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Aula 7- Semiologia
Sistema Urinário
O Sistema Urinário ou Aparelho Urinário é responsável pela produção e eliminação da urina, possui a função de filtrar as "impurezas" do sangue que circula no organismo. O Sistema Urinário é composto por:O trato urinário inferior é composto por vesícula urinária, uretra e musculatura.
1. Rins 
2. Ureteres
3. Vesícula urinária
4. Uretra 
1. Rins O rim é o órgão que está localizado sob os músculos sublombares e circundado por gordura e a superfície ventral coberta por peritônio, um de cada lado da coluna vertebral. 
Cada rim apresenta um polo cranial e um caudal, um bordo medial e um lateral, uma superfície dorsal e uma ventral.
· No bordo medial está localizado o hilo renal (hilus renalis), através do qual passam ureter, veias e artérias renais, vasos linfáticos e nervos. 
· O polo cranial de cada rim é coberto com peritônio em ambas as superfícies, dorsal e ventral.
· O polo caudal é coberto somente na superfície ventral.
 O rim é revestido por uma cápsula fibrosa, cuja rigidez restringe a habilidade de expansão do parênquima renal. O parênquima renal, localizado entre a cápsula e o seio renal, é constituído pela medula renal e pelo córtex renal.
 No parênquima renal estão os néfrons, que são as unidades estruturais específicas dos rins. O néfron consiste em um longo túbulo que se inicia no corpúsculo renal e termina em conexão com o ducto coletor. O corpúsculo renal, é constituído pela cápsula glomerular, que envolve completamente uma rede capilar esférica, denominada glomérulo. As diferenças de tamanho dos rins, nas várias espécies animais, estão relacionadas com o número de glomérulos presentes nesses órgãos.
Equinos: o rim direito tem formato de triângulo equilátero com os bordos arredondados. Mede de 13 a 15 cm de comprimento e está localizado no espaço compreendido entre a 15a costela e a 1a vértebra lombar, não sendo acessível à palpação retal. 
O rim esquerdo tem formato de feijão, mede de 15 a 20 cm de comprimento e, em geral, seu polo caudal encontra-se em relação com a 3 a vértebra lombar. Normalmente é mais caudal que o rim direito, mas, por ter mais mobilidade, o rim esquerdo pode variar quanto à sua localização.
Bovinos, Ovinos e Caprinos: o rim direito está relacionado dorsalmente com a última costela e as três primeiras vértebras lombares, podendo, em alguns casos, ter localização mais caudal.
 O rim esquerdo tem posição muito variável; quando o rúmen está parcialmente cheio, o que ocorre em período de jejum, o rim repousa à esquerda. Após a ingestão de alimentos, quando o rúmen está distendido, o rim esquerdo é pressionado para o plano médio e repousa abaixo e caudalmente ao rim direito, no espaço compreendido pelas 3a, 4a e 5a vértebras lombares.
· Bovinos – rins são lobulados; o comprimento do rim direito varia de 18 a 24 cm e o do esquerdo entre 19 e 24 cm. 
· Ovinos e Caprinos – têm os rins muito semelhantes aos de cães (formato de feijão), com comprimento variando entre 5,5 e 7 cm
Cães e Gatos: os rins têm o formato típico de feijão. O comprimento pode ser estimado por meio de radiografia lateral e varia entre 2,5 e 3,2 vezes o comprimento da 2a vértebra lombar no cão e entre 2,5 e 3,0 vezes no gato. Adotando o mesmo critério de medida, a largura varia de 1,4 a 1,8 para os cães e 1,6 a 1,9 para os gatos. 
Cão – o rim direito está localizado no espaço correspondente ao intervalo entre a 13a vértebra torácica e a 1a vértebra lombar, enquanto o rim esquerdo, cuja posição pode variar mais, está localizado no espaço correspondente ao intervalo entre as 2a e 4a vértebras lombares.
Gatos – a fixação dos rins à parede dorsal é mais frouxa nos gatos do que nas demais espécies. Assim, os rins dos gatos são bem móveis, portanto, fáceis de palpar. O rim esquerdo dos gatos ocupa posição ligeiramente pendular, o que facilita ainda mais a palpação. Pela localização particular no gato, esse órgão é, algumas vezes, mal interpretado como massa abdominal anormal. O rim direito ocupa o espaço compreendido entre as 1a e 4a vértebras lombares, e o rim esquerdo se estende da 2a até a 5a vértebra lombar.
Os rins produzem a urina que, por meio dos ureteres, chega à bexiga, onde é temporariamente armazenada. Durante o esvaziamento vesical, a urina passa pela uretra, chegando ao meio externo. Para a produção de urina, os rins filtram o plasma, extraindo grande quantidade de um líquido chamado ultrafiltrado, que é, então, processado para reabsorção de substâncias úteis e concentração dos rejeitos a serem eliminados. A maior parte da água do ultrafiltrado é reabsorvida, de modo a manter o volume plasmático em parâmetros normais. Assim, os rins movimentam um volume muito grande de líquidos a cada 24 h.
2. Ureteres transportam urina dos rins para a bexiga. Eles são estruturas tubulares, localizados na pelve renal. Cada ureter se projeta no sentido caudomedial, em direção à bexiga, quando deixa a posição sublombar e ganha acesso à superfície dorsolateral da bexiga, fixado pela prega peritoneal que forma o ligamento lateral da bexiga, um à direita e outro à esquerda. Os ureteres penetram a camada serosa da parede dorsal da bexiga, adentram a camada muscular, onde percorrem um trajeto e, finalmente, abrem- se para o lúmen vesical. A inserção da extremidade distal do ureter entre as fibras musculares previne refluxo de urina da bexiga para os ureteres, quando a pressão intravesical aumenta.
A parede do ureter, assim como a da pelve renal, é composta por três camadas:
a) adventícia externa
b) muscular média
c) mucosa interna.
 A musculatura ureteral apresenta movimentos peristálticos que ajudam a levar urina para a bexiga e, quando provocada por irritações tais como as determinadas por urólitos, pode entrar em espasmo localizado. Por se tratar de estrutura de acesso difícil, os ureteres podem ser negligenciados ao exame do paciente; entretanto eles podem ser sede de anomalias congênitas ou de processos obstrutivos adquiridos que resultam em lesões renais graves.
3. Vesícula Urinária também denominada bexiga, é um órgão cavitário, músculo-membranoso que serve como reservatório temporário da urina produzida pelos rins. 
Na bexiga podem ser distinguidas três partes: 
a) o colo vesical, que se conecta à uretra
b) o corpo vesical 
c) o pólo cranial. 
Na porção dorsal do colo vesical existe uma área triangular, diferenciada anatomicamente, compreendida entre os dois meatos ureterais e o início da uretra, que é denominada trígono vesical.
Cães e Gatos: o tamanho e a posição da bexiga variam de acordo com a quantidade de urina nela contida. A bexiga vazia é pequena e tem formato globular. Quando distendida por urina, apresenta formato de pera. A bexiga distendida apresenta contorno regular; entretanto, se o enchimento for apenas parcial, o contorno poderá ser irregularmente moldado pela pressão exercida por órgãos vizinhos, como pode ser observado em radiografias de pequenos animais.
Cães – com aproximadamente 12 kg de peso corporal, a bexiga relaxada mede 17,5 cm de diâmetro por 18 cm de comprimento, e a bexiga contraída mede 2 cm de diâmetro por 3,2 cm de comprimento. Para o mesmo tamanho de cão, a bexiga pode conter de 100 a 120 mℓ de urina sem estar muito distendida. A bexiga tem localização quase inteiramente pélvica quando vazia e distende-se para o abdome com o enchimento.
Gatos – a bexiga estende-se amplamente para a cavidade abdominal, mesmo quando vazia. A bexiga pode distender-se pelo enchimento até que seu vértice alcance, ou mesmo ultrapasse o umbigo, e sua parede se torne tão fina quanto um papel.
Ruminantes: a bexiga projeta-se cranialmente e, quando cheia, fica em contato com a parede ventral do abdome. 
Equinos: a bexiga contraída é piriforme, tem cerca de 8 a 10 cm de diâmetro e repousa inteiramente sobre a porção ventral da cavidade pélvica. Quando cheia, pende sobre a rima pélvica e estende-se para a parede ventral do abdome. A capacidade da bexiga dos equinos varia de 2,8 a 3,8 ℓ.
4. Uretra A uretra do macho leva urina, sêmene secreções seminais para o orifício uretral externo, na extremidade distal do pênis. No macho, a uretra é constituída pelos segmentos pélvico e peniano. A uretra feminina origina-se na bexiga e segue em sentido dorsocaudal, com sua parede dorsal em direção à parede ventral da vagina, e adentra o trato genital caudalmente à junção vestibulovaginal na superfície ventral da vagina (assoalho vaginal). A musculatura da uretra feminina é formada por três camadas de músculo liso. A uretra é envolvida em quase toda sua extensão por musculatura estriada.
Exame 
Identificação: deve incluir a espécie, raça, sexo, idade, uso e procedência.
 O sistema urinário pode ser acometido por grande variedade de afecções. Muitas doenças (pielonefrite, urolitíase e cistite, dentre outras) podem ocorrer em animais de todas as espécies, machos ou fêmeas, jovens ou adultos. Contudo, existem afecções que ocorrem especificamente em algumas espécies (como, por exemplo, obstrução uretral por tampões nos felinos) e outras que acometem preferencialmente algumas raças (como, por exemplo, displasia renal em cães Lhasa Apso e Shih Tzu). 
Considerando a idade do animal, o clínico pode conduzir os exames de maneira mais eficiente. Muitos problemas manifestam-se nos primeiros meses de vida, enquanto outros aparecem na vida adulta. Um exemplo interessante é a incontinência urinária em cadelas, cuja causa mais provável será ureter ectópico se o sinal for observado nos primeiros meses de vida; mas, se for uma fêmea adulta, a causa mais provável, a ser investigada, seria cistite crônica ou distúrbio anatômico ou hormonal relacionados com castração. 
Anamnese: 
O primeiro aspecto a ser considerado na anamnese é o conhecimento de que muitas doenças que acometem os órgãos urinários resultam em comprometimento sistêmico. Por outro lado, muitas doenças com sinais sistêmicos (p. ex., diabetes melito, lúpus eritematoso, erliquiose, toxemia e miopatia de esforço) e outras afecções localizadas (p. ex., piometra) podem ocasionar doença renal secundária, suficientemente grave para causar óbito. Assim, o paciente pode apresentar sinais indicativos de alterações em diversos órgãos e sistemas, além daqueles especificamente relacionados com o aparelho urinário. 
 A anamnese deve, portanto, envolver todos os itens de caráter geral que compreendem a queixa atual (tipo, frequência e duração do problema) e informações sobre apetite, tipo de alimento consumido, vômito, características das fezes e defecação, comportamento, déficit neuromotor, funções e transtornos reprodutivos, doenças e tratamentos anteriores, administração de vacinas e anti-helmínticos, tratamentos em andamento ou efetuados nos últimos dias, possíveis cirurgias, acidentes ou esforço físico recentes e outros que possam ser particularmente importantes para o animal em questão. Também devem ser feitas perguntas sobre aspectos que, direta ou indiretamente, revelem o estado e a função dos órgãos urinários, explorando mais detalhadamente, inclusive, itens já questionados na anamnese geral. 
Resumo de itens importantes para a anamnese específica do trato urinário:
	Itens Investigados
	Aspectos para focar
	Urina 
	Volume em cada micção, aspecto (coloração, transparência/turvação, presença de material sólido ou semissólido, viscosidade, presença de sangue)
	Micção 
	Frequência (número de vezes e intervalo), tipo (postura à micção, sinais de dificuldade, sinais de dor ou desconforto, tenesmo, incontinência
	Ingestão de água 
	Frequência e volume
	Doenças urinárias anteriores 
	Histórico completo de doenças do trato urinário (com ou sem conclusão diagnóstica), incluindo tratamentos feitos
	Sinais relacionados a outros órgãos 
	Detalhamento de informações referentes às manifestações que possam ter relação com as causas ou consequências da afecção urinária em curso.
Exame Físico Geral 
 No momento do exame físico geral, os órgãos urinários devem ser considerados. Contudo, em função das particularidades anatômicas de cada espécie animal, tanto no que se refere à conformação geral como às peculiaridades dos órgãos urinários, os acessos semiológicos são distintos para cada caso. Com base nas informações obtidas na anamnese e nos resultados do exame físico geral, o clínico deve decidir sobre a necessidade de aprofundar a investigação por meio de exames especiais do sistema urinário, que incluem o exame específico e os complementares.
Resumo da sequência de exame físico específico do sistema urinário:
	Rins
	Ambos são palpáveis? Tamanho, simetria e posição? Forma, contorno e consistência? Dor?
	Bexiga
	Posição? Tamanho, formato, consistência? Cálculos ou massas palpáveis? Espessura da parede? Dor?
	Próstata
	(importante em cães) (difícil palpar em animais castrados) Posição, tamanho, simetria, consistência? Dor?
	Uretra dos machos 
	Meato urinário Secreção uretral ou prepucial? Tamanho, formato e consistência das porções palpáveis? Anormalidades periuretrais?
	Micção 
	Frequência? Disúria? Retenção? Incontinência? Hematúria macroscópica?
Exame dos Rins
· Para examinar os rins, deve ser realizado o exame físico de ambos os órgãos e da urina.
· Os exames complementares dos rins incluem tanto avaliações feitas por inspeção e palpação, como exames laboratoriais e provas de função renal. 
Palpação externa dos rins em cães e gatos: A palpação externa dos rins é feita com as pontas dos dedos (indicador, médio e anular), posicionados um junto ao outro e ligeiramente flexionados. As pontas dos dedos são posicionadas o mais profundamente possível, abaixo das vértebras lombares e vão sendo deslizadas em direção caudal e ventrocaudal. Esse procedimento deve ser feito com ambas as mãos, simultaneamente, aplicadas cada uma em um dos lados do corpo do paciente, dirigidas uma contra a outra (como se as pontas dos dedos de uma das mãos fossem tocar as da outra). Uma vez localizados os órgãos, o examinador deve avaliar tamanho, formato, características da superfície, consistência e sensibilidade. Os rins podem apresentar diversos tipos de alterações, tanto congênitas quanto adquiridas. Esses órgãos têm grande capacidade de reserva funcional e podem manter a produção de urina, como também suas demais funções, enquanto sofrem algum tipo de doença. Assim, ao serem examinados os rins, o clínico deve avaliar duas possibilidades:
I. a de existência de alguma doença renal em curso, sem comprometimento importante da função
II. a de haver déficit da função renal. Quando ocorre déficit da função renal, o exame do paciente deve ser conduzido de modo a elucidar a causa renal envolvida.
Resumo das técnicas indicadas para o exame dos rins de cães, gatos, equinos e ruminantes:
Exame físico de rotina
	Técnicas
	Aplicabilidade
	Inspeção dieta (região renal) 
	Eficiente somente em casos de aumento aberrante dos rins
	Palpação externa
	Possível para alguns animais pequenos (excelente para gatos)
	Percussão dolorosa (região renal)
	Indicada somente para grandes animais (feita com o martelo de percussão, para pesquisa de dor)
Exames Específicos e Complementares
	Inspeção indireta ou diagnóstico por imagem (radiografias simples e contrastadas, ultrassonografia)
	Possível para animais de pequeno porte e para alguns filhotes de animais de grande porte
	Palpação retal
	Possível em grandes animais, mas nem sempre os rins são alcançados
	Urinálise (análise física, química e sedimentoscópica da urina)
	Exame extremamente importante que pode ser empregado em todos os animais
	Provas de função renal
	Indicadas sempre que houver suspeita de insuficiência renal
	Cultura de urina
	Indicada para os casos de suspeita de infecção do trato urinário. Pode ser feita quando for possível coletar a urina de maneira asséptica
	Biopsia renal
	Pode ser útil para o prognóstico e tratamento
Exame dos Ureteres
Em animais de porte pequeno, o exame dos ureteres é possível somente por inspeção indireta, por meio de exames ultrassonográficos e radiográficos. O exame ultrassonográfico do trato urinário não é invasivo e deve ser a escolhainicial, juntamente com urinálise e urocultura, com o objetivo de identificar sinais específicos de transtorno ureteral, se houver, ou localizar outras causas e possíveis problemas associados. A avaliação radiográfica (técnicas especiais com contraste) pode ser essencial para alguns tipos de diagnóstico (p. ex., localização de ruptura) e refinamento de diagnóstico necessário para estabelecer protocolo de tratamento cirúrgico. Os ureteres podem ser acometidos por defeitos congênitos, que resultam em processos obstrutivos parciais e acúmulo gradativo de urina em associação com dilatação ureteral suficientemente grave para caracterizar o quadro de megaureter. Essa condição cursa, invariavelmente, com incontinência urinária contínua, desde o nascimento. A anormalidade decorre de defeito na implantação do ureter na bexiga (ureter ectópico) e parece ser mais frequente em algumas raças de cães. As obstruções ureterais adquiridas (parcial ou total) podem decorrer de passagem de urólitos desprendidos da pelve renal (ou estrutura correspondente), infecção purulenta renal e ureteral, compressão por massas neoplásicas ou granulomas ureterais ou de estruturas adjacentes, dentre outras causas. Nesses casos, o ureter afetado apresenta dilatação, leve ou moderada, do segmento cranial que antecede a área obstruída; não ocorre incontinência urinária e pode haver manifestação de dor intensa se o processo for agudo (p. ex., passagem de urólito).
Exame de Bexiga e Uretra
Em pequenos animais, a palpação externa da bexiga pode ser feita com as pontas dos dedos, uma mão de cada lado seguindo a mesma orientação das manobras já descritas para a palpação renal. O paciente pode estar em estação ou em decúbito lateral. O local a ser acessado compreende as paredes laterais da porção mais caudal do abdômen. As pontas dos dedos são deslocadas para frente, para cima e para baixo, até a localização do órgão. Para gatos e cães pequenos, a palpação vesical também pode ser feita com uma única mão, em forma de pinça. 
Cães pequenos: a bexiga repousando no assoalho pélvico pode ser acessada pela combinação de palpação retal ou vaginal (com um dedo) e de palpação externa (mão sob forma de pinça). Durante a palpação vesical, verificam-se localização, volume, forma, consistência, tensão e sensibilidade. Caso a bexiga contenha pouco volume de urina, pode ser avaliada a espessura da parede, e, muitas vezes, é possível detectar a presença de cálculos ou de massas anormais. Entretanto, a palpação da bexiga pode ser prejudicada ou inviabilizada nos casos de obesidade ou dor abdominal.
Equinos e bovinos: a bexiga pode ser examinada por via retal ou vaginal. A palpação permite acesso limitado, mas a ultrassonografia pode ser efetiva. O exame da uretra deve incluir inspeção do meato urinário externo, inspeção e palpação da uretra perineal (machos), palpação das uretras pélvica e peniana, palpação indireta por meio de sonda uretral e diagnóstico por imagem. Deve-se ressaltar que o exame da uretra requer avaliação conjunta da bexiga e da próstata, além de inspeção da micção. Durante a micção avaliam-se a emissão de urina (em jatos normais, em jatos finos, por gotejamento; com ou sem sinais de dor ou esforço exagerado) e a possível eliminação de sangue, urólitos, grumos ou muco no primeiro jato de urina. As tentativas de micção sem emissão de urina são sugestivas de processo obstrutivo total da própria uretra ou do colo vesical, causados por obstáculo luminal, parietal ou externo. A uretra pode ser acometida por processo inflamatório (traumático ou infeccioso), ruptura, neoplasia, alojamento de urólito ou tampão uretral. Como consequência de qualquer uma das causas citadas, pode haver obstrução uretral parcial ou total, que se manifestam por disúria ou iscúria (escassa eliminação ou retenção urinária). A obstrução uretral pode ocorrer concomitantemente à causa (p. ex., urólito, neoplasia) ou como consequência tardia dos processos de reparação por cicatrização que resultem em estenose.
Resumo das técnicas semiológicas indicadas para o exame da vesícula urinária de cães, gatos, equinos e ruminantes:
Exame físico de rotina
	Técnicas
	Aplicabilidade
	Inspeção direta (região vesical)
	Eficiente somente em animais pequenos e não obesos
	Palpação externa
	Eficiente somente em animais pequenos e não obesos
Exames Específicos e Complementares
	Técnicas
	Aplicabilidade
	Palpação retal
	Somente para animais de grande porte
	Palpação retal digital combinada com palpação externa
	Indicada para cães pequenos
	Percussão digitodigital
	Indicada para esclarecimento de casos de retenção de urina em animais pequenos
	Cateterismo vesical com sonda flexível
	Indicado para cães, gatos e cavalos-machos. Em bovinos, o cateterismo não é possível, em razão do comprimento da uretra.
	Cateterismo vesical com sonda flexível ou rígida
	Possível para todas as fêmeas
	Inspeção indireta ou diagnóstico por imagem (radiografias simples e contrastadas, ultrassonografia)
	Possível para cães, gatos e alguns filhotes de animais grandes
	Urinálise (análises física, química e sedimentoscópica da urina)
	Exame muito importante; pode ser empregado em todas as espécies
Avaliação da Micção 
Para avaliação da micção, devem ser consideradas as informações obtidas durante a anamnese. O ideal é que a avaliação seja feita pelo próprio clínico (inspeção), assim que possível. Para identificar os transtornos da micção, deve ser considerada a postura normal à micção, que é particular para cada espécie animal. As alterações da micção podem estar relacionadas com vários problemas que incluem tanto afecções do trato urinário como afecções extra urinárias. Com o exame clínico completo e o detalhamento na avaliação do trato urinário, é possível diagnosticar a causa do transtorno da micção.
Termos
· Disúria: Caracteriza-se por sinais de desconforto ou de dor à micção, com possibilidade de haver dificuldade para eliminação da urina. De acordo com a causa e a intensidade do problema, as manifestações de disúria podem variar tanto quanto ao tipo como quanto à intensidade. Assim, a disúria pode ser classificada como micção dolorosa, estrangúria (gotejamento) ou tenesmo vesical. 
Causas possíveis: enfermidades dolorosas da bexiga, da uretra, da vagina ou do prepúcio; enfermidade dolorosa de outros órgãos comprimidos pela prensa abdominal durante a micção; peritonite aguda; tumores ou cálculos vesicais; obstruções uretrais. 
· Micção dolorosa: Durante os esforços de micção, o animal apresenta gemidos, desassossego, movimentos de um lado para o outro, olhares dirigidos para o ventre, agitação da cauda, “sapateado”. 
· Estrangúria: Caracteriza-se por esforços prolongados, com intervenção da musculatura abdominal, sem eliminação de urina, ou que acabam por produzir eliminação de poucas gotas ou de poucos jatos finos de urina, acompanhados de manifestação de dor (gemidos).
· Tenesmo vesical: É um esforço involuntário, prolongado e doloroso para emissão de urina. Em casos extremos, o animal pode conservar a postura de micção por tempo longo. Nesse quadro, a vontade de urinar é constante, mesmo que a bexiga contenha volume de urina pequeno ou já esteja vazia.
Posturas Normais e Atitudes Comuns na micção 
	Espécie
	Característica
	Equinos
	Geralmente, só urinam quando não estão trabalhando. A postura para micção é similar para cavalos e éguas e consiste em extensão dos membros torácicos, seguida por abaixamento do abdome e inspiração, resultando em aumento da pressão intra-abdominal. O cavalo expõe, ligeiramente, o pênis
	Ruminantes
	As vacas adiantam os membros pélvicos, arqueiam o dorso e elevam a cauda. Os bovinos machos urinam tanto quando estão parados como quando estão andando ou comendo. A urina é eliminada na cavidade prepucial, de onde escorre através do meato. Os ovinos adotam as mesmas posturas de micção observadas em bovinos
	Caninos
	As cadelas flexionam os membros pélvicos de modo que o períneo fique paralelo ao solo, faltando pouco para tocá-lo. Os cães levantam um dos membros pélvicose direcionam o jato para um objeto selecionado. Quando filhotes, antes da maturidade sexual, os machos adotam a mesma postura de micção das fêmeas. Os cães adultos, principalmente os machos, podem urinar pequenas quantidades, muitas vezes seguidas, para marcar território.
	Felinos
	A postura adotada, tanto pelas fêmeas como pelos machos, é a mesma das cadelas. Os felinos fazem uma pequena cova, onde depositam a urina, cobrindo-a após a micção. Machos e fêmeas sexualmente maduros podem ter o hábito (indesejável) de eliminar urina sob a forma de spray (marcação de território). Primeiro, o animal cheira o alvo, e então se vira de costas e emite o jato. O alvo localiza-se sempre em uma superfície vertical, a cerca de 20 cm acima do solo
Frequência de Micção 
 Para manter o equilíbrio de água, o volume da urina produzida em 24 h deve ser proporcional ao volume de água ingerida. Entretanto, quando ocorre aumento de perda de água por vias extrarrenais (respiração, transpiração, defecação, lactação), deve haver diminuição do volume de urina produzida, a menos que haja aumento compensatório da ingestão de água. A frequência de micção, indicada pelo número de vezes que o animal urina em 24 h, deve ser proporcional ao volume de urina produzida no mesmo período. 
Cada espécie animal tem um padrão para a frequência de micção (lembrar que os recém-nascidos sempre urinam muito mais que os adultos). Contudo, diversas condições fisiológicas ou patológicas podem implicar alteração do número de vezes que o animal urina. As variações na frequência de micção recebem denominações específicas, as quais incluem: 
· polaquiúria ou polaciúria (aumento da frequência de micção)
· oligosúria (micção rara em razão da diminuição do volume de urina produzida)
· iscúria ou retenção de urina. 
· incontinência urinária.
Volume da Urina
A análise do volume de urina requer acompanhamento por 24 h com mensuração de todos os volumes eliminados. Isso pode ser feito colocando-se o animal em gaiolas ou empregando bolsas coletoras. Entretanto, esses procedimentos em geral não podem ser empregados na rotina. Mesmo assim, a avaliação por estimativa do volume de urina pode e deve ser feita. O proprietário ou tratador do animal pode inferir sobre possíveis aumentos ou diminuições do volume de urina produzida, considerando o número de vezes que o animal está urinando por dia e os tamanhos das “poças” de urina formadas a cada micção.
Frequência normal de micções em 24 h para animais adultos:
	Espécie
	Frequência vezes/dia
	Equinos e bovinos
	5 a 7
	Ovinos e caprinos
	1 a 4
	Cães
	2 a 4 *Muito variável se houver necessidade de marcação de território, principalmente no caso de macho.
	Gatos
	2 a 4
Anormalidades de Armazenamento de Urina
	Nomenclatura e definição
	Causas
	Incontinência urinária – reflete perda total ou parcial da capacidade de conter (armazenar) a urina, que é, então, eliminada sem a postura normal de micção. A urina pode sair em gotas, em jorros breves ou escorrer. Em muitos casos, o paciente apresenta incontinência urinária, mas, também, tem micções normais
	Comprometimento nervoso (medula sacral ou suas vias aferentes ou eferentes) Inflamação crônica grave da bexiga (pode coexistir micção normal) Distúrbios hormonais e perda muscular em animais idosos ou castrados Ureter ectópico (se for unilateral, também existirá micção normal) Fístula vesicovaginal (pode coexistir micção normal) Fístula vesicoumbilical Micção imprópria, sinal de submissão ou estresse (comum em cães)
	Enurese noturna – perda involuntária de urina durante o sono. Em estado de alerta o paciente é continente e apresenta micção normal
	Pode ocorrer pela associação de sono profundo com tônus muscular insuficiente para manter a função de esfíncter. Outros fatores podem contribuir para desencadear a perda de urina (p. ex., poliúria, constipação)
	Noctúria – necessidade de acordar durante a noite para urinar, uma ou mais vezes
	Geralmente está relacionada com poliúria A condição é percebida somente em animais de estimação que compartilham o local de dormir dos proprietários
Valores de referência para quantidade de urina produzida em 24 h para animais adultos:
	Animais
	Quantidade de urina
	Equinos
	3 a 7 ℓ (máximo de 10 ℓ)
	Bovinos
	6 a 12 ℓ (máximo de 25 ℓ)
	Ovinos e caprinos
	0,5 a 2 ℓ
	Cães grandes
	0,5 a 2 ℓ
	Cães pequenos e gatos
	40 a 200 mℓ
	Coelhos
	180 a 400 mℓ
Alterações Macroscópicas da Urina
· Presença de cristais 
· Presença de sangue
Casos em que se deve solicitar Urinálise 
· Quando o paciente apresentar sinais sugestivos de doença do trato urinário (superior ou inferior)
· Quando o paciente apresentar sinais de doença sistêmica
· Quando o paciente apresentar quadro clínico de doença grave de causa desconhecida
· Sempre que for examinado um paciente geriátrico
· Sempre que for feita avaliação antes de anestesias
· Sempre que for solicitado check-up
Padrão de normalidade na Urinálise de Cães e Gatos 
EXAME FÍSICO
	Parâmetros
	Cães
	Gatos
	Cor
	Amarelo
	Amarelo
	Aspecto
	Límpido a ligeiramente turvo
	Límpido
	Densidade mínima e máxima 
	1,001 e 1,065
	1,001 e 1,080
	Intervalo de variação mais comum 
	1,013 a 1,035
	1,035 a 1,060
 
EXAME QUÍMICO
	Parâmetros
	Cães
	Gatos
	pH
	4,5 a 8,5
	4,5 a 8,5
	Glicose
	Negativo
	Negativo * em casos de estresse é positivo
	Cetona 
	Negativo
	Negativo
	Bilirrubina 
	Negativo * em urina muito concentrada é positivo
	Negativo
	Sangue oculto 
	Negativo
	Negativo
	Proteínas
	Negativo * em casos de estresse é positivo 
	Negativo
SEDIMENTOSCOPIA
	Sedimentoscopia
	Cães
	Gatos
	Hemácias/campo 400×
	0 a 5
	
	Leucócitos/campo 400×
	0 a 5
	
	Cilindros/campo 400×
	Hialino ocasional
	Hialino ocasional
	Células epiteliais/campo 400×
	Ocasional
	Ocasional
	Gotículas de gordura/campo 400×
	Incomum
	Comum 
	Bactérias/campo 400×
	Negativo
	Negativo
	Cristais/campo 400×
	Variável
	Variável
Achados normais na Urinálise de Equinos, Bovinos e Caprinos:
EXAME FÍSICO 
	Parâmetros
	Equinos
	Bovinos
	Caprinos
	Cor
	Amarela
	Amarela
	Amarela
	Aspecto
	Turvo (muco e cristais)
	Límpido
	Límpido
	Densidade 
	1,020 a 1,050
	1,025 a 1,045
	1,015 a 1,045
EXAME QUÍMICO 
	Parâmetros
	Equinos
	Bovinos
	Caprino e Ovino
	pH
	7,0 a 8,0
	7,4 a 8,4
	7,0 a 8,0
	Glicose
	Negativo
	Negativo 
	Negativo
	Cetona 
	Negativo
	Negativo
	Negativo
	Bilirrubina 
	Negativo 
	Negativo
	Negativo
	Sangue oculto 
	Negativo
	Negativo
	Negativo
	Proteínas
	Negativo, traço
	Negativo, traço
	Negativo, traço
SEDIMENTOSCOPIA
	Sedimentoscopia
	Equinos
	Bovinos
	Caprino e Ovino
	Hemácias
	Ausentes, raras
	Ausentes, raras
	Ausentes, raras
	Leucócitos
	Ausentes, raras
	Ausentes, raras
	Ausentes, raras
	Cilindros
	Ausentes
	Ausentes
	Ausentes 
	Células epiteliais
	Poucas 
	Ausentes, raras
	Ausente, raras
	Filamentos de muco
	Presentes (mais em fêmeas) 
	Negativo
	Negativo 
	Bactérias
	Ausentes ou poucas
	Ausentes ou poucas
	Ausentes ou poucas
	Cristais
	Comum 
	Variável
	Variável