Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SEMIOLOGIA – Felipe C EXAME FÍSICO APARELHO RESPIRATÓRIO TIPOS DE TÓRAX: Inclui os aspectos do exame físico geral pertinentes ao aparelho respiratório, como alterações da coloração da pele e mucosas, baqueteamento digital, formato do tórax, tipo de respiração, ritmo e amplitude da respiração, tiragem e utilização de musculatura acessória, expansibilidade, palpação, percussão e ausculta do tórax. SEMIOLOGIA – Felipe C INSPEÇÃO E PALPAÇÃO: Ectoscopia: Observar a coloração das mucosas, baqueteamento, forma do tórax Padrão respiratório: Observar o tipo, ritmo e amplitude da respiração Sinais de esforço e utilização de musculatura acessória: batimento de aletas nasais, musculatura cervical, tiragem intercostal, musculatura abdominal. Posições: Em decúbitos dorsal, laterais, sentado e ortostatismo Observar: Abaulamentos; Impulsões de borda esternal; Retrações; Malformações torácicas; Batimentos ou Movimentos; Frêmitos; pontos dolorosos; enfisema subcutâneo AVALIAÇÃO DA EXPANSIBILIDADE TORÁCICA: Conceitos: A parede torácica inclui a pele, o tecido subcutâneo, os músculos, as cartilagens e os ossos. Procedimento: Antes e após examinar um paciente lave as mãos. O examinador deve se colocar atrás do paciente. Iniciar o exame pelos ápices e ir deslocando as mãos em direção às bases. Pousar as mãos espalmadas sobre as regiões a serem examinadas, de tal modo que os polegares se toquem levemente, em ângulo quase reto. Os demais dedos encostam levemente no tórax, levemente fletidos. Nas bases, aderir bem os dedos e o examinador deve se postar assentado, de preferência. SEMIOLOGIA – Felipe C Solicitar ao paciente para respirar mais fundo e ir observando a movimentação de suas mãos, particularmente o distanciamento dos polegares da linha médio- espinhal. A expansibilidade pode ser normal ou diminuída (unilateral ou bilateralmente). REGISTRO DO EXAME NORMAL: Expansibilidade normal e simétrica AVALIAÇÃO DO FRÊMITO TÓRACO-VOCAL (FTV): Conceito: é o exame das vibrações percebidas pela mão do examinador, encostada na parede torácica, quando o paciente emite algum som. Procedimento: Antes e após examinar um paciente lave as mãos. O examinador deve se colocar atrás do paciente. Iniciar o exame pelo alto e ir deslocando a mão em direção às bases, em cada uma das faces torácicas. Pousar a mão espalmada, ora de um lado, ora do outro, com os dedos levemente estendidos, sobre as regiões do tórax a serem examinadas ao mesmo tempo em que o paciente vai falando em voz alta ―trinta e três‖. SEMIOLOGIA – Felipe C Compara-se um lado com o outro e observa-se o aumento, a diminuição e o desaparecimento do FTV, (unilateral ou bilateralmente). REGISTRO DO EXAME NORMAL: FTV normal e simétrico PERCUSSÃO TORÁCICA: Procedimentos: Antes e após examinar um paciente lave as mãos. Para a percussão das faces anterior e laterais, o paciente pode estar deitado ou assentado. Na percussão das faces laterais o paciente deve colocar a mão na cabeça. Já a percussão da parede posterior deve ser feita com o paciente na posição sentada. Utiliza-se a percussão dígito-digital, indo de cima para baixo em cada face. Ir golpeando os espaços intercostais ora de um lado, ora do outro, e ir comparando os sons obtidos. SEMIOLOGIA – Felipe C Manter a força do golpe constante. Identificar os 3 sons pulmonares à percussão e as áreas em que ocorrem. Comparar o exame com pessoas magras, musculosas e obesas. Percussão do tórax: hipersonoridade, submacicez e macicez. REGISTRO DO EXAME NORMAL: Sons pulmonares normais e sem sinais de cardiomegalia AUSCULTA PULMONAR: Primeiramente para uma boa ausculta pulmonar, o paciente deve estar sem camisa, braços cruzados e boca entreaberta. Preferencialmente pede-se que ele respire pela boca. Deve-se realizar comparação entre os dois lados dos pulmões, indo do ápice dos pulmões até a base. TÉCNICA: Paciente sentado com mãos no joelho, tórax despido (tossir algumas vezes antes). Auscultar: anterior, posterior lateral e fossas supraclaviculares (ápices pulm) SEMIOLOGIA – Felipe C OBS: pêlos e roupas podem simular ruidos anormais (semelhantes a estertores) Sons respiratórios normais: Som traqueal, respiração brônquica e murmúrios vesiculares. Sons respiratórios anormais: São os ruídos adventícios. Estertores finos (crepitações), estertores grossos ou bolhosos, roncos, sibilos, atrito pleural e estridor. SEMIOLOGIA – Felipe C SONS RESPITATÓRIOS NORMAIS: Murmúrios Vesiculares – É o som normal escutado no pulmão, é causado pela entrada e saída de ar nos pulmões. Se tem algo que obstrua seu caminho, pode estar ausente ou diminuído. É auscultado na periferia pulmonar, ouve-se mais na inspiração do que na expiração. Quando ocorre o prolongamento da fase expiratória, pode estar associado ao aparecimento da: Asma brônquica em crise, DPOC avançado. A diminuição do MV pode ser causada por: Pneumotórax, hidrotórax, espessamento pleural, enfisema pulmonar, dor torácica de qualquer etiologia que impeça ou diminua os movimentos do tórax, obstrução das VAS, oclusão parcial ou total de brônquios e bronquíolos. Som Brônquico – Audível sobre a área de projeção da traqueia. Ausculta-se sobre o manúbrio do esterno e brônquios principais. É ouvido mais na expiração do que na inspiração. Assemelha-se ao som traqueal, nele escuta o som da traqueia, porém no som brônquico o som expiratório é mais prolongado no que traqueal. Som Broncovesicular – É auscultado na região esternal e inter escapular. Pode ser ouvido nas regiões infra e supra claviculares e nas regiões supra escapular. Os sons inspiratórios e expiratórios têm a mesma duração. Som Traqueal – O som traqueal é semelhante ao som brônquico, porém com mais intensidade. O local de ausculta é na área de projeção da traqueia. Tem o som expiratório mais intenso que o inspiratório. SEMIOLOGIA – Felipe C SONS RESPITATÓRIOS ANORMAIS: RUÍDOS ADVENTÍCIOS. Os ruídos adventícios podem ser classificados em contínuos (roncos, sibilos e estridor), eles permanecem por todo o ciclo respiratório, mais audíveis na expiração. Também podem ser classificados como descontínuos (estertores finos ou crepitantes e grossos ou bolhosos), que são sons mais explosivos de curta duração. Os sons descontínuos consistem nos estertores, que são decorrentes a anomalias pulmonares, como fibrose e a bronquite. Dividem-se em estertores finos (ou crepitantes), que indicam conteúdo dentro dos alvéolos e doença intersticial e estertores grossos (ou bolhosos), que indicam conteúdo liquido ou inflamatório nas vias aéreas. Sons Contínuos: - Roncos: Roncos são sons graves e de baixa frequência, são gerados pelo turbilhão aéreo que se forma com a movimentação do muco e liquido dentro da luz das vias aéreas (geralmente brônquios de grossos calibres). É o som produzido devido as vibrações dos brônquios quando o ar passa devido ao broncoespasmo, edema de mucosa, grande quantidade de secreção ou compressão das vias aéreas. Aparecem na: Asma brônquica, bronquites, bronquiectasias e obstruções localizadas. *Podem ser ouvidos mais na inspiração e maior frequência na expiração. São mutáveis, surgindo e desaparecendo em curtos períodos de tempo. - Sibilos: São sons contínuos de longa duração. São agudos e de alta frequência. Também se origina nas vibrações das paredes brônquicas e do seu conteúdo, quando há estreitamento dos ductos, seja por espasmo ou edema de parede brônquica, ou seja, acompanham patologias que levam obstrução do fluxo aéreo, como por exemplo na asma e na bronquite (DPOC). Aparece tanto nainspiração quanto na expiração, onde é mais predominante. OBS: O ronco possui um som similar a uma pessoa roncando quando dorme. Já o sibilo apresenta-se como uma espécie de miado de gato ou apito de chaleira. - Estridor: Pode ser considerado um tipo especial de sibilo, som alto e com maior intensidade na inspiração e que acontece nas vias aéreas ou obstrução alta da laringe ou traqueia. Pode ser provocado por: Laringite aguda, câncer de laringe, estenose de traqueia, corpo estranho inalado, abscesso, edema e etc... SEMIOLOGIA – Felipe C Sons Descontínuos: - Estertores finos ou Crepitantes: São sons gerados quando o ar entra em um alvéolo pulmonar que contenha líquidos. Sons livres e de alta tonalidade, semelhante ao friccionar dos cabelos e som de abrir o velcro. É predominante no final da inspiração e não se altera com a tosse. Está presente na consolidação pulmonar como nas patologias: Pneumonia, edema pulmonar, fibrose pulmonar e tuberculose. - Estertores grossos ou Bolhosos: São sons auscultados durante a inspiração, decorrente a grande secreção alveolar. Tem duração longa e de baixa tonalidade, ou seja, menos agudos e duram menos que os finos. Tem alteração quando ocorre a tosse e pode ser ouvido em todas as regiões do tórax. Pode ser ouvido no início da inspiração e toda expiração, não e modifica com a exposição do paciente, indicam muco e bolhas nos brônquios. Podem ser causados por: Bronquite e Bronquiectasia. - Som do atrito pleural: Ocorre por um processo inflamatório das peluras visceral e parietal. Torna a superfície das pleuras irregulares, gerando o atrito pleural. Mais intenso na inspiração, som de duração maior que a frequência baixa, tonalidade grave e vibração palpável, o que distingue dos estridores. Som parecido como duas mãos se esfregando perto do ouvido ou atrito de um pano velho. Aparece em casos de pleuritres. SEMIOLOGIA – Felipe C SÍNDROMES Inspeção Palpação Percussão Ausculta EDEMA AGUDO DE PULMÃO Dispnéia, tiragem intercostal e supraclavicular, expectoração rósea Sem anormalidades Som claro atimpânico Estertores crepitantes ao final da inspiração DERRAME PLEURAL A traquéia pode estar desviada para o lado oposto nos grandes derrames. Expansibilidade diminuída; FTV diminuído ou ausente. Maciço a submaciço. MV diminuído ou ausente; por vezes atrito pleural PNEUMOTÓRAX Dispnéia, cianose, tiragem intercostal desvio da traquéia para o lado contrário da lesão Diminuição ou ausência da expansibilidade, ftv diminuído ou ausente. Timpanismo, hiperressonância. Mv diminuído ou ausente; ausência ou diminuição da voz sussurrada CONDENSAÇÃO PULMONAR Sem anormalidades Expansibilidade sem alterações; ftv aumentado Macicez na região isenta de ar Estertores no final da inspiração na região envolvida, broncofonias (egofonia, pectorilóquia) ATELECTASIA A traquéia pode estar desviada para o lado comprometido. Expansibilidade diminuída; ftv geralmente ausente quando persiste o tampão brônquico Macicez na região sem ar Mv ausente enquanto persiste o tampão brônquico ENFISEMA PULMONAR Taquipnéia, expiração prolongada, tórax em tonel, dedos em baqueta de tambor. Diminuição da expansibilidade; ftv diminuído. Hiperressonância, limite inferior de ambos pulmões rebaixados. Mv diminuído, prolongamento da expiração, ocasionalmente roncos, sibilos e estertores. ASMA BRÔNQUICA Taquipnéia, expiração prolongada, por vezes com tiragem intercostal. Diminuição da expansibilidade; ftv diminuído. Hiperressonância ocasional. Mv diminuído, prolongamento da expiração, roncos e sibilo OBS: Derrame pleural, pneumotórax desviam a traquéia para o lado contrário da lesão Atelectasia: desvia traquéia homolateral a lesão RITMOS RESPORATÓRIOS: TAQUIPNEIA/BRADIPNEIA - A taquipneia, consiste na aceleração do ritmo respiratório (FR > 20). Diferentes situações podem desencadear esta condição, inclusive acidose metabólica, patologias restritivas do tórax, atelectasias, Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), distúrbios da ventilação mecânica com o paciente (auto-PEEP), acúmulo de secreção traqueal, obstrução das vias aéreas artificiais, barotrauma, dor e hipoxemia. Já a SEMIOLOGIA – Felipe C bradipneia está relacionada à depressão do sistema nervoso central (SNC), muitas vezes induzida por drogas e traumas. RESPIRAÇÃO DE CHEYNE-STOKES - É um ritmo respiratório por um período com incursões que aumentam progressivamente de amplitude até o seu máximo, seguidas de diminuição do seu ritmo até a apneia. Nessa última fase, observam- se diminuição do tônus do paciente, pupilas mióticas e resposta mínima a estímulos externos. Está relacionada a lesões cerebrais difusas ou nos hemisférios. RESPIRAÇÃO ATÁXICA OU DE BIOT - É determinada por uma constante irregularidade, com inspirações profundas esporádicas. É causada por lesões cerebrais difusas, depressão do centro respiratório, lesão medular e compressão do bulbo. SEMIOLOGIA – Felipe C HIPERPNEIA - É caracterizada por respirações profundas e rápidas, causadas principalmente por acidose metabólica, coma, infarto agudo do miocárdio, lesão de ponte e ansiedade. APNEIA - Na apneia ocorre a interrupção da respiração, é observada em disfunções do SNC, fadiga muscular, obstrução de vias aéreas ou distúrbio da condução neural. As apneias de origem obstrutiva apresentam mobilidade da caixa torácica, mas não há fluxo de ar. Já nas de origem central, indicação absoluta de entubação traqueal, não se observa fluxo de ar nem movimentação da caixa torácica. DISPNEIA SUSPIROSA - A dispneia suspirosa consiste na presença de inspirações profundas, esporádicas, em meio a um ritmo respiratório normal. Ela se manifesta, em geral, em indivíduos com distúrbios psicológicos ou, de maneira mais corriqueira, devido a um eventual quadro emocional ou de mudança de humor mais agudo. RITMO DE CANTANI - O ritmo de Cantani é caracterizado pelo aumento da amplitude dos movimentos respiratórios, de modo regular e secundário à presença de acidose metabólica. Tal ritmo pode ser evidenciado, por exemplo, em casos de cetoacidose diabética e de insuficiência renal. No entanto, vale lembrar que, à medida que ocorre o agravamento da acidose metabólica, pode haver o surgimento do ritmo de Kussmaul, traduzido pela alternância sequencial de apneias inspiratórias e expiratórias. SEMIOLOGIA – Felipe C RESPIRAÇÃO DE KUSSMAUL - A respiração de Kussmaul é composta por quatro fases. A primeira, é caracterizada por inspirações ruidosas, a segunda por apneia em inspiração, a terceira por expiração ruidosa e, finalmente, a quarta, apneia em expiração. Dentre as suas possíveis causas, a principal é a vigência de acidose, com destaque para a acidose diabética, complicação possível da Diabetes Melitus, principalmente do tipo I (DM1).
Compartilhar