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TCC - As contribuições da Psicanálise no Processo de Despatologização das Homossexualidades (Felipe)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ – FEPI
Curso de Psicologia
Felipe Henrique Mohallem Martins
As contribuições da Psicanálise no processo de despatologização das homossexualidades
ITAJUBÁ-MG
2021
Felipe Henrique Mohallem Martins
As contribuições da Psicanálise no processo de despatologização das homossexualidades
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Psicologia do Centro Universitário de Itajubá – FEPI como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Psicologia.
Orientadora: Camila Nogueira de Sá Boaventura
ITAJUBÁ-MG
2021
FICHA CATALOGRÁFICA
RESUMO
	
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
2 JUSTIFICATIVA
3 PROBLEMA DE PESQUISA
4 HIPÓTESE
5 OBJETIVOS
5.1 Objetivos Gerais
5.2 Objetivos Específicos
6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1 INTRODUÇÃO
	As práticas homoeróticas existem desde a era clássica, sendo uma prática institucionalizada para os gregos e atenienses. Para eles, a pederastia, que é o contato sexual entre um homem mais velho e um garoto mais jovem - tinha um caráter educacional, caracterizando uma passagem para a adolescência em que o homem mais velho passava seu conhecimento e virilidade para o mais novo (CORINO, 2006). Com a ascensão do catolicismo na Idade Média, tais práticas passaram a ser criminalizadas, sujeitas a punição e condenação, sendo a sodomia um ato passível de morte. 
	No século XIX, a homossexualidade passou a ser estudada no âmbito médico, sendo considerada além de um pecado contra o Estado e a igreja, um distúrbio de cunho psiquiátrico, ganhando a denominação “homossexualismo”. Ela não era reconhecida como uma forma de identidade, e sim como uma aberração, anomalia e confusão de natureza. (SANTOS, 2016) 
	A partir dos estudos sobre sexualidade de Freud (1905), diversas contribuições foram surgindo, permitindo uma abertura para a discussão desse assunto no âmbito da psicologia e psiquiatria. Contudo, levou-se um tempo até que a homossexualidade fosse retirada da lista de doenças, ocorrendo apenas em 1990. A partir desses apontamentos, o presente trabalho visa aprofundar conhecimentos sobre as contribuições trazidas por Freud e pela psicanálise no processo de despatologização da homossexualidade. 
2 JUSTIFICATIVA
O tema escolhido se deu através da percepção de uma necessidade de conhecer um pouco mais sobre a história da despatologização da homossexualidade e das contribuições da Psicanálise sobre esse processo, visto ser esta uma área de saber que se propõe a entender e atuar diante de circunstâncias que envolvem o humano. Assim, busca-se entender quais contribuições a abordagem oferece diante do contexto de violência contra a população LGBTQIA +, violência esta que impacta diretamente na saúde mental e física deste grupo minoritário.
De acordo com uma pesquisa realizada a partir de um levantamento de dados do Sistema Único de Saúde, entre os anos de 2015 e 2017, houve aproximadamente 25 mil notificações de violências sofridas por algum membro da população LGBT, sendo a parcela da população LGBT e negra a maior vítima dos abusos. A pesquisa nos mostra que em média, são 22 notificações por dia, podendo concluir que um LGBT é agredido no Brasil a cada uma hora. (PUTTI, 2020)
Anterior ao ano de 2019, segundo reportagem do site de notícias Catraca Livre (2020) vivíamos com a ausência de uma lei que criminalizasse a LGBTfobia no Brasil, após esse ano, o Sistema Tribunal Federal determinou que os crimes de ódio para gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transsexuais se enquadrassem no crime de racismo, variando a punição entre um a três anos de prisão. Contudo, ainda não houve uma diminuição na violência contra a população, no país que se tornou o que mais mata travestis e transsexuais no mundo. 
Tomando por base tais dados, observa-se a necessidade de estudos que abarquem a temática, que contribuam para mudanças sociais e respeito aos direitos humanos de tal população.
3 PROBLEMA DE PESQUISA
De que forma a Psicanálise contribuiu para o processo de despatologização da homossexualidade e qual o compromisso social dela neste processo atualmente?
4 HIPÓTESE
	Acredita-se que a Psicanálise teve uma grande contribuição no processo de despatologização das homossexualidades, uma vez que Freud possui um amplo estudo sobre as sexualidades, sendo este um assunto que outros teóricos também abrangem em suas teorias. Da mesma forma como nos dias atuais, em que necessita falar sobre o tema de uma maneira mais ampla.
5 OBJETIVOS
5.1 Objetivos gerais
	 Conhecer, através de estudo bibliográfico, sobre o processo de despatologização das homossexualidades e as contribuições da Psicanálise sobre a mesma na atualidade.
5.2 Objetivos específicos
· Fazer um recorte histórico sobre a homossexualidade e seu processo de despatologização;
· Estudar o enfrentamento a violência sofrida por essa população;
· Conhecer as contribuições que a Psicanálise teve para esse processo;
· Entender o cenário atual de violência e como a abordagem psicanalítica pode contribuir na busca pela luta de direitos da população em foco.
6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
	O presente capítulo faz um recorte histórico sobre as homossexualidades a partir da Grécia Antiga passando pelo advento do catolicismo, posteriormente é discorrido acerca das homossexualidades vistas como patologia. Em seguida é versado brevemente sobre a história do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) para melhor compreensão da realidade, violência e preconceito vivido por esta comunidade.
	Por fim, é realizado uma investigação sobre as contribuições da Psicanálise frente ao cenário LGBT e a luta por seus direitos. 
6.1 As homossexualidades na Grécia Antiga
As relações homoafetivas não são exclusivas da contemporaneidade, elas são vistas desde a Antiguidade, em que as práticas homoeróticas possuíam um papel importante na construção de uma sociedade. Tais práticas eram institucionalizadas para os gregos e atenienses, aceita pelos costumes e pelo Estado, não sendo vista como uma perversão (PAOLIELLO, 2013). Para eles, a pederastia, que é o contato sexual entre um homem mais velho e um garoto mais jovem, tinha um caráter educacional, caracterizando uma passagem para a adolescência em que o homem mais velho passava seu conhecimento e virilidade para o mais novo, realizando a transmissão das virtudes fundamentais (CORINO, 2006). 
Dover (2007) citado por Andrade (2018) diz que a pederastia era a forma mais comum de relação homoerótica na Grécia Antiga, o homem mais velho, denominado como “erastes”, tinha por função servir de exemplo para o mais novo, denominado como “eromenos”, servindo, amando e protegendo. Normalmente, esta relação tinha início com a aprovação da família do eromenos, após este completar 12 anos de idade. Este, manteria uma relação passiva até seus 18 anos com seu erastes, adquirindo sua juventude, beleza e potencial. Para Sócrates, o coito anal era uma forma de inspiração para os homens, as relações envolviam a transmissão de conhecimentos filosóficos e as relações heterossexuais serviam apenas como forma de procriação. (DOVER, 2007 apud ANDRADE 2018).
Lins (2013) afirma que nesta época o homem mais velho contemplava o mais jovem em razão das suas qualidades masculinas: “[...] força, velocidade, habilidade, resistência e beleza, e o mais jovem respeitava o mais velho por sua experiencia, sabedoria e comando” (p. 73).
Pouco se sabe sobre as relações afetivas entre duas mulheres na era clássica, uma vez que elas não eram vistas como um ser com qualquer representação social, tendo seu papel voltado para a procriação ou prostituição, sendo consideradas dessa forma, inferiores. 
Lins (2013), relata sobre o amor entre as mulheres na época anterior, durante o século VII a.C. onde Safo vive na ilha de Lesbos e conduzia uma escola onde mulheres aprendiam sobre música, poesia e dança. 
Dias (2010) citado por Andrade (2018), ao enfatizar a grandeza do homem na sociedadegrega, aponta que:
A bissexualidade estava inserida no contexto social, e a heterossexualidade aparecida como preferência de certo modo inferior e reservada à procriação. Vista como uma necessidade natural, a homossexualidade restringia-se a ambientes cultos, como manifestação legítima da libido, verdadeiro privilégio dos bem-nascidos. Não era considerada uma degradação moral, um acidente ou um vício. Todo indivíduo poderia ser homossexual ou heterossexual, dois termos, por sinal, desconhecidos na língua grega. Nas Olimpíadas, os atletas competiam nus, exibindo sua beleza física. Era vedada a presença das mulheres nas arenas, por não terem capacidade para apreciar o belo. Também nas representações teatrais, os papéis femininos eram desempenhados por homens travestidos ou mediante o uso de máscaras (DIAS, 2010 apud ANDRADE 2018, p. ).
	
Na cidade de Esparta, o desenvolvimento militar era mais estimulado do que qualquer outro, logo, a relação entre dois homens não tinha tanto um cunho educacional. Esta se dava dentro de um ambiente mais militarizado, em um ambiente de guerra, em que os soldados espartanos se relacionavam entre si ao se preparar antes de ir para as batalhas. Ao irem a campo, lutavam para proteger não só seu território, mas a vida do homem que amava. Isso gerava um estímulo para que eles guerrilhassem com braveza e determinação (VECCHIATTI, 2008 apud ANDRADE, 2018). 
	Lins (2013) relata sobre as declarações amorosas entre adultos e jovens, e a literatura aponta que na Grécia o amor homossexual era instituído como ao padrão namoro e da paixão, entretanto não acarretava em ser uma união permanente, nem mesmo gerava uma desilusão. A autora ainda relata que:
Para alguns críticos este tipo de amor era tão poderoso que os rapazes se mostravam cruéis com seus amantes. Mas há evidencias de grandes satisfações intelectuais e emocionais. Nada impedia que o homem grego, amando um jovem, também tivesse relações sexuais com mulheres, sem sentimento de culpa (LINS, 2013, p. 68). 
	Percebe-se que a mentalidade da população grega era muito patriarcal e os homens tratavam as mulheres com desprezo profundo, considerando-as como inferiores e irracionais, em decorrência foi negado as mulheres quaisquer instrução. Sendo assim, os homens eram vistos como o mais próximo da perfeição (LINS, 2013).
Logo, pode-se observar que as relações homoafetivas na era clássica possuíam um cunho de grande importância para a vida civil, militar, artística e filosófica, a qual preparava o homem grego a ser um cidadão íntegro, viril e politizado. 
6.2 O advento do catolicismo e a homossexualidade
O cristianismo originou um sentimento pungente de culpa sobre o prazer sexual, sendo visto como um desrespeito contra Deus. Lins (2013) afirma que “[...] os primeiros cristãos passavam o tempo todo preocupados em reprimir seus impulsos biológicos” (p. 147). Foi propagado pelo cristianismo que o demônio não deixaria de perseguir os humanos, por isso os cristãos deveriam afastar seus desejos sexuais.
A Igreja dos séculos III ao V, fortaleceu um “[...] horror aos prazeres do corpo, as pessoas que optavam pela castidade eram consideradas superiores” (LINS, p.151). Portanto, o sexo era visto como “[...] repulsivo, degradante, indecoroso” (p. 161), bem como era considerado como algo sujo e que deveria ser evitada. A autora citada ainda declara que “o sexo podia ser seu único pecado, mas aos olhos da Igreja era o maior” (p. 161) 
A homossexualidade masculina, prestigiada pelos gregos e tolerada pelos romanos, foi fortemente condenada pelo cristianismo e houve muita repressão entre os séculos XII e XIII. A perseguição envolvia “[...] pena de amputação dos testículos na primeira ofensa, do pênis na segunda e da morte na fogueira em caso de terceira reincidência (LINS, 2013, p. 186). 
Com a ascensão do catolicismo na Idade Média, as práticas homossexuais passaram a ser criminalizadas, sujeitas a punição e condenação, sendo a sodomia um ato passível de morte, baseados em versículos encontrados na bíblia, geralmente em textos do Antigo Testamento, incluindo “Gênesis” e “Levítico”. De acordo com Paloliello (2014), estas ideias eram sustentadas na concepção de que a anatomia do homem e da mulher eram complementares, ou seja, com a finalidade de reprodução, sendo esta a única prática sexual considerada natural e aceitável. 
No começo do século IV, o batismo e a instrução na fé eram negados ao homossexual até que ele renuncie os atos que a Igreja considerava como malignos (LINS, 2013). Diversos pensadores vinculados ao catolicismo, ao longo do século V, como Agostinho, Jerôniomo e Tomáz de Aquino, mantiveram a mesma concepção sobre as relações homoafetivas, colocando as relações heterossexuais como naturalmente normais, para eles “toda prática sexual que escapasse a esta norma traria o chamado estigma negativo do prazer (...) consideradas atentado ao pudor, aos bons costumes e à opinião pública” (PALOLIELLO, 2014, p. ).
De acordo com Rodrigues (2018), a Igreja Católica emitiu documentos oficiais para esclarecer demandas levantadas por contingências sociais, estes tinham por objetivo elucidar um consenso entre os textos do Magistério e os cristãos, sendo eles o “Humanae Vitae” de 1968 e o “Persona Humana” de 1975. A primeira carta, expedida por Paulo VI, se contrapõe a qualquer ação que impeça a geração de uma nova vida, como contracepção, aborto, esterilização, coito interrompido, relação sexual fora do casamento e a masturbação, colocando como atos que vão contra a expressão natural entre dois corpos: a procriação.
A segunda carta abrange a questão da homossexualidade de uma forma mais explícita, dizendo que a ela abarca aspectos biológicos, psicológicos e espirituais. Contudo, esta declaração vê a homossexualidade como um perigo da corrupção dos costumes, sendo os atos homoeróticos práticas que não levam a procriação, graves depravações, logo a carta aponta que o homossexual é rejeitado por Deus. (RODRIGUES, 2018) 
6.3 Do pecado à patologia
	O estigma de que relações homoafetivas se configuram como um pecado perdura até os dias atuais, contudo, como uma tentativa de explicar e compreender as sexualidades, ela foi apropriada pela ciência, se tornando um objeto de estudo, passando a ser considerada uma patologia. A homossexualidade, então, passou a ser estudada cientificamente a partir do século XIX, sendo retratada primeiramente com os estudos de Alexander Morrison, que tentou documentar a fisionomia das doenças mentais com retratos de 109 pacientes, sendo nove referindo com “características homossexuais”. (PAOLIELLO, 2013)
	A autora supracitada nos conta que em 1868, Karl Westphal, um renomado psiquiatra alemão, realizou a publicação de dois estudos que culminaram na patologização da homossexualidade. O caso era de um homem e uma mulher que possuíam atração sexual por pessoas do mesmo sexo e na tentativa de dispor um diagnóstico, chamou esse sentimento de “sentimento sexual contrário” e estando presente desde o nascimento. Westphal não via a homossexualidade como contrária à natureza, e nem abominava suas práticas, contudo, afirmava que essa forma de sentimento vinha acompanhada de outras doenças mentais, oficializando assim, a patologização da homossexualidade.
	A partir disso, durante o século XIX, as sexualidades se tornaram pauta de discussão, fazendo com que os movimento anti-homofóbicos ganhassem espaço, dessa forma, o termo “homossexual” foi criado em substituição à “pederasta”, um ano após a publicação dos estudos de Karl Westphal, pelo escritor e jornalista Karl-Maria Kertbeny, ativista dos direitos humanos da época. 
	Em 1897, um comitê foi criado na Alemanha a fim de lutar pelos direitos dos homossexuais, indo contra a lei 175 anteriormente sancionada pelo código penal, que criminalizava as relações homoafetivas, sendo chamado de Comitê Científico Humanitário, fundado por Magnus Hirschfeld, um médico homossexual, juntamente com outros ativistas da época. (PAOLIELLO, 2013)
	A psiquiatria alemã no fim do século XIX e início doséculo XX, estava realizando diversos estudos e publicações a respeito das “doenças” de cunho sexual, se tornando a língua de referência dentro das ciências no geral. Em 1883, de acordo com a autora Paolielo (2013) o psiquiatra Emil Kraepelin, comumente conhecido como o criador da psiquiatria moderna e genética psiquiátrica publicou um livro chamado Tratado de Psiquiatria, que possuiu oito edições. Nestas, a homossexualidade passou por modificações na sua forma de classificação. Na primeira edição, foi considerada “estados de fraqueza psicopatológica”, na segunda, de 1887, “desenvolvimento sexual anormal”. Nove anos depois, na quinta edição, foi descrita como “insanidade degenerativa” e na última edição, de 1915, Kraepelin classificou como uma “condição mental de constituição original.” 
	Enquanto isso, nos Estados Unidos, a Association of Medical Superintendence of American Institution for the Insane, atualmente conhecida como American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria) estava sendo fundada, no ano de 1886, com o caráter de um diagnóstico nosológico da psiquiatria, caracterizando a homossexualidade como uma doença de cunho sexual. (PAOLIELLO, 2013)
	Voltando para os estudos dos psiquiatras alemães, em 1886, quem se destacou foi Richard von Krafft-Ebing. O mesmo, era presidente da Sociedade de Neurologia e Psiquiatria de Viena, considerado o fundador da sexologia (PALOLIELLO, 2013) e não mediu esforços ao realizar uma sistematização taxonômica da experiência sexual (DAMETTO e SCHMIDT, 2015). Seu estudo, foi denominado como Psychopathia Sexualis em que analisa 238 casos de cunho sexual, sendo 22 deles classificados como “homossexualidades”, adotando o termo criado pelo escritor Kertbeny e popularizando o mesmo no meio científico e psiquiátrico. 
	O estudo de Ebing possuiu uma diversidade nos estudos de caso no que diz respeito a conduta sexual, o que veio a ser caracterizado como “perversões”, abrangendo termos como masoquismo, sadismo, fetichismo e outros. Pereira (2009) citado por Dametto e Schimidt (2015), ressalta que seu estudo foi um:
[...] primeiro levantamento sistemático e completo das diferentes formas de perturbação da vida sexual humana, encaradas a partir de então como transtornos médico-psiquiátricos. Esse célebre Tratado, publicado pela primeira vez em 1886, foi por certo precedido por inúmeros outros estudos médicos sobre os comportamentos sexuais tidos como doentios. Contudo pela sua importância, influência, repercussão e rigor descritivo, ela tornou-se uma espécie de paradigma da apropriação do erotismo humano pelo discurso médico e positivista a partir do século XIX (PEREIRA, 2009 apud DAMETTO; SCHIMIDT, 2015, p. )”
	
6.4 O movimento LGBT
	Em 1969, em Nova Iorque, um bar chamado Stonewall Inn sofreu diversas invasões policiais, que cometiam repressões e humilhações ao público que ali frequentava. Este, era um dos únicos bares possíveis para que uma pessoa não-heterossexual pudesse se expressar livremente, uma vez que na época, ser LGBT era crime nos Estados Unidos, e a venda de bebida alcoólica para estabelecimentos destinados ao público gay era proibida e fiscalizada. Com uma visão de gerar lucro, um chefe de uma máfia italiana comprou o estabelecimento, pagando propina para que não houvesse fiscalização alguma no local, vendendo bebida por um preço abusivo e lucrando em cima da livre expressão dos frequentadores (FERNANDES, 2019). 
No dia 29 de junho de 1969, os policiais invadiram o bar, agredindo as pessoas que estavam presentes, tanto aqueles que frequentavam quanto os funcionários, prendendo por suas vestimentas e comportamento “não adequado”. Devido a tamanha repressão, gerou-se uma grande revolta da população, que se rebelaram contra os policiais, agregando cada vez mais pessoas que passavam pelo local. Após esse episódio, manifestações perduraram por 5 dias na cidade de Nova Iorque, envolvendo milhares de pessoas. Este foi o marco mais importante na luta pelos direitos da comunidade LGBT+.
As imagens que ficaram de Stonewall são pungentes e transmitem uma alegria incontida daqueles que enfrentam o medo e que reconhecem em si mesmos uma força capaz de não mais se acovardar. Stonewall significou uma verdadeira interpretação psicanalítica para os homossexuais, que sairam do armário para as ruas (JORGE, 2013, p. )
	Essa foi a considerada de maior influência na conquista de direitos e de proporção em relação a revolta, porém não a primeira forma de manifestação a favor da população LGBT. Um século antes, na Alemanha, como nos recorda Jorge (2013), um médico chamado Karoly Maria Benkert, redigiu uma carta aberta ao ministro da justiça pedindo que as relações homossexuais fossem abolidas do código penal. Contudo, não houve muito sucesso, uma vez que a criminalização perdurou até março de 1994.			
7 METODOLOGIA
	A metodologia a ser utilizada neste trabalho será a pesquisa bibliográfica, a partir da revisão de textos, livros e artigos acadêmicos disponíveis nas plataformas scielo, google acadêmico, pepsic e em revistas cientificas das universidades brasileira renomadas, como UNESP, UFJF e PUC-Rio. Quanto a seus objetivos, a pesquisa se classifica como exploratória, que segundo Gil (2008), permite uma maior familiaridade com o problema, uma vez que conta com um grande levantamento bibliográfico, tendo como objetivo tornar o mesmo mais explícito, fazendo a elaboração de hipóteses. A abordagem do problema se fará de forma qualitativa e o viés teórico adotado será o psicanalítico.
8 CRONOGRAMA
	MÊS
	ABR
	MAI
	JUN
	JUL
	AGO
	SET
	OUT
	NOV
	DEZ
	TEÓRICO
	X
	X
	X
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	X
	
	
	
	
	ANÁLISE
	
	
	
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	X
	
	
	
	RESULTADO
	
	
	
	
	
	
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	X
	
	APRESENTAÇÃO
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
REFERÊNCIAS
CORINO, Luiz Carlos Pinto. Homoerotismo na Grécia Antiga: Homossexualidade e Bissexualidade, Mitos e Verdades. Biblos, Rio Grande, 19: 19-24, 2006. <https://periodicos.furg.br/biblos/article/view/249> 
SANTOS, Izaac Azevedo dos. Narrativas de um Adolescente Homoerótico: Conflitos do Eu na rede de relações sociais da infância à adolescência. PUC-Rio. 2016. Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=25742@1> Acesso 14 abril 2021.
PUTTI, Alexandre. Um LGBT é agredido no Brasil a cada uma hora, relevam dados do SUS. Carta Capital. 2020. <https://www.cartacapital.com.br/diversidade/um-lgbt-e-agredido-no-brasil-a-cada-hora-revelam-dados-do-sus/> 
RODRIGUES, Silvia Geruza Fernandes De. Igreja Católica Romana e a Homossexualidade: Visão da Moral Sexual Católica a partir da análise de documentos Oficiais. Sacrilegens. Revista de Alunos do Programa de Pós Graduação em Ciência da Religião - UFJF, v. 15, n. 1, p. 124-140, jan-jun/2018. <https://www.ufjf.br/sacrilegens/files/2019/03/9.-Silvia-Rodrigues.pdf> 
ANDRADE, Tiago Souza Monteiro de. O relacionamento homoerótico na Grécia Antiga: uma prática pedagógica. Faces da História, v. 4, n. 2, p. 58-72, 3 jan. 2018. <https://seer.assis.unesp.br/index.php/facesdahistoria/article/view/271> 
GOMES, Tamires. Nicolau, André. O que mudou após 1 ano da criminalização da LGBTfobia no Brasil?. Catraca Livre. Junho 2020. <https://catracalivre.com.br/cidadania/o-que-mudou-apos-1-ano-da-criminalizacao-da-lgbtfobia-no-brasil/> 
QUINET, Antonio. JORGE, Marco Antonio Coutinho. As Homossexualidades na Psicanálise: na história de sua despatologização. São Paulo, Segmento Farma, 2013. 
PAOLIELLO, Gilda. A despatologização da homossexualidade. In: As homossexualidades na Psicanálise: na história de sua despatologização. Antônio Quinet. Marco Antonio Coutinho Jorge. São Paulo. Segmento Farma, 2013. (?)
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª edição. Editora Atlas S.A. São Paulo, 2008. <https://ayanrafael.files.wordpress.com/2011/08/gil-a-c-mc3a9todos-e-tc3a9cnicas-de-pesquisa-social.pdf> 
FERNANDES, Nathan. Revolta de Stonewall. tudo sobre o levante que deu início ao movimento LGBT+. Revista Galileu, 2019.<https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2019/06/revolta-de-stonewall-tudo-sobre-o-levante-que-deu-inicio-ao-movimento-lgbt.html>