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Introdução
Com a chegada da era da tecnologia, as Tecnologias de Informação e Comunicação passaram a cercar todos os ambientes, gerando inúmeras mudanças no modo de vida dos grupos sociais, principalmente da população mais jovem, ou seja, integrantes da chamada geração “Z”. 
Nesse sentido, os dispositivos eletrônicos inteligentes, computadores e hiperconectividade estão no topo do mercado mundial em um nível que são percebidos como mais uma necessidade básica, especialmente de interesse no campo do trabalho, social e individual. Portanto, torna-se cada vez mais importante desenvolver as habilidades e competências básicas para a gestão segura e eficiente de potencialidades que possuem; Ou seja, é preciso alfabetizar a sociedade nesta linguagem digital cada vez mais universal (Ocaña-Fernández et al., 2020; Sánchez-Caballé et al., 2020).
Sendo assim, é possível notar que o uso da tecnologia por jovens e adultos (geração “Y” e “X”), apresenta dificuldades de entendimento nos ambientes em que os “Z” operam. Nessa perspectiva, adultos, professores, pais e mães têm dificuldade em entender o mundo digital. 
Tal fenômeno pode ser descrito como “exclusão digital”, fazendo referência à internet e aos dispositivos pelos quais ela é acessada, mas não apenas do lado da posse e do que ela significa economicamente, mas também, pelas limitações que se têm para acessá-la, a serviços básicos, cujos quais, qualquer cidadão tem direito. Por isso, antes de falar em letramento digital, é preciso estabelecer as diretrizes que são levadas em conta para reduzir a brecha digital que divide gerações e grupos sociais. Os usuários consomem as informações que são transmitidas por diversos canais, porém, reduzir a exclusão digital não é apenas ter a última versão do software ou possuir os aparelhos mais modernos.
Mediante o exposto, cabe afirmar que um individuo pode ser considerado analfabeto digitalmente quando tem acesso limitado ou falta de habilidades que lhe permitam interagir na rede comunicativa que possibilita o uso das TIC. Diante disso, o que pode ser feito para atuar em tais problemáticas a favor da educação de jovens e adultos que se encontram em na situação de exclusão citada acima? Há que programar os meios de alfabetização digital de jovens e adultos, partindo do pressuposto que o acesso à educação é tido como um direito inegável a qualquer pessoa humana. No campo educacional, a tendência dos dispositivos dos alunos não garante que o déficit digital seja menor, pois como é descrito com antecedência, existem outros fatores importantes para reduzi-lo, o desenvolvimento de habilidades intelectuais e socioafetivas que permitem, a todos os alunos, explorar as fontes de informação que a web disponibiliza, bem como utilizar de forma eficiente diversas ferramentas tecnológicas, pois embora a informação tenha sido socializada, os sistemas de ocultação também foram aprimorados. Ou seja, geram-se barreiras como o acesso às TIC em termos de infraestruturas tecnológicas, segmentação da Internet, entre outras, que se reproduzem no campo educacional e com isso se cria a barreira educacional. 
Partindo do que é observado nos artigos estudados, e levando em consideração a desigualdade social existente na sociedade, que implica diretamente no acesso as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) a presente pesquisa reúne vários exemplos coletados no intuito de responder ao problema de pesquisa: Qual deve ser o meio de atuação dos educadores na inclusão social, por meio da alfabetização digital e como os mesmos devem atuar diante das situações de desigualdade informacional?
Tendo a pesquisa analisado toda a margem de possiblidades de intervenções educacionais dentro da alfabetização digital perante o processo de exclusão social devido a desigualdades no acesso e na compreensão das Tecnologias da Informação e Comunicação, a hipótese levantada por esta pesquisa é que: A intervenção educacional na redução de exclusão social por meio da alfabetização digital é extremamente necessária, uma vez que há a geração de inúmeros problemas sociais diante de tal situação.
O objetivo geral deste trabalho foi identificar os problemas relacionados a problemática encontrada através da pesquisa sobre a alfabetização digital, uma vez que a distopia socioeconômica existente na realidade brasileira se caracterizou como um dos agravantes da exclusão digital, e apontar os métodos existente dentro do ensino para atuar em tal problemática, a fim de reduzi-la. Tal estudo foi realizado através de uma Revisão de Literatura. Já os objetivos específicos são: Identificar os problemas encontrados na inclusão digital e como a desigualdade social age neste aspecto; Apontar as circunstâncias dos problemas identificados; Indicar os meios de intervenção através da alfabetização digital em tais adversidades; Apurar a importância e a atuação da educação nos obstáculos enfrentados;
Sendo assim, para obter os resultados e respostas acerca da problematização apresentada neste trabalho, foi realizada uma revisão de literatura, nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), no site de acesso livre e gratuito Google e em livros relacionados ao tema, no período entre fevereiro e abril de 2021. Foram escolhidos quinze estudos, sendo em sua totalidade artigos científicos. Assim sendo, o trabalho transcorrerá a partir do método conceitual-analítico, visto que se utilizaram conceitos e ideias de outros autores, semelhantes com os objetivos buscados, para a construção de uma análise científica sobre o objeto de estudo. 
Dessa forma, o presente estudo se subdividiu em três capítulos, destinados à contextualização, problematização e apresentação de soluções para a problemática debatida ao longo de seu desenvolvimento.
Capítulo I – SITUANDO O SOCIAL E O DIGITAL EM CONTEXTOS DE EXCLUSÃO
Há muita controvérsia na própria conceituação de termos-chave que se usa neste trabalho, por isso é interessante analisá-los a fim de enquadrar seu significado e importância na própria investigação e na análise posterior de seus resultados. Embora várias abordagens tenham sido analisadas para restringir o termo alfabetização digital, todos eles procuram responder às necessidades de um ambiente progressivamente mais complexo, com um uso cada vez mais intensivo de TICs. Portanto, com uma maior variedade de meios de comunicação e serviços. Isso requer uma alfabetização que permita o domínio um amplo espectro de habilidades, conhecimento, consciência, e atitudes (BAWDEN, 2002). 
Nos últimos anos do século 20, os cidadãos testemunharam a consolidação da Internet como meio global por excelência e parte indispensável da vida de muitas pessoas. Os meios de comunicação como a Internet aumentaram a velocidade do fluxo de capitais, bens, informações, mas, sobretudo do poder. (ZYGMUNT, 2000)
O controle tradicional do Estado sobre os fluxos de informação aos poucos deixou de ser onipresente, para se fragmentar e se balcanizar em pequenos feudos. O poder não está mais concentrado em uma determinada instituição (como a mídia, a Igreja, o Estado). O ciberespaço não conhece fronteiras ou limites tradicionais, dentro de suas redes, o uniforme e o rígido tornam-se movimento, tradução e mudança. O poder e seu controle tornam-se móveis, viajando pelos fluxos da rede. Esta é a realidade líquida do ciberespaço. (CASTELLS, 2009)
Na economia líquida do ciberespaço, importantes mudanças têm sido geradas nas relações de produção, isso pode ser observado por meio de dois aspectos principais: por um lado, nos processos de trabalho, onde os trabalhadores tiveram que aumentar seu nível de conhecimento na área de informática. Em outras palavras, agora nossa economia depende mais de tecnologias como a Internet. Aos poucos, as grandes empresas tiveram que virtualizar seus processos de produção, o que repercute em um número crescente de computadores e menor uso de papel. Por outro lado, há as modificações que as novas tecnologias têm feito na área da cultura e seu consumo com a incursão de todo um bestiáriode sabores cibernéticos do Facebook, via YouTube e culminou com o Twitter. Nos últimos tempos, foi criada uma vasta coleção de elementos que definem uma nova forma de exploração: tecnológica. (GARCÍA, 2004)
Segundo Boyer, no início do século 21, grande parte do capital especulativo viaja de mercado para mercado por meio de redes de informação. Essa flutuação instantânea de riqueza não poderia ter se desenvolvido em outra época que não esta, onde os computadores facilitaram o fluxo rápido e livre de informações. A Internet é uma rede que facilita o fluxo de mercadorias, não apenas virtuais, mas graças à automação tem permitido o trânsito global de mercadorias físicas. Para muitos, esta nova forma de acumulação de capital resultou em uma nova revolução, levando-nos à chamada “Sociedade da Informação” onde as cadeias produtivas assimilaram uma estrutura flexível, interconectada e rápida.
Assim, a alfabetização digital pode ser definida, de uma forma geral, como "a capacidade de compreender e usar fontes de informação quando são apresentadas a por meio do computador", especificando que "a alfabetização digital tem a ver com o domínio de ideias, não com as chaves" (GILSTER, 1997; GURIERREZ, 2003). 
Diante disso, em um ambiente complexo dominado pelas TIC, o próprio GILSTER (1997) sugere que esta nova alfabetização seja considerada como uma habilidade essencial na vida, e até mesmo como uma 'habilidade de sobrevivência', incluindo todos os letramentos baseados em habilidades, mas não se limitando a eles ou qualquer tecnologia particular, e onde a compreensão, significado e contexto têm de serem seus temas centrais, com um objetivo: promover a qualidade de vida de todas as pessoas, sejam quais forem as sua condição, sexo, raça, religião ou origem.
	
2.1 A EXCLUSÃO DIGITAL 
Já o termo exclusão social costuma estar associado ao de "insuficiência econômica", embora seja necessária uma concepção mais multidimensional, que vai além do que econômico; Torna-se necessário incluir as dimensões psicológicas, psicossociais e, principalmente, culturais, o que implica importantes deficiências nas esferas social e trabalhista, educacional, habitação e alojamento, saúde, integração étnica, qualidade de convivência, ambiente afetivo, ordem psicológica, etc., que são percebidos como duráveis ​​e, portanto, exigem de uma intervenção social.
No início do século 21, grande parte do capital especulativo viaja de mercado para mercado por meio de redes de informação. Essa flutuação instantânea de riqueza não poderia ter se desenvolvido em outra época que não esta, onde os computadores facilitaram o fluxo rápido e livre de informações. A Internet é uma rede que facilita o fluxo de mercadorias, não apenas virtuais, mas graças à automação tem permitido o trânsito global de mercadorias físicas. Para muitos, esta nova forma de acumulação de capital resultou em uma nova revolução, levando-nos à chamada “Sociedade da Informação” onde as cadeias produtivas assimilaram uma estrutura flexível, interconectada e rápida.
A exclusão digital envolve o acesso desigual e a capacidade de as TICs que são vistas como essenciais para participar plenamente na sociedade (SCHEJTER ET AL 2015). Desde a década de 1970, o uso de TICs se espalhou de forma desigual e muitos ainda permanecem excluídos digitalmente (SELWYN 2004, DUTTON ET AL. 2014). Van Dijk (2005) identifica uma sequência relação entre desigualdades sociais e acesso desigual às tecnologias digitais. Schejter et al 2015 baseia-se no modelo sequencial de Van Dijk de desigualdades sociais e exclusão digital adicionando que os aspectos inclusivos e participativos das TIC contemporâneas (particularmente através do uso de mídia social e fóruns de discussão online) são essenciais em termos de participação do cidadão na sociedade. O estudo enfatiza as dimensões sociais do uso de TIC e sugere as consequências sociais da exclusão das mesmas na vida do individuo,
Cabe esclarecer que o fenômeno da exclusão social é considerado um problema mais complexo do que a exclusão digital, que inclui saber que uso é feito de ferramentas de TIC em aspectos chave para o exercício da cidadania, como autonomia, trabalho colaborativo, geração de conhecimento, integração social; em suma, como o processo de apropriação se desenvolve das TICs e de suas potencialidades, e se esse processo é significativo no dia a dia das pessoas, principalmente daquelas que se encontram em situação de risco de exclusão.
Como a exclusão digital é definida mudou na literatura recente. Posições baseadas em um simples ‘Usuário / não usuário’ e internet ‘têm / não têm’ a compreensão mudou para uma exploração das gradações de uso da internet e uma 'habilidade de utilização da mesma '(VAN DIJK 2012). Por exemplo, Helsper 2008 identifica etapas de avanço do engajamento digital de uso básico envolvendo indivíduo e comunicação, uso intermediário envolvendo rede individual e uso avançado envolvendo participação cívica. Esta nuance não destaca apenas o uso fora da Internet como um aspecto digital de exclusão, mas uma falta de alfabetização digital que impede um envolvimento mais completo. Portanto, o acesso às TICs torna-se mais matizado para incluir a análise de atitudes, habilidades e tipos de engajamento que está subjacente ao uso das TIC (HELSPER 2012).
Embora o foco deste estudo sejam as pessoas e, portanto, o desejo de evitar a estigmatização, pode ser de interesse para a pesquisa estratificar os grupos sociais. Dessa forma, alguns autores propõem uma classificação que permite a delimitação de áreas ou categorias sociais, que vão desde integração à exclusão, passando pela precariedade (CASTEL, 1991; TEZANOS, 1998). 
É, portanto, um grupo muito heterogêneo, embora seus membros compartilhem uma série de normas, códigos, formas de comunicação, etc. Uma visão ampla e flexível facilita a implementação 'operacional' de programas de intervenção social, como a possibilidade de estabelecer categorias delimitadas por diferentes tipos de necessidades ou deficiências pessoais e social, que facilita o monitoramento, a avaliação e, em seu caso, a reformulação dos próprios programas de intervenção, em que é garantida uma orientação à formação, em que uma orientação para o treinamento é garantida nas habilidades pessoais, socializando ou melhorando o comportamento ou, a busca, criação ou adaptação de nichos de emprego adequado para essas pessoas, etc.
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2.2 NOVOS CONCEITOS DE ALFABETIZAÇÃO DIGITAL 
A alfabetização é convencionalmente entendida como "a capacidade de usar os símbolos gráficos que representam a linguagem falada, de modo que, saber o coletivo do grupo é exteriorizado e fixado no espaço e no tempo”. (BAWDEN, 2002) 
Relaciona-se, sobre tudo, com a capacidade humana de usar um conjunto de técnicas para decodificar e produzir materiais escritos ou impressos. Isso, que é descrito como alfabetização. Como McGarry aponta, seria mais correto chamá-lo de alfabetização impressa ou alfabetização básica. Segundo Bawden, o conceito de alfabetização vai muito além de saber ler e escrever, isso constituiria alfabetização básica. Nas últimas décadas, este conceito tem sido complementado pelos chamados "conhecimentos de habilidade", conceitos desenvolvidos para se referir a informações cada vez mais complexas e para tecnologias em expansão. Assim, várias denominações para alfabetização poderiam ser citadas, dependendo das habilidades a que se refere: alfabetização agrícola, alfabetização cinematográfica, alfabetização para o mundo do trabalho, alfabetização midiática, alfabetização bibliotecária, alfabetização informacional, alfabetização digital, entre outros.
Os principais aspectos da alfabetização não são podem ser destacados das características específicas e necessidades de cada momento histórico. A definição de alfabetização vai mudando a fim de abranger o “Conjunto complexo de competências críticas que permitem que os indivíduos se expressem, explorem, questionem, comuniquem e compreendam a circulação de ideias entre indivíduos e grupos em contextostecnológicos em rápida mudança”. Em outras palavras, novas TIC, acabam modificando a forma como o pensamento é estruturado e processado. “Vez que a irrupção da tecnologia digital, associada à conexão de dispositivos móveis multimídia e o desenvolvimento de redes telemáticas, gera novas formas de acessar, construir e comunicar conhecimento”. 
Os novos cenários tecnológicos existentes e a quem são dirigidos, faça qualquer alfabetização, por mais básica que seja, devem seguir um perfil “digital e multimídia”. Como posa Gutierrez, mesmo limitando a alfabetização a habilidades básicas de leitura e escrita, não deixando de citar mudanças significativas na forma como as ideias circulam entre sujeitos e grupos: por um lado, eles mudaram as ferramentas para criar e acessar textos, inclusive verbais; e por outro, houve mudança no idioma predominante no qual codifica as informações recebidas.
Por outro lado, Cobo afirma que atualmente existem três letramentos básicos: 
1) compartilhar conhecimentos;
2) criar conteúdos e saber interpretar;
3) traduzir e integrar em seus próprios ambientes de aprendizagem. 
Os elementos que os constituem são a administração da atenção, a busca e consumo crítico de conteúdos, a avaliação e síntese, a exportação de formatos, linguagens e contextos, a criação de conteúdos valiosos (contextuais), a distribuição (conexão) de conhecimentos e abertura inteligente (flexibilidade, licenças).
As competências tradicionais da educação, saber ler, saber escrever, saber numerar, foram alargadas à capacidade de compreender, de exercer a crítica e de desenvolver a criatividade. A literacia mediática ou educação em competências mediáticas, implica no conhecimento de técnicas, instrumentos tecnológicos e possibilidades de software, linguagens específicas e suas funções informativas, expressivas e educativas; Implica também o conhecimento e a capacidade de investigar novas e antigas fontes de informação e de aprender as formas de participação em redes sociais e em contextos virtuais que envolvem jogos, simulações, etc.
2.2.1 O LETRAMENTO 
	Segundo Soares, 2003, o termo letramento é utilização ainda recente e tem como significado o processo de relação dos indivíduos com a cultura escrita. Dessa forma, é incorreto afirmar que um individuo é iletrado, uma vez que todas pessoas estão em constante contato com a escrita. Contudo, é reconhecido que ocorrem distintos níveis de letramento, que podem apresentar variação de acordo com os contextos social e cultura em que o individuo está inserido. Tal terminologia ganha espaço no momento da identificação de um impasse na educação, pois por meio de pesquisas, avaliações e análises empregadas, concluiu-se de que nem sempre a ação de ler e escrever gera a garantia de que o indivíduo apresente a devida compreensão do que lê e o que escreve. No entendo, identifica-se que muito mais que isso, é efetuar uma leitura crítica da realidade, respondendo de forma satisfatória as exigências sociais.
		
2.2.1.1 MODELOS DE LETRAMENTO
	
Os estudos acerca dos letramentos têm apresentado discordâncias em relação às concepções, levando em consideração, principalmente, quais métodos de letramento podem se adequar nas modelagens autônoma e/ou ideológica. Tais modelagens se diferem, uma vez que a primeira conceitua a escrita como uma ação individual, não possuindo dependência direta de suas condições sociais. 
No modelo ideológico, ela se configura como um ato discursivo, dos quais os atores (autor/leitor) consideram, principalmente, os componentes contextuais e culturais dessa ação. É importante salientar que essa bipartição não deve ser analisada como polos avulsos, uma vez que, para se realizar uma utilização social adequadas das formas de interação por meio da escrita, é importante estimular habilidades individuais, como é possível citar a codificação e decodificação, estratégias de leitura, e outras mais. Dessa forma, ao praticar os distintos letramentos, os indivíduos decorrem, diversas vezes, por dimensões individuais a fim de compreender as práticas sociais.
Na concepção autônoma, de acordo com Kleiman (1995), a escrita, visto que é autônoma e tida como uma atribuição individual independe dos hábitos discursivos; sendo “um produto completo em si mesmo, que não estaria preso ao contexto de sua produção para ser interpretado” (1995, p. 22). Nesta vertente, a escola se configura como a principal instituição de letramento e o destaque é atribuído apenas à escrita, propiciando poderes aos indivíduos que possuem tal capacidade. 
Nesse sentido, as hipóteses culturais e ideológicas são apresentadas como neutras e universais e os impactos do letramento são tidos como benéficos. Por conta disso, “as deficiências do sistema educacional na formação de sujeitos plenamente letrados [...] são decorrentes dos próprios pressupostos que subjazem ao modelo de letramento escolar.” (KLEIMAN, 1995, p. 47). Desta forma, trabalhos (FERRARO, 1985, 1998) que se delimitam neste modelo consideram que há classes não letradas, o que pode ser sinonimizado como não-escolarizado ou analfabetos. Este conceito de letramento da a entender que há somente um modelo de letramento – o que trata da escrita – e define as práticas escolares, levando em consideração a dominação da escrita como um procedimento neutro, que, apesar das vertentes contextuais e sociais, deve ter em vista desenvolver atividades importantes para criar no estudante, em última instância, como finalidade final do procedimento, a noção de interpretação e escrita textos abstratos, dos gêneros expositivo e argumentativo, cujos os protótipos sejam os textos do tipo ensaio. (KLEIMAN, 1995, p. 44)
Logo, se o conceito autônomo é o usual nos hábitos escolares, as discrepâncias sociais são podem ser observadas, também, na grande maioria das escolas, cujas se configuram como as principais instituições de letramento. Outras pesquisas, contudo, levam em consideração o letramento como sendo uma ocorrência pluralizada e contextualizada, tratando o conceito apresentado anteriormente como irreal, afirmando que o letramento é “dado” de forma uniforme e, logo, suas implicações sociais são constatadas posteriormente (STREET, 2003).
 De acordo Kleiman (1995), essa forma de caracterizar o letramento, a partir de um modelo ideológico de letramento, constata que “as práticas de letramento mudam segundo o contexto.” (p. 39), e “são aspectos não apenas da cultura mas também das estruturas de poder numa sociedade. (p. 38). Desta forma, tais métodos, repletos de conjecturas ideológicas e políticas, refletem, diversas vezes, o que ocorre no cotidiano, levando em conspiração as classes sociais, refletindo e sendo definidas social e culturalmente pelas condições de poder que existem nos mais diversos contextos.
Nesse sentindo, o papel que escrita desempenha para um grupo social se baseia nos contextos e instituições em que fora obtida (KLEIMAN, 1995). Os indivíduos que levam em consideração este modelo permitiram, de acordo com Street (2003, p. 77), Novos Estudos sobre Letramento (NLS)1 , refletindo uma nova tradição nesse meio deixando de focar na aquisição de competências para o letramento como prática social, o que “implica o reconhecimento de múltiplos letramentos, variando de acordo com o tempo e o espaço, mas também contestando as relações de poder”. 
2.2.1.2 O LETRAMENTO DIGITAL
Os últimos anos do século XX e os primeiros do século XXI se destacam pelas alterações que implicaram diretamente nos mais distintos setores sociais. Tais alterações exigiram novas atitudes dos cidadãos para que se introduzissem nesse novo cenário. Dentre tais atitudes, cabe destacar a utilização da língua nas mais distintas situações, o que exige uma mudança nos métodos de ensino de Língua Portuguesa. Dessa forma, a utilização das tecnologias digitais no contexto social atual exigiu novas maneiras de pensar, ler, escrever e se comunicar (CHARTIER, 1999; LÉVY, 2003; ARAÚJO, 2007). 
Sendo assim, exigiram-se competências para o uso destas tecnologias e novas utilizações e métodos sociaisde leitura e escrita às atividades diárias dos seres humanos. Como também, o texto escrito não é o único meio de interação presencial ou a distância entre as pessoas; estando presente no contexto tecnológico ligado a demais formas de fazer sentido.
A ascensão da mídia e dos dispositivos eletrônicos desafiaram as formações culturais por meio do texto e da literatura com uma força em constante expansão, a ponto de teóricos como Marshall McLuhan (1962) afirmou, desde 1960, que deixamos para trás a Galáxia de Gutenberg e que agora é comunicação eletrônica, em ao invés da mídia escrita, aquela que promove o desenvolvimento cultural. Para McLuhan, a televisão era o meio eletrônico dominante. Desde então, a Internet cresceu e se tornou um metamedium, para o qual é difícil encontrar precedentes. 
E quando se observa o desenvolvimento das mídias digitais, com suas implicações subsequentes para transmitir convenções e comportamento do público, começa-se a idealizar o escopo de longo alcance da mudança que está ocorrendo cenário midiático atual. 
Levando em consideração o conceito citado anteriormente e a inclusão das tecnologias digitais nos mais distintos âmbitos das sociedades atuais, concebendo novos métodos e, decorrência disso, novas terminologias para designar essas práticas, é possível observar que há uma intensificação da necessidade de adequação aos novos rumos do mundo, sendo assim, houve o surgimento da expressão letramento digital. 
Essa terminologia, da mesma forma do letramento, distingue-se em sua concepção, uma vez que são diversas as definições encontradas para falar acerca do letramento digital. Acredita-se que isso acontece em razão de que as tecnologias digitais permitem uma série variada e diversa de condutas sociais e também porque emergem novos mecanismos e novas oportunidades de forma extremamente veloz. Diante dessas definições, inúmeras têm como base a escrita, em virtude de que os atos de ler e escrever são tido como a essência de muitas concepções de letramento. Dessa forma, algumas concepções de letramento digital são tidas como os costumes sociais de leitura e escrita realizadas por meio das ferramentas digitais (SOARES, 2002; MARCUSCHI, 2004)
Esses conceitos deixam subentendido que o individuo que e capaz de digitar ou ler algo gerado em um editor de texto, como o Office Ms. Word, é letrado digital, contudo, é preciso desconsiderar outras práticas sociais efetuadas por meio das tecnologias digitais que conectam, à escrita, outras especificidades, como a visual e a oral. 
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