ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos, 
em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz”. A 
contrario sensu, são vedadas a provas ilegais ou moralmente ilegítimas.
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Produção antecipada de provas
Configura uma ação autônoma, que pode ter natureza preparatória ou incidental e que 
visa antecipar a produção determinada prova, realizando-a em momento anterior 
àquele em que normalmente seria produzida.
Em regra,as provas são produzidas depois de concluída a fase postulatória e a 
ordinatória. Isto é, depois que o réu foi citado ofereceu contestação, que o juiz 
determinou as providências preliminares, verificou que não é caso de julgamento 
antecipado e saneou o processo, abrindo-se a fase de instrução.
Razões para que a prova seja antecipada:
1- Temor que se perca. Causa mais comum de antecipação. Teme-se, por exemplo, 
que uma testemunha não possa ser ouvida no momento oportuno. 
2- Prova suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio de solução de 
conflitos. 
3- O prévio conhecimento dos fatos que possa justificar ou evitar o ajuizamento de 
ação. Há casos em que a antecipação servirá para colheita de elementos necessários 
ao ajuizamento da demanda. Sem ela, o autor terá dificuldade para ajuizar a ação. Por 
exemplo: ele pretende postular indenização porque houve um vazamento, que trouxe 
graves danos para o seu apartamento. Dessa forma, a antecipação da prova servirá 
para que colha elementos necessários para uma eventual ação, fornecendo 
informações ao interessado para que decida se deve ou não ajuizá-la.
Portanto, só na primeira hipótese a produção antecipada de provas dependerá do 
perigo de demora. Nos demais casos não servirá para afastar risco, mas para fornecer 
uma informação, esclarecimento. Servirá para colher elementos para a eventual 
propositura da ação, independentemente de urgência.

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