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PUC-RIO - PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - DEPARTAMENTO DE DIREITO JUR 1831 – Teoria das Obrigações e dos Contratos I Turma 2 HA – 2010.2 Prof. Marcelo Trindade Prova G1 – 28.06.2010 – Prova A - GABARITO Responda, sucinta e objetivamente, justificando suas respostas com base nos preceitos legais pertinentes. I) Diferencie Obrigações Alternativas e Facultativas. (20 pontos) Nas obrigações alternativas as diversas prestações possíveis estão todas em obrigação, sendo abrangidas pelo vínculo obrigacional, do que decorre, em diversas situações, direito ou dever da outra parte sobre a prestação remanescente, como no caso da impossibilidade de uma das prestações. Nas obrigações facultativas há apenas uma prestação em obrigação, sendo facultado a uma das partes determinar que essa prestação seja substituída pela prestação facultada, sobre a qual, entretanto, a outra parte não terá qualquer direito. II) Paula e Renata são donas de um quiosque na praia, de muito sucesso entre os estudantes de direito. Nessa qualidade aceitam proposta de uma grande cervejaria, e com ela contratam as seguintes obrigações: (i) a cervejaria se obriga a fornecer uma certa quantidade de uma cerveja premium por mês, a preço fixo; (ii) a cervejaria se obriga a contratar anúncios em televisão mencionando a cerveja premium como a de maior qualidade no mercado; (iii) a cervejaria empresta às donas do quiosque R$ 100.000,00 para investimentos em melhorias no quiosque, a serem devolvidos em 10 parcelas mensais e sucessivas; e (iv) as donas do quiosque se obrigam a não vender cervejas de outra marca no quiosque. O contrato de mútuo é afiançado solidariamente por Miriam, amiga das donas do quiosque. Pergunta-se (as perguntas são independentes entre si. Ao respondê-las, considere apenas o enunciado geral): 1) Que modalidades de obrigações são identificadas na questão? A obrigação da cervejaria de entregar cerveja era de dar coisa incerta (3pts), de quantidade/indivisível (1pt). A obrigação da cervejaria de contratar os anúncios era de fazer (3pts), de resultado (1pt). A obrigação de Paula e Renata de pagar o mútuo era pecuniária (3pt), divisível (1pt). A obrigação de Paula e Renata de não vender cerveja de outra marca era de não fazer (3pts), de abstenção/indivisível (1pt). A obrigação de Miriam, como fiadora, era pecuniária (3pts), solidária (1pt). 2) Caso a cervejaria entregue em um determinado mês outra espécie de cerveja que não a premium, alegando e provando que o governo não permitira a importação da cevada especial necessária à fabricação, que direitos têm as donas do quiosque contra a cervejaria? Renata e Paula não estavam obrigadas a receber, em qualquer caso, prestação diversa da devida (CC, art. 313) (5 pts). Embora se tratasse de obrigação de dar coisa incerta, o gênero tornou-se indisponível naquele mês, sem culpa do devedor, ao contrário do que prevê o art. 246 do CC (10pts). Portanto, deve-se aplicar analogicamente a norma do art. 234 CC, primeira parte, não respondendo o devedor pela impossibilidade (5pts). 3) Caso as donas do quiosque se tornem credoras da cervejaria da quantia de R$ 50.000,00, mas ainda assim Miriam seja cobrada da dívida integral do mútuo, que defesas ela poderá opor? Como fiadora, Miriam pode opor compensação utilizando o crédito das afiançadas (CC, art. 371), em uma exceção à exigência legal de identidade subjetiva (15 pts). Tratar-se-á de compensação parcial, e Miriam ficará ainda responsável por R$ 50.000,00 (5pts). 4) Caso as donas do quiosque descumpram sua obrigação de não vender outra cerveja, porque Paula, nas férias de Renata, decida incrementar os negócios vendendo cerveja de outra marca, que direitos terá a cervejaria contra cada uma das devedoras? A cervejaria tem o direito de exigir de ambas as devedoras que voltem a cumprir a obrigação de não fazer (CC, art. 251), inclusive sob pena de multa diária fixada pelo Juiz (CPC, art. 461) (10 pts). A cervejaria também tem direito de obter perdas e danos pelos prejuízos durante o período do descumprimento (CC, art. 251), respondendo por estes apenas Paula, que foi a culpada (CC, art. 257, para quem entender que a obrigação era divisível, ou CC, art. 263, § 2º, para quem entender que era indivisível) (10 pts).
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