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Maria Eduarda Marini 101B 1 Cardiomiopatias As cardiomiopatias são doenças intrínsecas do músculo cardíaco, ou seja, a lesão primária é do próprio músculo do coração logo, é o músculo que sofre a agressão direta e dessa forma, ele pode se dilatar ou hipertrofiar. É classificada em três tipos: hipertrófica (paciente nasce com o gene, esse gene em algum momento vai levar ao aumento do tamanho do cardiomiocito que hipertrofia, é genética), dilatada (genética, viral, tóxica, idiopática) ou restritiva (mais incomum, ocorre por infiltração de material no miocárdio, levando a uma perda de complacência). Perguntas: 1- Paciente enfartou, perdeu o musculo cardíaco e dilatou, agora ele tem uma dilatação miocárdica que foi causada por uma doença isquêmica do coração com origem na coronária, isso é uma cardiomiopatia? R:Não, isso é cardiopatia isquêmica. 2- Doente com hipertensão arterial sistêmica, secundário temos a hipertrofia do miocárdio, fazendo uma HVE, isso é cardiomiopatia? R: Não, é uma cardiopatia hipertensiva. Em relação a essas classificações, como funciona o miocárdio, essa cardiomiopatia? Reparem nessas figuras: Imagem 1: mostra um ventrículo esquerdo geometricamente normal. Imagem 2:uma cardiomiopatia dilatada, o que marca é um grande aumento da cavidade ventricular esquerda.(modelo clássico da insuficiência cardíaca), espessura do miocárdio preservada. Maria Eduarda Marini 101B 2 Imagem 3:uma cardiomiopatia hipertrófica, marcada por uma grande hipertrofia do musculo cardíaco, o musculo cresce muito, ocupando a cavidade ventricular esquerda, tornando a cavidade pequena. Qual a parede miocárdica que mais cresce na cardiomiopatia hipertrófica? R: o septo cresce mais que as outras porções, podendo levar até uma obstrução. Imagem 4: é uma cardiomiopatia restritiva, que tem dificuldade em relaxar, em se encher de sangue, com sua parede um pouco hipertrofiada dependendo da qnt. de material depositada no miocárdio. Etiologia das Cardiomiopatias Genética: hipertrófica é SEMPRE. Tóxica (quimioterapia por exemplo, neoplasias como CA de mama e leucemia e linfomas-sempre realizar ECO antes, durante e após o tratamento) Idiopática (quando não sabemos a causa da cardiomiopatia dilatada) Inflamatória (infecciosa: como a dilatada, sendo o vírus a principal causa/ não infecciosa) Metabólica (nutricionais e endócrina) Infiltrativa(restritiva) Fibroplástica (restritiva) Hematológica (restritiva) Hipersensibilidade Agentes físicos Exemplo: Temos um doente com insuficiência cardíaca, com um VE dilatado e funcionando mal, qual é a etiologia ou buscar ou descartar, a causa mais comum de IC? R: Doença arterial coronariana, doença isquêmica do coração. Se não for pensamos em cardiomiopatia dilatada. Cardiomiopatia Dilatada Maria Eduarda Marini 101B 3 Quadro Clínico Tem uma instalação do dano miocárdico muito insidioso, é lenta, os pacientes podem ser pouco sintomáticos ou até mesmo assintomáticos, mesmo na presença de uma insuficiência ventricular esquerda ou insuficiência cardíaca congestiva, apresentam fadiga e fraqueza, além disso como esse paciente tem cavidades muito grandes que contraem mal, leva a estase sanguínea dentro das cavidades cardíacas, que pode levar a um fenômeno tromboembólicos(por isso prescrevemos anticoagulantes, sendo eles diretos ou não). Por exemplo uma doença de Chagas, o dono miocárdio dura em torno de 60/70 anos, ele tem poucos sintomas. Exame Físico: Sinais de cardiomegalia B3(por causa da sobrecarga volêmica) e B4(por causa da sobrecarga pressórica) Surgimento de sopros mitrais e tricúspides Mas porque isso acontece? Vamos pensar, eu tenho um anel mitral normal, músculos papilares, folhetos anteriores e posteriores, agora tendo uma cardiomiopatia dilatada, vou ter uma cavidade grande, com dilatação do meu VE, assim o meu anel mitral dilata (se for VD o anel tricúspide dilata), espaçando o musculo papilar, mantendo o folheto do mesmo tamanho, assim o que acontece: o anel como está grande não permite o fechamento desses folhetos durante a sístole, voltando o sangue para dentro dos átrios. É chamado de insuficiência mitral funcional ou disfuncional, secundários a uma dilatação do anel valvar. Exames Complementares: Eletrocardiograma (onde buscamos sinais de aumento atrial esquerdo e direito, aumento ventricular direito e esquerdo) Radiologia (aumento de área cardíaca) Ecocardiograma (capaz de te dar muitas informações, dando tamanho de cavidade, função sístole e diastólica, etc...) Maria Eduarda Marini 101B 4 Tratamento: Beta bloqueador (se tem disfunção sistólica só pode ser carvedilol, metropolol ou mizoprolol) + IECA ou BRA Se o doente apresentar sintomas: diurético de alça, que é o furosemida Se a sua fração de ejeção estiver menor que 40 por cento ou classe funcional maior do que dois, devemos associar com bloqueador de aldosterona Se os sintomas persistirem eu utilizo vasodilatadores como o nitrato+hidralazina, ou digital, ou sacubitril+valsartana (acima da classe funcional maior ou igual a 3) Se a FC estiver alta posso usar ivabradina (FC maior que 70 e ritmo sinusal) Se eles necessitarem de cirurgia: transplante (perfil de paciente com cardiomiopatia dilatada muito jovem), ventriculectomia parcial, plastia mitral (diminuir o tamanho do anel mitral citado acima) Cardiomiopatia Hipertrófica Quadro Clínico Tem um grande risco de morte súbita, sendo até as vezes o primeiro sintoma da doença, a maioria dos pacientes são assintomáticos e apresentam exames físicos normais. Ou são discretamente sintomáticos, que são sintomas relacionados a dificuldade do ventrículo de encher, dando insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada que dá dispneia, muito musculo para ser nutrido que pode gerar dor que é a angina e sinais de baixo debito cerebral que gera sincope, ou sinal de arritmia ventricular. MORTE SÚBITA. Exame Físico Normalmente normal Maria Eduarda Marini 101B 5 Apresenta discreta cardiomegalia Sopro sistólico causada por uma estenose sub aórtica, ai o sangue turbilhona e pode gerar o sopro, que aumenta por valsava(aumento a pressão intratorácica), é melhor audível no foco aórtica acessório B4=indica hipertrofia do enchimento Grande causa Hipertrófica Mecanismo da Morte Súbita Fibrilação Ventricular: é uma arritmia mais rápida ainda do que a taquicardia ventricular, é completamente desordenada, cada hora tem uma polaridade. Maria Eduarda Marini 101B 6 Diagnóstico: Eletrocardiograma: ele é alterado em mais de 95 por cento dos casos, é muito característico e é muito fácil de ver, muito típico. Legenda: na primeira imagem em preto, vemos um eletro normal. Devemos focar nas derivações precordiais esquerdas, V4,V5,V6.Na segunda imagem vemos a alteração em V4,V5,V6 que tem como alteração as ondas R são muito amplas, ultrapassando o papel, onda T negativa e profunda(sugere hipertrófica ventricular esquerda) Resumindo: no eletro de cardiomiopatia hipertrófica vemos onda R muito amplas, onda T negativa e profunda. Qual o próximo passo quando vemos esse eletro? Devemos fazer um ecocardiograma. Ecocardiograma: quase 100 por cento dos pacientes eu fecho o diagnostico com o ECO, vejo miocárdio hipertrofiado, cavidade diminuída, aumento atrial esquerdo. Maria Eduarda Marini 101B 7 RNM cardíaca Tratamento: Afastar de atividades físicas de alto desempenho, pois pode causar arritmia Avalio todo o histórico familiar, todos os parentes de primeiro grau, para fazer ECG e ECO Devo fazer o uso de beta bloqueador, reduz a frequência cardíaca, inclusive a força de contração, reduz a incidência de arritmia, aumentao tempo de diástole, reduzindo a pressão de enchimento. Tratamento baseado nesse BETA BLOQUEADOR Mas e o paciente que não pode usar beta bloqueador ou não consegui diminuir muito a FC só com Beta bloq.? Verapamil, Tratamento Percutâneo: Pode ser necessário retirar um pedaço do septo na forma de cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva, ou seja, quando o septo cresce tanto que obstrui o fluxo de sangue do VE para a aorta. Pode ser feito cirurgicamente através da miectomia septal ou de forma percutânea através do cateterismo. Tratamento Cirúrgico Prevenção de Morte Súbita Fazer a implantação de um desfibrilador chamado cardiodesfibrilador implantável(CDI), ele tem um cabo aterrado que é capaz de identificar se o paciente está com taquicardia e chocar o mesmo. Quem vai colocar esse desfibrilador? 1- Paciente que já teve uma parada cardíaca por fibrilação ou taquicardia ventricular (prevenção secundária). 2- Quem tiver taquicardia ventricular sustentada (espontânea). A sustentada dura mais de 30seg e a não sustentada dura menos de 30seg. 3- História familiar de morte súbita em parentes jovens 4- Síncope inexplicada 5- Espessura da parede maior que 30mm, lembrando que o normal são 11mm 6- Presença de FA associada a hipertrofia Maria Eduarda Marini 101B 8 7- Obstrução da via de saída do sangue do VE para aorta (quando o gradiente sub aórtico é maior que 30mmHg) 8- Quando você faz um marcador genético e ele apresenta mutação de alto risco Cardiomiopatia Restritiva Ocorre por infiltração do material anômalo do miocárdio.O eletrocardiograma pode gerar baixa voltagem do complexo QRS.O átrio sempre fica enorme. Pode ser dividida em infiltradas e não infiltradas. Caso Clínico: Turgor jugular, edema de membro, ascite, hepatomegalia IVE/IVD Diagnostico: Ressonância Tratamento: Cirúrgico