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1 Semiologia Geral | Stephany Galvão TÓRAX: Pontos anatômicos; Linhas torácicas; Regiões anatômicas; Importância: indispensável para manobras semiológicas e descrição dos sinais clínicos PONTOS ANATÔMICOS: Os principais pontos de referência anatômicas são: As costelas; Os espaços intercostais: Ao total temos 12 pares de costelas e 10 espaços intercostais. O primeiro espaço intercostal é praticamente impossível de palpar, pois a clavícula está logo acima. Abaixo da clavícula, está o 2º EIC e, na linha do mamilo, está o 5º EIC; O ângulo de Louis, que corresponde à linha transversal traçada no nível da junção do manúbrio com o corpo do esterno e que se apresenta como uma leve elevação facilmente reconhecível pelo tato; A 4ª vértebra torácica, que se encontra na mesma altura do ângulo esternomanubrial ou ângulo de Louis; A 7ª vértebra cervical, também denominada proeminente; As clavículas; A articulação xifoesternal; A incisura supraesternal; O ângulo de Charpy ou infraesternal: ângulo formado entre as últimas costelas e o apêndice xifoide; transição do tórax pro abdome; OBS: Para o reconhecimento da 2ª costela, toma-se como ponto de referência o ângulo de Louis. Após identificá-lo, o examinador desliza os dedos médio e indicador abertos, no sentido de dentro para fora, de modo a deixar entre eles a extremidade anterior do 2º arco costal. A partir de então, torna-se fácil identificar as demais costelas e os respectivos espaços intercostais. LINHAS TORÁCICAS: Face ventral do tórax: Linha medioesternal: passa pelo queixo, esterno e vai até o umbigo; Linha esternal; Linha hemiclavicular ou medioclavicular: as que se originam no meio das clavículas, dividindo- as em duas partes iguais; Linha axilar anterior: descende pela borda do músculo peitoral maior. Também é vista na face lateral; Face dorsal do tórax: Linha médioespinhal ou espondiléia: no meio de toda a coluna espinhal; Linha escapular: passa pela protuberância da escápula, em ambos os lados; Face lateral do tórax (axilar): 2 Semiologia Geral | Stephany Galvão Linha axilar anterior: descende pela borda do músculo peitoral maior. Divide a face lateral da face anterior; Linha axilar média: divide a lateral do tórax em uma parte anterior e outra posterior; Linha axilar posterior: divide a região lateral da região dorsal (transição das costas para axila); REGIÕES TORÁCICAS: Formadas pela junção das linhas torácicas; PAREDE ANTERIOR: 1. Região supraclavicular; 2. Região clavicular; 3. Região infraclavicular; 4. Região mamária; 5. Região inframamária ou hipocôndrio; 6. Região supraesternal; 7. Região esternal superior; 8. Região esternal inferior; PAREDE LATERAL: 1. Região axilar; 2. Região infra-axilar; PAREDE POSTERIOR: Se baseia na posição da escápula. 1. Região supraescapular; 2. Região supraespinhosa; 3. Região infraespinhosa; 4. Região inter-escapulo-vertebral; 5. Região infra-escapular; OBS: linha inter-escapulo-vertebral é muito importante para a ausculta; RX DE TÓRAX: PROJEÇÃO DOS PULMÕES: O pulmão direito possui 3 lobos (lobo superior, lobo médio e lobo inferior) e o esquerdo apenas 2 (lobo superior e lobo inferior). Nas projeções do pulmão direito, é perceptível que na vista anterior, o lobo inferior quase não é percebido. Já na vista posterior, temos o predomínio do lobo inferior. Na projeção anterior do pulmão esquerdo, o lobo superior é o mais visto, enquanto na projeção posterior, há o predomínio do lobo inferior. 3 Semiologia Geral | Stephany Galvão Os lobos inferiores dos pulmões (roxo e rosa) são bem posteriorizados, ou seja, a ausculta deles é feita examinado-se o dorso do paciente. Já os lobos superiores (verde e amarelo) e o lobo médio (laranja) projetam-se mais para a parte anterior. Isso tem repercussão no exame físico, pois permite auscultar possíveis alterações pulmonares em certas localidades. MÉTODOS PROPEDÊUTICOS: Inspeção; Palpação; Percussão; Ausculta; INSPEÇÃO: Divide-se a inspeção torácica em estática e dinâmica: INSPEÇÃO ESTÁTICA: Paciente parado, sentado ou pé, para ver toda a circunferência do tórax; Compreende a forma do tórax e a presença ou não de abaulamentos e depressões na superfície; FORMA: formato do tórax; pode ser normal (plano) ou patológico. PARTES MOLES E ÓSSEAS: Cicatrizes, abaulamentos, enfisema subcutâneo, retrações, circulação colateral, etc. ATENÇÃO! É necessário sempre fazer a exposição do tórax do paciente. FORMAS PATÓLOGICAS DO TÓRAX: Tórax chato: tórax mais brevilineo, diâmetro antero-posterior encurtado. Além do achatamento, neste tipo de tórax as escápulas sobressaem claramente no relevo torácico. - Comum em: longilíneos e não tem significado patológico. Tórax globoso (tonel/barril): Visto melhor na visão lateral. Apresenta diâmetro ântero- posterior aumentado. - Comum em: enfisema pulmonar, fumantes crônicos; no entanto, pode surgir em pessoas idosas livres de qualquer doença pulmonar. Tórax escavado, infundibuliforme (pectus excavatum): Caracteriza-se pela presença de uma depressão acentuada no nível do terço inferior do esterno. Pode ser congênito ou adquirido. - Comum em: O raquitismo constitui a causa mais importante desse tipo de tórax. Quando muito acentuado pode produzir distúrbio pulmonar restritivo. Tórax cariniforme (pectus carinatum): Nota-se, no nível do esterno, uma saliência em forma de 4 Semiologia Geral | Stephany Galvão peito de pombo ou de quilha de navio. Pode ser congênito ou adquirido. - Comum em: O raquitismo infantil é também a principal causa deste tipo de tórax, o qual não compromete a ventilação pulmonar. Típico de pacientes asmáticos. Tórax escoliótico: O tórax torna-se assimétrico em consequência do desvio lateral do segmento torácico da coluna vertebral. A causa mais comum é anomalia congênita. A coluna forma um “S”. Tórax cifótico: É decorrente do encurvamento posterior da coluna torácica, seja por defeito de postura ou por lesão de vértebras torácicas (tuberculose, osteomielite, neoplasias ou anomalias congênitas). Tórax cifoescoliótico: Decorre da combinação de uma alteração cifótica com a escoliose. Pode ser congênito ou secundário às mesmas enfermidades referidas no item anterior. A cifoescoliose pode produzir restrição grave da expansão torácica, causando insuficiência respiratória. Tórax em sino ou piriforme: A porção inferior torna-se alargada como a boca de um sino, lembrando um cone de base inferior. Surge nas grandes hepatoesplenomegalias e na ascite volumosa. ...Ou seja, para gerar um formato patológico, basta apenas possuir alguma alteração do arcabouço ósseo. INSPEÇÃO DINÂMICA: Tórax em movimento. Analisa-se: frequência; tipo respiratório; o ritmo e amplitude dos movimentos respiratórios; a presença ou não de tiragem; FREQUENCIA RESPIRATÓRIA: Para a análise do ritmo da respiração, é necessário observar quantas incursões respiratórias são feitas em um minuto. De acordo com as alterações podem estar taquipneico (↑) ou bradipneico (↓). Dentros dos valores normais, são pacienteseupneicos. Além disso, o paciente pode apresentar dispnéia, que é o desconforto respiratório. TIPOS RESPIRATÓRIOS: Para o reconhecimento do tipo respiratório, observa-se atentamente a movimentação do tórax e do abdome, com o objetivo de reconhecer em que regiões os movimentos são mais amplos. 5 Semiologia Geral | Stephany Galvão Em condições normais, observam-se dois tipos de respiração: COSTAL SUPERIOR OU TORÁCICO: Observada, principalmente, no sexo feminino, deve-se ao predomínio da ação dos músculos escaleno e esternocleidomastóideo, os quais deslocam a parte superior do tórax para cima e para a frente; TORACOABDOMINAL: Predominante no sexo masculino, a musculatura diafragmática apresenta grande importância. Este tipo de respiração é comum em crianças de ambos os sexos. Em decúbito dorsal, em ambos os sexos, a respiração é predominantemente diafragmática, prevalecendo a movimentação da metade inferior do tórax e da parte superior do abdome. RITMOS RESPIRATÓRIOS: RITMO REGULAR: cíclica, paciente em repouso. DISPNÉIA: desconforto respiratório. RITMO DE CHEYNE-STOKES: também chamada dispneia periódica, uma vez que o paciente apresenta, de modo cíclico, incursões respiratórias que vão se tornando cada vez mais profundas até atingirem uma amplitude máxima; neste momento, os movimentos começam a diminuir gradativamente, podendo ocorrer apneia (repete-se a mesma sequência). - Em condições patológicas, surge na insuficiência cardíaca grave, nos acidentes vasculares cerebrais, nos traumatismos cranioencefálicos, nas intoxicações por morfina ou barbitúricos. RITMO DE BIOT: Caracteriza-se pela ocorrência de períodos de apneia que interrompem a sequência das incursões respiratórias. Há também nítidas variações na amplitude dos movimentos torácicos, observando-se uma verdadeira arritmia respiratória. Irregularidade imprevisível, pode ser superficial ou profunda, apresenta períodos de apneia por períodos curtos. - É comum na meningite, em processos expansivos (neoplasias) e hematoma extradural. RITMO DE KUSSMAUL: Amplas e rápidas inspirações interrompidas por curtos períodos de apneia (platô respiratório) após as quais ocorrem expirações profundas e ruidosas, que, por sua vez, são sucedidas por pequenas pausas de apneia. - É observada em casos de cetoacidose diabética, insuficiência renal com uremia e outras acidoses. RITMO RUIDOSO: É aquele na qual, vez por outra, interrompendo a sequência regular das incursões respiratórias, surge uma inspiração mais profunda seguida de uma expiração mais demorada. Em outras palavras, suspiros passam a interromper o ritmo respiratório normal. 6 Semiologia Geral | Stephany Galvão TIRAGEM INTERCOSTAL (TIC): Nas regiões axilares e infra-axilares, os espaços intercostais apresentam ligeira depressão durante a inspiração → É um fenômeno fisiológico. Quando há obstáculo em uma via respiratória, dificultando ou impedindo a penetração do ar, a parte correspondente do pulmão não se expande. A pressão atmosférica, ao atuar sobre a área correspondente da parede torácica, provoca uma leve depressão/retração dos espaços intercostais → tiragem. A tiragem intercostal é quando conseguimos ver a musculatura intercostal adentrando nos espaços intercostais durante a respiração do paciente; como se as costelas tivessem se mexendo; Sua localização depende da altura da obstrução: Tiragem em um hemitórax indica: oclusão de um brônquio principal – direito ou esquerdo – por exsudato espesso (tampão mucoso), neoplasia ou corpo estranho. Tiragem bilateral: quando o obstáculo está acima da bifurcação traqueal, como ocorre na angina diftérica (crupe), na laringite estridulosa, por corpo estranho ou quando há compressão extrínseca da traqueia por tumores mediastinais. Nos estreitamentos generalizados dos pequenos brônquios, fato que se observa na asma brônquica e no enfisema pulmonar, surgem também retrações inspiratórias bilaterais. PALPAÇÃO: Durante a palpação, investigam-se três parâmetros: estrutura da parede torácica: palpação propriamente dita – analisar partes moles, musculatura, ossos, presença ou ausência de dor; expansibilidade ou mobilidade: ver se o tórax ta expandindo de forma correta; frêmito toracovocal (FTV); analisar reverberação; Deve-se palpar todas as regiões torácicas. ESTRUTURA DA PAREDE TORÁCICA: A parede torácica inclui a pele, o tecido celular subcutâneo, os músculos, as cartilagens e os ossos. Deve-se palpar todas a parede torácica por completo, checando toda superfície anterior, lateral e posterior em busca de alguma alteração. A palpação deve ser feita com movimentos circulares dos dedos ou dedilhando. EXPANSIBILIDADE OU MOBILIDADE: Faz a manobra de Rault, a qual vai permitir o examinador observar a expansibilidade através da movimentação das mãos. Desse modo, ao pedir para o paciente respirar fundo, é possível averiguar se a expansibilidade está presente e se é simétrica. Os polegares devem estar bem próximos para tornar o movimento das mãos mais visível no movimento respiratório do paciente → vão se afastar quando a expansibilidade está normal. O deslocamento deve ser o mesmo nos dois lados para ser simétrico. Faz-se a manobra nas regiões superior, médio e inferior (anterior e posterior). 7 Semiologia Geral | Stephany Galvão Outra manobra utilizada é a mostrada na imagem abaixo, a qual também permite avaliar a expansibilidade do paciente. FRÊMITO TORACOVOCAL (FTV): As vibrações percebidas na parede torácica pela mão do examinador quando o paciente emite algum som denominam-se frêmito toracovocal. Semiotécnica: O examinador pousa a mão sobre as regiões do tórax, ao mesmo tempo que o paciente pronuncia, seguidamente, as palavras “trinta e três” (som que faça a parede torácica vibrar). À medida que ele fala, o examinador desloca sua mão de modo a percorrer toda a extensão da parede torácica (face anterior, faces laterais e face posterior), completando o exame com o estudo comparado das regiões homólogas. As mãos vão palpando o terço superior, médio e inferior do paciente. Cada vez que muda a posição das mãos, pede para o paciente falar “trinta e três” mais uma vez. Normalmente, é feita em 6 posições → faz um “zigue zague”. OBS: Aumenta em ambientes sólidos (pneumonia, secreções) e diminui em ambiente gasoso ou líquido (pneumotórax, derrame pleural); PERCUSSÃO: Percussão é uma manobra na qual se utiliza os dedos das mãos para tentar tirar sons da caixa torácica (ao bater os dedos no tórax do paciente, ouve-se o retorno do som). Cada região do tórax tem um som de percussão específico, de acordo com as estruturas que estiverem logo abaixo da área percutida. SONS NORMAIS: Som claro pulmonar; Macicez hepática (5º EID); Macicez cardíaca (3º EIE) - face anterior do tórax; Timpânico - espaço traube (6º EIE). Nesse espaço é onde encontramos o estômago, órgão que está cheio de ar, provocando esse tipo de som bem audível. Som semelhante ao obtido quando se percute um tambor; SONS ANORMAIS: Hipersonoridade pulmonar: som mais alto que o claro pulmonar e mais baixo do que o timpânico. Indica aumento de ar nos alvéolos pulmonares. Pulmão com mais ar que o normal, como aqueles acometidos com enfisema pulmonar (ex: pacientes tabagistas) ou asma.8 Semiologia Geral | Stephany Galvão Maciço: Por exemplo, se fizermos a percussão no 3º EID, onde há pulmão, e encontramos um som maciço, indica que algo está errado, uma vez que a alteração está deixando a região mais densa, como uma pneumonia, um tumor, um derrame pleural (enche de líquido gerando o som maciço). As causas mais comuns de submacicez e macicez são os derrames ou espessamentos pleurais, a condensação pulmonar (pneumonias, tuberculose, infarto pulmonar e neoplasias). - No caso do derrame pleural, começa na base e vai subindo até o ápice pulmonar. Timpânico: Indica ar aprisionado no espaço pleural (pneumotórax) ou em uma grande cavidade intrapulmonar (caverna tuberculosa, por exemplo). Por exemplo, se fizermos a percussão no 3º EID, onde há pulmão, e encontramos um som timpânico, indica que há muito ar na região percutida, como no caso do pneumotórax. No RX essa região com “mais ar” fica hipodensa. - Na caverna tuberculosa encontrada no terço superior direito, o parênquima pulmonar foi destruído pela tuberculose e gerou uma caverna, um oco, cheio de ar, provocando um som timpânico. ATENÇÃO! Para a percussão das faces anterior e laterais, o paciente pode estar sentado ou deitado. Já a percussão da face posterior é possível apenas quando o paciente está sentado. Quando se percutem as faces laterais, o paciente deve colocar suas mãos na cabeça. A força do golpe precisa ser a mesma quando se percutem regiões simétricas. No entanto, para a percussão de áreas não homólogas é necessário aplicar golpes de diferentes intensidades. Na área de projeção do coração, do fígado e do baço obtém-se, à percussão, som maciço ou submaciço: - Determina-se a macicez hepática percutindo o hemitórax direito, de cima para baixo, seguindo o trajeto da linha hemiclavicular, sempre com o paciente em decúbito dorsal. - Percebe-se a macicez cardíaca percutindo a face anterior do tórax, de cima para baixo, primeiro junto à borda esternal esquerda e, em seguida, percorrendo linhas paralelas à borda esternal, distantes uma da outra mais ou menos dois centímetros, até atingir a linha hemiclavicular esquerda. - Com o paciente em decúbito lateral direito e com a mão esquerda na cabeça, a submacicez esplênica é demarcada pela percussão da face lateral esquerda do tórax, de cima para baixo, seguindo as três linhas da região axilar. O limite superior da submacicez esplênica encontra-se, habitualmente, no nível do 11o espaço intercostal. AUSCULTA: A ausculta constitui o método semiótico por excelência, o mais importante da exploração clínica do tórax, tanto para o exame dos pulmões como do coração. Para se realizar a ausculta do tórax, o paciente deve estar, preferencialmente, sentado, com o tórax total ou parcialmente descoberto. Não se deve, em hipótese alguma, colocar o receptor do estetoscópio sobre qualquer tipo de roupa. 9 Semiologia Geral | Stephany Galvão Além disso, é importante solicitar ao paciente que respire um pouco mais profundamente com os lábios entreabertos. Quando o paciente está impossibilitado de se sentar, faz o exame nos decúbitos dorsal e lateral. No exame físico: presença ou ausência de MV, presença ou ausência de RA, RV (ressonância vocal) aumentada, diminuída ou normal; LOCAIS OU PONTOS DE AUSCULTA: Em cada ponto, o paciente deve fazer uma inspiração e uma expiração. Auscultar através do estetoscópio a região anterior, posterior e laterais. Região anterior: 6 pontos 1. Traqueia; 2. Supra-clavicular direita; 3. Supra-clavicular esquerda; 4. Áreas paraesternal D e E; Forma um J: A ausculta é feita ao redor da mama, não em cima, uma vez que nesse local a parede torácica é mais espessa, o que iria dificultar a ausculta. Região posterior: 7 pontos Faz uma movimentação semelhante à da região anterior, formando um J. É feita ao redor da escápula, pois colocando em cima dela, também iria dificultar a ausculta. Os pontos de ausculta são na região inter-escápulo-vertebral. O paciente deve “se abraçar” (colocar os braços em cima dos ombros de forma cruzada), pois ao realizar esse movimento, as escápulas vão se afastar e vai aumentar o espaço de ausculta (entre a coluna e a escápula). Outra possibilidade, caso o indivíduo não consiga colocar as mãos nos ombros, é sentar e cruzar as mãos nos joelhos. Lembrar sempre de realizar uma ausculta simétrica → fazer o “zigue zague”. Região lateral: 4 pontos SONS NORMAIS: Com a boca entreaberta (pede para o paciente respirar): REGIÃO ANTERIOR: Traqueal: região anterior do pescoço, na traquéia (T); Bronquial: regiões paraesternais D e E, abaixo da clavícula, no segundo espaço intercostal (B); Murmúrio-vesicular: periferia do tórax, passagem do ar pelas V-A (MV); Broncovesicular: região supraclavicular D e E (BV); REGIÃO POSTERIOR: Broncovesicular: Na região supraescapular; Murmúrio vesicular: Todo o restante da área dorsal; OBS: Murmúrio vesicular: Ausculta-se o murmúrio vesicular em quase todo o tórax, com exceção apenas das regiões esternal superior, interescapulovertebral direita e no nível da 3 a e 4 a vértebras dorsais. Nestas áreas, ouve-se a respiração broncovesicular. O murmúrio vesicular não tem intensidade homogênea em todo o tórax – é mais forte na parte ântero-superior, nas axilas e nas 10 Semiologia Geral | Stephany Galvão regiões infra-escapulares. Além disso, sofre variações em sua intensidade na dependência da espessura da parede torácica, sendo mais débil nas pessoas musculosas ou obesas. SONS ANORMAIS (RUIDOS ADVENTÍVIOS –RA): 1. SONS OU RUÍDOS ANORMAIS CONTÍNUOS: de caráter musical, maior 250ms de duração. Ocorrem devido a passagem de ar por vias aéreas bem estreitas, o que provoca a vibração das paredes, como por exemplo, edema, secreção e espasmo. Sons fugazes, que estão presentes na inspiração e na expiração. Mecanismo: Originam-se nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso quando há estreitamento desses ductos, seja por espasmo ou edema da parede ou presença de secreção aderida a ela, como ocorre na asma brônquica. São fugazes e ocorrem na inspiração e na expiração. RONCO: São constituídos por sons graves, portanto, de baixa frequência. O som pode indicar presença de secreção e é provocado pela mobilização dessa secreção durante os movimentos respiratórios. Presente na asma brônquica, nas bronquites, nas bronquiectasias e nas obstruções localizadas. Ocorrem tanto na inspiração quanto na expiração, na qual predominam. São fugazes, mutáveis, surgindo e desaparecendo em curto período de tempo; SIBILOS: São sons agudos de alta frequência, semelhante ao assobio ou chiado. É ouvido quando o ar está passando com dificuldade pelas vias aéreas que se encontram estreitadas. São múltiplos e disseminados por todo o tórax quando provocados por enfermidades que comprometem a árvore brônquica toda, como acontece na asma e na bronquite. Quando os sibilos são localizados em uma determinada região, indicam a presença de uma obstrução por neoplasia ou corpo estranho; ESTRIDOR: É um ruído basicamente inspiratório produzido pela obstrução da laringe ou da traqueia, fato que pode ser provocado por difteria, laringite aguda, câncer da laringe e estenose da traqueia (ex: paciente após intubação prolongada). 2. SONS OU RUIDOS ANORMAIS DESCONTÍNUOS: sem caráter musical, menor que 20ms de duração. São representados pelos estertores ou creptos, que podem ser audíveis na inspiraçãoou na expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais. Podem ser finos ou grossos. Mecanismo: Reabertura súbita e sucessiva de pequenas vias aéreas durante a inspiração com rápida equalização da pressão, causando ondas sonoras explosivas, ou seja, os bronquíolos e alvéolos ficam abrindo e fechando rapidamente, formando esses sons descontínuos. ESTERTORES FINOS: ocorrem no final da inspiração, têm frequência alta – ou seja, são agudos – e duração curta; não se modificam com a tosse e são tradicionalmente comparados ao som percebido ao se fechar ou abrir um fecho tipo velcro e ao atritar de cabelos perto do ouvido. São ouvidos, principalmente, nas zonas pulmonares influenciadas pela força da gravidade (bases pulmonares). Podem estar presentes na pneumonia, congestão pulmonar da insuficiência ventricular esquerda, doenças intersticiais pulmonares. ESTERTORES GROSSOS/BOLHOSOS: são graves, mais intensos e possuem duração maior que os finos. Sofrem nítida alteração com a tosse (podem sumir, mudar a característica, etc) e podem ser ouvidos em todas as regiões do tórax. São audíveis no início da inspiração e durante toda a expiração. Podem ser confundidos com roncos, 11 Semiologia Geral | Stephany Galvão mas são mais curtos, como se fossem “bolhas estourando em um copo com água”; presentes no edema agudo de pulmão, pneumonia; o Estertores estão presentes em quadros de doenças pulmonares, que acometem o parenquima pulmonar. Já os sons contínuos estão presentes em quadros de afecções de vias aéreas. Atrito pleural: Som anormal de origem pleural, devido a fricção entre os dois folhetos inflamados durante o movimento respiratório. Em condições normais, os folhetos visceral e parietal da pleura deslizam um sobre o outro durante os movimentos respiratórios sem produzir qualquer ruído. Nos casos de pleurite, por se recobrirem de exsudato, passam a produzir um ruído irregular, descontínuo, mais intenso na inspiração. Representa um som de duração maior e frequência baixa, de tom grave. São ouvidos na inspiração e expiração. O som se assemelha ao de uma lixa ou do atritar das mãos com forte pressão. Podem ser ouvidos em qualquer região do tórax, mas a sede mais comum do atrito pleural são as regiões axilares inferiores, em que os pulmões realizam movimentação mais ampla. Sua causa principal é a pleurite seca. A instalação de derrame pleural determina seu desaparecimento. OBS: em pcts com COVID-19 escuta-se sons de ronco e estertores. AUSCULTA DA VOZ (RESSONANCIA VOCAL- RC): É a ausculta do FTV, porém, nesse momento o paciente irá falar “trinta e tres” e o examinador irá auscultar → Ressonância vocal (sons produzidos pela voz e ouvidos na parede torácica). É realizada nos mesmos pontos de ausculta. Em cada local, pede para o paciente falar 33. Normalmente, quando o FTV está alterado a ressonância também está. São exames correlacionados. ❖ RV NORMAL: som abafado, incompreensíveis, isto é, não se distinguem as sílabas que formam as palavras “trinta e três”. Isso porque o parênquima pulmonar normal absorve muitos componentes sonoros. - Presente em todo o tórax, exceto nas áreas de projeção do coração e do fígado; - Mais intensa nas regiões interescapulovertebrais e esternal superior; - Mais forte em homens do que em mulheres e crianças; ❖ RV AUMENTADA: O som “33” torna-se eloquente na ausculta. Consolidação (aumento da densidade do pulmão por alguma alteração) → Quando está consolidado (pneumonia, infarto pulmonar), a transmissão é facilitada e as palavras ficam nítidas. - Quando ocorre condensação pulmonar-inflamatória, neoplásica ou pericavitária –, sucede aumento da ressonância vocal ou broncofonia; - Pectorilóquia fônica – nitidez da voz falada – sinônimo de FTV aumentado - Pectorilóquia afônica – nitidez da voz cochichada - Pneumonia; - Infarto pulmonar; - Neoplasia pulmonar; ❖ RV DIMINUIDA: Obstruções brônquicas ou síndromes de barreira (obstrução líquida ou barreira gasosa). - Espessamento pleural; - Derrame pleural; - Atelectasia por oclusão brônquica; - Pneumotórax; 12 Semiologia Geral | Stephany Galvão - Enfisema pulmonar; - DPOC, Asma; EXAME FÍSICO NORMAL: GRANDES SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS: Síndromes das vias aéreas: Hiperinsuflação Asma; Bronquite; Enfisema; Bronquiectasias; Síndrome do parênquima pulmonar/de consolidação: Pulmão torna-se mais denso. Ocorre aumento da RV. Pneumonia; Atelectasia; Doença pulmonar intersticial; Enfisema; Síndromes pleurais/de barreira: Pneumotórax (barreira aérea); Derrame pleural (barreira líquida); Ausculta abolida, o que diferencia os dois é a percussão; SÍNDROMES PLEURAIS: DERRAME PLEURAL: - Acúmulo de líquido no espaço pleural; - Aumento na formação de líquido ou redução na absorção; - Causas: insuficiência cardíaca, pneumonia, neoplasia, tuberculose e embolia pulmonar; - Sinais e sintomas: dispneia, tosse e dor torácica. Inspeção estática: normal e sem alterações da superfície; Inspeção dinâmica: dispnéia (acima de 20 irm ↑ FR), ritmo regular e sincrônico com os movimentos abdominais. TIC (que é sinal de esforço respiratório); Palpação: palpação normal, expansibilidade diminuída no hemitórax E (HTE) e FTV diminuído no HTE; Percussão: macicez no HTE (presença de líquido); Ausculta: MV abolido no HTE, ausculta da voz diminuída no HTE; PNEUMOTÓRAX: - Acumulo de ar na cavidade pleural - Ar penetra-se através de lesão traumática, ruptura de bolha subpleural, ou em determinadas patologias como Tuberculose, pneumoconiose e neoplasias. - Sinais e sintomas: Dor no hemitórax comprometido, tosse seca e dispneia 13 Semiologia Geral | Stephany Galvão Inspeção estática: normal ou abaulamento dos espaços intercostais quando a quantidade de ar é grande; Inspeção dinâmica: taquipneico; Palpação: Expansibilidade reduzida em HTE. FTV reduzido em HTE Percussão: timpânico; Ausculta: MV abolido em HTE. Sem RA. RV diminuída em HTE. SÍNDROME DAS V-A: HIPERINSUFLAÇÃO DPOC: É uma doença que pode ser por: - BRONQUITE: inflamação crônica dos brônquios; lesão pulmonar de brônquios e bronquíolos + secreção (essa secreção não se condensa, muitas vezes é expelida, e fica dentro dos brônquios, dificultando a passagem do ar por isso FTV diminui); no RX os pulmões ficam mais claros que no enfisematoso; na clínica é um paciente mais cianótico; - ENFISEMA: lesão mais ao nível alveolar (retenção de ar nos alvéolos); também é um paciente que produz muita secreção; no RX os pulmões ficam mais escuros porque o ar fica retido; Geralmente acomete pessoas de mais idade, tabagistas crônicos; Causa mais frequente de descompensação de um pct com DPOC: pneumonia! por isso mesmo sem sinais de infecção, inicia tratamento com antibiótico. A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma doença caracterizada por um desenvolvimento progessivo da limitação do fluxo aéreo não totalmente reversível. A limitação está diretamente associada à inalação de gases e partículas nocivas. (Fumaça de cigarro, poeira ocupacional, poluição). Em 75% dos casos de DPOC, além da tosse o paciente apresenta dispnéia. DPOC mata cerca de 40 mil pessoas por ano. - No RX: SINAIS DE HIPERINSUFLAÇÃO: coração em gota, costelas retificadas (maior distancias entre elas), cupulas diafragmáticas retificadas, hiperpenetração (pulmãomais preto tem mais ar); Inspeção estática: tórax globoso, pode ter um tórax abaulado; Inspeção dinâmica: dispnéia (acima de 20 irm ↑ FR), ritmo regular e sincrônico com os movimentos abdominais. Geralmente, não tem TIC; Palpação: sensibilidade conservada, ausência de contraturas ou atrofias musculares, ausência de enfisemas subcutâneos ou calos ósseos, expansibilidade diminuída dos dois lados e FTV diminuído. Percussão: Hipersonoridade; Ausculta: MV diminuído com ruídos adventícios (RA) - sibilos disseminados. Ausculta da voz diminuída; ASMA: o Doença inflamatória crônica das vias aéreas o Estreitamento das vias aéreas, resultando em limitação do fluxo aéreo e sintomas da doença o Manifesta-se de forma clínica por episódios recorrentes de dispneia, sibilância, constrição torácica e tosse, particularmente à noite e pela manhã ao despertar o Muito comum na população pediátrica 14 Semiologia Geral | Stephany Galvão Inspeção: dispneia, utilização de músculos acessórios, tórax em posição de inspiração profunda e tiragem; - Toráx chato ou cariniforme; Palpação: frêmito toracovocal normal ou diminuído, expansibilidade diminuída; Percussão: normal ou hipersonoridade; Ausculta: diminuição do murmúrio vesicular com expiração prolongada, sibilos e roncos em ambos os campos pulmonares; diminuição da ausculta da voz; O paciente asmático, quando não está em crise, tende a ter aspectos “normais”; SÍNDROME DO PARENQUIMA PULMONAR: PNEUMONIA: - Na clínica, é um paciente com tosse cheia, produtiva, secreção amarela ou marrom, febre; - Pectorilóquia fônica: voz aumentada quando auscultada; - Consegue tratar 95% sem exame complementar tem que começar o tratamento o quanto antes; - Condensação da secreção FORA dos brônquios (no parênquima pulmonar) por isso aparece no RX; - Infecção do parênquima pulmonar - Os bronquíolos e alvéolos são preenchidos por exsudato inflamatório, comprometendo a função de troca gasosa - O desenvolvimento do quadro depende de: patogenicidade do agente, mecanismo de defesa, capacidade de resposta do hospedeiro - Quadro clínico: tosse, febre alta 39-40 graus, dor pleurítica, dispnéia - Diagnóstico clínico e radiológico No RX: consolidação na base pulmonar D. Inspeção estática: normal e sem abaulamentos; Inspeção dinâmica: ↑ FR, ritmo regular e sincrônico, TIC; Palpação: palpação normal, com expansividade reduzida na base pulmonar D, ↑ FTV no HTD; Percussão: macicez no HTD; Ausculta: MV diminuído na região inframamária com estertores finos nessa localização (típico de pneumonia; pode haver ronco também), ausculta da voz aumentada no HTD; ATELECTASIA: o colapso, total ou parcial, mas reversível do tecido pulmonar com perda de volume; o pode causar hipoxemia sintomática, mas quaisquer outros sintomas são decorrentes da causa ou de uma pneumonia sobreposta; o o diagnóstico é por radiografia de tórax, mas se a causa não for clinicamente aparente, pode ser necessária uma broncoscopia ou TC do tórax; o o tratamento é de baixa ou até ausente eficácia, mas algumas medidas incluem fisioterapia pulmonar, e incentivo das técnicas de expansão pulmonar. o Pode ser causada por: Obstrução das vias respiratórias; Compressão das vias respiratórias; Supressão da respiração ou tosse; Posicionamento em decúbito dorsal (obesos\cardiomegalia); Compressão ou colapso do parênquima pulmonar; Cirurgias torácicas e abdominais; Um tubo endotraqueal mal posicionado ao ocluir um brônquio-fonte. 15 Semiologia Geral | Stephany Galvão ANÁLISE DE UM RX O QUE ANALISAR? Sempre ver se cada estrutura está na sua devida densidade: Densidade de água: coração, fígado, estomago... Densidade de Cálcio: todas as estruturas ósseas: costelas, traqueia, etc. Densidade de ar: dentro dos pulmões Densidade de gordura: nas laterais do tórax e nas mamas (quando mulher); VER ALTERAÇÕES NA SEGUINTE ORDEM: 1. PULMÃO: densidade, consolidação, desvio, etc; 2. SEIOS COSTOFRENICOS: apagados, retos, curvos demais? 3. DIAFRAGMA: posição, retificado ou curvo, penetração de alguma estrutura? 4. COSTELAS: quantidade (12), fratura, desvio, densidade, etc; 5. TAMANHO DO CORAÇÃO: deve ser +- a metade do pulmão; ver desvios e densidade;
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