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Comitê Científico: 
Arthur Heinstein Apolinario de Albuquerque Souto 
Glauber de Lucena Cordeiro 
Waleska Bezerra de Carvalho Vasconcelos 
José Herbert Luna Lisboa 
Ulisses Leite Crispim
 
Projeto Gráfico: 
Núcleo de Publicações Institucionais (NPI) 
Colaboradores: 
Beatriz Vitória Pereira de Lima 
Camila Mariel Pereira Morais de Albuquerque 
Fabrycio Marinho Veras Mascena 
Giovanna Márcia de Arruda Leite 
Ilanna de Brito Lyra Silva Meira Costa 
Jocieli Hermano da Silva Cabral 
Kalyane Dias de Araújo Melo 
Larissa Maria da Silva Rodrigues 
Lucas Vinícius dos Santos Amaral 
Mariá Adelaide de Sá Varandas Neta 
Maria Danielma da Silva Rodrigues 
Maria Júlia Damasceno Bezerra 
Maria Julia Silva Rezende 
Maria Rafaela Vitória Silva de Araújo 
Maryane Dayara Batista de Souza 
Palloma da Silva Araújo 
Rayanne Marques Nascimento
S586d
 Silva, Hélcia Macedo de Carvalho Diniz e
Diálogos sócio-jurídicos/ Hélcia Macedo de Carvalho Diniz e Silva 
(org.) - João Pessoa, 2018.
139f.
ISBN 978-85-87868-61-9
1. Produção Acadêmica. 2. Pesquisa Científica. 3. Direito. 4. Sociologia. 
I. Título.
 
UNIPÊ / BC CDU 316:34
Não desperdice papel, imprima somente 
se necessário. Este e-book foi feito com 
intenção de facilitar o acesso à informação. 
Baixe o arquivo e visualize-o na tela do 
seu computador sempre que necessitar. 
É possível também imprimir somente 
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utilizar este ebook
APRESENTAÇÃO
Hélcia Macedo de Carvalho Diniz e Silva
Professora Titular - UNIPÊ
 Sob a justificativa de escrever está onde, para quem e o que se escreve, ademais a definição 
do gênero discursivo, que depende diretamente do contexto em que está inserido. Nesse caso, 
uma apresentação de uma produção que foi composta paulatinamente, ao longo das pesquisas 
desenvolvidas por cada um que subscreve cada título. A responsabilidade autoral dos textos é deles 
e, a mim, coube a responsabilidade de organizar e dialogar com os estudiosos que se debruçaram e 
elaboraram as suas pesquisas.
Contudo, o pretexto de apresentar é o que encaminha o fio condutor de meu discurso, neste 
momento. Na realidade, para além destas palavras iniciais, as minhas palavras seguem a direção da 
investigação acerca da sociologia geral e jurídica, o estudo do direito, em sua natureza social.
 O sociólogo do direito não julga o fenômeno, busca compreender e se propõe a analisar as 
razões sociais que levaram o indivíduo no contexto da sociedade a tal ação. Assim, com o olhar 
técnico da pesquisa sociológico-jurídica deve buscar conhecer o sentido dado pelos membros sociais 
ao acontecimento e às instituições, a fim de explicar as razões que os fazem atuar desta ou daquela 
maneira, considerando o contexto e as realidades.
Explicar a tridimensionalidade do direito, a saber, justiça, validade e eficácia, por meio da 
abordagem da sociologia, por exemplo, é um ponto relevante para os diálogos entre sociologia e 
direito, embora não seja possível adentrar profundamente neste tema. O risco de simplificar esse 
tema é real, seja em qual das áreas o pesquisador se encontre, no direito ou na sociologia. De modo 
que, à luz da sociologia jurídica é possível adentrar o tema com uma margem um pouco mais segura. 
A questão da justiça é de cunho filosófica, ao filósofo cabe examinar a idealidade do direito, que fará 
relações mais profundas entre direito e moral, por exemplo. A validade da norma o estudo interno 
do direito positivo cabe ao jurista e sua capacidade de interpretação com o foco na identificação das 
normas válidas, de modo a adaptá-la aos problemas efetivamente concretos. Por fim, a eficácia da 
norma é o campo do sociólogo jurista, que parte da vida jurídica para examinar a facticidade do 
direito, ou seja, o direito aplicado à sociedade.
Resumindo, a sociologia jurídica dialoga com outras áreas dada a complexidade de variáveis a 
serem consideradas ao se analisar a facticidade efetiva da sociedade, de seus indivíduos e dos fatos 
sociais. Cabendo ao jurista sociólogo a capacidade de aplicar as três dimensões de conhecimento 
supraditas, que se interpenetram, a fim de que sejam feitas as três etapas circunstancialmente, a 
saber, estabelecimento do fundamento e do conteúdo do sistema jurídico, e, por conseguinte, a 
análise do impacto das normas na sociedade.
Sociólogos do direito deveram agir na sociedade com a capacidade de examinar os impactos 
sociais das normas ou das previsões legais com relação ao indivíduo e sua correlação no seio social. 
Perceber, de antemão, que determinada legislação tem a capacidade e o potencial de influenciar, 
condicionar e transformar pessoas e seus comportamentos diante dos demais indivíduos, e, por fim, 
emitir pareceres esclarecedores e técnicos quando o tema se refere à eficácia e os efeitos sociais do 
direito.
Diante disso, é preciso prestar atenção na ação do indivíduo em sociedade, este que se relaciona 
com outras pessoas nos espaços sociais e, sem restrição, interferem de algum modo. As normas 
escritas (positivas) ou orais (costumes, hábitos), estão sempre presentes na vida em sociedade. Os 
efeitos da norma são quaisquer resultados que repercutem socialmente, desde que ocasionados 
pela normatização. As eficácias da norma estão diretamente ligadas ao índice de cumprimento e 
reconhecimento da norma dentro da prática e da vida em sociedade, isto é, é eficaz a norma que é 
respeitada pelos indivíduos a recebe ou quando violada é dado ao indivíduo que a desrespeitou a 
devida punição pelo Estado, que age por meio da intervenção e de modo coercitivo. A adequação 
interna da norma é aquela que se trata da capacidade da norma em atingir a finalidade social 
estabelecida pelo legislador, isto é, se a norma jurídica atinge a sua funcionalidade. A finalidade do 
legislador é respeitada pelos indivíduos e os seus fins são alcançados, isto é, os objetivos internos 
do legislador, quando ele formula a norma (lei) é coerente aos resultados alcançados na aplicação 
quando lançada para o meio social.
Em todo caso, há algumas normas simbólicas, isto é, quando o legislador cria determinadas 
normas de difíceis aplicabilidades, ou seja, ineficazes ou inadequadas. Na realidade, esse tipo de 
efeito tem um fim didático e/ou de sensibilização da sociedade, são as normas colocadas em vigor 
com baixa eficácia já no momento da sua elaboração. O que se pretende, realmente, é imprimir a 
ideia, a mensagem e as intenções político-sociológicas, uma vez que se destacam valores.
Por fim, há a adequação externa da norma, que está para além da adequação interna e seus 
fins e resultados. Uma norma analisada externamente ao sistema jurídico é aquela que passa pelos 
objetivos do legislador e os resultados obtidos, isto é, o legislador analisa e avalia a aplicação da 
norma em realce à luz dos critérios de justiça. Nesse caso, é uma observação do campo da filosofia 
do direito, não estando enquadrada nas análises da sociologia jurídica, cuja observação pauta-se no 
direito positivo.
Os pontos apresentados, portanto, perpassam a discussão acima e vão muito além. São 
composições textuais marcadas pela diversidade das discussões e das abordagens teóricas da 
sociologia jurídica, cabendo a cada um a responsabilidade de adentrar nas pesquisas desenvolvidas.
H.M. | Inverno de 2018.
SUMÁRIO
TEORIAS QUE FUNDAMENTARAM A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA GERAL: 
relações com o direito ...........................................................................................8 
Maria Julia Silva Rezende 
 
SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA: 
sua importância no âmbito jurídico .................................................................18 
Giovanna Márciade Arruda Leite 
 
O DIREITO E SUA FUNÇÃO NO SEIO SOCIAL ...................................................25 
Fabrycio Marinho Veras Mascena 
 
DIREITO COMO PEÇA IMPORTANTE NA SOCIEDADE: 
relações estabelecidas para o convívio na sociedade moderna ...............31 
Beatriz Vitória Pereira de Lima 
 
CAUSAS DA INEFICÁCIA DA NORMA: 
normas que não são cumpridas .........................................................................39 
Larissa Maria da Silva Rodrigues 
 
SOCIOLOGIA E DIREITO: O surgimento do direito, a divisão deste, as 
definições e concepções da sociologia .............................................................44 
Maryane Dayara Batista de Souza 
 
BREVE ANÁLISE SOBRE AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS: 
controle social por meio do direito ...................................................................51 
Lucas Vinícius dos Santos Amaral 
 
O DIREITO, A CONTEMPORANEIDADE E SUAS CRISES: 
A pós-modernidade e suas mudanças no âmbito jurídico ........................59 
Maria Júlia Damasceno Bezerra 
 
O ESTADO CONSTITUCIONAL DEMOCRÁTICO E A LEGITIMIDADE: 
Eficácia das normas jurídicas e direitos dos homens ..................................67 
Rayanne Marques Nascimento 
 
A PRESENÇA DO DIREITO NA SOCIEDADE: e suas regras sociais .............76 
Mariá Adelaide de Sá Varandas Neta 
 
ESTADO E DEMOCRACIA: Análise das constituições brasileiras ...............84 
Maria Danielma da Silva Rodrigues 
 
 
 
DIREITO CIVIL: As suas modificações e atualidade ......................................92 
Maria Rafaela Vitória Silva de Araújo 
 
EPISTEMOLOGIA E SOCIOLOGIA: 
métodos e pesquisa ................................................................................................100 
Ilanna de Brito Lyra Silva Meira Costa 
 
O DIREITO E A EXCLUSÃO SOCIAL: fatos que excluem pessoas ................106 
Palloma da Silva Araújo 
 
ORGANIZAÇÃO DA NORMA JURÍDICA: A falta de coerência do 
ordenamento jurídico e suas consequências na aplicação do direito ....114 
Camila Mariel Pereira Morais de Albuquerque 
 
A CRISE NO DIREITO CONTEMPORÂNEO: 
Uma visão detalhada e crítica do judiciário no Brasil atual. .....................123 
Kalyane Dias de Araújo melo 
 
LÁGRIMAS E CONQUISTAS: Desafios e Direitos ..............................................132 
Jocieli Hermano da Silva Cabral 
8
TEORIAS QUE 
FUNDAMENTARAM 
A FORMAÇÃO DA 
SOCIOLOGIA GERAL: 
relações com o direito
Maria Julia Silva Rezende1
RESUMO
Este presente artigo tem como finalidade apresentar as teorias de alguns pensadores, que 
contribuíram para a evolução da Sociologia e sua relação com o Direito, como também 
apresentar a importância destas influências, tanto na sociedade como para o mundo jurídico. 
Grandes pensadores marcaram essa evolução da Sociologia, mesmo quando esta ainda não 
era uma disciplina autônoma e reconhecida como ciência, porém ao criar e argumentar suas 
teorias sobre a sociedade e a interação entre indivíduos inseridos nela, estariam, portanto, 
construindo as bases essenciais para o que viria tornar-se futuramente uma ciência. As 
visões clássicas que serão abordadas referem-se às teorias de Platão, filósofo grego que 
buscou demonstrar por meio de seus diálogos suas concepções de sociedade, Estado 
ideal, leis, delitos e como estes ideais se relacionavam com os indivíduos. Como também de 
Aristóteles, discípulo de Platão, que discorreu sobre a justiça, virtude, a relação entre Estado 
e indivíduos e uma profunda análise sobre as leis. Também será explanado, pensador do 
no século XIX, Santo Tomás de Aquino com suas ideias sobre justiça nos indivíduos e na 
sociedade, mas que possuía um posicionamento e princípios religiosos e dogmáticos em todo 
o seu pensamento filosófico. E por fim, serão expostas as ideias de Émile Durkheim, sociólogo 
moderno do século XIX, no qual foi marcado por grandes transformações no pensamento 
da época. Durkheim foi um dos fundadores da Sociologia ao considerá-la como uma ciência 
autônoma, e em seu pensamento explanou sobre o poder da influência da sociedade nos 
1 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
E-mail: Juliarezende15@outlook.com
9
indivíduos, fatos sociais e o poder das leis que são regidas nas sociedades. No decorrer deste 
artigo, veremos, portanto, as influências, contribuições e ideias desses pensadores, como 
estas tiveram importância, como afetaram e teve seus efeitos no pensamento sociológico e 
jurídico.
Palavras-chave: Sociologia. Evolução. Direito. 
1. INTRODUÇÃO
Ao explanar as teorias dos pensadores, objetiva-se mostrar a evolução do pensamento 
clássico por meio dos filósofos gregos, como Platão, discípulo de Sócrates que fundou a 
Academia de Atenas e autor de grandes obras de suma importância para a humanidade, 
como: A República, O Banquete, Apologia a Sócrates entre outros. Também Aristóteles, 
discípulo de Platão que fundou o Liceu (escola filosófica) e foi um grande sistemático na 
elaboração de conceitos, nos quais os criavam, em boa parte, a partir de observações 
empíricas da realidade. Já na Idade Medieval, com Santo Tomás de Aquino, será exposto 
suas concepções de política, Direito e o papel do homem na civitas, argumentando que o 
fim último de todas as ações deste devem ser direcionados à Deus, deixando explícito a 
forte influência de um pensamento religioso em suas ideias. E por fim, Émile Durkheim, 
Sociólogo da modernidade, que elaborou conceito de fato social, solidariedade, entre outros, 
apresentando concomitantemente a influência do Direito na sociedade. Estava inserido 
num contexto de grandes mudanças sociais, dentre elas o momento em que surgiu o 
reconhecimento científico da Sociologia, no século XIX. 
No entanto, apresentar a convergência que se deu ao longo da história da humanidade 
entre os pensamentos que contribuíram para a formação da Sociologia e o Direito é se suma 
importância, devido à opinião corrente nos dias atuais daqueles que são marcados pelo 
positivismo jurídico, que afirmam que a Sociologia não apresenta grande relevância para o 
Direito, uma vez que estes indivíduos são doutrinadores de normas, respaldadas pelo temor 
das sanções, que devem ser seguidas a todo custo, deixando de lado, portanto, o fundamento 
de uma norma e de um aspecto sociológico que favorece um fundamento para que o Direito 
se torne genuíno.
Destarte, este estudo tem como finalidade identificar a efetividade do auxílio dos 
pensadores apresentados na consolidação da Sociologia como disciplina autônoma, até o 
pensamento moderno, que irá enfatizar a ligação entre esta ciência e o Direito.
10
2. O ESTADO IDEAL EM PLATÃO, SUA CONCEPÇÃO 
DE JUSTIÇA E A PENA DE MORTE
A concepção política de Platão distingue-se da concepção moderna, segundo Mascaro 
(2016, p. 55): 
A visão moderna sobre o direito tem muita dificuldade em entender o tipo de visão 
jusfilosófica proposta por Platão. Para a modernidade, até hoje, costuma-se considerar por 
justiça ou uma virtude pessoal ou um procedimento automático e vazio de vinculação às 
leis estatais. Platão, nesse sentido, é revolucionário: a boa adequação à boa sociedade é a 
essência do justo.
Ou seja, Platão argumenta que para o bem da polis, os indivíduos deverão possuir 
uma harmonia, sendo virtuosos e justos e para ilustrar este discurso, ele utiliza-se de uma 
analogia ao conceber a polis sendo um todo, como um corpo, e os indivíduos uma grande 
parte do todo, como os vários órgãos do corpo. 
Para o discípulo de Sócrates, a polis não era um horizonte relativo, mas sim absoluto da 
vida do homem. Além disso, argumenta que toda forma política que pretenda ser autêntica 
deve ter em vista o bem do homem; entretanto, para a concepção platônica o homem é 
concebido como sendo sua alma, enquanto o corpo é o seu casulo passageiro, configurando 
assim que o verdadeiro bem do homem é o seu bem espiritual. Perante o exposto, podemos 
perceber a diferença radical entre a concepção platônicae a concepção moderna.
O Estado é sábio pela classe de seus governantes. Daí vem a preocupação do grego em 
construir e conceber um Estado munido das mesmas virtudes concernentes ao filósofo (que é 
uma síntese do homem maduro e que alcançou a harmonia): a coragem (virtude do guerreiro, 
relacionada a capacidade de conservar com vigor a opinião reta), a temperança (virtude da 
ordem, da disciplina, relacionada a harmonização entre as classes de cidadãos) e a justiça 
(a função que cada um deve fazer de acordo com sua natureza). O Bem Supremo só pode 
ser introduzido na comunidade dos homens por meio daqueles (os filósofos) que souberam 
elevar-se à contemplação desse Bem. Isso só poderia ser alcançado mediante uma seleção 
daqueles dotados da natureza filosófica para serem educados com a função de administrar 
a sociedade. Daí a hierarquização do Estado platônico em três categorias de indivíduos: os 
destinados a serem governantes-filósofos, os guerreiros, agricultores e artesãos. Sendo a 
polis uma expansão do homem, cada um tinha uma função na harmonização desse corpo 
social. O Estado ideal de Platão é uma aristocracia no sentido mais forte do termo: um Estado 
governado pelos melhores educados e fundado sobre a virtude como valor supremo.
Com relação aos delinquentes, Platão os considera doentes, pois ‘’segundo o 
ensinamento socrático, nenhum homem é voluntariamente injusto. ’’ (VECCHIO 2010, p.12). 
11
Sendo assim, para o filósofo grego, a pena era um remédio destinado a curar o criminoso. 
Platão também defende a pena de morte e enuncia:
Mas, em razão do delito, também o Estado é, em certo modo, doente, donde, se a saúde do 
Estado o exige, isto é, quando se trata de um delinqüente incorrigível, o delinquente deverá 
ser eliminado ou suprimido para o bem comum (VECCHIO 2010, p.12).
Como é possível observar, Platão apresentou por meio de seus argumentos, a ideia do 
Estado ideal e como este se relaciona com o cidadão, como também a importância da polis 
grega para os indivíduos e a questão da pena de morte, na qual o filósofo grego defende. Vale 
ressaltar que seu pensamento filosófico corresponde ao contexto histórico de sua época, 
distinguindo assim do contexto moderno. 
3. ARISTÓTELES E SUA CONCEPÇÃO SOBRE ESTADO, 
JUSTIÇA, LEIS E FORMAS DE GOVERNO 
A visão aristotélica consiste num fundamento mais sistemático e na valorização de 
conhecimentos empíricos da sociedade e da política. Assim como Platão, Aristóteles também 
concebe que o sumo bem é produzido pela virtude, a vida social consiste na própria felicidade, 
não sendo individual como veremos no pensamento pós-moderno posteriormente, mas sim 
uma felicidade coletiva, um bem comum a todos que unirá os indivíduos através da philia 
(amizade) e será de grande importância nas bases da estrutura da sociedade.
A amizade parece também manter as cidades unidas, e parece que os legisladores se 
preocupam mais com ela do que com a justiça; efetivamente, a concórdia parece assemelhar-
se à amizade, e eles procuram assegurá-la mais que tudo, ao mesmo tempo que repelem 
tanto quanto possível o facciosismo, que é a inimizade nas cidades. Quando as pessoas são 
amigas não têm necessidade de justiça, enquanto mesmo quando são justas elas necessitam 
da amizade; considera-se que a mais autêntica forma de justiça é uma disposição amistosa 
(ARISTÓTELES, p.153).
Com relação ao Estado e os cidadãos, Aristóteles afirma que o Estado controla estes 
por meio das leis, nas quais dominam toda a vida, pois o homem não seria autônomo, mas 
pertencente ao Estado. As leis seriam justas e sobre justiça, o discípulo de Platão elaborou 
uma extensiva análise e divisão. Aristóteles separou a justiça entre universal e particular. 
No sentido universal, seria, segundo MASCARO (2016, p.67) ‘’manifestação geral da 
virtude quanto uma apropriação do justo à lei que, no geral, é tida por justa. ’’. Aristóteles 
considera que a virtude universal está contida em outras virtudes existentes, como por 
exemplo, 
12
A caridade não é uma virtude em si própria sem que se lhe acresça a virtude da justiça. O 
mesmo com a paciência. Mas alguém pode ser justamente caridoso e impaciente. A caridade 
presume justiça, a paciência presume justiça, mas a caridade não presume paciência. A 
justiça está em todas as demais virtudes, e por isso é a única virtude universal (MASCARO, 
2016, p.68).
A justiça tem como base fundamental a igualdade e a primeira justiça particular que 
Aristóteles aborda é sobre a justiça distributiva de dar a cada um o que é seu, ou seja, na 
distribuição bens e honrarias segundo os méritos de cada um, que fora utilizada no Direito 
Romano nos preceitos do Direito de Roma, sendo assim existente a proporcionalidade de 
homem para homem. 
Com relação às leis, Aristóteles concebe que as leis produzidas pela polis que tenham 
um fundamento ético, estará diretamente ligada ao justo, não por causa de sua validade, 
mas sim por causa de seu teor. 
Aristóteles também argumenta sobre as formas de governo e classifica em boas formas 
de governo e formas degeneradas ou corruptas. Um governo bom seria aquele que buscaria 
o bem comum para a sociedade e diante disso ele cita que as melhores formas de governo 
que são: Monarquia (governo de um), Aristocracia (governo de alguns) e República (governo 
da maioria). Essas três formas de governo exerceriam seu poder no interesse comum e no 
bem comum dos cidadãos. 
E assim seriam os governos, respectivamente aos governos virtuosos, porém decaídos: 
Tirania (governo de um), Oligarquia (governo de alguns) e Democracia (governo da maioria). 
Estas três formas de governo exerceriam seu poder no interesse próprio e não em função 
do bem comum. Aristóteles entende por “democracia” um governo que, desleixando o bem 
comum, visa a favorecer de maneira indébita os interesses dos mais pobres e, portanto, 
entende “democracia” no sentido de “demagogia”. O erro em que recai essa forma de governo 
demagógico consiste em considerar que, como todos são iguais na liberdade, todos também 
podem e devem ser iguais também em todo o resto.
A monarquia seria no plano abstrato, a melhor forma de governo, desde que 
existisse na Cidade um homem excepcional; e a aristocracia, da mesma maneira, seria a 
melhor forma desde que houvesse um grupo de homens excepcionais. Mas como tais 
condições normalmente não se verificam, Aristóteles, com o seu sentido realista, indica 
substancialmente a república (politeia) como a forma de governo mais conveniente para as 
cidades gregas do seu tempo, nas quais não existiam um ou poucos homens excepcionais, 
mas muitos homens, que embora não sobressaindo na virtude política, eram capazes de 
governar e ser governados segundo as leis. A república (politeia) é praticamente, uma via 
média entre a oligarquia e a democracia, ou uma democracia temperada com oligarquia. 
13
Entretanto, Aristóteles não considera “cidadãos” todos aqueles que vivem em uma 
cidade e sem os quais a cidade não poderia existir. Para ser cidadão é preciso participar 
da administração da coisa pública, ou seja, fazer parte das Assembléias que legislam e 
governam a cidade e administram a justiça. Segundo Reale, 2007:
Nessa questão, as estruturas sociopolíticas do momento histórico condicionam o 
pensamento aristotélico a ponto de levá-lo a teorização da escravidão. Para ele, o escravo 
é como que “um instrumento que precede e condiciona os outros instrumentos”, servindo 
para a produção de objetos e bens de uso, além dos serviços. E o escravo é tal “por natureza”. 
(REALE, 2007, p.222).
E como os escravos eram frequentemente prisioneiros de guerra, Aristóteles sentiu 
necessidade de estabelecer também que os escravos não deveriam resultar de guerras dos 
gregos contra os gregos, mas sim das guerras dos gregos contra os bárbaros, dado que estes 
são inferiores “por natureza”.
Como o fim do Estado é moral, é evidente que aquilo a que ele deve visar é o incrementodos bens da alma, ou seja, o incremento da virtude. Segundo Reale 2007, p. 223:
Com efeito, escreve Aristóteles, “podemos dizer que feliz e florescente é a cidade virtuosa. 
É impossível que tenha êxitos felizes quem não cumpre boas ações e nenhuma boa ação, 
nem de um indivíduo, nem de uma cidade, pode realizar-se sem virtude e bom senso. O 
valor, a justiça e o bom senso de uma cidade têm a mesma potência e forma cuja presença 
em um cidadão privado faz com que ele seja considerado justo, ajuizado e sábio.” (REALE, 
2007, p.223)
Como a felicidade da cidade depende da felicidade dos cidadãos singulares, seria 
necessário tornar cada cidadão o mais possível virtuoso, mediante adequada educação. 
Viver em paz e fazer as coisas belas (contemplar) é o ideal supremo a que deve visar o Estado.
Portanto, diz Aristóteles, é preciso fazer guerra apenas tendo como finalidade a paz, 
trabalhar para poder libertar-se das necessidades do trabalho, fazer as coisas necessárias 
e úteis para poder ganhar o livre repouso, e enfim fazer as coisas belas, isto é, contemplar.
4. A CONCEPÇÃO TOMISTA DA POLÍTICA E DO 
DIREITO
Para São Tomás de Aquino, o intelecto divino é a causa primeira do universo estando 
impresso na estrutura do mundo, ou seja, a descrição ordenada do mundo resultará num 
sistema que descreve a verdade de Deus. Todos os seres e o homem em particular tem sua 
14
ratio (razão), seu sentido, na hierarquia da criação divina e encontra realização de sua 
existência ordenando-se ao fim último, isto é, Deus.
Aquino fora fortemente influenciado pelos preceitos aristotélicos, assumindo-os 
conseguindo harmonizá-los em sua descrição filosófica. O que para Aristóteles era a polis, 
para Aquino chamava-se civitas.
Santo Tomás remonta a interpretação platônica e traça uma série de analogias: Deus 
como o governante do universo; a alma como governante do corpo e o príncipe como 
governante da civitas, diante o exposto, há de se perceber o paralelo às funções de criar e 
governar o universo e as funções principescas de fundar e governar a civitas.
Com relação aos cidadãos, se os membros da comunidade cooperam livremente nas 
tarefas da existência comum, o governo é bom, tenha forma de monarquia, aristocracia ou 
politeia. Se um ou muitos são livres e conduzem o governo em proveito próprio, explorando 
os restantes, o governo é corrompido. Para Aquino, o que constituía uma comunidade 
humana era a finalidade comum de amar a Deus e a ordenação da vida para a beatitude 
eterna.
O homem político de Aristóteles encontra sua realização na existência da polis ao 
passo que para Santo Tomás o homem está orientado a um fim transcendental espiritual e é 
também entre outros aspectos importantes, um animal político.
Para Aquino, por um lado a monarquia seria a melhor forma de governo, pois é análoga 
ao governo divino do mundo. Por outro lado, não seria a melhor forma de governo, porque 
os homens são fracos e a ameaça da tirania requer instituições que a impeçam. Com relação 
às normas constitucionais, estas não devem ser aplicadas incondicionalmente e o objetivo 
do governo constitucional é a prevenção da tirania. 
A politeia de São Tomás deve ter como seus magistrados o rei, os chefes da nobreza 
e os representantes do povo eleitos por sufrágio universal. Se o sufrágio democrático 
resultar numa tirania da parte inferior da escala social, será indicado regressar às formas 
aristocráticas de governo.
Como fontes principais de onde deriva o pensamento tomista político, pode se destacar: 
A teoria política aristotélica; A constituição romana; A democracia original; A monarquia de 
Israel e O sentimento de liberdade cristão. 
O que resulta da harmonia desses elementos é a evocação da ideia de um governo 
constitucional fundamentado na estabilidade de um governo que depende da participação 
do povo e o princípio espiritual cristão da liberdade do homem maduro.
No que se refere ao Direito, São Tomás concebe sua teoria como sendo a teoria da 
instrução dada por Deus ao homem para motivar os seus atos com vistas ao objetivo último: 
a beatitude. 
15
Como o homem é imperfeito, ele possui a Lex Aeterna apenas em seus princípios gerais; a 
adaptação e a elaboração para as contingências da existência humana pelo próprio homem, 
produz a Lex Humana. Uma vez que o homem se orienta para a beatitude espiritual, foram 
necessárias revelações especiais da lei divina no antigo e no novo testamento e estes são 
chamados Lex divina. As quatro leis- eterna, natural, humana e divina- são assuntos da 
teoria do direito. (Voegelin, 2012, p. 260)
Ou seja, a participação da Lex humana na Lex divina consiste em encontrar elementos 
retos da lei de acordo com a lei divina e natural. A lei eterna é impressa nas criaturas racionais 
e dota-os de uma inclinação para as ações e fins corretos. Essa participação da criatura 
racional na lei eterna é chamada de lei natural. 
A filosofia tomista ao explanar sobre o direito tem uma importância duradoura no 
pensamento político ocidental, pois harmoniza a personalidade espiritual cristão com a 
comunidade natural perfeita. A Lex humana como conteúdo da lei é descrita como a ação 
racional humana inventando regras detalhadas que preenchem o arcabouço geral da lei 
natural por derivação desta e por sua aplicação a uma situação concreta. 
5. A QUESTÃO DO FATO SOCIAL POR ÉMILE 
DURKHEIM 
Durkheim foi um importante pensador para a sociologia, pois foi um dos fundadores 
da Sociologia como ciência, no século XIX. 
Lucena (2010) nos lembra que Durkheim entende que o indivíduo nasce da sociedade, 
e não a sociedade nasce do indivíduo. 
Como cita Sabadell (2010, p.47): ‘’ Durkheim entende como fato social qualquer norma 
que é imposta aos indivíduos pela sociedade. ’’ Diante disso, Durkheim faz a divisão de fatos 
sociais em três camadas:
• Coercitividade- padrões culturais, relaciona-se com poder, pois obrigam os 
indivíduos a seguirem.
• Exterioridade- modelo já existente antes do nascimento do indivíduo, com suas 
próprias características culturais vigentes, então cabe ao indivíduo aprendê-las 
por algum meio educacional. 
• Generalidade- os fatos sociais existem para todos. 
Em toda e qualquer sociedade existem leis que visam organizar a vida no meio social. Dessa 
forma o indivíduo isolado não cria regras nem pode individualmente modificá-las. As leis 
vistas como Fatos Sociais são transmitidas para as gerações seguintes, na forma de Normas 
Culturais, Códigos, decretos, Constituições etc. Os indivíduos quando fazendo parte de uma 
16
sociedade deve aceitar suas regras, sob a pena de sofrer o castigo por violá-las. (ADRIAN, 
2012, [s.p])
Portanto, as regras do Direito seriam fatos sociais, quando uma vez que impõem aos 
indivíduos normas para ordenar seu comportamento em sociedade de forma harmônica. 
Além disso, Durkheim elabora o conceito de solidariedade que, segundo Sabadell 
(2010), a solidariedade social só poderia ser efetiva se houvesse regras com a finalidade 
de controlar o comportamento social, reprimindo, portanto, àqueles que não obedecem 
tais regras causando uma ameaça para a harmonia da sociedade. A solidariedade é um 
pressuposto fundamental para a definição de consciência coletiva dada pelo sociólogo. A 
consciência coletiva seria ‘’o conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos 
membros de uma mesma sociedade’’ (Durkheim, 1999, p.50), na qual estaria presente nas 
mentes individuais que seria eficaz para direcionar nossa conduta em sociedade. 
Durkheim caracteriza como tipos de solidariedade: o direito repressivo, que pune as faltas ou 
crimes e o direito cooperativo, cuja essência não é a punição das violações das regras sociais, 
mas organizar a cooperação entre os indivíduos. O direito repressivo revela a consciência 
coletiva nas sociedades de solidariedade mecânica. Quanto maior é a consciência coletiva, 
mais forte e particularizada, maior será o número de atos considerados como crimes.Atos 
que violam um imperativo que ferem diretamente a consciência da coletividade. O crime 
é um ato proibido pela consciência coletiva e só pode ser definido do exterior tomando 
como referência o estado de consciência coletiva da sociedade considerada. O criminoso 
não é aquele que consideramos culpado com relação a Deus, e nem através dos nossos 
valores. Criminoso é aquele que, numa sociedade determinada, deixou de obedecer às leis 
do Estado. (ARON, 2002)
Com isso, sendo a Lei um modelo de fato social, cabe aos legisladores e pessoas 
jurídicas fundamentar o Direito na Sociologia, como também na Filosofia, pois uma vez que 
as leis são feitas sem conhecimentos sociais, haverá certa anomia na sociedade e poderá 
gerar ausência de justiça e igualdade. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento deste estudo resultou na análise histórica de como a Sociologia e 
a Filosofia exercem grande influência no Direito, como também, apresentou a convergência 
que se deu ao longo dos anos entre o estudo dos indivíduos em sociedade e o mundo jurídico, 
das normas que regem estes indivíduos. Ao longo deste trabalho, foram explanadas as 
diferentes ideias de filósofos e sociólogos que contribuíram para o surgimento da Sociologia 
como ciência e suas demais influências exercidas na sociedade e no Direito. 
Além disso, destacou-se a efetividade das teorias que fundamentaram a sociologia, 
como aquelas apresentadas por alguns filósofos da antiguidade, e as teorias sociológicas de 
17
Émile Durkheim que contribuíram e teve como influência direta de tais ideias com as leis. 
Dito isso, observou-se que por detrás de normas e regras há um fundamento e ideais que 
devem ser seguidos pelo Direito, com base nos costumes de cada sociedade.
Dada à importância do assunto, faz-se necessário o desenvolvimento de conhecimentos 
que possam contribuir na busca pela fundamentação de algo que é cumprido, para que 
não haja vítimas de leis injustas, podendo tornar um comportamento imoral justificável 
apenas pelo argumento de se executar uma norma. Portanto, o conhecimento filosófico e 
sociológico para a fundamentação do Direito é essencial para a formação de leis justas e de 
condutas mais éticas dos operadores do Direito.
 REFERÊNCIAS
ADRIAN, Nelson. Émile Durkheim e o fato social. Disponível em:
 <http://www.primeiroconceito.com.br/site/?p=2157>. Acesso em: 17 mar. 2018.
AQUINO, Santo Tomás De. Suma Teológica III. São Paulo. Editora Permanência. 2016.
ARON, Raymond. Etapas do Pensamento Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 
LUCENA, Carlos. O pensamento educacional de Émile Durkheim. Revista HISTEDBR 
On-line, v.10, n.40, p. 295-305, 2010.
MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do Direito: 5. Ed. São Paulo. Editora Atlas. 2016.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: Filosofia Pagã e Antiga. São 
Paulo. Paulus. 2007.
VECCHIO, Giorgio Del. História da Filosofia do Direito. Minas Gerais: Líder. 2006.
VOEGELIN, Eric. História das ideias políticas: Idade Média até Tomás de Aquino. São 
Paulo: É Realizações, 2012.
18
SURGIMENTO DA 
SOCIOLOGIA: 
sua importância no 
âmbito jurídico
 Giovanna Márcia de Arruda Leite2 
RESUMO
Este artigo é referente ao surgimento da Sociologia, com enfoque nos aspectos e acontecimentos 
que levaram ao seu surgimento no século XIX, bem como a importância desta grande ciência 
na área jurídica, com o nome de Sociologia Jurídica, como é bastante conhecida e chamada. 
Este ramo da Sociologia se faz muito presente na sociedade. Por meio da visão de grandes 
pensadores, como o fundador do termo “Sociologia” e o pai do positivismo, Augusto Comte e 
outros três grandes pensadores que formam a “ Tríade Clássica da Sociologia” que são: Émile 
Durkheim, Max Weber e Karl Marx são de fundamental importância para a compreensão 
do desenvolvimento desta ciência ao longo da história e que surgiu em meio a uma grande 
mudança na sociedade como um todo. Advinda da Revolução Francesa (França, 1789 até 
1799) e, também, da Revolução Industrial (Inglaterra nos séculos XVIII e XIX) levou o homem 
a voltar os seus pensamentos, estudos e ideias para a sociedade e ele mesmo, para poder, 
então, a partir de tudo isso, compreender as transformações que estavam passando. O objetivo 
deste artigo, em geral, é de analisar o surgimento e o desenvolvimento da Sociologia, uma 
ciência nova, mas que, até então, já demonstrou a ampla área de estudo a qual é voltada: o 
homem e a sociedade e, também de poder compreender o forte papel da Sociologia na área 
Jurídica. No decorrer de sua leitura apresentará as ideias de pensadores que até hoje estão 
presentes na sociedade e a importante função de cada um na formação dos diversos estudos 
que temos não só presentes na área jurídica, mas em tantas outras áreas. 
Palavras-chave: Surgimento. Pensadores. Sociologia geral. Direito
2 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
E-mail:Unipê. giovannamarcia.al@gmail.com
19
1. INTRODUÇÃO 
Este artigo tem como objetivo apresentar o surgimento e o desenvolvimento da 
Sociologia como ciência autônoma, bem como a sua presença no âmbito jurídico, sendo 
chamada de sociologia jurídica, elucidando a visão de grandes pensadores como Augusto 
Comte, considerado o pai do positivismo e fundador do termo sociologia, além de Émile 
Durkheim, Max Weber e Karl Marx, também conhecidos como “ Tríade Clássica da Sociologia” 
e que são de total importância para o entendimento da sociologia como ciência autônoma. 
A definição de Sociologia é fundamental para a compreensão do desenvolvimento 
desta ciência ao longo do tempo, sendo assim, Sabadell (2010, p.82) explica: “A sociologia 
define-se, de modo geral, como a ‘ciência da sociedade. De modo mais concreto, a sociologia 
examina o comportamento humano no âmbito social”. Além de tal definição Sabadell (2010, 
p.82 ) afirma “ a sociologia observa e analisa as regras que regem as relações sociais, ou seja, 
estuda a interação entre pessoas e grupos” 
O artigo, em geral, consiste numa análise ampla de uma ciência que surgiu no século 
XIX, em meio as grandes transformações sociais no âmbito político, econômico, social e tantos 
outros que levaram as pessoas a procurarem compreender tantas mudanças que surgiram 
devido a Revolução Francesa e Revolução Industrial. Além de explanar o desenvolvimento 
da sociologia no direito com a chamada sociologia jurídica que surgiu, como disciplina, no 
inicio do século XX. 
2. AUGUSTO COMTE E O SURGIMENTO DO TERMO 
SOCIOLOGIA 
Auguste Comte nasceu em Montpellier, França, em 1798 e foi o responsável pelo 
surgimento da Sociologia, uma vez que foi o primeiro a tentar delimitar o campo de estudo 
da Sociologia. Aron (1999, p.69) afirma a criação da Sociologia por Comte em uma de suas 
obras mais famosas “No Curso de filosofia positiva, é criada a nova ciência, a sociologia, 
que, admitindo a prioridade do todo sobre o elemento e da síntese sobre a análise tem por 
objeto a historia da espécie humana.” 
Sua linha de pensamento era o positivismo, no qual diz que o conhecimento verdadeiro 
só é obtido, unicamente, pelo conhecimento científico. Segundo Sell, compreende a sociologia 
de maneira ampla, pois abrange outras ciências humanas, como por exemplo a história, 
filosofia, economia. 
Seus pensamentos foram se desenvolvendo dentro de um contexto histórico que 
abrange duas grandes revoluções – Francesa e Industrial – Logo, suas ideias sofreram fortes 
20
influências de intensas transformações sociais, econômicas e políticas que fundamentaram 
a formação do capitalismo.
3. ÉMILE DURKHEIM E SEU PENSAMENTO SOBRE A 
SOCIOLOGIA E O DIREITO 
Émile Durkheim foi um grande sociólogo e pensador francês que nasceu em 1858 em 
Épinal. Sabadell (2010, p. 46) constata “Durkheim foi o primeiro professor a ser titular de 
uma cadeira universitária de ‘Sociologia’ [...] É considerado como o precursor imediato da 
sociologia jurídica”. Tambémmostra a visão de Durkheim em relação ao direito “ Durkheim 
entende que o direito é um fenômeno social. A sociedade humana é o meio onde o direito 
surge e se desenvolve, pois a ideia do direito liga-se à ideia de conduta, de organização e de 
mudança.” 
Sabadell (2010, p.46) explica a visão que Durkheim aborda em seus estudos: 
Durkheim adotou a visão metodológica positivista do fundador da sociologia Augusto 
Comte (1798-1857), mas criticou o caráter filosófico e inclusive “metafísico” das teorias de 
Comte, insistindo na necessidade da pesquisa empírica antes de fazer afirmações e elaborar 
leis sociológicas. 
Um ponto importante dos estudos de Durkheim é o fato social como Arom (1999, p.325) 
explica “ A concepção da sociologia de Durkheim se baseia em uma teoria de fato social. Seu 
objetivo é demonstrar que pode e deve existir uma sociologia objetiva e cientifica, conforme 
o modelo das outras ciências, tendo por objeto o fato social.” 
Sabadell (2010, p.47 ) explica o termo “ fato social ” : 
Denomina de fatos sociais as normas vigentes em determinada sociedade indicando dois 
elementos importantes: primeiro, que a origem de todas as normas que influenciam o 
comportamento individual é a sociedade (e não o legislador ou determinados indivíduos). 
Segundo, que as normas não são simples palavras ou ordens, mas existem objetivamente na 
sociedade e o sociólogo deve estuda-las como fatos, ou seja, como “coisas”.
Sabadell (2010, p.47) afirma “ Nesta perspectiva, as regras do direito são fatos sociais 
muito importantes, porque impõem aos indivíduos obrigações e modos de comportamento, 
aptos a garantir a coesão social”. 
 Durkheim determina que o vínculo entre os membros da sociedade é chamado de 
solidariedade e há dois tipos, a mecânica e a orgânica. Sendo a primeira encontrada nas 
sociedades antigas, onde os valores sociais vinham da religião e questões tradicionais, e a 
orgânica encontra-se na sociedade moderna. 
21
Sabadell (2010, p.48) elucida “A solidariedade mecânica fundamenta-se na semelhança 
dos membros da sociedade, ou seja, na uniformidade do comportamento. Quem não respeita 
as regras é considerado agressor da ordem social.”
Aron (1999, p. 288) afirma sobre a solidariedade mecânica: 
[...] Quando esta forma de solidariedade domina uma sociedade, os indivíduos diferem 
pouco uns dos outros. Membros de uma mesma coletividade, eles se assemelham porque 
têm os mesmos sentimentos, os mesmos valores, representam os mesmos objetos como 
sagrados. A sociedade tem coerência porque os indivíduos ainda não se diferenciaram. 
A solidariedade orgânica é diferente, pois é fundamentada na divisão do trabalho e 
como Sabadell (2010, p.49) ilustra neste tipo de solidariedade: 
O individuo não se vincula diretamente a valores sociais, não está submetido a liames 
tradicionais, a obrigações religiosas ou comunitárias. A solidariedade cria-se através 
de redes de relacionamento entre indivíduos e grupos, onde cada um deve respeitar as 
obrigações assumidas por contrato. O próprio individuo se autopolicia, porque sabe que 
se não atua de uma determinada forma (estudar, trabalhar, ganhar salário, investir), não 
poderá sobreviver nesta sociedade fundamentada na propriedade privada, na concorrência 
e no intercambio de bens e valores equivalentes.
Em geral, Durkheim afirma que a solidariedade mecânica exprime o direito penal e a 
sanção é repressiva, já a orgânica exprime o direito comercial, administrativo, constitucional 
e civil, onde há sanções restitutivas.
4. AS IDEIAS DE MAX WEBER A RESPEITO DA 
SOCIOLOGIA E DO DIREITO 
Max Weber nasceu em Efurt, na Alemanha (1864) e é um dos principais pensadores 
que colaboraram para a construção da Sociologia.
A sociologia surgiu em a uma dupla revolução – industrial e francesa – que ajudaram 
na formação do processo de uma sociedade capitalista. Weber, assim como tantos outros 
pensadores de sua época, procurava compreender as mudanças sociais que surgiram 
através da Revolução Industrial. 
Aron (1999, p. 457) explica “ Max Weber considera a sociologia uma ciência da conduta 
humana na medida em que esta conduta é social” 
 Martins (2006, p.64) afirma: 
A formação da sociologia desenvolvida por Webber é influenciada enormemente pelo 
contexto intelectual alemão de sua época. Incorporou em seus trabalhos algumas ideias de 
Kant, como a de que todo ser humano é dotado de capacidade e vontade diante do mundo. 
22
Martins (2006, p. 65) explana a sociologia de Weber:
 
A sociologia por ele desenvolvida considerava o indivíduo e a sua ação ponto chave da 
investigação. Com isso, ele queria salientar que o verdadeiro ponto de partida da sociologia 
era a compreensão da ação dos indivíduos e não a análise das “ Instituições sociais “ ou do 
“ grupo social”. 
As ideias e estudos de Weber além de serem voltadas para a Sociologia, também foi 
voltada para a questão do Direito.
Trubeck (2007, p.153) explica a questão do Direito em Weber “ A discussão weberiana 
sobre o direito é marcada por alguns temas centrais. O direito está associado à coação 
organizada, à legitimidade e normatividade; e à racionalidade.”. 
Sabadell (2010) afirma que Weber abordou sobre a sociologia jurídica em seu livro 
“Economia e Direito” e até hoje é de fundamental importância para sociólogos e juristas do 
mundo.
5. PENSAMENTO DE KARL MARX SOBRE O DIREITO 
Karl Marx nasceu em Tréveris ou Trier em Alemão no ano de 1818 e foi um grande 
filósofo e sociólogo. Suas ideias e estudos são de fundamental importância para muitas 
ciências atualmente, incluindo o Direito.
Ao observar a sociedade, Karl Marx abordou em seus estudos as relações de produção 
decorrentes do capitalismo, a partir disso, determinou a existência de classes socais, aqueles 
que detém o poder, os proprietários dos meios de produção e os que não são donos desses 
meios. 
Assim, Sabadell (2010, p.45) afirma que Marx ao observar a sociedade percebeu que “ 
[...] o direito desenvolvido na sociedade capitalista estabelece normas universais e uniformes 
para sujeitos desiguais, perpetuando assim as diferenças sociais, baseadas na exploração 
dos trabalhos das classes populares pelos detentores de capital” 
Mascaro (2016, p.258) desenvolve as ideias iniciais de Marx: 
As descobertas empreendidas por Marx no que diz respeito à forma política do capitalismo 
se desdobram imediatamente para o campo da forma jurídica capitalista. Do mesmo modo 
que o Estado moderno, sendo um terceiro da exploração entre o capital e o trabalho, faz 
de todos os indivíduos cidadãos, torna-os também sujeitos de direito. A lógica que preside 
o direito é intimamente ligada à lógica da reprodução do capital. Na verdade, no campo do 
direito, muito explicitamente essa vinculação se manifesta. Marx, na Ideologia alemã, trata 
da relação histórica entre direito e capitalismo. 
Sendo assim, em geral, a contribuição de Karl Marx, por meio de estudos, observações 
e pesquisas, foi fundamental na área do direito 
23
6 DESENVOLVIMENTOS E ABORDAGENS PRESENTES 
NA SOCIOLOGIA JURÍDICA
No inicio do século XX, nasce a sociologia jurídica como uma disciplina específica. 
Sabadell (2010, p.52) afirma: “ [...] Durkheim e Weber dedicaram-se ao estudo dos vários 
fenômenos sociais, e foi dentro de uma tal perspectiva que analisaram o direito ao lado da 
economia, da moral, da politica, das classes sociais, da religião, da família etc.” em geral, tanto 
Durkheim como Weber contribuíram imensamente para o desenvolvimento da sociologia 
jurídica.
Sabadell (2010, p.53) explica “[...] O direito se manifesta como uma das realidades 
observáveis na sociedade: a sua criação, evolução e aplicação podem ser explicadas por 
meio da análise de fatores, de interesses e de forças sociais.” 
Em relação as abordagens, há duas da sociologia jurídica que são: sociologia do direito 
e sociologia no direito. 
Sabadell (2010, p.55) explana: 
Esta primeira abordagem opta por fazer um estudo sociológico,colocando-se numa 
perspectiva externa ao sistema jurídico. Seus adeptos consideram que a sociologia do 
direito faz parte das ciências sócias, sendo um ramo da sociologia. Por outro lado, o direito 
deve continuar utilizando o seu método tradicional, que lhe garante ima posição autônoma 
em relação às outras ciências.
Grande pensadores são adeptos desta corrente como Vincenzo Ferrari na Itália e 
Ramón Soriano na Espanha. Sabadell (2010, p. 55) explica:
 
Quase todos os sociólogos que se dedicam à sociologia jurídica adotam esta posição 
metodológica. A sua origem deve ser buscada na obra de Max Weber, que queria construir 
uma sociologia livre de avaliações [...] e, em parte, nas análises de Kelsen sobre a “pureza” 
da ciência jurídica que não deve ser confundida nem “misturada” com análises filosóficas 
ou sociológicas. 
 Sabadell (2010, p.56) expõe a outra abordagem:
A segunda abordagem adota uma perspectiva interna com relação ao sistema jurídico. 
Os seus adeptos contestam a exclusividade de um método jurídico tradicional, afirmando 
que a sociologia jurídica deve interferir ativamente na elaboração, no estudo dogmático e 
inclusive na aplicação do direito. 
Nesta perspectiva, Sabadell (2010) afirma “[...] Não há uma ciência jurídica autônoma 
porque o direito, ademais dos métodos tradicionais, também emprega ou deve empregar 
métodos próprios das ciências sociais.” A sociologia do direito tem uma abordagem 
positivista, já a sociologia no direito há a abordagem evolucionista.
24
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O presente artigo mostrou o surgimento e o desenvolvimento da sociologia na visão de 
Augusto Comte, Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx, grandes e importantes filósofos 
que contribuíram imensamente para a construção desta ciência autônoma relativamente 
nova, pois surgiu apenas no século XIX, mas que se faz muito presente na sociedade e em 
muitas áreas de estudo, como por exemplo a área jurídica, com a sociologia jurídica, no 
qual pudemos compreender o seu nascimento e as suas abordagens, sociologia do direito e 
sociologia no direito. 
Dessa forma, pudemos analisar a sociologia no contexto histórico ao qual a mesma 
estava inserida no momento em que surgiu, diante de duas grandes revoluções (Francesa 
e Industrial), sendo assim as pessoas precisavam compreender as transformações que 
estavam passando em diversos âmbitos, logo, o nascimento da sociologia foi fundamental, 
uma vez que esta estuda o homem no âmbito social, assim como Sabadell (2010) afirma. 
A presença desta grande ciência no Direito foi fundamental como apresentado no 
decorrer do artigo, muito sociólogos que foram apresentados ao longo do trabalho tiveram 
importante participação na construção de termos e conceitos na área jurídica, voltando os 
seus estudos para a sociologia e para o direito, para que então, ambos andassem lado a lado, 
contribuindo para o desenvolvimento e crescimento de cada ciência. 
REFERÊNCIAS 
ARON, Raymond. Etapas do Pensamento Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006.
MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do Direito. São Paulo: Atlas, 2016.
SABADELL, Ana Lucia. Manual de sociologia jurídica: introdução a uma leitura externa 
do direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
SELL, Carlos Eduardo. Sociologia Clássica: Marx, Durkheim e Weber. Petrópolis. RJ: Vozes, 
2017.
TRUBEK, David M. Max Weber sobre direito e ascensão do capitalismo. Revista Direito 
GV. São Paulo, v. 3, n. 1, jan-jun 2007.
25
O DIREITO E SUA FUNÇÃO 
NO SEIO SOCIAL
Fabrycio Marinho Veras Mascena3
RESUMO
O artigo estuda como o Direito é importante para sociedade e como um completa o outro em 
uma interação mútua, e com isso a necessidades de criação de normas equitativas e justas 
para que a sociedade seja harmoniosa e seus indivíduos tenham seus direitos garantidos 
pela mesma. 
Palavra-chave: Direito, Sociedade, Interação, Normas.
1 INTRODUÇÃO 
O Direito está presente em todas as sociedades existentes, desde as primitivas até 
as mais complexas. Ele aparece para mediar os conflitos existentes em um convívio em 
grupo, para que todos possam viver em harmonia. Se apresentando de várias formas na 
sociedade, seja ela por forma de costumes, moral, religiosa ou normas escritas que regem 
o funcionamento da mesma, porém cada uma atua de forma diferente na sociedade, seja 
por meio da fé ou até mesmo por meio da força física, para que se mantenha a ordem. 
Com isso, podemos observar que a sociedade e o direito se influenciam mutuamente, 
seja a sociedade moldando o direito com sua cultura e costumes ou o mesmo moldando a 
sociedade, fazendo-a se adequar e obedecer às normas. Nesse sentido, há também o Direito 
Natural, que possui leis advindas da natureza, essas não foram criadas, e por isso não pode 
ser classificado como processo de adaptação social, porém a presença do Direito Natural na 
formação do direito é de fundamental importância para a construção da sociedade, como o 
direito à vida, à liberdade
3 Graduando em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
26
1.1 A relação mútua entre direito e sociedade 
O Direito esteve presente na sociedade desde antiguidade, desse momento em que 
o homem precisou conviver em sociedade para enfrentar as adversidades impostas pelos 
fenômenos da natureza, e ao transcorrer a vida social o homem sempre buscou satisfazer 
suas necessidades e por muitas vezes impondo sua vontade ao outro, com isso foi preciso 
criar normas, para que a convivência em grupo fosse harmônica e esse papel de tutelar 
as relações sociais e de tentar evitar os conflitos surge o Direito. Ele surge mais como um 
conjunto de costumes sociais e senso comum do que um conjunto de normas jurídicas como 
conhecemos hoje.
GUSMÃO (2002, p.52) Conceitua o Direito como “conjunto de normas executáveis 
coercitivamente, estabelecidas ou reconhecidas e aplicadas por órgãos institucionalizados”. 
Ao analisar esse conceito podemos observar que ele está certo em sua essência, mas podemos 
dizer que ele está incompleto, pois para definir o direito de uma forma eficaz, devemos partir 
da sua essência, que é o regulamento do convívio humano em sociedade, como isso podemos 
afirmar que o direito é um conjunto de normas executáveis coercitivamente, estabelecidas 
e reconhecidas por órgãos institucionalizados, visando regular o convívio social para obter 
harmonia na sociedade.
Como podemos observar, o Direito e a sociedade andam de mãos dadas, um com o 
outro, de um modo que um não existiria sem o outro, pois uma sociedade sem normas, 
sem o Direito sucumbiria em meio ao caos e não duraria por muito tempo, enquanto a se 
não existisse a presença da sociedade, O Direito como fato social, não existiria, e mesmo 
existindo seria desnecessário, pois sua função é regular o convívio social. Ao entender isso, 
podemos afirmar que, o Direito não pode ser formar alheia a sociedade, pois cada sociedade 
tem seus próprios costumes, sua própria cultura e isso implica em fatos sociais diferentes.
 O Direito junto com a sociedade molda um contorno legal que indica os direitos, 
deveres, limites de atuação e proibições, ou seja, regras, isso tem grande interferência na 
vida das pessoas, pois nem todos têm ideia de quanto o Direito se faz presente no meio 
social, de como está interligado com quase tudo que se passa na sociedade, desde a mais 
simples às mais complexas relações sociais.
A existência de um direito, seja em sentido forte ou fraco, implica sempre a existência de 
um sistema normativo, onde por “existência” deve entender-se tanto o fator exterior de um 
direito histórico ou vigente quanto o reconhecimento de um conjunto de normas como guia 
da própria ação. A figura do Direito tem como correlato a figura da obrigação. (BOBBIO, 
1922, p. 77-80).
27
Ao compreender isso, percebesse que o Direito tem uma função social, vem em busca 
de trazer o queé justo, mas a criação de normas acaba gerando uma série de limitações que, 
em certos momentos e em determinados lugares, são tão grandes e frequentes que chegam 
a afetar diretamente a própria liberdade humana. Então o Direito deve assumir uma função 
para trazer harmonia às relações sociais intersubjetivas, resolver os conflitos com o mínimo 
de desgaste e sacrifícios. A busca para a solução de conflitos de ser ordenada a usar critérios 
justos e equitativos de acordo com as convicções presentes na sociedade. 
Então o direito tem um papel de ação e reação dentro de uma sociedade, onde ele vai 
moldar a realidade social e ao mesmo tempo vai ser determinado por essa realidade.
O direito exerce um duplo papel dentro da sociedade: ativo e passivo. Ele atua como um 
fator determinante da realidade social e, ao mesmo tempo, com o um elemento determinado 
por esta realidade. Dentro deste contexto identificam-se as pressões dos grupos dc poder 
que podem induzir tanto para que se dê a elaboração de determinadas regras, bem como 
para que as regras em vigor não sejam cumpridas, levando a um processo de anomia 
generalizada. ( SABADELL, 2002, p. 92-93)
Com isso Sabadell mostra que as normas jurídicas necessariamente precisam suprir 
os interesses e as necessidades sociais, fazendo com a norma seja efetiva na sociedade, e que 
a relação social não se mantém estáveis ao longo dos anos, elas passam por modificações 
que alteram o ordenamento jurídico vigente, fazendo com que normas antes válidas sejam 
substituídas por novas normas que supra a necessidade da sociedade atual, tirando assim 
a eficácia e vigência da norma antiga. Ao entender que o direito está totalmente interligado 
nas mudanças sociais, percebe-se que essa ligação pode ser entendida de duas formas, 
a primeira de que o direito impede a mudança, devido ao sistema jurídico que tarda ao 
detectar as necessidades sociais, tornando-se um freio às mudanças sociais, e a segunda é 
a de que o direito é o responsável pela mudança social, que ao realizar mudanças jurídicas 
transforma a sociedade como um todo. 
A relação entre o direito é mudanças sociais pode ser um meio termo de cada corrente 
supracitada, que em alguns casos se torna um freio e uma interrupção de alguma mudança 
social, como pode promover uma mudança, pois o direito é um fator social e junto com eles 
existem vários outros fatores como economia, clima, cultura, religião, entre outros.
O direito é um a variável dependente, ou seja, um fenômeno social que muda historicamente 
com função de outros fenômenos. A relação entre os grupos e as classes sociais, definida 
principalmente pelo fator econômico, determina as estruturas jurídicas. O direito pode ser, 
então, considerado como um produto de interesses sociais, que dependem das relações de 
dominação em cada sociedade. (SABADELL, 2002, p. 96)
 O Direito é influenciado por diversos fatores presentes na sociedade, que muitas 
vezes são particulares de cada uma delas, tornando o direito único em cada sociedade. 
28
Por ser derivado de vários outros fatores o direito dificilmente é o único propulsor de uma 
mudança social, pois normalmente a mesma acontece devido os outros fatores, e a uma 
grande dificuldade para o direito ser um propulsor, devido à tradição jurídica e o processo 
de criação de normas que dificulta o direito acompanhar a sociedade em suas mudanças. 
(SABADELL,2002, p.96) A importância da tradição jurídica explica também o fato do 
que países com semelhantes estruturas política e econômica possuam sistemas jurídicos 
totalmente diferentes. Nenhuma sociedade é totalmente igual e isso faz com que o Direito se 
torne único, partindo de uma base universal de trazer harmonia e justiça para a sociedade 
se adaptando de acordo com os conceitos morais,e como eles sempre estão em constante 
movimento torna-se difícil para o direito os mesmo, devido consistência é necessária uma 
força política para fazer essa mudança, então essa força política deve tentar acompanhar as 
mudanças sociais para que o direito torna-se atual como a sociedade.
Quanto mais aberto, flexível e abstrato é o sistema jurídico mais fácil será operar uma 
mudança social através de sua interpretação. Um sistema jurídico completo e detalhado, 
com rígidos procedimentos de controle e com “cláusulas pétreas” que dificultam as 
reformas, dificilmente permite mudanças sem ruptura.( SABADELL, 2002, p.98)
Para que o direito seja realmente efetivo na mudança social, além da força política é 
necessário um sistema jurídico flexível, que junto com os legisladores que detém o poder 
político, devem moldar as normas a fim de acompanhar a sociedade e não deixar o direito 
vigente tão retrógrado, como por exemplo em questões dos direitos das mulheres, que há 
anos estão lutando por igualdade, e para que não tenha seus direitos suprimidos devido à 
legislação antiga e machista. 
O Direito mostra que além de modificar a sociedade, ele apresenta uma função social, 
dando legitimidade a causas, que antes eram reprimidas pela sociedade, combatendo assim 
o preconceito, que por muitas vezes foi criado pelo próprio Direito, como por exemplo a 
escravidão no Brasil, que o direito vigente na época, legitimava o trabalho forçado, em 
condições desumanas, devido somente a cor de pele negra, denominada de raça inferior, e 
mesmo com o fim da escravidão, a população negra sofreu com o preconceito predominante 
na sociedade, com políticas de tentar branquear o Brasil, trazendo mão de obra estrangeira 
e deixando eles a margem da sociedade, então o direito atual tenta amenizar os erros 
causados no passado com leis que proíbem qualquer tipo de preconceito, além de cotas em 
universidades e programas de combate ao racismo.
Fazendo-se assim alusão ao movimento chamado de “ uso alternativo do direito” que 
é basicamente usufruir das brechas existentes nas normas e de suas ambiguidades para 
favorecer classes e grupos sociais mais fracos.
29
A aplicação do direito deveria tornar-se um instrumento de solidariedade social. O operador 
jurídico deveria tirar proveito do caráter genérico e ambíguo das normas, empregando 
métodos de interpretação inovadores, que lhe permitiriam fazer justiça social. A proposta 
era a de tentar mudar a sociedade a partir das estruturas formais do direito.(SABADELL, 
2002 , p.99)
 Nesse sentido o Direito torna-se um grande fator de mudança social, pois ele 
proporciona a igualdade aos menos desfavorecidos, tornando-o mais justo na medida do 
possível, para que se possa realmente acontecer uma mudança social
 Surge então a ideia de que o verdadeiro direito alternativo, não seria aquele que faria 
a mudança social, segundo Sabadell (2002, p. 99-100):
O verdadeiro direito alternativo seria então um novo sistema jurídico. Os representantes 
deste movimento exprimiram à vontade de responder às verdadeiras necessidades sociais 
dos países “subdesenvolvidos” e de conseguir um a mudança na sociedade através da 
aplicação de um “outro” direito, gerado espontaneamente no seio dos movimentos sociais e 
substituindo paulatinamente o “opressor” direito do Estado.
Por base nas brechas e ambiguidades na norma seria um novo sistema jurídico capaz 
de suprir a necessidades sociais, fazendo assim ele próprio a mudança social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos fatos apresentados nota-se que Direito é um elemento de fundamental 
importância para a sociedade, pois o mesmo tem a função de proporcionar uma vida 
harmoniosa e justa no meio social, levando em consideração contexto histórico e seus 
costumes. Além disso, apresenta-se como elemento essencial para garantir direitos que 
devem ser assegurados pelo Estado, para que com isso haja um equilíbrio entre direitos e 
deveres. E não uma sociedade sem regras, caótica que priva o direito primordial de seus 
cidadãos, a liberdade dos indivíduos.
 
REFERÊNCIAS
CURY, Carlos Roberto. Direito à Educação: Direito à igualdade, Direito à Diferença.Cadernosde Pesquisa. Minas Gerais, n. 116, p. 245-262, julho 2002.
BOBBIO, N. A Era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
GUSMÃO, Paulo Dourado de – Introdução ao Estudo do Direito – Rio de Janeiro: Forense, 
2002
30
SABADELL, Ana Lúcia. Manual de Sociologia Jurídica- São Paulo Revista dos Tribunais, 
2002
31
DIREITO COMO PEÇA 
IMPORTANTE NA 
SOCIEDADE: 
relações estabelecidas para 
o convívio na sociedade 
moderna
Beatriz Vitória Pereira de Lima4
RESUMO
Este trabalho aborda a função da Sociologia em conjunto com o Direito, pretendendo mostrar 
como a interdisciplinaridade entre os dois facilita a compreensão e interpretação de casos 
judiciais, e assim, o andamento das questões que envolvem a sociedade como um todo. É difícil 
praticar um ato que não esteja no mundo do direito. Campos de pesquisa jurídica diferentes, 
como a própria Sociologia, contribuem para um desenvolvimento do estudo da sociedade 
e assim, iremos observar como essas matérias atuam sobre a sociedade e como esta lida 
com os problemas e soluções desenvolvidas a partir do direito, que torna o homem um ser 
social, capaz de opinar sobre as questões levantadas a partir dessa interdisciplinaridade. 
Direito é ordenamento jurídico, conjunto de normas expressas em lei, que estabelece uma 
ordem a qual todos devem respeitar e obedecer. Ele promove a justiça e equidade para 
todos e desse modo, ajuda o homem na busca de suas necessidades sem infringir o espaço 
de seu semelhante. Neste presente trabalho, também será relacionado à presença do direito 
na sociedade com a obra “Amor Líquido” de Zygmunt Bauman, um dos maiores sociólogos 
da atualidade. Veremos que, segundo ele, as relações estabelecidas na modernidade líquida 
são as causas da falência de nossas relações com o próximo e do preconceito com as pessoas 
que são diferentes do nosso convívio. Podemos assim, compreender a sociedade moderna 
4 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
E-mail: beatrizvplima@hotmail.com 
mailto:beatrizvplima@hotmail.com
32
e seus problemas com as mudanças imprevisíveis e rápidas. Essa modernidade, como será 
apresentado no decorrer do trabalho, altera o Estado e traz uma fragilidade as relações 
sociais e uma insegurança que estreita laços e os mantêm frouxos. Adentrando mais no 
contexto do Estado, veremos como ele e o Direito tem sua relação a respeito das normas 
penais. 
Palavras-chave: Sociologia, Direito, Sociedade, Interdisciplinaridade, Sociedade Líquida, 
Convívio, Modernidade, Relação.
1. INTRODUÇÃO
A Sociologia é um estudo das relações que os seres humanos estabelecem, seu interesse 
é analisar e verificar o comportamento humano diante das situações que ocorrem no tempo. 
O Direito pode ser regra de conduta obrigatória, sistema de conhecimentos jurídicos e a 
faculdade de exigir um determinado comportamento a outro. A Sociologia Jurídica nasce 
como disciplina específica para pesquisar, analisar e compreender as relações jurídicas na 
sociedade. Juntos, visam regular o comportamento social e trazer o direito para a realidade.
As relações sociais estabelecidas ao longo da modernidade estão perdendo sua força 
e tornando cada vez mais as relações frágeis e sem garantia de permanência. A fragilidade 
desses vínculos, a insegurança e as incertezas são pontos importantes para a discussão de 
toda situação líquida em que a sociedade se encontra; a velocidade dos fatos e os avanços das 
tecnologias também acarretam para esse aspecto. Por isso temos a modernidade atual como 
um mundo confuso e imprevisível que nos traz apenas a certeza de que o homem necessita 
de uma liberdade que ele não sabe relacionar com os seus vínculos e desejos. Os refugiados 
também é um assunto importante, pois com o aumento de todos os medos instalados na 
sociedade moderna, os governos utilizam de artimanhas que ao mesmo tempo em que são 
utilizados para promover campanhas políticas e inclusão sociais, são culpados por aspectos 
da doença social e do aumento dos casos de terrorismo, o que leva a deportação dessas 
pessoas que não tem nenhum lugar para ficar, já que foram expulsos de suas terras.
2. SOCIOLOGIA JURÍDICA E A FUNÇÃO DO JURISTA-
SOCIÓLOGO
A Sociologia Jurídica, que é uma especialização da Sociologia, retrata a relação entre 
o social e o jurídico tendo como função analisar as causas e os efeitos das normas jurídicas 
33
na sua aplicação na sociedade. Assim, é necessário o jurista-sociólogo, que faz uma leitura 
diferente do sistema jurídico, sem apego aos dogmas, tentando compreender as razões 
sociais que levaram à elaboração daquela determinada norma e sua aplicação, por isso deve 
ter uma postura neutra e objetiva. Ele observa o direito de forma externa, analisando as 
relações entre este e a sociedade.
Justificando esta definição de distanciamento, Luhmann esclarece:
O primeiro refere-se ao sentido da observação externa. (...) Quando se diz que a abordagem 
sociológica observa o direito “de fora”, isto quer dizer que o pesquisador procura olhar 
o direito, abandonando por um momento a ótica do jurista, e colocando-se numa outra 
perspectiva, que pode ser a política, a econômica, a social, dependendo do tipo de análise 
que ele está fazendo. (...) O segundo esclarecimento refere-se à relação entre direito e 
sociedade, ou seja, à relação entre o social e o jurídico que estabelecemos aqui como objeto 
de análise da sociologia jurídica.
Como já mencionado, o jurista-sociólogo interessa-se por relacionar as normas 
jurídicas com a estrutura social e, apesar do desapego a dogmática do direito, ele permanece 
ligado a este com o objetivo de analisar a atuação dele na sociedade.
3. DIREITO E SOCIOLOGIA PARA COMPOR A 
SOCIEDADE
Desde o século XX, o estudo do direito vem acompanhado de outras ciências, a 
chamada interdisciplinaridade. Esse conhecimento, de troca, facilita a aplicação e a criação 
do direito. A Sociologia, como já dito, não é apenas a ciência das relações entre os fenômenos 
sociais, ela é também o estudo dos fenômenos não sociais, o que facilita o entendimento das 
características gerais da sociedade.
O direito é um fato social, que vem como resultado de fatores sociais, como religião, 
economia, moral e ele também se apresenta como costume, instituições sociais (como 
família). Dessa forma, o estudo em conjunto da sociologia e direito é importante para 
observar e analisar as consequências da aplicação do direito na prática. 
O modo de aplicar a lei depende do poder executivo e judiciário, dos operadores do 
direito e estes, apesar das regras que limitam a interpretação, não seguem as previsões 
legais e dão um sentido ao texto que não condiz com a vontade do legislador ou com a 
interpretação de outro operador.
Para compor a sociedade o direito tem que conhecê-la e é exatamente a 
interdisciplinaridade com a sociologia jurídica que fará esse trabalho. Quando entram em 
estudo conjunto, o sistema jurídico é levado à realidade e assim, com as opiniões e impactos 
34
das normas reconhecidos, pode-se trabalhar de maneira mais significativa e ligado à vida 
social, que muda com o tempo e o direito deve acompanhá-la.
É evidente que a mudança social relaciona-se com as mudanças do direito, ou seja, com a 
modificação das normas legais e sua aplicação no seio da sociedade. Para explicar como 
o tema da mudança social é tratado no âmbito da sociologia jurídica, devemos situar em 
primeiro lugar o debate acerca do papel do direito na sociedade. (SABADELL, 202, p. 91).
4. O DIREITO NA SOCIEDADE
Diferentes opiniões e interesses são o ponto chave da sociedade, eles criam conflitos 
que muitas vezes modificam a organização social e dessa maneira, o direito, como sendo um 
dos fatos sociais não deve se afastar muito da opinião pública.
Alguns estudiosos entendem que o direito é determinado pela sociedade, ou seja, 
que a sociedade produz o direito que lhe é necessário. Outros entendem que o direito é 
que determina ocontexto social, atuando sobre a realidade e a modificando. No entanto, 
uma terceira posição pode ser sustentada que é a de que o direito pode ser produzido por 
interesses sociais e mesmo assim, influenciar a sociedade.
o direito exerce um duplo papel dentro da sociedade: ativo e passivo. Ele atua como um fator 
determinante da realidade social e, ao mesmo tempo, como um elemento determinado por 
esta realidade. (SABADELL, 202, p. 92).
Portanto, o direito e o homem se influenciam mutuamente. 
Ora, a maioria das relações sociais, ou mais importantes para a sociedade, seja por serem 
essenciais à mesma, seja por serem geradoras de graves conflitos, capazes de ameaçar a 
paz e a ordem sociais, tornam-se relações jurídicas (§ 144) ao serem regidas por norma 
jurídica (lei, costume, precedente judicial, case-law). (GUSMÃO, 2013, p. 35). 
O direito ajuda o homem a se adequar e obedecer às normas e o homem influencia 
na criação do direito, já que este deve obedecer aos valores que a sociedade tem como 
fundamentais. 
5. AMOR LÍQUIDO SEGUNDO ZYGMUNT BAUMAN
De acordo com as análises de Bauman, no mundo moderno vivemos imersos em 
incertezas, inseguranças em relação à ordem e estabilidade da sociedade, como um todo e 
de cada sujeito. As relações sociais são frágeis e acabam se tornando, cada vez mais, relações 
35
mercantilizadas e individualizadas. Isso se justifica na nova forma de relacionamento que 
possibilita a troca de parceiros, sem remorso, por outros melhores, o que torna as relações 
cada vez mais pautadas num comércio de seres humanos com propósito de preencher um 
vazio.
Vínculos e liames tornam “impuras” as relações humanas – como o fariam com qualquer 
ato de consumo que presuma a satisfação instantânea e, de modo semelhante, a instantânea 
obsolescência do objeto consumido. (BAUMAN, 2004, p. 31).
A situação de insegurança e incerteza também se relaciona com um quesito bastante 
discutido na obra de Bauman, que é “amar o próximo como a ti mesmo”. Segundo ele, essa 
seria a máxima da moralidade, pois o amor-próprio é resultado de ser amado e não algo 
natural; quando o sujeito percebe que é amado, que é ouvido e que faz falta então ele começa 
a se amar, pois nós nos amamos quando nos identificamos com o outro e com o amor que 
aquele nos dá. Dessa forma, amamos a nós e amamos ao outro identificado.
O “relacionamento puro” tende a ser, nos dias de hoje, a forma predominante de convívio 
humano, na qual se entra “pelo que cada um pode ganhar” e se “continua apenas enquanto 
ambas as partes imaginem que estão proporcionando a cada uma satisfações suficientes 
para permanecerem na relação”. (BAUMAN, 2004, p. 52).
Existem ainda duas contradições centrais, uma que traz a vontade de ser livre e uma 
busca constante pela individualização e outra que traz a busca por uma pessoa perfeita, 
ideal para viver, porém essa pessoa perfeita não existe, mas existe a pessoa que é capaz de 
nos entender e amar. 
6. MODERNIDADE LÍQUIDA
As novas formas de se relacionar se opõem com as antigas – “nossas ferramentas de 
relacionamento estão engajadas com nossa época fluida, então o caminho da sociedade é a 
autodestruição após um longo definhamento”.
A sociedade moderna e globalizada sustenta a busca pela individualização, pela 
liberdade ao invés de uma vida afetiva e estável. Ela torna as relações descartáveis, sem 
vínculos, seguindo o consumismo desenfreado e levando-o para além das relações 
econômicas; as pessoas viram objetos de consumo e passam a ser julgados pelo prazer que 
oferecem e pelo seu “valor monetário”.
A modernidade é líquida e veloz, “um mundo repleto de sinais confusos, propenso a 
mudar com rapidez e de forma imprevisível”. Com as tecnologias, podemos nos movimentar 
sem sair do lugar, criar perfis, fazer amigos, desfazer as amizades feitas e assim viver 
instantaneamente e temporariamente. A partir disso, a liberdade individual cresce e se 
36
opõe á segurança de uma vida estável. Por isso entendemos a modernidade atual como um 
mundo confuso e imprevisível. 
Esse termo “modernidade líquida” foi empregado porque a única certeza que temos 
desse novo período é que a mudança e a incerteza são as únicas certezas. Em entrevista 
ao jornal italiano Il Messaggero, o Bauman diz que buscamos um estado de maior solidez. 
“Ainda estamos em uma sociedade líquida, mas em que nascem sonhos de uma sociedade 
menos líquida”.
7. O DIREITO NA MODERNIDADE LÍQUIDA 
Na modernidade líquida o Estado perde força, algumas funções que eram de cargo dele 
tornam-se de iniciativa privada e responsabilidade dos indivíduos. Bauman identifica uma 
crise da democracia e o colapso na confiança na política, pois ele acredita que os sistemas 
democráticos não cumprem com suas promessas; ai a descrença das pessoas. Para ele, a 
economia também passa por crises e tudo isso aumenta as desigualdades sociais, fazendo 
com que a luta não seja mais de classes e sim de cada pessoa com a sociedade. 
Com a intervenção do Estado diminuindo conduz a uma aplicação do Direito Penal 
Máximo e em vez de políticas assistenciais, o Estado aplica penas. Assim, seria a forma do 
Estado punir quem não consegue se inserir na sociedade de consumo.
Pessoas desgastadas e mortalmente fatigadas em consequência de testes de adequação 
eternamente inconclusos, assustadas até a alma pela misteriosa e inexplicável precariedade 
de seus destinos e pelas névoas globais que ocultam suas esperanças, buscam 
desesperadamente os culpados por seus problemas e tribulações. Encontram-nos, sem 
surpresa, sob o poste de luz mais próximo – o único ponto obrigatoriamente iluminado pelas 
forças da lei e da ordem: “São os criminosos que nos deixam inseguros, são os forasteiros 
que trazem o crime.” E assim “é reunindo, encarcerando e deportando os forasteiros que 
vamos restaurar a segurança perdida ou roubada”. (BAUMAN, 2004, p. 66).
Como já mencionado, a segurança também é fluida, e assim o medo se torna o maior 
vilão do nosso tempo. Esse medo vem de situações que não produzimos e nem conseguimos 
controlar; relaciona-se com o medo da violência e do terrorismo, que está muito evidente 
na atualidade. Mas, manter esse medo seria uma estratégia de determinados grupos para 
continuar no poder, assim, com o crescimento da criminalidade e o aumento dos índices de 
endurecimento das normas penais, o discurso nacionalista e preconceituoso seriam aceitos 
pela população.
E desse jeito os refugiados, que são expulsos de seus países, terminam sendo indesejados 
e excluídos nos países em que são recebidos (quando não tem sua entrada recusada); eles 
37
são transformados em alvos para descarregar todos os problemas do mundo globalizado, 
seja a violência ou o desemprego. 
A atual tendência a reduzir drasticamente o direito de asilo político, acompanhada pela 
firme recusa ao ingresso de “migrantes econômicos” (exceto nos momentos, poucos e 
transitórios, em que as empresas ameaçam mudar-se para onde a mão-de-obra está, se 
esta não for trazida para onde elas estão), (...) Nessas circunstâncias, o ataque terrorista de 
11 de setembro ajudou enormemente os políticos. Além das acusações comuns de viverem 
à custa da previdência social e de roubarem empregos, ou de trazerem para o país doenças 
há muito esquecidas, como a tuberculose, ou recentemente surgidas, como a AIDS, os 
refugiados podem agora ser acusados de fazer o papel de “quinta coluna” em favor da rede 
terrorista global. Há finalmente um motivo “racional” inatacável para recolher, encarcerar 
e deportar pessoas com as quais não se sabe mais lidar nem se deseja ter o trabalho de 
descobrir. (BAUMAN, 2004, p. 74). 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vale ressaltar que o direito é um fato social que tem origem nas inter-relações sociais 
e que disciplina as relações sociais. Ele é um grande facilitador do convívio do homem com 
seus semelhantes e possibilita o desenvolvimento destes em relação a conflitos, que são 
amenizados com a presença do direito,não desaparecem por completo porque nem todos 
na sociedade submetem-se as leis impostas. Devemos ressaltar que o Direito deve refletir os 
interesses de toda a coletividade.
Também percebemos que a nossa sociedade, assim como os relacionamentos 
analisados por Bauman, é marcada pela falta de compromisso, onde trocas são bastante 
presentes. Relacionamos as pessoas individuais com a sociedade como todo, pois os dois 
utilizam produtos que com o surgimento de novos produtos mais modernos e atraentes, 
descartam os outros sem nenhum remorso. E o ideal de fragilidade que o livro traz, é 
exatamente essa visão de produto que as pessoas têm umas com as outras e que tornam as 
reações líquidas e individualizadas. Enfim, acredita-se que o importante é a quantidade e 
que o outro pode ser tomado como um objeto descartável.
REFERÊNCIAS
SABADELL, Ana Lucia. Manual de Sociologia Jurídica: Introdução a uma leitura externa 
do direito. 2º ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 2002.
38
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 
2013.
DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito. São Paulo: 
Saraiva, 2010.
BAUMAN, Zygmunt. Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 2004.
39
CAUSAS DA 
INEFICÁCIA DA NORMA: 
normas que não são 
cumpridas
Larissa Maria da Silva Rodrigues5
RESUMO
Este artigo foi realizado como parte das atividades da disciplina de Sociologia Geral e 
Jurídica, tendo como base o tema ‘Causas da Ineficácia da Norma’, objetivando demonstrar 
a aplicação da lei no âmbito jurídico, sua eficácia e os resultados dessas aplicações. Para um 
melhor entendimento do assunto, é necessário a presença de todos os elementos essenciais 
que serão descritos no decorrer desse trabalho. Além de apresentar uma visão mais 
teórica sobre o assunto, nos aprofundaremos no mesmo com estudos sociólogicos, com uma 
linguagem e compreensão atuais, entendendo sobre a fragilidade dos laços humanos e as 
consequências destes na sociedade.
Palavras-chave: Sociologia; Ineficácia; Norma; Efeitos.
1. INTRODUÇÃO 
Como citado no resumo, é necessário a presença de todos os elementos essenciais que 
compõem a norma, ocorrendo uma falha ou a ausência de algum, perde-se a validade. De 
acordo com o Código Civil, art. 104 a validade do negócio jurídico requer:
I- Agente capaz;
II- Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
5 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
40
III- Forma prescrita ou não defesa em lei.
Caso o ato jurídico não preencha essas exigências legais, não há validade, logo não 
produz efeitos legais. 
A partir da apresentação das exigências legais, a noção de validade e de eficácia são 
fundamentais para compreendermos as causas da ineficácia das normas existentes no nosso 
país.
2. IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA 
Para elaborar uma lei, deve-se estudar o assunto que ela irá tratar e como a sociedade 
em que ela será aplicada, irá acolher tal assunto, e essa preocupação com a harmonia 
entre norma e sociedade é possível graças a Sociologia, que tem como objeto de estudo, a 
sociedade. 
Uma das grandes preocupações do Direito é acompanhar a evolução acelerada que a 
sociedade enfrenta, levando em conta suas normas e leis, e adaptando-as de acordo com o 
contexto em que estão inseridas, evitando as dúvidas que poderão surgir sobre esse assunto, 
e as más interpretações que podem ocorrer devido à ausência de atualização. Sobre essa 
preocupação, o sociólogo Antônio Luiz Machado Neto afirma: 
“Norma social que é, o direito não surge à toa na sociedade, mas para satisfazer as 
imprescindíveis urgências da vida. Ele é fruto das necessidades sociais e existe para satisfazê-
las, evitando, assim a desorganização.”
Indo além do exposto, a Sociologia é de suma importância no trabalho dos aplicadores 
do Direito e Juristas, para que as penas que forem aplicadas estejam em harmonia com o 
acusado e o ambiente em que ele vive, e que irá cumprir tal determinação de pena. 
O sociólogo e autor Zygmunt Bauman, investiga como as relações humanas cotidianas 
influenciam na aplicação das leis presentes no nosso país, e como elas estão tornando-se 
cada vez mais “líquidas”, flexíveis, gerando uma insegurança na aplicação das normas. Como 
resultado dessa insegurança, o contexto político, a questão da imigração de alguns países, 
os refugiados e o medo, estão sendo refletidos no nosso sistema, deixando-o vulnerável a 
conflitos e até mesmo, uma desintegração social. 
3. EFICÁCIA E VALIDADE DAS NORMAS 
Dizemos que uma lei é eficaz, quando ela consegue atingir os desejos do legislador 
e produzir efeitos na sociedade em que ela está sendo aplicada, relatando sobre o seu 
41
assunto e teor específicos. Os efeitos positivos que uma lei produz são todos os resultados 
compatíveis com os interesses da sociedade, já os efeitos negativos são aqueles contrários 
aos interesses da sociedade ou quando uma lei não consegue atingir a sua efetividade, caso 
em que o legislador alcança parte do processo correspondente à validade, mas a lei não tem 
efetividade na prática. 
Dizemos que uma lei é válida, quando ela respeita todos os procedimentos que são 
estabelecidos para a sua criação, que são: Autoridade e competência por parte da pessoa 
que está criando-a, obedecer a todo o procedimento de edição e publicação, obedecer aos 
limites temporais e espaciais de validade, e observar os casos de incompatibilidade entre o 
conteúdo da norma que está sendo estabelecida, com o conteúdo das normas já existentes. 
4. DIVISÃO DOS EFEITOS SOCIAIS 
Segundo o jurista brasileiro Cavalieri Filho, os efeitos positivos são muitos e divididos 
em:
I- De controle social;
II- Educativo;
III- Conservador;
IV- Transformador. 
O efeito de controle social diz respeito à conduta individual aos padrões de 
comportamento dominante.
O efeito educativo da norma corresponde ao fato da existência das leis e das divulgações 
das mesmas no meio social, resultando assim, em um fator educativo para toda a sociedade.
O caráter estático de manutenção da ordem social, está diretamente relacionado 
ao efeito conservador da norma. Para muitos operadores do Direito, essa é a principal 
característica dessa ciência: Preservar os interesses dos grupos dominantes. 
Já o poder que a norma possui de condicionar a realidade social corresponde ao efeito 
transformador da norma. Sendo assim, determinadas normas jurídicas provocam mudanças 
nos comportamentos das sociedades. 
Como já dito anteriormente, os efeitos negativos da norma são aqueles incompatíveis 
com os interesses da sociedade. Esses efeitos produzem três hipóteses, segundo o Professor 
de Sociologia Antônio Serafim Azevedo, que são: Quando for ineficaz, quando houver 
omissão da autoridade em aplicá-la, e quando inexistir estrutura adequada à aplicação da 
lei. 
42
De acordo com o professor: “De nada adiantaria ter leis bem feitas e eficazes, autoridades 
competentes e responsáveis se a estrutura existente for inadequada ou insuficiente para a 
aplicação do Direito.” O autor Cavalieri Filho faz, no decorrer das páginas do seu livro, uma 
relação entre a Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale (fato-norma-valor) e os três 
problemas resultantes desta Teoria (eficácia-vigência-fundamento), além de atribuir a três 
distintas Ciências o estudo destes problemas (Sociologia Jurídica-Ciência do Direito-Filosofia 
do Direito). 
Para analisarmos essas divisões do nosso país, precisamos entender como são, como 
ocorrem e como são aplicadas cada caso das leis, estudando sua eficácia e seus resultados 
positivos, como também sua ineficácia e seus resultados negativos diante da sociedade. 
Para melhor compreensão desse assunto que envolve a sociedade, foi possível fazer uma 
interdisciplinaridade entre o Direito e a Sociologia, permitindo uma visão mais ampla e justa 
do assunto, assimcomo abordagens que vão além de uma simples decisão de juristas e 
operadores do Direito.
No livro “Amor Líquido”, Bauman afirma que o amor é amparado na conceituação dos 
bens de consumo, em que: possuir enquanto trouxer satisfação, substituir por melhores 
que tragam satisfação ou custo-benefício maior, assim que necessário. Diante disso, o 
comportamento humano modificou-se em função do meio e dos processos que agrupam os 
indivíduos, as pessoas estão sendo afastadas da realidade para viverem numa sociedade de 
ilusão, acreditando que as normas estão sendo estabelecidas e cumpridas do mesmo modo 
com que são criadas, no entanto, na prática, as normas não correspondem com aquilo que 
constam na teoria. No entanto, a flexibilidade das relações humanas não afetam somente o 
emocional ou sentimental, elas afetam todo o Direito e o Sistema Jurídico que está a nossa 
volta. 
De acordo com a especialista pela USP, Sara Cristina Alves dos Santos, que realizou 
uma abordagem sobre essas relações humanas apresentadas por Zygmunt Bauman: 
Da alta competitividade, insegurança pessoal e social, sentimentos esfriados, solidão, 
falsidade, infidelidade, deslealdade, falta de comprometimento, criminalidade, impunidade, 
falta de representatividade, impostos, corrupção, pobreza, desemprego, exploração: todos 
querem fugir. Surge, portanto, novos modelos de intimidade [...]. O Amor ficou líquido, 
evidenciando, nesse sentido, a falência emocional humana. Há uma eterna confusão entre a 
solidão ou a não solidão, enquanto os reais problemas que ocasionaram isso são fortalecidos 
e ignorados “evolutivamente”. 
Para Bauman, ter a consciência desse estado “líquido” de um dos sentimentos mais nobres 
da humanidade, é algo valioso que pode gerar menos lamentações, estresse e imaturidade 
perante o fracasso nas relações.
As imperfeições presentes nos sistemas sociais são evidentes, a falta de compreensão, 
de tolerância, de constância e de ideias fixas resultam em uma sociedade líquida. No entanto, 
43
como afirma Bauman “A vida é maior que a soma de seus momentos”, viver e aplicar 
normas e regras dentro de uma sociedade, exige esforço, dedicação e estudos para ter o 
conhecimento dos seus defeitos, e apresentar soluções para os conflitos que surgem. 
Em suma, compreender o valor e a importância que essa matéria possui isoladamente, 
para depois deliberar em conjunto com a ciência do Direito, é de extrema responsabilidade e 
importância, permitindo-nos compreender e associar melhor a forma como a lei vem sendo 
aplicada na sociedade em que vivemos, e quais são os fatores que ajudam e dificultam uma 
aplicação correta, resultando na ineficiência das normas jurídicas.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar o trabalho proposto pela docente Hélcia Macedo, sugerindo um tema que 
tenha chamado a atenção do aluno, logo anotei algo que tivesse relação com a lei, que é 
a fonte formal mais importante do nosso ordenamento jurídico e que estudamos a fundo 
sobre ela, analisando cada detalhe, no decorrer do curso de Direito, mas que possuísse uma 
relação com a maneira como ela é aplicada. 
Estamos vivendo períodos de muitas transformações sociais e turbulências no nosso 
país, e não conseguimos negar que a justiça está sendo cada vez mais afetada, dividindo a 
população em duas partes: Aquelas pessoas que entendem a forma como a lei é aplicada, 
independentemente de acharem justa ou não, e aquelas pessoas que não compreendem a 
maneira como a lei vem sendo aplicada apenas para uma parte da população, muitas vezes, 
desfavorecidas diante das divisões sociais existentes, e não se conformam com tal aplicação. 
REFERÊNCIAS
Antônio Serafim de Azevedo, causas da ineficiência da norma.
Antônio Luiz Machado Neto, livro Sociologia Jurídica.
Cavalieri Filho, 2010.
Bauman Zygmunt, livro Amor Líquido.
44
SOCIOLOGIA E DIREITO: 
O surgimento do direito, a 
divisão deste, as definições e 
concepções da sociologia 
Maryane Dayara Batista de Souza6
RESUMO
Para entender a Sociologia e o Direito, é necessário o conceito de cada uma destas palavras. 
A Sociologia é uma disciplina que tem como objetivo a sociedade e as relações destas. Por 
outro lado, o Direito é uma palavra polissêmica, porém, o sentido que se precisa saber é 
que o direito é um conjunto de normas que a sociedade deve seguir. Sociologia e Direito, 
portanto, são as relações do direito com o meio em que se vive. Destarte, o direito é mutável, 
ou seja, está sempre mudando de acordo com a sociedade. Estas, desse modo, estão sempre 
mudando de acordo com o tempo. Além disso, vamos abordar sobre a divisão da Sociologia 
no Direito e Sociologia do Direito e a visão de Weber em relação a Sociologia do Direito e a 
visão de Hans Kelsen. Este defende em sua teoria, que se chama “A Teoria Pura do Direito”, 
que o direito deve ser seguido independente da sociologia e outras ciências. Por isso que 
se chama a “teoria pura” porque Kelsen analisa o direito independente da sua justeza. 
 
Palavras-chave: Origem, sociedade, sociologia, sociólogos e o direito. 
 
6 Graduando em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
E-mail: maryanedayara@gmail.com
45
1. INTRODUÇÃO
A sociologia jurídica parte da tese de que o direito é uma vontade coletiva, isto é, a 
vontade da sociedade e esta é considerada como um fato social. Nessa perspectiva, foram 
desenvolvidas duas abordagens da sociologia jurídica: a “sociologia do direito” e a “sociologia 
no direito”. Este último, no âmbito positivista e o primeiro. No âmbito evolucionista do direito. 
Além do que foi supracitado, há ainda, outras concepções do que é a sociologia jurídica.
Por outro lado, iremos explanar neste artigo sobre o amor líquido acerca dos 
relacionamentos modernos, no qual tudo é descartável e substituído de acordo com Bauman.
Nessa perspectiva, seu livro “Amor líquido” relata sobre o amor nos “tempos modernos” 
em pleno século XXI, assim como todas as outras coisas, o amor está em uma época em 
que é descartável e tudo é motivo para acabar uma relação, por isso o título do seu livro é 
este. Uma vez que o amor não é mais sólido, não é algo que possa ser reconstituído como 
antigamente.
ORIGEM DO DIREITO: CONTRATUALISTA VERSUS 
NATURALISTA
Direito, como foi aludido na introdução, é uma palavra que possui vários sentidos, e o 
significado que vamos utilizar neste artigo é um conjunto de normas que a sociedade deve 
seguir. A origem deste direito, portanto, é pela sociedade. De modo que, quem faz a lei é o 
homem. Embora haja duas teorias opostas sobre a sociedade e as regras de convívio social. 
“Hobbes vai construir uma Teoria Contratualista de Estado com o objetivo maior de 
contribuir para desenvolver a paz social, e, sobretudo, para estabelecer uma ordem 
racional (tanto social, quanto política) no seio do Estado. A visão materialista de Hobbes 
acerca do Estado implica, efetivamente, na exclusão de “forças” subjetivas na construção 
e manutenção do Estado, tais como os interesses econômicos individuais ou de grupos 
sociais. Segundo essa concepção, o homem é um animal social por natureza que, enquanto 
indivíduo dotado de emoções e desejos, só é capaz de viver em sociedade se abdicar de sua 
liberdade e parcela de poder em favor do titular da Soberania: o Estado Absoluto. Hobbes, 
tanto quanto Locke, partiu do conceito de Estado da Natureza para formular a sua proposta 
de Estado. Contudo, ambos detinham entendimentos distintos acerca do que seja o Estado 
da Natureza. Conforme bem ressaltado pelo ilustre professor Norberto Bobbio, o homem, 
para Hobbes, no início vivia no Estado da Natureza, “no qual todos os homens são iguais, 
e no qual cada um tem o direito de usar a força necessária para defender seus próprios 
interesses, não existe jamais a certeza de que a lei será respeitada por todos e assim a lei 
perde a toda a eficácia.”(HOBBES, p.7 e 8)
46
Thomas Hobbes defende que o homem é mal por natureza e que, por isso, énecessário 
um contrato que estabeleça paz. Por outro lado, John Locke afirma que o estado de natureza 
é de concórdia e harmonia, por ser um estado de relativa paz e que o contrato social serve 
apenas para consolidar o que já havia.
2. O DIREITO PURO
Esta abordagem da sociologia do direito defende a ideia de que o direito deve ser 
autônomo. Como assim? Declara que o direito deve ser independente da sociologia. Esta 
ideia traz a tona “A Teoria Pura do Direito” de Hans Kelsen.
“A sua origem deve ser buscada na obra de Max Weber, que queria construir uma sociologia 
livre de avaliações (“neutralidade axiológica” do pesquisador) e, em parte, nas análises de 
Kelsen sobre a “pureza” da ciência jurídica que não deve ser confundida nem “misturada” 
com análises filosóficas ou sociológicas.”(SABADELL,2013,p.49)
Kelsen reconhece que o direito deve ser aplicado independente da sua justeza. Isso, 
portanto, não quer dizer que não importa se a norma é justa ou não, mas sim que a norma 
uma vez posta, deve ser obedecida. Além de Kelsen, temos também o sociólogo Max Weber 
que resguarda uma sociologia livre de avaliações, ou seja, uma neutralidade.
3. O DIREITO RELACIONADO À SOCIOLOGIA
Enquanto a sociologia do direito aborda uma visão externa, a sociologia no direito, por 
outro lado, resguarda uma visão interna sobre o sistema jurídico. 
“A segunda abordagem adota uma perspectiva interna com relação ao sistema jurídico. 
Os seus adeptos contestam a exclusividade de um método jurídico tradicional, afirmando 
que a sociologia jurídica deve interferir ativamente na elaboração, no estudo dogmático 
e inclusive na aplicação do direito. Não há nenhuma ciência jurídica autônoma porque o 
direito, ademais dos métodos tradicionais, também emprega ou deve empregar métodos 
próprios das ciências sociais.”(SABADELL,2013,p.50
“O jurista-sociológico pode influenciar o processo de elaboração das leis – embora a 
elaboração de normas seja incumbência politica e não um trabalho propriamente jurídico – 
e pode também influenciar a doutrina(os estudiosos do direito). Muitas vezes será também 
necessário que o aplicador do direito recorra a estudos sociológicos e consulte peritos para 
comprovar fatos e para constatar a opinião da sociedade em casos juridicamente relevantes.
[...] O recurso à sociologia é também necessário para que o juiz possa fazer previsões sobre 
o futuro, avaliando, por exemplo, se um preso apresenta risco de reincidência antes de 
decidir se deve conceder-lhe a liberdade provisória ou examinando casos de violência 
domestica contra mulheres e crianças.”(SABADELL,2013,p.51)
47
O jurista-sociológico pode ajudar no processo de formação das leis além de poder 
influenciar na doutrina também.
4. CONCEPÇÕES E DEFINIÇÃO DA SOCIOLOGIA 
JURÍDICA 
As concepções da sociologia jurídica são, exatamente, a sociologia do direito e para 
o direito que tentaram, nas ultimas décadas, desenvolver alguma maneira para unificar as 
duas.
“Nas últimas décadas, desenvolveram-se tentativas de unificar a perspectiva interna da 
sociologia jurídica com aquela externa (sociologia no ou do direito). Há, assim, estudiosos 
que tentam elaborar um “ponto de vista externo moderado”, que permita ao pesquisador 
observar aquilo que os juristas considerem como direito. Segundo esta opinião, o sociólogo 
do direito realiza uma análise externa daquilo que é considerado como direito pelo ponto de 
vista da dogmática jurídica. Outros autores insistem no fato de que a sociologia jurídica tem 
necessariamente dois aspectos, o interno e o externo, sendo que o pesquisador não pode 
ignorar nenhum dos dois, ou seja, deve trabalhar ao mesmo tempo como um jurista e como 
sociólogo.”(SABADELL, 2013, p.52)
“A sociologia jurídica examina a influencia dos fatores sociais sobre o direito e incidências 
deste ultimo na sociedade, ou seja, os elementos de interdependência entre o social e o 
jurídico, realizando uma leitura externa do sistema jurídico.”(SABADELL, 2013, p.54)
A sociologia, portanto, é a relação entre o social e o jurídico. De modo que, é a relação 
da sociedade com o direito como já foi mencionado.
5. ACERCA DO AMOR LÍQUIDO
Bauman começa em seu livro “Amor líquido” com uma metáfora sobre o amor como 
citado a seguir:
 “’Corte-a em pedacinhos e vai descobrir que cada um deles tem vida própria.’ Os fragmentos 
que fluíam da pena de Baudelaire tinham. Se os dispersos retalhos de pensamentos reunidos 
a seguir também terão, não cabe a mim decidir, mas ao leitor.”(BAUMAN, 2004 p.9)
Nesta citação, o autor quis dizer que a partir de uma separação, há vida em nós, mesmo 
depois de uma decepção, as pessoas que seguir em frente, nós temos que seguir pois a vida 
não para.
48
6. O TEMPO NÃO TEM VALOR PARA EXPLICAR AS 
AÇÕES HUMANAS
Bauman relata sobre o tempo e o amor. Aquele não significada nada para poder 
explicar sobre as ações humana, como esclarece o autor:
“Pensando bem: talvez o tempo de que disponho pareça curto demais não por minha 
idade avançada, mas porque, quanto mais velho você é, mais sabe que os pensamentos, 
embora possam parecer grandiosos, jamais serão grandes o suficiente para abarcar a 
generosa prodigalidade da experiência humana, muito menos para explica-la. O que 
sabemos, o que desejamos saber, o que lutamos para saber, o que devemos tentar sobre 
amor ou rejeição, estar só ou acompanhado e morrer acompanhado ou só – será tudo isso 
poderia ser alinhado, ordenado, adequado aos padrões de coerência, coesão e completude 
estabelecidos para assuntos de menor grandeza? Talvez sim – quer dizer, na infinitude do 
tempo.”(BAUMAN, 2004, pag.9)
O autor do livro quis dizer que não existe idade para saber o que é o amor, os 
pensamentos e as ações dos seres humanos, ou seja, que não aprendemos a amar, assim 
como não aprendemos a morrer como Bauman irá explanar mais a frente.
7. A DIFICULDADE DE AMAR O PRÓXIMO
 “Amar o próximo como a ti mesmo” é um ensinamento bíblico que diz que devemos 
amar o próximo como a nós mesmos, mas há um desafio dentro disso, no qual este “próximo” 
pode ser uma pessoa que nós não goste ou até um inimigo. Bauman relata sobre a dificuldade 
de amar o próximo.
“Com efeito, é suficiente perguntar ‘por que devo fazer isso? Que benefício me trará?’ para 
sentir o absurdo da exigência de amar o próximo – qualquer próximo – simplesmente por 
ser um próximo. Se eu amo alguém, ela ou ele deve ter merecido de alguma forma... ‘Eles 
o merecem se são tão parecidos comigo de tantas maneiras importantes que neles posso 
amar a mim mesmo; e se são tão mais perfeitos do que eu que posso amar neles o ideal de 
mim mesmo... Mas, se ele é um estranho para mim e se não pode me atrair por qualquer 
valor próprio ou significação que possa ter adquirido para a minha vida emocional, será 
difícil amá-lo’ Essa exigência parece ainda mais incomoda e vazia pelo fato de que, com 
muita frequência, não me é possível encontrar evidências suficientes de que o estranho a 
quem devo amar me ama ou demonstra por mim a ‘mínima consideração. Se lhe convier, 
não hesitará em me injuriar, zombar de mim, caluniar-me e demonstrar seu poder 
superior...”(BAUMAN, 2004, pag.46)
Bauman se refere a Freud nesta citação porque quando nos referimos ao próximo, 
para ajudá-lo ou algo sobre isso, estamos apenas interessado em nosso próprio benefício. 
49
Além disso, estamos mais propensos a amar com quem é parecido conosco do que com 
aqueles que nos parecem estranhos, diferentes.
8. AMOR PRÓPRIO: COMO TE-LÔ? 
O autor explica que o amor próprio nos mantem vivos de acordo com a citação a 
seguir do seu livro “Amor líquido”.
“É verdade que o amor-próprio estimula a gente a se ‘agarrar à vida’, a tentar a todo custo 
permanecer vivo, a resistir e enfrentar o que quer que ameace pôr fim à nossa vida de modo 
prematuro ou abrupto, ou, melhor ainda, a melhorar nosso vigor e aptidão física para tornar 
efetiva essa resistência. Nisso, contudo, nossos primos animais são mestres e experientes, 
não menosque os mais dedicados e habilidosos viciados em ginástica e maníacos por 
saúde. Nossos primos animais (com exceção daqueles ‘domesticados’, que nós, seus donos 
humanos, despimos de seus dons naturais para melhor servirem à nossa sobrevivência, e 
não à deles) não precisam de especialistas para lhes dizer como se manterem vivos e em 
forma. Tampouco precisam de amor-próprio para lhes ensinar que manter-se vivo e em 
forma é a coisa certa a fazer.”(BAUMAN, 2004, pag.47)
Bauman também relata que para existir amor próprio alguém deve nos amar primeiro. 
Portanto, só assim é que seríamos capaz de ter amor próprio.
“Em suma: para termos amor-próprio, precisamos ser amados. A recusa do amor – a 
negação do status de objeto digno de amor – alimenta a auto-aversão. O amor-próprio é 
construído a partir do amor que nos é oferecido por outros. Se na sua construção forem 
usados substitutos, eles devem parecer cópias, embora fraudulentas, desse amor. Outros 
devem nos amar primeiro para que comecemos a amar a nós mesmos.”(BAUMAN, 2004, 
pag.47)
Diante do que foi supracitado, não concordo com o autor, visto que se não nos amamos 
primeiro como poderemos amar outra pessoa? O amor próprio independe do amor que 
recebemos e é dependente de nós mesmo. Se não somos felizes sozinhos, não seremos 
capazes de fazer alguém feliz.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como objetivo explanar sobre a origem do direito, a origem da 
sociedade e a divisão da sociologia para fins jurídicos. Além de explicar o que é sociologia 
e qual a sua contribuição para os operadores do Direito.
50
Além do tema “Sociedade e direito” vimos também sobre o amor líquido baseado no 
livro de Bauman que teve como finalidade explanar sobre o amor moderno além de ensinar 
sobre o amor-próprio.
REFERÊNCIAS
SABADELL, Manual de Sociologia Jurídica: Introdução a uma leitura externa do direito. 
6º ed, 2013
RICARDO LUIZ ALVES, A concepção de Estado de Thomas Hobbes e John Locke, 2005
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed., 2004.
51
 BREVE ANÁLISE SOBRE 
AS CONSTITUIÇÕES 
BRASILEIRAS: 
controle social por meio 
do direito
Lucas Vinícius dos Santos Amaral7
RESUMO 
 O presente artigo irá proporcionar ao leitor uma análise histórica e sociológica de todas 
as Constituições brasileiras desde o Império até 1988 (ano da Constituição vigente), 
remontando época, contexto social, povos incluídos e excluídos, classes beneficiadas pela 
carta constitucional, entre outros. O artigo será dividido em duas partes, a primeira fará uma 
breve análise sobre a teoria geral da Constituição, mostrando: a gênese da palavra, conceito, 
surgimento da ideia da formalização da lei maior de um país, processo de formação da 
Constituição, Assembleia Constituinte, Poder Constituinte Originário, etc. Na segunda, como 
já foi supracitado, farei uma exposição dos pontos mais relevantes de cada Constituição 
brasileira desde a independência, quando o país ainda estava sob o poder do Imperador até 
o atual regime democrático.
Palavras-chave: Constituições, Brasil, Poder Constituinte.
1. INTRODUÇÃO
O propósito deste artigo é fazer uma análise histórica e sociológica das Constituições 
brasileiras desde o ano de 1824 (ano da primeira Constituição) até 1988, que é o ano da 
Constituição vigente. Nosso texto será dividido em duas partes, a primeira, será uma breve 
7 Graduando em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
52
introdução sobre a origem do termo Constituição, o surgimento e os requisitos formais para 
elaboração da Carta Magna. Na segunda parte, analisaremos as Constituições brasileiras e 
discorremos brevemente sobre algumas características que marcam seu texto, como por 
exemplo: a forma de governo da época, artigos que excluem determinada classe social, 
requisitos para obter status de cidadão, entre outros.
É indispensável para a didática do presente artigo analisar o processo de evolução 
da sociedade brasileira numa perspectiva de que o direito é um propulsor de mudanças 
sociais, como também um instrumento forte na legitimação do poder, visto que ao longo 
de todo processo de formação do Estado brasileiro, surgiram indivíduos dotados de direitos 
e obrigações que nos tempos remotos do Império não eram nem sequer considerados 
cidadãos, um exemplo disso é a mulher, que veio conseguir o direito de votar apenas em 
1932. Ressalte-se que, assim como as mulheres os escravos também não eram considerados 
cidadãos.
2. TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO; ORIGEM DO 
TERMO E FATOR HISTÓRICO
A origem da palavra Constituição tem suas raízes no latim, constituere, que significa: 
a parte essencial de, ou à base de.... Nesse sentido, entende-se por Constituição o documento 
oficial que é a base para todo o funcionamento do Estado. A Constituição nada mais é do que 
a lei maior de um país, pode ser chamada de Carta Magna ou Diploma Maior.
A ideia de Constituição surgiu no século XVIII a partir da Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão com dois princípios essenciais: a garantia dos direitos individuais e a 
separação dos poderes.
Para feitura do texto constitucional é necessário que seja formada uma Assembléia 
Constituinte, que é a forma de manifestação política do Poder Constituinte Originário, ou 
simplesmente o poder que é dado ao povo através de seus representantes para fazer o texto 
constitucional. O político e escritor Emmanuel Joseph Sieyès no fim do século XVIII, mostrou 
as características do poder criador da Constituição, 
O Poder Constituinte pode tudo. Ele não está submetido a uma determinada Constituição. 
A Nação que exerce o maior e o mais importante dos poderes deve ficar, no exercício dessa 
função, livre de qualquer constrangimento e de outra qualquer forma, salvo a que lhe 
aprouver adotar (BORDEAU, 1969, p. 206).
 O poder formador da Constituição não se submete a nenhum outro poder, sendo 
nesse sentido, autônomo e ilimitado. Com base nisso, e após uma breve exposição da origem 
53
do conceito e do fato histórico da Magna Carta, podemos partir para as Constituições 
brasileiras, fazendo um breve exame do conteúdo de cada Carta Constitucional do Brasil. 
3. ANÁLISE DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
Para que fosse feita a primeira carta Constitucional, formou-se em 1823 uma 
Assembleia Constituinte a mando do imperador D. Pedro I. O pedido do imperador para a 
Constituinte era que a Constituição fosse digna do Brasil e dele. Porém, o projeto não lhe 
era conveniente, pois tirava os seus poderes, como por exemplo: a subordinação das forças 
armadas; a indissolubilidade da Câmara e o seu veto era de caráter apenas suspensivo. Todos 
esses motivos foram suficientes para o imperador D. Pedro fechar a Assembleia e nomear 
uma nova comissão da confiança dele para fazer a Constituição Imperial.
Em 1824 é outorgada a Constituição. Algumas características dela eram: o governo 
monárquico, hereditário, constitucional e representativo. Havia quatro poderes positivados 
na Constituição, o Poder Legislativo, o Poder Moderador, o Poder Executivo e o poder Judicial.
A característica marcante da Constituição de 1824, era a exclusão de pessoas. Mulheres 
e escravos não eram considerados cidadãos. A exclusão para os eleitores era também feita 
pela renda:
Art. 94. Podem ser eleitores e votar na eleição dos deputados, senadores e membros dos 
conselhos de província todos os que podem votar na assembleia paroquial. Excetuam-se:
1º)Os que não tiverem renda líquida anual duzentos mil réis por bens de raiz, indústria, 
comércio ou emprego (BRASIL, 1824).
 Céli Regina Jardim Pinto em seu artigo que faz referência ao processo de inclusão 
social nas Constituições brasileiras, critica ferozmente o texto constitucional de 1824 pela 
exclusão de sujeitos:
A carta de 1824 não incluía ninguém. Não havia o outro: os nomeados eram os que se 
nomeavam a si próprios. Excluíam-se quase todos e excluía-se de formas distintas – as 
exclusões revelavamposições distintas dos sujeitos, produzindo também efeitos distintos 
na história do país: os escravos e mulheres estavam totalmente excluídos da cidadania; os 
homens brancos pobres haviam sido incluídos como cidadãos, para depois serem excluídos 
como eleitores (PINTO, 1999, p .41).
Após os acontecimentos do Império, em 15 de novembro de 1889 é proclamada a 
república no Brasil. As consequências dessa ruptura com a forma de governo anterior, 
54
fez-se necessário a elaboração de uma nova Constituição, adequada à forma de governo 
republicano.
Ao contrário da Constituição do Império que era de inspiração francesa, a Constituição 
da República foi feita sob influência da Constituição Norte-Americana. Nessa época a nação 
brasileira era legalizada como “Estados Unidos do Brasil”:
Art.1º A Nação brasileira adota como forma de governo, sob o regime representativo, 
a República Federativa proclamada a 15 de novembro de 1889, e constitui-se, por união 
perpétua e indissolúvel das suas antigas províncias, em Estados Unidos do Brasil 
(BRASIL,1891).
Uma República, ao contrário de uma forma de governo monárquica, tem caráter 
representativo e os estados da federação exercem autonomia. A Constituinte responsável 
pela elaboração do texto constitucional estava ligada a interesses militares e ao dos grandes 
latifundiários. Não eram considerados eleitores: analfabetos, pessoas abaixo de 21 anos, 
militares e religiosos. 
Antes da convocação da Constituinte de 5 de abril de 1933, o Estado brasileiro já sentia 
a necessidade de formular uma nova Constituição adequada aos moldes governamentais e a 
sociedade da época. A Constituinte de 33 era formada por quarenta deputados constituintes 
classistas, vinte representantes de empregadores e vinte empregados. Estava nesse sentido, 
formada a Constituinte que faria a primeira Constituição Getuliana, um documento que cria 
direitos e deveres específicos.
A nova Constituição foi publicada em novembro de 1934. As características gerais 
eram: a forma federativa de Estado e o presidencialismo com regime representativo. Grande 
avanços foram estabelecidos na Carta Magna de 1934: os trabalhadores ganharam amparo 
jurídico, houve a inclusão das mulheres, a idade eleitoral que era de 21 anos passou a ser de 
18 e todos os homens e mulheres funcionárias públicas eram obrigados a votar. Ressalte-
se que houve também o surgimento da família na Constituição, e esta era devidamente 
amparada pelo Estado.
A Constituição de 34 é um exemplo de como o direito pode ser fundamental para 
as mudanças sociais, pois esta é a primeira Constituição brasileira a incluir as mulheres, 
a retaguarda jurídica aos trabalhadores e a família no texto constitucional. Soriano ao 
defender o direito como propulsor da mudança social, afirma que sistema jurídico pode 
adotar algumas posições, uma delas é a que mais se adequa à nossa linha de pensamento é 
a do reconhecimento. “O direito reconhece através das suas normas a nova realidade social, 
declarando a sua legitimidade e, às vezes, criando instrumentos jurídicos que consolidam a 
mudança” (SABADELL, 2002, p. 97).
55
Após a curta duração da Constituição anterior, em 1937 foi elaborada uma nova Carta 
Magna, esta que tinhas influência nas Constituições portuguesa e italiana. Ressalte-se que a 
época era marcada pelos governos totalitários na Europa. 
O povo era diretamente representado pelo Presidente da República. Essa Constituição 
nos traz informações bastantes para podermos considerá-la uma Constituição inspirada 
pelo fascismo.
Pela nova Carta, o Presidente dispunha de plenos poderes legislativos e executivos; era-
lhe permitido também demitir e transferir funcionários, reformar e afastar militares que 
representassem ameaça ‘aos interesses nacionais’. Pelo artigo 186, era declarado estado de 
emergência em todo o território nacional, o que tornava possível ordenar prisões, exílio, 
invasão de domicílio; instituía-se prisão preventiva; tornava-se legal a censura de todas as 
comunicações. Tais atos escapavam à decisão do judiciário (Sola, 1971, p. 266). 
A Constituição de 34 que visava estabelecer um regime democrático, rapidamente 
perdeu forças para a nova Constituição que visava instaurar uma Ditadura no país. 
Entendemos por Ditadura uma forma de governo em que todos os poderes se enfeixam nas 
mãos de um indivíduo, dum grupo, duma assembleia, dum partido, ou duma classe, no caso 
específico do Brasil, associamos o termo a um excesso de autoridade que caracterizou o 
governo da época.
Após a queda de Vargas o Brasil sentiu a necessidade de ter outra Constituição, uma 
que mexesse com as estruturas estatais, no sentido de anular e substituir a Constituição 
anterior que implantou provisoriamente uma Ditadura. Diante da Assembleia Constituinte 
que era formada por políticos de partido que nasceram no Estado Novo (PTB e PSB), viu-
se que o Brasil deveria implantar um regime democrático, e assim foi feito. Com base na 
Constituição de 1934 é feita a nova Carta Magna. Célia Regina Jardim Pinto nos mostra dois 
pilares importantes que sustentaram a carta constitucional:
A Constituição se estrutura a partir de dois pilares; por um lado, está fortemente influenciada 
pela democratização que domina o mundo ocidental, daí estabelecer as bases, pela primeira 
vez, de um regime democrático no país. Por outro lado, entretanto, ela é fruto dos anos de 
Estado Novo, e, em decorrência disso, aprofunda a cidadania através do trabalho (PINTO, 
1999, p .49).
Algumas características dessa Constituição são: aparição do homem do campo no 
texto constitucional; previsão constitucional para Vice-Presidente da República; assistência 
aos desempregados e alistamento eleitoral obrigatório para homens e mulheres.
Podemos dizer que essa Constituição de fato sofreu grandes influências dos regimes 
democráticos que tomavam conta do ocidente pós-guerra, e isso proporciona grande 
avanços para a nação brasileira.
56
Após o golpe de Estado de 64 que foi feito por militares apoiados (leia-se legitimados) 
por civis, iniciou-se no brasil uma ruptura com os preceitos do regime democrático, com 
isso o país foi caminhando para mais uma ditadura, mas agora, uma ditadura militar.
A ditadura, ao contrário do que muitos pensam, não começou de fato com o golpe, mas 
sim com o Ato Institucional número 1, que dava poderes extremos ao Chefe do executivo, 
como por exemplo: apresentação de Emendas Constitucionais ao Congresso, podendo elas 
serem aprovada por maioria simples; declaração de estado de sítio e a suspensão dos direitos 
políticos de qualquer civil por dez anos. 
Após o Ato Institucional 1, surgiram mais dois antes da formação da Constituição de 67, 
o AI-2 e o AI-3. O Ato Institucional 2 garantia ao Presidente: suprimir as eleições diretas para 
a presidência; decretar recesso dos órgãos do Poder Legislativo; competência da Justiça 
Militar para julgar civis que cometessem crimes contra a segurança nacional e instituía o 
bipartidarismo (MDB e ARENA), enquanto o Ato Institucional 3, suprimia eleições direitas 
para os Chefes do Executivo dos estados e prefeitos das capitais.
Com todos esses Atos Institucionais a Constituição de 1946 não era mais considerada 
como tal, e foi decidido com o AI-4 a convocação do Congresso para votar a Constituição. 
Quatro constitucionalistas nomeados pelo Presidente fizeram a nova Constituição, que tinha 
o mesmo corpo da Constituição de 1946 sem os atos do exercício da democracia e os atos 
institucionais incluídos. 
Observando os acontecimentos da época e a inclusão desses Atos Institucionais 
numa Constituição, faz-se necessária uma análise sociológica dos fatos, pois os militares 
ao instituírem essas normas, estavam ao mesmo tempo consolidando e legitimando a 
permanência no poder através do direito.
Carl Schmitt chamou essa legitimidade através do direito de “mais-valia política”, 
porque através do direito é possível legitimar um poder políticoe ter aceitação popular, 
visto que o direito além de trazer uma ideia de coisa justa, certa e correta, dá ainda aos 
cidadãos um sentimento maior de segurança. A autora Ana Lúcia Sabadell nos mostra 
de forma detalhada as razões pelas quais o direito pode se tornar um instrumento útil e 
essencial na legitimação do poder político:
O direito é um instrumento que permite legitimar o poder por duas razões. Em primeiro 
lugar, a existência de um sistema jurídico está ligada à ideia do justo. Se as leis são 
respeitadas por todos, as pessoas acreditarão que a justiça prevalece, que as autoridades 
do Estado não exercem o poder arbitrariamente, mas se restringem a aplicar as regras 
previamente estabelecidas.
Em segundo lugar, a existência do direito e o respeito a ele oferecem ao cidadão uma 
sensação de segurança. O direito lhe permite saber o que deve fazer e o que pode esperar dos 
outros, ou seja, lhe permite organizar a sua vida e conseguir uma estabilidade (SABADELL, 
2002, p. 111).
57
Com base nas informações apresentadas e fazendo uma comparação análoga com 
o caso do regime militar, é correto afirmar (nessa linha de pensamento), que os Atos 
Institucionais e a formação de uma Constituição para atender a nova forma de governo do 
Brasil, foram uma articulação política de legitimação do poder, tendo em vista o pensamento 
da população de que o direito traz consigo a ideia de justiça e segurança. 
Com o fim do regime militar o Brasil voltou a respirar os ares de uma democracia, 
a Constituição Federal de 1988 consagra o retorno do país a um regime democrático. 
A Constituinte formada em 1987 aceitou propostas encaminhada pela população para 
a formação do texto Constitucional. Nessa Constituinte foram conseguidas vitórias 
democráticas que a consideram como a “Constituição cidadã”.
Promulgada em 5 de outubro de 1988 estão incluídos os direitos e garantia individuais 
e coletivos; a forma de organização do Estado na tripartição dos poderes; cláusulas pétreas 
que não admitem pena de morte e penas degradantes, direitos de greve, entre outros.
A Constituição de 1988 é um avanço significativo e relevante à democracia, tendo 
em vista a história das outras Constituições federais que foram elaboradas visando o 
benefício de classes dominantes. Célia Regina Jardim Pinto em seu artigo: “Foucault e as 
constituições brasileiras”, faz uma análise sociológica da constituinte e da carta de 1988 sob 
uma perspectiva de inclusão social:
Pela primeira vez, os constituintes tinham que se defrontar com sujeitos incluídos 
em discursos que os constituíam como sujeitos de direito, e que haviam conquistado 
legitimidade na sociedade civil brasileira. O processo constituinte foi complexo, as forças 
mais à esquerda no país haviam perdido a luta por uma constituinte exclusiva, e mesmo 
assim a Constituinte mobilizou parcelas muito significativas da população” (PINTO; CÉLIA, 
1999, p. 54).
Apesar de ter sido decidido que para a feitura do texto constitucional de 1988 a 
Assembleia Constituinte seria formada pelos membros do Congresso Nacional, o texto da 
atual Constituição brasileira é um dos mais evoluídos do mundo no sentido de inclusão e 
promoção de direitos individuais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Com base nas informações apresentadas, o presente artigo, antes de tudo, proporciona 
um exame conciso e breve sobre o que é uma Constituição, apresentando os seguintes temas: 
a origem do termo, o que é uma Assembléia Nacional Constituinte, o início do pensamento 
de formular um Diploma Maior que regesse, formasse e fornecesse os basilares para a 
administração e funcionamento do Estado Soberano e por fim, algumas características que 
devem conter uma Constituição no seu processo de formação, para caracterizar um Estado 
58
de Direito. Após isso, também foi mostrado o processo evolutivo da formação de sujeitos 
políticos da sociedade brasileira, remontando a época e o contexto social do Brasil desde 
a independência, quando ainda estava num regime imperial, até 1988 quando ao longo de 
muitas lutas, a sociedade brasileira num processo lento e gradual, formam sujeitos com 
direitos estabelecidos na Carta Magna nacional. Nesse sentido, além de todo o processo 
de manifestações que legitimaram e legalizaram direitos aos cidadãos, também devemos 
pensar o direito como um instrumento propulsor da mudança social e da evolução do Estado 
brasileiro em toda sua história, tendo em vista que através da positivação da norma nas 
Constituições, é que se constitui sujeitos com direitos e obrigações. 
REFERÊNCIAS
BORDEAU, Georges. Taité de Science Politique. Paris: Generale de Doit ,1969. 
CASTRO, Flávia Lages de. História do Direito Geral e do Brasil. Brasil: Lumen Juris, 2011. 
SOLA, Lourdes. O Golpe de 37 e o Estado Novo. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1971.
PINTO, Céli Regina Jardim. Foucault e as Constituições Brasileiras: quando a lepra e a 
peste se encontram com os nossos excluídos. Brasil, 1999.
SABADELL, Ana Lúcia. Manual de Sociologia Jurídica. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2002. 
59
O DIREITO, A 
CONTEMPORANEIDADE E 
SUAS CRISES: 
A pós-modernidade e 
suas mudanças no âmbito 
jurídico
Maria Júlia Damasceno Bezerra8
RESUMO
A pós-modernidade juntamente da globalização altera vários fatores na sociedade, a cultura 
se modifica e altera também as regras de convivência e os modos de comportamento. O 
Direito é um dos pilares para a boa convivência e manutenção da ordem na sociedade, 
com uma segmentação cultural e de normas que devem ser seguidas, mas com todas essas 
mudanças da nossa atualidade, o Direito enfrenta crises para sua adaptação e aplicação nesse 
âmbito de transição do velho para o novo, e de uma necessidade de preceitos atualizados 
que acompanhem a demanda de oscilação das necessidades da sociedade. A crise na pós-
modernidade no que tange o Direito, e o surgimento de contratempos no domínio jurídico 
demandam uma remodelação dessas condutas para suprir as necessidades da sociedade 
contemporânea. Desta forma a sociedade idealizada passa por uma reflexão de razão que 
inclui a ideia da possibilidade de uma reforma jurídica onde atinja as necessidades de todas 
as questões do corpo social, podendo responder a questionamentos que não estão presentes 
na lei e na doutrina, mas que estão se fazendo presentes com frequência e causando a 
dificuldade da ordem e convivência em entendimento. 
Palavras-chave: Direito, pós-modernidade, crise, mudanças.
8 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
E-mail: julhinhabezerra1@gmail.com
60
 1. INTRODUÇÃO
A pós-modernidade consiste em um movimento filosófico, sociológico e cultural, 
que evidencia as diversas crises do modo de viver do homem contemporâneo inserido 
na sociedade que está passando por alterações que prevalecem em todos os âmbitos de 
convivência, e sabemos que para uma boa convivência é necessário normas e regras de 
conduta que apliquem a ideia de seguir orientações para viver em bem comum.
O Direito é visto como uma linha de comportamento clássica, reta e formal, no qual é 
seguido por discernimento cultural, porém a sociedade e suas mudanças frenéticas exige 
uma atualização de regras de convivência, de modo a resolver problemas e de encontrar 
respostas sobre o que é legal e o que é legítimo a partir de todas as alterações da pós-
modernidade. Seguindo esse pensamento de necessidade de mudanças é encontrado 
diversas crises no âmbito jurídico relacionadas à contemporaneidade.
Questões sobre como o Direito pode vencer essas crises e como isso afetará a 
sociedade no contexto de relações sociais precisam ser pensadas e demandam uma reflexão 
a respeito das necessidades de uma sociedade, onde é preciso começar os ajustes para que 
seja possível ser inserido esse contexto de utopia de boa vivência em conduta de regras 
impostas, e sempre será igual, ou com o decorrer do tempo as coisas mudam? 
2. A PÓS-MODERNIDADE E O DIREITOQuando pensamos em pós-modernidade, podemos apreciar as ideias interagindo com 
arte, cultura, sociedade, história e mudanças. Conceitos e valores têm suas características 
mudadas com a metamorfose do cenário em que vivemos em sociedade. Necessidades e 
desejos sofrem alterações num mundo de globalização e interação onde o antigo e o novo se 
chocam e geram uma discussão sobre a dimensão cultural e a cultura conservadora, a partir 
destes acontecimentos pode-se ver a pós-modernidade emergindo involuntariamente. 
Partindo do pressuposto que a priori o Direito é estabilizado e segue uma cultura e 
uma doutrina na qual se trabalha regras e valores, como interagir esse Direito com essa pós-
modernidade sem constituir uma crise?
Bittar diz (2008): “Qualquer afetação dos modos pelos quais a cultura é feita traduz-
se, quase que imediatamente, em soluções ou crises, em modificações ou alterações, em 
inovações ou em retrocessos, que afetam diretamente o mundus iuris” (BITTAR, 2008).
A sociedade moderna e suas mudanças reavaliam a ideia de um modelo de 
organização, muitas coisas, juntamente o direito, muda de acordo com as novas situações 
apresentadas ao mundo da legislação. É preciso além de novas interpretações um ponto de 
61
vista metodológico, que usufrua de doutrina, jurisprudência e intervenções, dessa maneira 
a esfera de mudança percorre um ritmo com deficiência da atuação do sistema jurídico. 
Sabadell diz: “existe aqui uma regra: o direito pode operar mudanças parciais, mas 
dificilmente conseguirá mudanças radicais. É, por exemplo, relativamente fácil, modernizar 
um determinado setor da economia, sendo praticamente impossível mudar todo o sistema 
de produção, por meio de reformas jurídicas” (SABADELL, 2013, p. 94).
As organizações sociais juntamente com suas regras de conduta e convivência não 
dão sustentação mais para conseguir manter sua forma que sempre foi usada de forma 
sólida por muito tempo, pois se alteram e se dissipam rápido do mesmo modo que é levado 
tempo para alcançar essas mudanças e moldá-las para conseguir uma reorganização e 
uma adaptação que se enquadre em todos os contextos apresentados, então não é seguido 
mais a ordem de uma exceção e regra, agora, na pós-modernidade, é apresentado ao jurista 
que não existem regras, e apenas exceções que precisam ser resolvidas com conceitos que 
acompanhem essas características que ultrapassam a modernidade. 
Bauman expressa: “Nenhuma variação do convívio humano é plenamente estruturada, 
nenhuma diferenciação interna é totalmente abrangente, inclusive e livre de ambivalência, 
nenhuma hierarquia a é total e congelada. A lógica das categorias imperfeitas preenche a 
diversificação endêmica e a desordem das interações humanas.” (BAUMAN, 2004, p. 44).
Nada assegura a durabilidade de um modelo descrito usado por um tempo e seguido 
por passagens de mudanças na sociedade onde tudo deixa de ser regra e passa a ser 
variação, uma liquidez do que realmente importa, o que tem valor, quais são os valores 
adotados, o que é certo e o que é considerado errado ou fora da norma padrão. Indiferente 
disso é o Direito que se molda juntamente com a pós-modernidade e alcança modificações 
necessárias para ser capaz de atender as necessidades impostas com a inovação dos casos 
que são apresentados.
Lidar com isso é um dos desafios que o Direito enfrenta, a instabilidade da dinâmica 
social apresenta insegurança e confrontos de interesses e de poder, onde nasce os 
questionamentos de quem está burlando a regras, quem está errado, quem reivindica seus 
direitos e pensa de uma forma diferente das doutrinas ou das jurisprudências, ou quem tem 
medo de julgar, de mudar, de liquidar parcialmente a cultura ultrapassada e apresentar a 
maneira nova de tratar o novo.
3. CRISE NO DIREITO CONTEMPORÂNEO
Os livros base de estudo do direito relatam que o direito nasceu junto com a civilização, 
juntamente a história da sociedade e seus “contratos sociais”, mediante os costumes, no 
62
momento em que a sociedade entra na história a maior parte das instituições jurídicas já 
existem de fato juntamente, mesmo que ainda misturadas com a moral e com a religião 
dando assim início as relações humanas.
A fragilidade dos vínculos humanos, a insegurança, os desejos e os conflitos, 
estimulados pela modernidade e modificação das coisas demonstra a imagem do homem 
pós-moderno e toda sua problematização que vem em meio a essa reformulação de cultura, 
de modo de viver, de agir, de sentir e de se expressar em meio à sociedade em que está 
inserido. Deparamos-nos então com o Direito, com um sistema de normas e de regras de 
conduta que regula todas as relações sociais, mas o direito emana a faculdade que as pessoas 
têm de segui-lo ou não, e nesse contexto surge a ambiguidade dos conflitos de interesse, 
onde a sociedade se desenvolve e precisa de um estudo que rompa com a importância da 
tradicionalidade e dê ênfase às questões cotidianas que emergem com essa nova concepção 
que um modernidade que já ultrapassa a modernidade anterior, então podemos usar o 
pressuposto de super modernidade.
O Direito contemporâneo passa por uma crise de contradições e deficiência de 
experiências que causam a dificuldade da aplicação da lei no tempo e espaço que estamos 
vivendo e em que a sociedade está se mudando e gerando problemas e questionamentos 
divergentes. Os temas atuais criam debates que precisam desenvolver um pensamento 
jurídico acerca do objeto de estudo na abordagem deste contexto de mudança contemporânea 
na aplicação do Direito. 
Todos os âmbitos de estudo estão destinados a essas mudanças e precisam ser postos 
a debate; a ciência, a filosofia, a sociologia, a economia entre outras. 
Bittar, 2008 exemplifica: “Então passam a ser debates correntes: clonar pessoas ou proibir 
cientistas de realizar experiências genéticas com seres humanos?;autorizar casamentos 
entre homossexuais ou proibir a constituição destas sociedades maritais?; diminuir a idade 
penal e reconhecer a incapacidade da sociedade de atrair novas gerações à consciência 
social ou deixar relativamente impunes atrocidades cometidas por menores?” (BITTAR, 
2008)
Com essa corrente de pensamento podemos nos deparar com uma crise estrutural da 
sociedade que pode afetar todas as áreas que abrangem a convivência e essa globalização 
com a formação de uma nova cultura que gera diversos conflitos, sejam individuais, 
coletivos ou de outra natureza, mas que precisam de uma maturação, de uma evolução do 
pensamento jurídico para superar essa crise e conseguir aplicar a ordem de maneira direta. 
Bittar, 2008 diz: “Eis o que desafia o direito, bem como a ciência do direito, de um 
modo geral, a repensar seus próprios conceitos, práticas, valores e paradigmas” (BITTAR, 
2008).
Trabalhando essa ideia da ordem formal estar no passado de uma forma irreal 
e a ordem social atual ser nossa realidade, e consequentemente a realidade do direito, é 
63
disparada essa crise do desafio de se repensar e se desprender da cultura do direito e poder 
aplicá-lo na contemporaneidade.
Discussões surgem em meio a todo esse alvoroço de necessidades e demandas, o direito 
precisa seguir sua linha plana que idealiza a justiça. Os aplicadores da justiça, que estão 
acima do poder da sociedade precisam pensar no meio mais eficaz de resolver todos esses 
paradoxos sem titubear sobre a ideia principal. O Estado é um bom tema para explanação 
dessa ideia, o fator do estado não integrar e interagir com a sociedade, e de forma medíocre 
apenas punir e gerar mais complicações que serão apresentadas no futuro, e novamente 
isso irá gerar mudanças, e atribulações no Direito, e isso sempre irá gerar novas crises e 
novas complicações que acarretam num caminho quase sem volta para dirimir essa crise. 
Bauman diz: “Mas com o passar do tempo à medida que as pilhas de vítimas e os ‘danos 
colaterais’ provocados tantos pelas más quanto pelas mais nobres intençõesatingirem 
dimensões estratosféricas, e em que a necrose e a putrefação da carne em que os sonhos 
tendiam a se transformar deixava cada vez menos espaço à imaginação, essas esperanças 
exaltadas foram sendo despidas de sua credibilidade”. (BAUMAN, 2004, p. 49).
Com essa passagem podemos sondar sobre a ideia dos danos colaterais que serão 
acrescidos com toda essa crise contemporânea, e a quem será recaído esses danos, quem 
sofrerá. O questionamento do bem da coletividade ou de interesses individuais, do amor 
ao próximo ou do amor líquido que nos é apresentado, a crítica explícita da autonomia 
em combate com medidas pessoais ou sociais. Partimos para uma reflexão sobre a 
individualidade que demonstra onde o indivíduo provém suas escolhas e ações decorrentes 
de um pensamento individualista ao invés de unificar uma condição pela solidariedade e 
pensamento coletivo. E o Direito aborda todo esse pensamento sociológico que retrata sobre 
a necessidade de entendimento não só da coletividade, mas também da minoria que requer 
e apresenta necessidades que antes não eram possíveis de compreensão. 
Então passamos do pressuposto de utopia de boa convivência para a necessidade 
de pôr em prática a realização desse sistema que precisa de atenuantes que atendam a 
esse espaço e as mudanças instantâneas. De forma filosófica e sociológica nós podemos 
fazer uma reflexão que gere uma crítica da realidade social e a norma jurídica aplicada na 
pós-modernidade e em sua realidade. A principal crise do direito pós moderno é sobre a 
eficácia e a eficiência de adaptação diante da realidade que se apresenta, a real aplicação 
dos conceitos jurídicos sendo aplicados na sociedade atual em que este está inserido.
“Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar” dizia Zygmunt Bauman, 
então ele entendia a ideia das mudanças sociais e que a antiga estrutura rígida e inflexível 
percorreu uma passagem para outra sociedade transformada onde emergem além do 
individualismo, em sua concepção, a fluidez das relações, onde se obtém uma instabilidade 
de perspectiva, dessa forma o resultado da ação de indivíduos que acarreta num problema 
64
coletivo e social, e o Direito se apresenta necessário para se fazer presente como atuante 
nessas relações e atenuante em casos de conflitos como os e interesse pessoal. Numa 
sociedade com pressupostos de ter que se torna mais do que o ser, prevemos uma relação 
de injustiça onde algumas pessoas podem tirar proveito de outras, e mais uma vez as regras 
de conduta teriam que estar presentes e sendo aplicadas de forma veemente para poder 
satisfazer a todos, seguindo ainda o raciocínio do direito e a questão da aplicação da justiça 
e equidade juntamente com a moral numa sociedade que poderíamos arriscar a dizer, com 
interesses supérfluos e não conjuntos. 
4. EXPLANANDO SOBRE O DIREITO ALTERNATIVO
O Direito Alternativo ou Movimento do Direito Alternativo é um movimento de juristas, 
no Brasil, para produzir uma nova forma de ver, praticar e ler o Direito, a partir do ano de 1990. 
De início eram apenas juízes de Direito, hoje outros aplicadores como também advogados, 
promotores de justiça, professores, estudantes, procuradores, enfim, todo profissional 
vinculado à Ciência Jurídica. O indício do Direito Alternativo pode ser identificado em alguns 
juízes de Direito que judicam descontentes no tempo da ditadura militar brasileira e que 
se encontram nas reuniões efetuadas pela Associação dos Magistrados Brasileiros com o 
propósito de elaborar propostas ao Congresso Constituinte. O início do Direito Alternativo foi 
a criação de um grupo de estudos, organizado por alguns juízes de Direito gaúchos, comuns 
e trabalhistas. 
Embora o movimento só tenha sido organizado e sistematizado na década de 90, a 
ideia no Brasil provém há mais de 30 anos, originando-se no período da ditadura militar 
brasileira. 
Explanando o conceito de Direito alternativo, podemos nos deparar com a necessidade 
de uma nova forma de ver e praticar o Direito, então o surgimento desse conceito se baseou 
na proposta de mitigar os problemas da sociedade e de conseguir propostas cabíveis. 
O movimento não possui uma ideologia principal, mas segue de um ponto de vista 
que podemos abordar sobre um pensamento que atinja a pós-modernidade, onde é retirado 
o Direito da inércia e é proposto novas ideologias que podem ser aplicadas essa sociedade 
atual. O ponto teórico comum relacionado entre esse Direito retrata sobre a não aceitação do 
sistema capitalista como modelo econômico, o combate à miséria da maioria da população 
brasileira, que é uma realidade que gera muita crise em todo âmbito social, e a luta por 
democracia. 
Apenas comentando sobre o Direito alternativo, não podemos afirmar que este é o 
caminho certo a ser seguido, nem muito menos aceitar as propostas apresentadas e as 
ideologias que seguem uma linha de conceitos entre os que participam de tal movimento, 
65
a ideia apresentada é a participação e uma movimentação notável de juristas e aplicadores 
do Direito que se posicionam e já tentam, com uma visão moderna, modificar a realidade 
da aplicação do Direito no contexto atual, mudando regras e conceitos que vão além das 
normas de conduta, mas de toda uma estruturação e organização social nacional contida 
em nossa realidade. 
Andrade (2002) diz: “O momento é de busca de uma teoria jurídica alternativa realmente 
capaz de dar conta do fenômeno jurídico, permitindo sua integração com todos os demais 
fenômenos sociais, isso com o escopo de transformar a sociedade, erigindo condições e 
relações de vida entre os seres humanos, nas quais não haja lugar para miséria, para a 
fome, para e exploração e para dominação. Este é um velho e repetitivo discurso utópico, 
mas até hoje não elevado à condição de realidade. Assim, enquanto isso, os alternativos 
continuam laborando com as armas disponíveis, que, na atualidade, são as mencionadas 
anteriormente”. (ANDRADE, 2002, pág 18)
Uma nova postura dos aplicadores do direito na pós-modernidade exige que se faça 
uma interação entre leis, códigos, jurisprudência, doutrinas e relações não só nacionais, mas 
as que abrangem todas as mudanças possíveis, na relação de globalização, numa busca de 
valores e adequação à realidade social, para alcançar as respostas eficazes que legitimem 
e acompanhem as demandas dessa sociedade superando a aplicação de um que não sejas 
mais eficaz e que não acompanhe as crises que lhes são apresentadas. 
Dessa forma o Direito tenta combater a perplexidade dessa sociedade que seria 
ideal mas impossível a mudança na história com o movimento dos domínios de cultura 
e o progresso na civilização que acontece de forma que o âmbito jurídico não consegue 
acompanhar, então cria-se o pressuposto da reinvenção da integração do Direito com a 
sociedade contemporânea, elevando a condição da realidade da atualidade e não de uma 
cultura ultrapassada. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se dizer que no estudo da pós-modernidade no Direito é feita a reflexão de 
questionamento do quotidiano da sociedade e de sua aplicação no meio jurídico, a discussão 
abrange as diversas esferas – a social, a cultural, a política, a ciência empírica e a econômica 
– vividas contemporaneamente e apresentando mudanças e necessidades que antes não 
eram pensadas ou supostas pela legitimidade ou em discussão social. Com essa questão em 
pauta é acrescido novos conceitos na área relativa ao Direito, no qual pode-se deparar com 
a presença dessa crise sendo aos poucos elucidada e apreciando novos horizontes no campo 
constitucional. 
66
Dessa forma nos é possível investigar as características do direito na pós-modernidade 
e seus reflexos na ordem social, tendo em vista que para os operadores do direito, a evolução 
nas relações sociais e a velocidade com que se processam essas relações trazem inúmeros 
desafios para a manutenção da ordem jurídica, então é necessário uma reflexãode como 
inserir uma operação que se encaixe nesse cenário.
Destarte não podemos dizer que alguma teoria é falha ou que é a certa a ser aplicada, 
mas podemos observar as demandas sociais crescendo cada vez mais e o Direito ‘antigo’ se 
esvaindo junto com a justiça nas relações sociais, pois diversos e inúmeros são os problemas 
que poderíamos citar que necessitam de uma visão super moderna para obter uma reflexão 
que possibilite a realização das necessidades que estão sendo impostas na sociedade que 
não para de se mutar. 
REFERÊNCIAS 
SABADELL, A.L. Manual de sociologia jurídica, 6° ed. São Paulo; Editora revista dos 
tribunais, 2013. 
BITTAR, E. C. B. O direito na pós-modernidade. Revista Sequência, n 135 p.57, p. 131-152, 
dez. 2008
ANDRADE, L. R. O que é Direito Alternativo? São Paulo; Editora Habitus, 2002.
BAUMAN, Z. Amor líquido. Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro. Jorge 
Zahar Ed, 2004.
ANDRADE, Lédio Rosa de. O que é Direito Alternativo? Disponível em: <https://lediorosa.
jusbrasil.com.br/artigos/121941896/o-que-e-direito-alternativo> Acesso em : 16/04/2018
67
O ESTADO 
CONSTITUCIONAL 
DEMOCRÁTICO E A 
LEGITIMIDADE: 
Eficácia das normas 
jurídicas e direitos dos 
homens 
Rayanne Marques Nascimento9
RESUMO
Há a necessidade de se respeitar os direitos fundamentais para se construir um Estado 
verdadeiramente democrático de direito e, além disso, tornar possível o alcance da justiça 
social. Interpretar a constituição a fim de consolidar a plena eficácia desses direitos que, por 
sua vez, são limitados pelos demais direitos presentes no texto constitucional também é de 
suma importância. O Estado então para a realização desse objetivo deixa a forma absolutista 
e é recriado como Estado Constitucional, também conhecido como Estado Democrático de 
Direito, cuja principal característica é assegurar as garantias fundamentais de cada ser 
humano ao mesmo tempo em que o próprio Estado limita o seu poder. Somando-se a isso, 
a questão da legitimidade do poder político é trazida à tona e é justamente por meio dessa 
plena democracia que o povo encontra o principal modo de manifestar a sua satisfação ou 
insatisfação sobre determinada atitude tomada pelos governantes, considerando a justeza 
dessas ações. A eficácia das normas jurídicas encontram-se intimamente ligadas tanto à 
legitimação do poder quanto à democracia, já que as normas são emanadas pelo governo 
para que a população obedeça e não há obediência sem que haja o reconhecimento popular 
9 Graduando em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
E-mail: rayannemarques.rm@gmail.com
mailto:rayannemarques.rm@gmail.com
68
de tal regra. Além disso tudo, também vale atentar para a sutil diferença entre os chamados 
direitos humanos dos fundamentais que não está no conceito, visto que ambos possuem a 
mesma essência final (garantir os direitos inerentes à dignidade da pessoa humana), mas 
onde está localizada a norma que tratou do assunto e para os problemas ligados ao direito 
do homem.
Palavras-chave: Estado Democrático de Direito,Legitimidade,Eficácia,Direitos do Homem, 
Problemas.
1. INTRODUÇÃO
A dignidade da pessoa humana é um pressuposto básico para caracterizar um direito 
fundamental. Tais direitos são valores supremos resguardados pela Constituição Federal a fim 
de garantir antes de tudo essa dignidade. Vale ressaltar que nem todo direito é fundamental 
e a diferença entre direitos humanos de fundamentais.
Os direitos do homem são aqueles que dizem respeito aos direitos naturais, reconhecidos 
nos documentos internacionalmente, já os direitos fundamentais têm a marca da positivação 
e passam, então, a serem reconhecidos pelo sistema. Em outras palavras, pode-se dizer que 
a partir do momento em que os direitos humanos são incorporados na Constituição Federal, 
ganham o status de fundamentais. Ou seja, estes, têm como precedente o reconhecimento 
daqueles. Todavia, os direitos do homem trazem consigo problemas, dividindo-se em três 
grupos: problemas epistemológicos, substanciais e institucionais.
A evolução do modelo estatal, quando a República Federativa Brasileira substitui o 
termo “Estado de Direito” e vem a ser reconhecida como “Estado Democrático de Direito”, 
foi de extrema relevância para o constitucionalismo existente hoje no país, tendo em vista o 
começo da representação da vontade popular.
Tal vontade popular possui grande importância, pois ela é o principal meio de um 
poder político alcançar sua legitimidade, sendo refletida como a expressão de um sentimento 
comum da sociedade que entende aquele governo e as normas como algo correto e justo, 
além de afirmar sua convicção nisso e comprometer-se com o dever de seus cumprimentos, 
atitude esta que facilita o direito no que diz respeito a sua aplicação.
O conceito de democracia que se tem atualmente é baseado na ideia do respeito com 
relação à vontade da maioria, respeitando, obviamente, o direito e garantias fundamentais 
das minorias.
69
2. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A 
LEGITIMAÇÃO DO PODER
Resumidamente falando, o Estado de Direito é aquilo criado pelo legislativo, eleito pelo 
povo para representá-lo e que está registrado na Constituição levando em conta também os 
costumes da nação.
A Constituição além de garantir o Estado de Direito também divide os poderes em três, 
possuindo mesma importância e um sendo complementar do outro: Executivo, Legislativo 
e Judiciário.
O Estado Democrático de Direito, como passou a ser chamado, eleva a democracia e a 
cidadania a um dos princípios fundamentais da República do Brasil e fundamenta o poder 
do Estado brasileiro. Essa afirmação do poder popular já é afirmada no Artigo 1°, parágrafo 
único da Constituição Federal (1988) “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Nascendo junto com 
o liberalismo, além de assegurar o direito à propriedade, permite às garantias fundamentais 
da dignidade humana, moradia, alimentação e educação por exemplo.
É por meio do Estado Democrático de Direito que a democracia se manifesta, ocorre a 
nomeação dos representantes escolhidos nas eleições cuja finalidade é representar o povo e 
se preocupar com as políticas públicas e econômicas que orientem o país. Se não for desse 
modo, a democracia é ferida e essa definição perde todo o sentido, excluindo completamente 
a participação popular da vida pública.
Essa democracia também é uma maneira de legitimação do governo, visto que há um 
reconhecimento do mesmo por parte da população. Mas para compreender melhor isso, é 
necessário, primeiramente, saber o que de fato é legitimidade.
Legitimidade, basicamente, é fruto da expressão de um sentimento da sociedade de 
que determinada conduta é correta e justa. Ou seja, é quando, em consenso, a comunidade 
reconhece que uma autoridade adquire e exerce o poder adequadamente.
Todavia, para se ter uma completa legitimidade tal reconhecimento não deve ser 
feito apenas com relação à justeza das ordens emanadas, pois além disso, faz-se necessário 
também a existência de um dever de cumpri-las. Quando a ordem política encontra esse 
amplo reconhecimento, tem-se uma facilidade maior para a aplicação do direito, já que 
essa obediência se dará por meio do temor das possíveis aplicações das sanções somada a 
convicção social, principal característica de um poder legítimo.
Pode-se apontar como marco histórico da relação entre Estado e legitimidade o 
discurso filosófico sobre o contrato social, onde a ideia de legitimidade estava relacionada 
ao consenso de todos os cidadãos e se tinha a adesão do contrato social para então fundar 
70
um Estado. Atualmente, é possível falar em um consenso permanente e funcional, segundo 
Sabadell (2002, p. 110):
[...] A comunidade política se converte em protagonista do exercício do poder: os súditos 
tornam-se, pelo menos formalmente, cidadãos, detentoresda soberania e legitimam o poder 
através da eleição dos governantes e da participação cotidiana nos processos políticos 
(debates, protestos, greves etc.).
Vale ressaltar que a legitimidade também faz parte do âmbito do Direito. A legitimidade 
no tocante às normas jurídicas dá-se quando há o reconhecimento de sua necessidade e 
justiça.
A partir disso, as leis são criadas e a elas são submetidos povo e, principalmente, 
Estado, tirando de suas mãos o poder absoluto. A Constituição dá base para o exercício e 
cumprimento dessas leis e limitam-nas para não serem arbitrárias, ilegítimas ou que firam 
os direitos fundamentais.
O Direito passa a ser, portanto, um instrumento de legitimar o poder primeiramente 
pela ligação que há entre o sistema jurídico e a ideia de justiça, e, em segundo lugar, porque 
sua existência e o respeito a ele torna possível proporcionar uma sensação de segurança ao 
indivíduo. 
Se todos respeitam as leis, acredita-se que há a prevalência da justiça e que o poder 
das autoridades do Estado não é arbitrário, mas se limita a aplicar as regras que já foram 
estabelecidas previamente. Ao mesmo tempo, o direito permite que o cidadão consiga uma 
sensação de estabilidade e organize sua vida, visto que lhe permite o que deve ser feito e, de 
certa forma, o que esperar dos outros.
3. AS CONCEPÇÕES DE DEMOCRACIA NOS PERÍODOS 
CLÁSSICO E CONTEMPORÂNEO 
No período clássico se entendia que democracia era um regime político cuja a 
participação dos cidadãos sobre as decisões do Estado era facultativa e a ideia de cidadania 
ainda era restrita, não se estendendo a determinados grupos como estrangeiros e mulheres. 
Apenas por volta dos séculos XVII e XVIII esse conceito passa a ser dominado pela 
representação do povo, por meio de seus representantes eleitos pela maioria.
Atualmente o conceito de democracia não pode e nem deve ser reduzido ao simples 
exercício do direito de votar e ser votado, plebiscitos e referendos. Deve ser entendida além 
de uma forma de governo, como um dos direitos fundamentais do homem. Esse conceito está 
ligado amplamente com a cidadania e com o objetivo de promover e proteger os mínimos 
direitos e garantias. Sobre isso, Roberta Laena Costa Jucá (2010, p. 25-26) explica:
71
[...] se na acepção clássica, democracia era apenas um tipo de regime político ou um 
conjunto de normas que se fundamentava na interferência do povo, titular soberano 
do poder, em outra perspectiva, na qual é qualificada de participativa, a democracia 
é mais do que isso: consiste em um processo dialógico, em um modo de vida, em uma 
forma de se viver em sociedade. [...] logo, a democracia própria do Estado Democrático 
de Direito traduz-se na participação ativa do povo nas tomadas de decisão, representa 
a efetivação de direitos e garantias fundamentais constitucionalmente previstos e, 
necessariamente, considera o pluralismo inerente às complexas sociedades abertas e 
ativas da modernidade.
 Entretanto, para que esse ideal se cumpra, é necessário que a democracia seja livre 
de todo e qualquer tipo de coerção moral e física, para que todos participem de maneira 
igualitária e aberta, com iguais possibilidades. Inquestionavelmente, a democracia não pode 
existir sem que haja o respeito aos direitos fundamentais. O Estado de direito é o requisito 
para a democracia, visto que os pressupostos de uma deliberação eficiente e justa são 
institucionalizados por ele.
4. RELAÇÃO ENTRE EFICÁCIA DAS NORMAS, 
LEGITIMIDADE E DEMOCRACIA
No direito há fatores instrumentais e sociais que permitem com maior facilidade a 
eficácia das normas jurídicas. Detendo-se ao direito moderno e apenas aos fatores sociais é 
possível compreender meios para alcançar a eficácia jurídica, e como já citado, a legitimação 
por parte da população sobre essas regras, têm enorme importância.
Segundo a autora Sabadell (2002, p. 71) existem quatro fatores de eficácia relativos à 
situação social: a participação popular, a coesão social, a adequação da norma à situação 
política e às relações de força dominantes e, por fim, a contemporaneidade das normas com 
a sociedade.
Primeiramente vale esclarecer que, basicamente, tais fatores mantêm relação com as 
condições da vida da sociedade em um dado período. Sobre isso, Sabadell (2002) diz “[...] O 
sistema de relações sociais e a atitude do poder político diante da sociedade civil influenciam 
as chances de aplicação (a quota eficácia) das normas vigentes [...]”.
1. Participação dos cidadãos no processo de elaboração das normas: quando uma 
reforma atende à vontade de uma maioria, obviamente possui maiores chances 
de ter eficácia quando comparada àquela imposta autoritariamente. Nesse ponto 
entra a relevância da democracia no exercício do poder. Aumentando-se assim 
o grau de obediência. Todavia, nem sempre essa participação garante uma 
72
maior eficácia, visto que há grande divergência de interesses entre as classes e 
grupos sociais, e atender à todas as opiniões poderia levar a criação de normas 
contraditórias e dificultaria a aplicação do direito.
2. Coesão social: o grau de eficácia das normas será maior ao passo que houver mais 
consenso e menos conflitos sociais. Esse fator mostra a ligação que é estabelecida 
entre a legitimidade do Estado e a obediência às normas por parte da comunidade.
3. Adequação da norma à situação política e as relações de força dominantes: a 
norma jurídica que corresponde realmente à realidade social e política garante 
maior eficácia e quesitos como as forças políticas que estão no poder e a situação 
socioeconômica da sociedade, influenciam diretamente nisso.
4. Contemporaneidade das normas com a sociedade: as normas que trazem ideias 
antigas ou inovadoras geralmente não possuem eficácia.
5. DIFERENÇA ENTRE DIREITOS DO HOMEM, 
FUNDAMENTAIS E HUMANOS
Antes de adentrar nos direitos do homem propriamente ditos, é importante frisar a 
sutil diferença entre os direitos do homem, fundamentais e humanos.Os direitos do homem 
são aqueles de cunho jusnaturalistas, não positivados. Entende-se que esses direitos são 
inatos ao homem, inerentes à natureza humana em que a única condição para os possuir 
é a de ser humano.Quando esses direitos naturais são positivados na Constituição ou na 
legislação infraconstitucional, tornam-se direitos fundamentais.
E, por fim, direitos humanos são os direitos fundamentais quando estes atingem o plano 
internacional, ou seja, os direitos fundamentais, positivados, elevados ao plano internacional 
são os chamados direitos humanos.
6. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DO 
HOMEM
Segundo Robert Alexy (1998, p. 58) os direitos do homem se diferenciam dos demais 
direitos por possuir cinco características. Eles são direitos universais, morais, fundamentais, 
preferenciais e abstratos.
1. Direitos universais: são direitos que cabem a todos.
73
2. Direitos morais: um conceito oposto ao de direitos positivados. Os direitos morais 
podem sim ser jurídico-positivados, mas a sua validez não exige uma positivação. 
Para esse direito ter validade basta que a norma, que está na sua base, valha 
moralmente.
3. Direitos preferenciais: os direitos do homem estão relacionados necessariamente 
com o Direito positivado e esta relação está caracterizada pela prioridade dos 
direitos do homem em detrimento outros direitos.
4. Direitos fundamentais: os direitos do homem devem tratar de carências e interesses. 
Essa carência ou necessidade só é considerada fundamental se sua violação ou não-
satisfação significa morte ou sofrimento grave ou tocar no núcleo da autonomia.
5. Direitos abstratos: a aplicação do direito em casos concretos pressupõe ponderações. 
Logo, o Estado entra não só como instância de concretização, mas também de 
decisão para a realização dos direitos dos homens.
7. OS TRÊS PROBLEMAS UNIDOS AOS DIREITOS DOS 
HOMENS
É possível dividir os problemas unidos aos direitos do homem em três grupos:
1. Problemas epistemológicosTrata de questão de como e se os direitos dos homens podem ser reconhecidos e 
fundamentados. Traz à tona um questionamento se é realmente possível esses direitos serem 
justificados e fundamentados na razão. 
O autor Robert Alexy (1998, p. 56) faz uma indagação sobre isso:
 
[...] podem os direitos do homem, em verdade, ser conhecidos objetivamente ou o consenso 
de 1 de dezembro de 1948 foi somente uma concordância contingente, condicionada pelos 
horrores de ambas guerras, de opiniões subjetivas, o que iria significar que aquele consenso, 
com a mudança dessas opiniões perderia todo o significado? [...]
2. Problemas substanciais
A partir do primeiro problema, o reconhecimento desses direitos, surge este ponto: 
Quais são os direitos do homem?
74
Tais direitos são caracterizados por sua imprescritibilidade, universalidade, 
irrenunciabilidade, interdependência, inviolabilidade e historicidade, em outras palavras, 
eles são permanentes, aplica-se a todos os indivíduos, não são renunciáveis, um precisa do 
outro, nenhuma lei infraconstitucional ou autoridade podem desrespeitá-los e mudam de 
acordo com o tempo. Além disso, são divididos em gerações (dimensões):
1° geração: Princípio da Liberdade; Liberal; Liberdades negativas (pressupõe uma não ação 
do poder); Propriedade; Foco ao indivíduo
2° geração: Princípio da Igualdade; Direitos sociais (visando a justiça social); Foco na 
sociedade; CF art. 6º (1988); Saúde, educação, trabalho, habitação; Exige do Estado ações 
positivas
3° geração: Fraternidade; Princípio da solidariedade; Direitos difusos (não individual); 
Direito de todos (cultura, meio ambiente, paz, comunicação).
4° geração: Democracia; Informação; Pluralismo; Reconhecimento formal dos direitos 
fundamentais em nível global.
Percebe-se através disso que a discussão não trata apenas do que deve fazer parte do 
direito dos homens, ela vai além, principalmente no que toca a questão de como devem ser 
ponderados as diferentes gerações ou dimensões.
3. Problemas institucionais
Este é o principal problema do direito dos homens. Esses direitos eles devem ser 
positivados para que seja possível garantir o seu cumprimento, isso se compreende como 
institucionalização, dividida em dois planos, nacional e internacional, que hoje em dia 
possuem uma forte relação. Logo, a solução da questão substancial e institucional estão 
unidas. 
Alexy (1998, p. 58) diz que “Quanto melhor direitos do homem são fundamentados, 
tanto mais legítima é a sua concretização internacional por força. Os direitos do homem 
formam, assim, com todo os seus problemas, um sistema”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nitidamente, com a criação do Estado de Direito, os direitos e garantias individuais do 
homem foram assegurados, além do Estado ter o seu próprio poder limitado, e a democracia, 
75
por sua vez, ganhar evidência. Entretanto não há, de fato, um Estado democrático se este não 
respeitar os direitos fundamentais do homem que mesmo diante de alguns problemas ainda 
é de extrema importância para a composição e concretização do que hoje é conhecido como 
Estado Democrático de Direito. Portanto, tendo a democracia como o requisito essencial 
para sua existência, torna-se possível averiguar e ter a noção de sua legitimidade através 
da participação social no que diz respeito, principalmente, à vida política. Observa-se que 
o reconhecimento do governo e das normas emanadas por ele por parte da população 
contribui, ou não, diretamente para o grau de eficácia das normas jurídicas, visto que 
além desse reconhecimento, a legitimidade também pressupõe concordância com os atos 
exercidos pelos governantes e regras criadas para ordenar o convívio social.
REFERÊNCIAS
JUCÁ, Roberta Laena Costa. O direito fundamental à participação popular e a 
consolidação da democracia deliberativa na esfera pública municipal. Fortaleza. 
2010. Dissertação (Mestrado em Direito Constitucional). Programa de Pós-Graduação, 
Universidade de Fortaleza.
SABADELL, Ana Lúcia. Manual de sociologia jurídica: introdução a uma leitura 
externa do direito. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2002.
ALEXY, Robert. Direitos fundamentais no estado constitucional democrático. 
Conferência proferida na Faculdade de Direito da UFRGS, 9 dez. 1998.
76
 
A PRESENÇA DO DIREITO 
NA SOCIEDADE: 
e suas regras sociais 
Mariá Adelaide de Sá Varandas Neta10
RESUMO
O direito e o homem se influenciam diretamente, ou seja, enquanto o direito faz parte 
da adaptação do homem, devendo este obedecer às regras, o homem é influenciável na 
criação do Direito, vendo que este deve obedecer aos valores que uma sociedade acha 
mais importante. O Direito possui grande importância dentro de uma sociedade, pois, ela 
tem o objetivo de gerar a harmonia nas diversas relações sociais, ele não busca interesses 
pessoais, mas sim toda a coletividade, onde é nessa realidade que acontecem conflitos, pois 
o pensamento coletivo pode colidir com os interesses individuais. Portanto, para que haja 
direito é preciso que haja sociedade, e para que haja sociedade é preciso que haja direito, 
pois assim uma sociedade não viveria em harmonia sem que todos sigam algumas regras e 
normas. Pensar o direito como mecanismo de alcance da ordem social igualitária, adaptar 
o direito aos valores coletivos, decidir com consciência social, são recursos indispensáveis à 
realização da Justiça. Tendo como objetivo geral conhecer a relação entre direito e sociedade 
e de forma mais específica, identificar os conceitos de direito e sociedade, a pesquisa 
é bibliográfica, descritiva de caráter qualitativo, desenvolvida com base em material 
já elaborado. Conclui-se que a pesquisa é de extrema importância na medida em que se 
contribuiu para o entendimento sobre a relação entre o direito e a sociedade, trazendo a 
importância de cada conceito e seu aspecto jurídico, mostrando que direito e sociedade 
andam de mãos dadas, garantindo o controle social.
Palavras chave: Direito; sociedade; Direito na sociedade.
10 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
77
1. INTRODUÇÃO
Ao analisar o contexto das sociedades, verifica-se que o indivíduo não nasceu para 
viver de forma isolada, faz-se necessário um conjunto de regras ou normas jurídicas que tem 
como objetivo orientar e disciplinar as condutas humanas dentro do convívio da sociedade.
No âmbito da consciência social, direito e justiça são significados que andam juntos, 
portanto nem sempre isso acontece, pois a justiça engloba os valores inerentes aos seres 
humanos, tais como: liberdade, igualdade, fraternidade, dignidade, entre outros valores, já o 
direito é uma invenção da humanidade, ou seja, enquanto a justiça é um sistema de valores, 
o direito é um conjunto de princípios e regras que se faz necessário realizar.
Nota-se que tudo precisa ter regras para que a sociedade possa viver em um ambiente 
protegido pelo direito e pela segurança em sua liberdade de ir e vir, a própria constituição 
fala que a sociedade tem que ser livre de preconceitos e discriminação de raça, sexo, cor 
ou idade, livre, solidária, sem pobreza e desigualdade social, onde está no topo da pirâmide 
jurídica a cidadania e a dignidade. 
Portanto, essa pesquisa é de extrema relevância, tendo como objetivo geral conhecer 
a relação entre direito e sociedade e de forma mais específica, identificar os conceitos de 
direito e sociedade.
2. IMPORTÂNCIA DO DIREITO NA SOCIEDADE
Para Montesquieu (1750), existiam dois tipos de direito, o direito positivo e o direito 
natural, onde os dois se entrelaçavam e mostravam a relação que as leis podiam ter com as 
condições climáticas e geográficas, os tipos de vida, a religião, o comércio e os costumes, 
ou seja, o autor relaciona o direito com todos os elementos do contexto político, social, 
econômico, cultural, físico e geográfico.
Montesquieu resume sua metodologia em:
“Examinei primeiro os homens, e achei que nesta infinitadiversidade de leis e de costumes 
eles não eram conduzidos somente por suas fantasias. Coloquei os princípios como que por 
si mesmos, as histórias de todas as nações não serem mais do que suas consequências, e 
cada lei particular estar ligada a outra lei ou depender de outra mais geral... Não tirei meus 
princípios de meus preconceitos, e sim da natureza das coisas” (MONTESQUIEU, 1996, p. 5).
78
A sociedade ela se reduz a um conjunto de normas que pode ser entendida como 
ordem social que são estabelecidas por normas sociais. Com isso pode-se entender que as 
normas sociais são relacionadas com o comportamento dos costumes de uma sociedade.
Muitas dessas normas formam sistemas normativos, por isso, são escritas, codificadas, 
enquanto outras não são, porém quando elas não são escritas e codificadas, elas são 
oralmente passadas, o que chamamos de costume social. O direito é uma norma social, pois 
segundo Gusmão (2002):
“Ser acompanhado de sanções organizadas, institucionalizadas, aplicadas por órgãos 
especializados, isto é, pelo poder público, característica essa, que não tem as demais normas 
sociais” (GUSMÃO, 2002).
A correlação entre sociedade e direito está na função que o direito exerce na sociedade: 
a função ordenadora, isto é, de coordenação dos interesses que se manifestam na vida social, 
de modo a organizar a cooperação entre as pessoas e compor os conflitos que surgem entre 
eles, onde a sua função é trazer harmonia entre as relações sociais, resolvendo os conflitos 
com o mínimo de desgaste e sacrifício (MIGUEIS, 2017).
No artigo 187 do novo Código Civil a função social do direito é colocada como limite 
para o exercício de todo e qualquer direito, verdadeiro cinto de segurança, além do qual se 
toma abusivo. Em outras palavras, o exercício de todo direito subjetivo está condicionado ao 
fim que a sociedade se propôs: a paz, a ordem, a solidariedade e a harmonia coletiva, enfim, 
ao bem comum, porque o Direito é o instrumento de organização social para atingir essa 
finalidade.
 De acordo com Migueis (2017), há várias formas do direito enfrentar os conflitos: 
• Reguladora: quando o que motivou o conflito encontra apoio na opinião pública. Então 
o direito o aceita e absorve em novas normas reguladoras;
• Repressora: quando a razão do conflito não se ajusta ao sentimento da sociedade 
democrática ou aos interesses da maioria ou da classe dominante;
• Orientadora: orienta e canaliza o conflito. Só orienta quando não atenta os valores que 
vem de encontro ao direito instituído;
• Geradora de conflito: em alguns casos é o próprio direito que dá origem ao conflito.
O direito representa um poderoso fator de orientação social, pois tem vínculo com 
campos psíquicos e éticos, pois é associado a valores éticos como o ideal de justiça, de 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10718722/artigo-187-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
79
igualdade e de liberdade. Nesse sentido, a professora Luzia Gomes da Silva, em seu artigo “A 
Sociologia Jurídica e o Conceito Sociológico do Direito”, preconiza que:
“A possibilidade de regulação social deriva diretamente do caráter persuasivo das normas 
jurídicas. Estas têm o poder de influenciar, condicional e persuadir os membros de um 
grupo social. Esta função permite conduzir uma multidão de pessoas relativamente 
independentes em direção à execução de certo número de modelos de comportamento 
relativamente coerentes e universais. Modelos capazes de sugerir decisões quanto a todo 
dilema de comportamento que possa se apresentar ao longo da interação social. Nessa 
função, o direito estrutura-se como instrumento de persuasão e consenso social” (MIGUEIS, 
2016).
2.1 O homem como um ser sociável
O homem precisa sempre estar em contato com outras pessoas para formar grupos, pois 
o homem é um ser social, tendo em vista que só através disto é possível o desenvolvimento 
de suas habilidades, o ser humano tem a necessidade de buscar no outro às experiências 
que o próprio não possui, com isso há um desenvolvimento social.
Para Mondim (1986), o homem é um ser sociável porque possui uma “propensão para 
viver junto com os outros e comunicar-se com eles, torná-los participantes das próprias 
experiências e dos próprios desejos, conviver com eles as mesmas emoções e os mesmos 
bens”.
De acordo com Aristóteles (2006), a sociabilidade é uma propriedade essencial que 
o ser humano possui, onde o ser é criado apenas de alma e de corpo, necessitando assim 
relacionar-se com outras pessoas para satisfazer suas próprias vontades, e completa dizendo 
que “o homem é, por sua natureza, um animal político. Aquele que, por natureza, não possui 
estado, é superior ou mesmo inferior ao homem, quer dizer: ou é um deus ou mesmo um 
animal”.
Entende-se, portanto, que a sociedade é fruto da natureza humana, ou seja, de uma 
necessidade que o indivíduo tem de se relacionar, entra então o papel do direito, de fazer com 
que se haja uma boa relação na convivência desses indivíduos, garantindo paz e evitando 
conflitos.
Para Marx (2010), a existência humana já se configura enquanto ser social, pois, cada 
sujeito possui consciência de si como ser social e a sociedade é uma abstração em relação 
ao indivíduo. 
“O individuo é o ser social. Sua manifestação de vida – mesmo que ela não apareça na 
forma imediata de uma manifestação comunitária de vida, realizada simultaneamente com 
outros – é por isso, uma extenuação e confirmação da vida social. A vida individual e a vida 
80
genérica do homem não são diversas, por mais que também – e isso necessariamente o 
modo de existência da vida individual seja um modo mais particular ou mais universal da 
vida genérica, ou quanto mais a vida genérica seja uma vida individual mais particular ou 
universal” (MARX, 2010).
Por mais que o ser humano possua uma aparência própria, só dele, particular, ele 
pertence a coletividade, onde mesmo havendo diferenças individuais, existe uma unidade 
do grupo.
Para Bauman (2004), nós humanos, compartilhamos de instintos de sobrevivência 
com os animais, mas quando se trata de amor próprio, nossos caminhos se separam e cada 
um segue por conta própria.
A sobrevivência, seja ela animal, física ou corpórea, pode viver sem o amor próprio, o 
autor acima citado afirma que poderia acontecer melhor sem ele do que em sua companhia. 
Ainda para Bauman (2004), “o amor próprio pode rebelar-se contra a continuidade da vida, 
ele nos estimula a convidar o perigo e dar boas-vindas à ameaça, podendo nos levar a uma 
vida que não pode ser vivida”.
Ao criar sua forma de sobrevivência, garantindo suas necessidades básicas, os homens 
acabam criando novas necessidades, por isso, o desenvolvimento histórico, levou o homem 
a se organizar em famílias e em sociedade.
2.2 O direito e a sociedade
O Direito surge na sociedade a partir da manifesta necessidade de controle social, 
ou seja, com a função de estabelecer uma “boa ordem” de convivência entre as pessoas, 
resolvendo seus conflitos e choques de interesses. Para Giovanne (2010), o direito surgiu 
de forma natural, onde foi associado ao relacionamento dos seres vivos com interesses 
diferentes. 
A função social do direito é um principio estruturante do ordenamento jurídico 
e encontra sede ao longo da historia do homem na terra, desde os tempos mais remotos, 
assumindo em cada período, os contornos próprios do modelo político, econômico, cultural 
e jurídico de cada sociedade humana (CARVALHO, 2011).
 Para Durkheim (1960):
“A sociedade sem o direito não resistiria, seria anárquica, teria o seu fim. O direito é a grande 
coluna que sustenta a sociedade. Criado pelo homem, para corrigir a sua imperfeição, o 
direito representa um grande esforço para adaptar o mundo exterior às suas necessidades 
de vida” (DURKHEIM, 1960).
O Direito é visto como uma norma, norma cuja execução é garantida por sanção externae institucionalizada, e para que haja Direito, é necessário existir um sistema normativo 
81
composto por três tipos básicos de norma: as que permitem determinada conduta, as que 
proíbem e as que obrigam determinada conduta (FERNANDES, 2015).
É necessário, porém, que, se exista uma boa convivência para a subsistência da 
sociedade e o direito corresponde a isso, facilitando as relações sociais através de normas, 
que são obrigatórias, de organização e comportamento humano (FORTES, 2011).
Diferentemente do que se esperava há tempos, o Direito não deverá apenas garantir a 
vida, liberdade, propriedade e segurança. O papel do Direito, hoje, é assegurar o bem estar 
coletivo, fornecendo, também, justiça, bem estar e progresso aos indivíduos.
De acordo com Nader (2007), o direito pode ser definido em três, o primeiro se refere a 
ele ser a única forma que se dissemina no Estado, a segunda é que ele não dar brechas para 
escolha de seus preceitos, e a terceira é que ele exerce de intimidação sobre os praticantes 
das formas ilícitas nas normas jurídicas.
Betioli (2008), ressalta que:
“O direito não visa ao aperfeiçoamento interior do homem; essa meta pertence à moral. Não 
pretende preparar o ser humano para uma vida supra terrena, ligada a Deus, finalidade 
buscada pela religião. Nem se preocupa em incentivar a cortesia, o cavalheirismo ou as 
normas de etiqueta, campo específico das regras de trato social, que procuram aprimorar o 
nível das relações sociais” (BETIOLI, 2008).
Um campo privilegiado da sociologia jurídica é o das classes sociais e a aplicação do 
direito de modo “igual”. Os vários pesquisadores desta variável usam a posição dos indivíduos 
na estrutura social como base, evidenciada por meio de critérios como renda mensal, nível 
educacional e a profissão. A finalidade de tais pesquisas é de monitorar como as normas 
jurídicas estão sendo aplicadas fundamentadas na igualdade de tratamento (SABADELL, 
2010). 
De acordo com o autor acima citado, neste âmbito podem ser pesquisadas duas 
situações diferentes. A primeira é o acesso ao sistema jurídico, que se apresenta como 
questão fundamental no Brasil, pois vastas camadas da população não têm acesso efetivo à 
proteção jurídica, apesar da população carente ser à principal clientela do sistema de justiça 
penal, pois, nesse sentido, o censo penitenciário de 1993 indicou que 98% dos presos não 
têm condições financeiras de contratar um advogado, supondo que os processos recebem 
uma assistência jurídica inadequada. Tal situação é vista por muitos como “negação de 
cidadania”, condicionada pela forte desigualdade social existente. 
A segunda é o tratamento pelo sistema jurídico, que consiste no modo de trabalho das 
autoridades do Estado, que são responsáveis pela tutela de interesses e do controle social. 
Este objeto de análise é de extrema relevância, pois vários estudos indicam que a atuação 
destes beneficia membros das camadas superiores, por inúmeras razões, dentre as quais se 
podem citar: preconceitos e corrupção passiva. Desta forma cria-se uma dupla seletividade, 
82
na qual o Estado tenta proteger a parte socialmente mais forte, o que contraria a igualdade 
que promete o sistema jurídico.
Black (1989, p. 10), formula uma “lei” da sociologia jurídica: “o direito depende 
diretamente do status social”. Isso significa que na observação de dois fatos semelhantes, 
nos quais a característica individualizante é a posição de classe dos envolvidos, a aplicação 
do direito será mais favorável para a pessoa de classe superior, considerada socialmente 
privilegiada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo a pesquisa feita, o direito é de extrema importância para a sociedade, assim 
como a sociedade é de grande relevância para o direito, enquanto as sociedades criam as 
leis, o direito rege os deveres dos cidadãos e eles por sua vez, devem obedece-la, então são 
conceitos que andam juntos.
Para Carvalho (2011), a função social do direito é o fim comum que a norma jurídica 
deve atender dentro de um ambiente que viabilize a paz social. O direito sempre teve uma 
função social. A norma jurídica e criada para reger relações jurídicas, e nisso, a disciplina 
da norma deve alcançar o fim para o qual foi criada. Se ela não atinge o seu desiderato não 
há como disciplinar as relações jurídicas, e, portanto, não cumpre sua função, seu objeto.
O direito vai contribuir para fortalecer os entendimentos dos valores morais da 
sociedade, onde durante toda sua vida, o indivíduo tem contato com o direito de várias 
formas, fazendo com que se crie uma consciência, consciência essa que estabelece vínculo 
com a realidade jurídica.
Para Helena (2011), o Direito é o alicerce, a coluna, a bússola que conduz o homem 
dentro da sociedade, ele nasce do costume e vai além dele, a lei não se comove ante o cidadão 
que desconhece seus direitos e deveres, ao contrário, sua penalidade será aplicada igual 
àquele que o conhece. O conhecimento transforma o homem, o capacita a fazer melhores 
escolhas.
A relação entre direito e sociedade nunca poderá ter um fim, pois um depende do 
outro, pois, o direito, principalmente, visa a ordem e o bem comum, disciplina as relações de 
conflitos, ou seja, é um grande alicerce que sustenta a sociedade e a disciplina da convivência.
Obtendo-se uma sociedade organizada de forma justa, pode-se dizer que a mesma 
encontra-se em “ordem”, uma vez que se defini ordem como uma organização desejada e 
que satisfaça às necessidades do homem, podendo ser pré-estabelecida ou não.
83
REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martin Claret, 2006.
BAUMAN, Z. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro, 
2004.
BETIOLI, A. Introdução ao direito: lições de propedêutica jurídica tridimensional. 
São Paulo: Saraiva 2008.
CARVALHO, F. A função do direito e a efetividade das normas jurídicas. São Paulo: 
2011.
DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Editora Nacional, 1960.
FERNANDES, R. O papel do direito perante a sociedade e a busca pela justiça. 2015.
MONDIN, B. O homem, quem é ele? São Paulo, Paulinas, 1986.
MONTESQUIEU. C. O espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
NADER, P. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2007.
GIL, A. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 2008.
GUSMÃO, P. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro, Forense: 2002.
MIGUEIS, A. A Sociologia Jurídica e o Conceito Sociológico do Direito. 2016.
SABADELL, A. Manual de sociologia jurídica: introdução a uma leitura externa do 
direito. São Paulo: 2010.
BLACK, D. Sociological justice. New York: Oxford University Press, 1989.
84
ESTADO E DEMOCRACIA: 
Análise das constituições 
brasileiras 
Maria Danielma da Silva Rodrigues11
RESUMO
O presente artigo tem como tema as Constituições Brasileiras, Estado e Democracia, o 
material adotado na elaboração são os documentos históricos e os autores que serviram de 
base na elaboração desse trabalho. O artigo está divido em introdução, desenvolvimento, 
considerações finais e referência, o método utilizado foi o dedutivo. O objetivo do trabalho 
é fazer uma análise sociológica de cada constituição, começando pela imperial de 1824 que 
formalizou a independência do país e foi a única da época colonial, no entanto era uma Carta 
Magna de caráter antidemocrático, pois manteve a escravidão, favoreceu os latinfundiários 
e restringia os direitos políticos por meio do voto censitário, até a atual de 1988 conhecida 
como contituição cidadã, essa atribuição se dá pelo fato de está garantir os direitos individuais 
e fundamantais, portanto fica evidente a evolução social que se constituíram atráves das 
sucessivas Catas Magnas. No entanto, o problema desse artigo se concentra em destacar os 
avanço e regressos de cada constituição ao longo da história, porque foram esses fatores que 
impossibilitaram o verdadeiro progresso social da sociedade brasileiraé notório que houve 
ganho e garantias de direitos, mas que não se aplicam de forma igual a todas as pessoas que 
compõe a sociedade, portanto é um direito que continua mantendo a desigualdade social 
e ainda contribui com a continuidade dos preconceitos contra as mulheres e os negros, 
mesmo com a grande participação das mulhres em todas as esferas da sociedade e o fim 
da escravidão. Com tudo, a ineficácia do Direito prejudica o desenvolvimento da sociedade, 
sendo necessário continuar a luta pela igualdade e o Estado no exercício de suas funções 
deve buscar garantir a efetividade das leis. 
Palavras-chave: Constituições, normas, desigualdades, direitos fundamentais. 
11 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
E-mail: m.danielma@hotmail.com
mailto:m.danielma@hotmail.com
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1. INTRODUÇÃO 
Esse artigo tem por finalidade abordar os assuntos mais pertinentes sobre Estado, 
democracia e as constituições brasileiras, analisando às de forma detalhada e dando enfoque 
às normas que em grande parte não se aplicavam ao contexto social da sua época ou excluía 
uma parte da população, mas que refletia totalmente a cultura contemporânea da época, a 
ética, a moral e que foram de grande importância para o Brasil.
Os textos das constituições revelam muito sobre o Brasil e o tamanho do progresso 
que se teve até a atual constituição cidadã de 1988. O poder do Estado na criação das normas 
e a forma como o povo pode participar da elaboração das leis através dos mecanismos de 
participação popular também serão abordados.
Analisar-se-á, ainda as dificuldades encontradas para tornas as leis mais justas e a 
importância de acabar com o preconceito enraizado na sociedade brasileira, que é a principal 
causa dessa problemática que se pendura por gerações e impede a garantir da equidade.
2. O ESTADO NO EXERCÍCIO DA SOBERANIA, PODER 
E DEMOCRACIA
O Estado é uma entidade social, que exerce sua soberania por meio da força. Essa 
força é mais bem aceita, quando está prevista no ordenamento jurídico, assim as pessoas 
entendem que a força utilizada pelo Estado é usada para manter a paz e a ordem, sendo 
portanto uma coação legal porque está prevista nas normas que regem o país e legítima, 
por serem aceitas pela maioria da população. Mas nem sempre é assim, um exemplo são 
as normas dos regimes autoritários um exemplo é a constituição de 1967 , que possuía 
normas rígidas que representavam apenas os interesses do governo, ocasionando uma 
violência física legal, no entanto ilegítima. Esse fato causa uma instabilidade no país, assim 
é mais viável um governo que exerça sua soberania mantendo o equilíbrio entre as normas 
impostas e a vontade do povo. 
 Um governo que não consegue garantir a ordem nacional e a eficácia do direito cria 
uma situação de anomia, não uma anomia no sentindo de ausência de leis, mas sim uma 
falta de obediência, isso acontece quando as normas representam apenas os interesses 
do Estado ou de um pequeno grupo. A democracia é quem permite esse equilíbrio entre 
governante e governando, proporcionando ao país uma maior estabilidade no ordenamento. 
Existem três formas de democracia, a direta, indireta e semidireta, na democracia direta o 
povo é responsável pela criação das leis e decisões governamentais, já na indireta, o povo 
elege seus representantes por meio do voto, delegando a eles o poder de tomar decisões em 
86
nome da coletividade e por fim a semidireta, em que os representantes eleitos exercem a 
soberania, mas existem os mecanismos de participação popular, que confere ao povo poder 
de envolver-se na tomada de decisões e criação das leis. Os mecanismos são plebiscito, 
referendo e iniciativa popular. 
O plebiscito é uma consulta popular antes do ato administrativo ou constitucional, 
já o referendo é uma consulta com posterioridade, ou seja, a decisão administrativa ou 
constitucional já foi tomada, mas cabe ao povo através do voto revogar ou manter o ato. E 
por fim a iniciativa popular, que é um projeto de lei apresentado a Câmara dos Deputados, 
esse projeto deve conter a assinatura 1% do eleitorado nacional, dividido em pelo menos 
cinco Estados da União, contendo no mínimo a assinatura de 0,3% do eleitorado desses 
Estados.
Atualmente no Brasil a democracia é semidireta, pois existem os três mecanismos 
de participação popular, alguns autores discordam dessa afirmação, argumentando que 
as dificuldades que se enfrenta para o povo atuar na tomada de decisões junto aos seus 
representantes torna-se uma democracia indireta. 
Através da análise de cada constituição, ficará evidente que o poder do Estado é o 
principal fator de mudança na sociedade e o provo que é tratado como governados exercem 
uma grande força sobre o governo, pois a insatisfação com as normas de um Estado faz com 
que esses se oponham as normas causando a ineficácia do direito, mostrando que governos 
fortes e autoritários se tornam fracos e ilegítimos. 
3. O PROGRESSO E RETROCESSOS DAS 
CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
Uma constituição regula a vida de um povo, estabelece normas que controlam e 
ditam o modo de comportamento, outras que permitem as pessoas realizar ou não atos 
jurídicos, consagra ou exclui direitos e representa os interesses das classes dominantes, ou 
seja, a imposição de normas dos mais fortes sobre os mais fracos. Como estabelecido pelo 
filósofo alemão Friedrich Nietzsche, vida é vontade de poder, mas nem todos os homens tem 
a mesma força para exercer o poder, assim em toda e qualquer sociedade existe a relação de 
dominante e dominado. Agora será feita uma breve análise de cada constituição, destacando 
os pontos mais pertinentes de cada uma.
Durante toda sua história o Brasil teve sete constituições à primeira e mais longa foi a 
de 1824 que sofreu forte influência europeia, ela foi outorgada durante o Brasil império por 
D. Pedro I, o Brasil passava a categoria de Estado independente, dividido em províncias e a 
forma de governo era a monarquia, marcado pela hereditariedade, vitaliciedade e existência 
87
de um poder moderador que conferia ao imperador o direito de intervir em todos os outros 
poderes, tirando assim a autonomia dos demais. A constituição do império revelou um grande 
progresso na garantia dos direitos individuais, mas ainda apresentava uma desigualdade e 
rigorosidade nas normas, alguns progressos nas palavras da constituição de 1824: 
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos dos Cidadãos Brasileiros, que 
tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, são garantidos pela 
Constituição do Império, pela maneira seguinte. I. Nenhum Cidadão pode ser obrigado a 
fazer, ou deixar de fazer alguma causa, senão em virtude da Lei. [...] IV. Todos podem 
comunicar os seus pensamentos, por palavras, escritos, e publica-los pela Imprensa, sem 
dependência de censura; com tanto que hajam de responder pelos abusos, que cometerem 
no exercício deste Direito, nos casos, e pela forma, que a Lei determinar. V. Ninguém pode 
ser perseguido por motivo de Religião, uma vez que respeite a do Estado, e não ofenda a 
Moral Publica. (BRASIL, p. 1824)
Apesar de todos esses avanços, vale ressaltar que nesse momento da história o regime 
escravocrata ainda estava vigentes no Brasil, esses direitos não se aplicavam aos escravos, 
eles não tinham liberdade de expressão cultural e religiosa, eram submissos aos barões e 
podiam ser vendidos livremente. O voto era restrito para os homens e ainda era baseado 
na renda, ou seja, censitário, esse fato excluía a maioria das pessoas de poder escolher seus 
representantes. 
Em 15 de novembro de 1889, com o Decreto nº 01 o Brasil passou a ser uma republica 
federalista e não demoraria para que fosse elaborada uma nova constituição que expressasse 
as ideias republicanas.
Celso Ribeiro Bastos disse: 
 
Com a Constituição Federal de 1891, o Brasil implanta, de forma definitiva, tantoa 
Federação quanto a República. Por esta última, obviam-se as desigualdades oriundas 
da hereditariedade, as distinções jurídicas quanto ao status das pessoas, as autoridades 
tornam-se representativas do povo e investidas de mandato por prazo certo. (BASTOS apud 
VAINER, 2010, p. 173). 
Com a constituição de 1891 houve a tripartição dos poderes, sendo assim consagrada 
a autonomia de cada função. O Estado passou a ser laico, garantia a liberdade de culto 
sem distinção de religião, garantiu ainda a obrigatoriedade do ensino primário gratuito e 
garantiu o voto para todos os homens alfabetizados, mesmo com essas conquistas, o voto 
ainda ficou restrito aos homens, já as mulheres continuavam a ser tratadas como submissas 
ao pai ou marido, sem nenhum direito político. A libertação dos escravos foi uma grande 
conquista, mas não houve uma política de inserção deles na sociedade e a garantia de que as 
normas fossem de fato aplicadas, mesmo com as leis que garantia esse direito o preconceito 
enraizado na sociedade brasileira impossibilitava a igualdade, o acesso a escolas, moradias 
dignas, saúde, saneamento básico, que são direitos fundamentais para existência humana. 
88
Após quarenta e três anos foi feita uma continuação mais moderna elaborada durante 
o governo de Getúlio Vargas, com pequena duração, a nova Carta Magna apresentou grandes 
significativos avanços na esfera social, econômica e cultural, apesar das influências fascistas 
era de caráter democrático. Os movimentos dos trabalhadores durante a República Velha, 
surtiram efeitos e foi com essa nova constituição que ficou garantindo aos trabalhadores 
direitos assegurados com uma jornada de trabalho estabelecida em oito horas por dia, direito 
a férias e folga nos finais de semana. Um pouco mais a respeito da constituição de 1934: 
Se, por um lado, havia uma luta das elites de sempre, que deram corpo à história dos 
vencedores, por outro, havia uma ebulição no interior da sociedade que, ao mesmo tempo, 
constituía a si mesma e a seus novos personagens: os líderes operários e as mulheres 
feministas, que começam a parecer nessa época. A inclusão se fazia absolutamente 
necessária, ou seja, as condições estavam dadas na formação discursiva, como diria nosso 
filósofo. Cabiam escolhas aos novos dirigentes do país: a inclusão através de uma ordem 
democrática ou a inclusão através de uma ordem fascista, que ganhava adeptos e cujas 
simpatias por parte de Getúlio eram conhecidas. A ordem fascista, como toda ordem 
totalitária, tem um jogo de completas inclusões e completas exclusões. ( PINTO, 1999, p.46) 
O voto passou a ser secreto e obrigatório a todos os homens maiores de dezoito 
anos e um dos grandes pontos dessa Carta Magna foi o direito ao voto feminino, apesar de 
ser apenas para as mulheres que eram funcionárias públicas representou um grandioso 
avanço, indicando que as mulheres estavam ganhando espaço na sociedade brasileira e que 
as normas jurídicas estavam se tronando mais justas, deixando de priorizar apenas uma 
parte dos cidadãos para pensar na coletividade, apesar de continuar a excluir os analfabetos 
de exercer os direitos políticos é perceptível os grandes avanços dessa carta. Outro fato de 
fundamental importância é que essa foi a primeira constituição brasileira a reservar um 
capítulo para família, que passou a ser uma responsabilidade do Estado. 
 A terceira constituição foi elaborada por Getúlio Vargas em 1934, introduziu uma 
democracia que representou um grande avanço na história do Brasil, no entanto teve 
poucos anos de vida, pois em 1937 o atual presidente Getúlio revogou a constituição de 1934 
e outorgou uma nova constituição influenciada pelo totalitarismo fascista, que representou 
um grande retrocesso para o país.
 A nova Carta Magna representava apenas os interesses do Estado Novo, implantou 
a pena de morte por crimes políticos, acabou com a liberdade de expressão, determinava 
prisão aos opositores do governo, os partidos políticos juntamente com a justiça eleitoral 
foram extintos. O poder Executivo foi quem ficou com maior autonomia, pois o judiciário 
ficou submetido ao governo e o legislativo foi totalmente excluído do Estado Novo, não 
existia mais Câmara dos Deputados, ou seja, os representantes dos interesses do povo, nem 
o Senado Federal, representantes dos Estados e do Distrito Federal. 
89
 As redes de comunicação também foram perseguidos e reprimidos, sendo obrigados 
a emitir apenas as notícias de interesses do governo ditatório. Os trabalhadores perderam 
os direitos de fazer greve. Essa constituição representava de fato um grande problema para 
os cidadãos brasileiros, pois acabou com a democracia e com os direitos e autonomias dos 
cidadãos brasileiros que foram conquistados com muita luta durante toda história do país. 
Após nove anos de retrocesso, de perseguição aos cidadãos e a imprensa que se 
mostravam contra a nova forma de governar o país, as eleições de 1945 deu ao povo brasileiro 
a oportunidade de escolher um novo representante, então foi eleito o general Eurico Gaspar 
Dutra que governou por decretos-lei até a elaboração da nova constituição que ficou pronta 
em 1946 é portanto a Carta Magna da redemocratização, pois reimplantou os direitos e 
garantias fundamentais, a liberdade de expressão, a autonomia do poder Judiciário, o poder 
Legislativo foi restabelecido, instaurando novamente a democracia. 
A nova constituição era de caráter liberal, obedeceu a divisão dos poderes de forma 
efetiva e garantiu a autonomia administrativa e política dos Estados, acabou com a pena de 
morte e restabeleceu eleições diretas para presidente é importante salientar que os direitos 
sociais e políticos eram os mesmos da constituição de 1934 assim o Brasil conseguia mais 
uma vez ser um país democrático. 
Entretanto como o Brasil nunca foi um país de estabilidade, em 01 de abril de 1964 o país 
caiu em um golpe militar. A justificação para essa intervenção foi a alegação de que estavam 
defendendo os interesses da nação. Foram apenas dezoito anos de direitos consagrados, em 
que as pessoas eram livres para expressar seus pensamentos, em consequência do golpe as 
pessoas foram mais uma vez perseguidas, presas e censuradas. 
Como ressaltado anteriormente o Brasil sempre passou por grandes instabilidades na 
política, quando a constituição de 1967 foi elaborada o país vivia em um regime militar, que 
teve início no ano de 1964. Marcado pelo autoritarismo e o fim da democracia, o chefe do 
Executivo era eleito de forma indireta e não mais pelo povo, era por tanto um poder ilegítimo 
que não tinha o apoio dá população . 
 Com a constituição de 1967 foi suspenso novamente na história do país a garantia 
dos direitos individuais e fundamentais, o povo ficava mais uma vez vulnerável a um 
governo agressivo e opressor , que perseguia repórteres e músicos. Foi restringido também 
a publicação de livros alegando que nenhum livro a ser publicado podia ter conteúdos de 
oposição ao regime vigente. As pessoas foram proibidas de se reunir, podiam perder os 
direitos políticos caso abusassem desse mesmos direitos ou dos direitos de manifestação do 
pensamento. 
Com o Ato Institucional número 5, o regime se tornou mais violento, desenvolvendo-
se uma grande repressão aos opositores, as normas do regime se tornaram mais rígidas, 
acentuou as restrições a liberdade e às garantias coletivas. Nesse jogo de inclusão e exclusão 
90
de direitos muitos perderam a vida no período em que “o dia durou 21 anos” de regime 
militar. 
A constituição promulgada em 1988, mais conhecida como constituição cidadã, vigente 
até hoje no Brasil, trás em seus texto constitucional a garantia dos direitos individuais, 
fundamentais e a volta da democracia . Nas palavras do texto constitucional: 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para 
instituir um Estado democrático, destinado a asseguraro exercício dos direitos sociais e 
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a 
justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, 
fundada na harmonia social é comprometida na ordem interna e internacional, com a 
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte 
Constituição da República Federativa do Brasil. (Brasil, 1988, p.7). 
A Carta Magna de 1988 foi de grande relevância para os brasileiros, mas mesmo 
assim ainda é perceptível as dificuldades para aplicar as leis de modo justo para todos, sem 
distinção de raça, religião, gênero e questões econômicas. A precariedade da educação é 
uma das causas dos problemas sociais que refletem totalmente na ineficiência das leis e 
também o preconceito que faz parte da cultura brasileira, mesmo com a criação de leis o 
preconceito impossibilita o direito a igualdade dos homossexuais, negros, mulheres, entre 
outros grupos que integram a sociedade. Vale ressaltar que a violência sofrida por essas 
pessoas, aumenta a cada dia, por isso é necessário reeducar os adultos e educar as crianças 
para tratar todos de forma igual e aplicar a lei sem nenhuma discriminação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O objetivo do artigo como apresentado na introdução, foi fazer uma análise sociológica 
das constituições brasileiras e falar sobre Estado e democracia, sendo assim percebemos 
que a elaboração de cada constituição ocorreu em momentos de mudanças sociais difíceis 
da história brasileira, com melhorias e regressos no tocante da garantia dos direitos 
individuais e coletivos. Mesmo com a constituição cidadã de 1988 ainda é possível identificar 
na sociedade contemporânea inúmeros problemas relacionados à má administração 
pública, aplicação das normas e dificuldades na política.
O Estado no exercício da sua soberania concedeu e tirou direitos, suprimiu e 
reimplantou a democracia no país, estabeleceu normas de controle social e repressão 
criando e aprimorando a relação de desigualdade. As constituições de 1937 e 1967 como 
foram resultados de uma época autoritária apresentaram maiores mecanismos de coação 
social, apesar de muitas pessoas terem obedecido as regras impostas pelos ditadores, muitas 
91
outras se rebelaram contra essas regras, apesar de toda perseguição sofrida por essas 
pessoas, foram assim que eles contribuíram para que regime autoritário chegasse ao fim, 
portanto ajudaram na redemocratização do país. 
Por fim, concluímos que o Brasil nunca viveu grandes períodos de relativa paz, e 
crescimento social, sempre enfrentando grandes conturbações que desestabilizaram o 
país, mas tudo expressou de forma negativa e positiva os valores e pensamentos de cada 
época. Esses momentos foram necessários e fundamentais para alcançar todos os direitos 
conquistados até então e que tudo sirva de incentivo para que a sociedade continue a lutar 
por igualdade e por um governo que represente os interesses do povo, garantindo os direitos 
e adequando o ordenamento jurídico ao sentido ético da sociedade moderna. 
REFERÊNCIAS 
BRASÍLIA. PLANALTO. (Org.). CONSTITUIÇÃO POLITICA DO IMPERIO DO BRAZIL. 1824. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm>.
VAINER, Bruno Zilberman. BREVE HISTÓRICO ACERCA DAS CONSTITUIÇÕES DO BRASIL E 
DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE BRASILEIRO. Revista Brasileira de Direito 
Constitucional, São Paulo, v. 1, n. 16, p.161-191, dez. 2010.
PINTO, Céli Regina Jardim. Foucault e as constituições brasileiras: quando a lepra e a peste 
se encontram com os nossos excluídos. Educação & realidade. Porto Alegre. Vol. 24, n. 
2 (jul./dez. 1999), p. 33-57, 1999.
Senado Federal (Org.). Constituição da República Federativa do Brasil.Brasília: 
Secretaria de Editoração e Publicação, 1988.
92
DIREITO CIVIL: 
As suas modificações 
e atualidade
Maria Rafaela Vitória Silva de Araújo12
RESUMO
O artigo trata sobre as modificações do direito civil desde o Código de Napoleão de 1804, 
até os dias atuais. O que antes era direito civil, hoje é matéria constitucional. Se no passado 
o direito civil era utilizado para fins econômicos, hoje ele trata de todos os tipos de relações 
humanas, garantindo a dignidade dos mesmos. A intervenção do Estado na economia, fez 
com que o liberalismo deixasse de ser utilizado. O código civil deixou de ser deixou de ser o 
centro das relações do direito privado através da ideia de hierarquização das normas, dando 
lugar a Constituição. Os enunciados constitucionais devem ser obedecidos, pois eles estão 
acima de todas as normas. Por causa desta, o direito público-direito privado vem tomando 
novas características pois ao invés de ser rigorosamente cumpridos, está sendo obedecida a 
Constituição e sendo utilizada a doutrina e a jurisprudência. As normas constitucionais são 
essenciais para a teoria das fontes do direito civil. Apesar de muitas críticas a utilização da 
interpretação resultante dos enunciados constitucionais, todos nós sabemos que a sociedade 
vem se modificando a cada dia, e tomar decisões baseadas apenas na lei, seria totalmente 
errôneo. Se no passado o direito civil era utilizado para fins econômicos, hoje ele trata de 
todos os tipos de relações humanas, garantindo a dignidade dos mesmos. Mesmo tendo a 
liberdade de interpretar, os juízes e juristas não podem abusar dela, favorecendo decisões 
que venham a ser convenientes a eles. Dessa forma, todo o sentido de justiça seria perdido. Há 
uma explanação sobre as modificações da sociedade e das normas jurídicas que têm reflexo 
pela superficialidade das relações humanas nos dias atuais, que influenciam diretamente na 
cultura da população, operando também na vigência de determinadas normas, podendo-se 
relacionar diretamente com o campo político, pois quando se perde a capacidade de amar 
verdadeiramente, ideias de lutar por causas que venham a propiciar o bem comum são 
deixadas de lado. O artigo está dividido em introdução, desenvolvimento, considerações 
12 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
93
finais e referência.
Palavras-chave: Constituição. Normas. Jurisprudência. Sociedade.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo tem o objetivo de mostrar a história do Direito Civil, e fazer uma breve 
comparação a ele atualmente, demonstrando as suas modificações e como o surgimento da 
hierarquização das normas contribui para a sua mudança. A importância da interpretação de 
juízes e juristas para as decisões de tribunais, deixando de lado a rigorosidade no cumprimento 
da lei, tendo em vista a mudança da sociedade nos últimos anos. O surgimento do direito 
civil estabelecido à luz da Constituição Federal, o chamado direito civil constitucionalizado 
e a sua importância para a sociedade atual. Mas, mesmo tendo a liberdade para tal ato, 
não deverá ser ultrapassada, tendo como consequência a desvalorização do sentido de 
justiça. Explica a relação das modificações ocorrentes entre a sociedade e o direito e em 
como os vínculos entre as pessoas estão ficando cada vez mais superficiais, influenciando 
diretamente na vigência de determinadas normas, na cultura das populações e nos campos 
políticos. 
2. DIREITO CIVIL NO TEMPO
A melhor forma de se explicar o direito civil é se baseando na história e não tentando 
dar uma resposta direta e fundamentada em antigos enunciados. Ele começou a aparecer no 
Código de Napoleão, quando leis civis e públicas foram separadas após a sistematização de 
Jean Domat. É fato que muito o difere dos dias atuais, da época do chamado Code, pois o que 
hoje é considerado matéria constitucional, antigamente fazia parte do direito civil. Então, 
ele passou a ser o código civil, regulamentando todos os tipos de relações entre as pessoas.
O direito civil foi identificado, a partir daí, com o próprio Código Civil, que regulava 
as relações entre as pessoas privadas, seu estado,sua capacidade, sua família e, 
principalmente, sua propriedade, consagrando-se como o reino da liberdade individual. 
Concedia-se a tutela jurídica para que o indivíduo, isoladamente, pudesse desenvolver com 
plena liberdade a sua atividade econômica. As limitações eram as estritamente necessárias 
a permitir a convivência social. Emblemática, em propósito, é a concepção que no Code se 
tem da propriedade, seu instituto central, ali definida como o “direito de gozar e dispor dos 
bens na maneira mais absoluta”. (MORAES, 1991, p.3)
94
Daí, podemos observar duas ramificações, o direito privado que se trata do nosso 
direito natural, ou seja, aquele que adquirimos a partir do momento do nascimento, e o 
público, que se sustenta na necessidade geral da sociedade e é emitido pelo Estado. 
Hoje em dia, o direito civil é considerado, segundo Maria Celina B. Moraes (1991): “uma 
série de regras dirigidas a disciplinar algumas atividades da vida social, idôneas a satisfazer 
os interesses dos indivíduos e de grupos organizados através de utilização de instrumentos 
jurídicos.”. Antigamente o direito civil servia também para que o indivíduo defendesse a 
sua posição frente ao Estado, o que naquela época se dava pela liberdade econômica sem 
o envolvimento do Estado, o chamado liberalismo. O liberalismo visava a separação entre 
Estado e sociedade deixou de funcionar quando o poder público, dia após dia foi ficando 
responsável pela economia. Não podemos atribuir a mudança no direito civil apenas a 
“publicização” do mesmo, mas também a mudança interna que ocorreu nele, que alterou 
as suas relações com o direito público, e também pelas grandes correntes de pensamento. 
Apesar de tudo, o Estado ter interferido na economia e na vida civil, não foi algo negativo, 
pois, contribui diretamente nas relações jurídicas.
3. ORDENAMENTO JURÍDICO E DIREITO PÚBLICO-
DIREITO PRIVADO
Para Ana Lúcia Sabadell (SÃO PAULO, 2002): “O objetivo do Direito é examinar como 
funciona o ordenamento jurídico.” A divisão do direito público-direito privado realizada 
por Ulpiano no século IV é utilizada até o presente momento. O código civil deixou de 
ser o centro das relações do direito privado após a ideia de hierarquização das normas, 
dando lugar a Constituição, que ocupa o topo da pirâmide. Daí se trata do ordenamento 
jurídico, que para ser eficiente, deve ter unidade, completude e coerência. A unidade do 
ordenamento jurídico seria a forma como o conjunto de normas está ordenado e como se 
relacionam. Por isso, tomamos ideia de que princípios constitucionais devem se ampliar 
as normas do ordenamento, pois caso não o fizesse, fugiria da ideia de sistema unitário. 
Assim, a Constituição se sobressai, pois, é determinante em escolhas legislativas. Como por 
exemplo, a contraposição entre direito público e direito privado se torna inadmissível, pois 
o ordenamento jurídico é de certa forma um sistema unitário. F. Amaral (RIO DE JANEIRO, 
1990), o qual afirma: “Superando a clássica dicotomia entre direito público e direito privado, 
os princípios fundamentais do direito privado deslocam-se para os textos constitucionais». 
Não deveremos assim, focar em não permitir que a esfera pública invada o direito privado, 
pois antes de tudo devem ser obedecidos os valores constitucionais. Não podemos mais 
esperar que seja cumprida rigorosamente essa divisão, pois o direito civil de alguns séculos 
95
atrás não é o mesmo que vemos nos dias atuais. Além disso, a interferência do Estado na 
economia do país é de suma importância para que seja feito uma melhor distribuição, a fim 
de diminuir a desigualdade, o que seria praticamente impossível se o sistema de concorrência 
pura ainda predominasse. Portanto, é necessário que se faça uma interpretação quando o 
assunto for direito público e direito privado, pois como não se enquadra mais totalmente aos 
antigos textos escritos, a utilização rigorosa dos mesmos poderia levar a norma ir contra a 
Constituição. 
Defronte de tantas alterações, direito privado e direito público tiveram modificados seus 
significados originários: o direito privado deixou de ser o âmbito da vontade individual e o 
direito público não mais se inspira na subordinação do cidadão. [...] no Estado Democrático 
de Direito, delineado pela Constituição de 1988, que tem entre seus fundamentos a dignidade 
da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o antagonismo 
público-privado perdeu definitivamente o sentido. Os objetivos constitucionais de 
construção de uma sociedade livre, justa e solidária e de erradicação da pobreza colocaram 
a pessoa humana no vértice do ordenamento jurídico brasileiro, de modo que tal é o valor 
que conforma todos os ramos do Direito. (MORAES, 1991, p.6)
Para Durkheim a distinção entre direito público e direito privado não é suficiente 
quando relacionada com a sociologia. Ele dá preferência à distinção de direito repressivo 
(direito penal) e direito restitutivo (direito civil, comercial, administrativo, constitucional) 
que correspondem uma forma de solidariedade social. O direito penal condiz a solidariedade 
mecânica, que ocorre como punição em caso de desvio, caso tire a vida de outra pessoa, por 
exemplo. Já o direito civil (e os direitos restitutivos) condiz a solidariedade orgânica, em que 
o não cumprimento com as obrigações acarretam em punições patrimoniais, e não penais. 
4. SURGIMENTO DO DIREITO CIVIL 
CONSTITUCIONALIZADO
A rigorosidade no cumprimento das normas programáticas, fez com que por muito 
tempo a própria Constituição não fosse plenamente aproveitada. Porém, isso está mudando 
e tomando nova forma. As normas Constitucionais estão acima de qualquer outra, não 
podendo ser contraditas. Elas são essenciais para a teoria das fontes do direito civil. Muitas 
críticas foram feitas, que o uso constitucional traria uma interpretação mais que necessária. 
Porém, a utilização rigorosa da lei, sem nenhum tipo de interpretação, não é benéfica para 
a sociedade. 
Aos que criticam tal visão, advertindo que a constitucionalização de todos os setores das 
disciplinas jurídicas geraria a “hiperinterpretação” do documento constitucional, (41) deve-
se contrapor que a uniformidade do ordenamento jurídico consiste exatamente em utilizar 
96
todo o potencial do sistema jurídico em um renovado positivismo, que não se exaure na 
pura e simples obediência à letra da lei, mas que, acatando substancialmente as escolhas 
políticas do legislador constituinte, estende os valores constitucionais a toda legislação. 
(MORAES, 1991, p.8)
A interpretação baseada na Constituição leva em conta todos os tipos de relações, seja 
entre o estado e as pessoas, seja entre as próprias relações pessoais. Dessa forma, o direito 
civil deverá obedecer aos enunciados constitucionais, sendo as suas normas interpretadas 
como reflexo da outra. A “nova cara” do direito civil tem como principal intuito garantir a 
dignidade da pessoa humana, segundo a Constituição Federal (BRASIL, 1988): “Todos são 
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade (...).”. Se no passado ele era utilizado para fins econômicos, hoje 
ele trata de todos os tipos de relações humanas, e garante a dignidade dos mesmos. A partir 
daí começa a surgir o “direito civil constitucionalizado”. O direito civil constitucionalizado ou 
direito civil constitucional é quando se estabelece uma leitura do código civil de acordo com 
a Constituição Federal, isso ocorre por ele estar totalmente em desarmonia com a realidade 
social que nós vivemos e que se modifica a cada dia, fazendo com que a dignidade da pessoa 
humana esteja garantida e haja também uma preservação dos seus direitos individuais. 
5. LIMITES PARA A INTERPRETAÇÃO
O juiz deverá visar atender as necessidades das pessoasno geral, conforme a 
interpretação. Porém, ele não pode ultrapassar além do que deve, considerando apenas a 
sua vontade e ainda acima se for de natureza inconstitucional. 
Com efeito, sabe-se hoje ser uma perspectiva ilusória aquela que considerava a operação de 
aplicação do direito como atividade puramente mecânica, que se resumiria no trabalho de 
verificar se os fatos correspondem aos modelos abstratos fixados pelo legislador. A análise 
do caso concreto, com frequência, enseja prismas diferentes e raramente pode ser resolvida 
através da simples aplicação de um artigo de lei ou da mera argumentação de lógica formal. 
Daí a necessidade, para os operadores do direito, do conhecimento da lógica do sistema, 
oferecida pelos valores constitucionais, pois que a norma ordinária deverá sempre ser 
aplicada juntamente com a norma constitucional, que é a razão de validade para a sua 
aplicação naquele caso concreto. (MORAES, 1991, p.11)
A utilização dos enunciados constitucionais nas relações tem sido empregue por 
intermédio da jurisprudência e doutrina, utilizando-se de algumas obras e algumas divisões 
do direito. Porém, os tribunais estão relendo o código civil considerando totalmente a 
97
Constituição para as suas tomadas de decisões. Em assuntos sobre o assunto do direito 
privado e propriedade, ela também direciona a decisão que deve ser tomada. 
Mesmo que a lei não se pronuncie sobre determinado ou trata sobre ele de maneira 
que não seja considerada certa para a maioria das pessoas, o juiz e o jurista podem sim 
tomar determinadas decisões, baseadas em suas interpretações, na jurisprudência e na 
Constituição. Não ultrapassando além do necessário.
6. DIREITO E AS MODIFICAÇÕES DAS SOCIEDADES
Para Sztompka (POLÔNIA, 1998) “a realidade social não é um estado constante, mas 
um processo dinâmico”. A sociedade humana é marcada por transformações em todos os 
planos. Ninguém pode afirmar que o gênero humano permanece com os mesmos valores 
e age da mesma forma que acontecia na Idade Média, por exemplo. Todos os dias, vamos 
deixando de lado princípios antigos que nos eram destinados. Dessa forma, não é adequado 
que as normas permanecessem a vigorar sendo que muitas pessoas não continuam levando 
determinado estilo de vida. A partir do século XX começou a se dar a devida importância 
às alterações ocorridas nos meios sociais, passando assim a serem estudadas. Podemos 
observar que as mudanças nas sociedades ocorrem por diversos fatores, que vão de 
geográficos à econômicos. Consequentemente, essas modificações influenciam diretamente 
no direito, fazendo com que as normas se adaptem aos novos modos de viver das pessoas. 
Justiniano (INSTITUTAS, 2,12) no século VI, já afirmava que: “primeiro vejamos as pessoas, 
pois de pouco vale conhecer o direito se se ignoram aquelas em razão das quais ele foi 
estatuído”. Porém, alguns autores consideram que as normas podem mudar a forma de agir 
da comunidade, ou seja, que o direito pode influenciar o comportamento das pessoas na 
sociedade, mas, deve-se lembrar de que ele pode interferir parcialmente, mas raramente o 
fará de forma radical. Além disso, é necessário analisar a intensidade da mudança. É utópico 
estabelecer normas absurdas, que fere diretamente o direito de liberdade das pessoas, como 
por exemplo, estabelecer horário exato para que elas devam retornar às suas casas.
 Dessa forma, o direito tanto influencia na vida da comunidade, como é influenciado 
por ela. Esses fatores se dão por motivos econômicos, invenções e tecnologias e valores 
culturais de determinada população. 
7. A INSTABILIDADE DAS RELAÇÕES HUMANAS
As relações entre as pessoas estão ficando cada vez mais superficiais. Este é um 
dos grandes fatores que influenciam diretamente na modificação do modo de viver da 
98
sociedade e na sua cultura, atuando também na vigência de determinadas normas. Mas, 
levando para o lado sociológico, cada vez menos as pessoas se mostram interessadas em 
estabelecer vínculos sólidos com as outras, causando grande divergência do que ocorria em 
algumas décadas atrás. Como descreve o autor Zygmunt Bauman (2004): “Vivemos tempos 
líquidos. Nada é para durar”. O avanço da tecnologia propiciou para tal acontecimento. O 
mesmo autor se utiliza de expressões como “conexão” que está a substituir um verdadeiro 
relacionamento recíproco, em que as pessoas estão de fato preocupadas com as outras. O 
termo “conexão” refere-se diretamente as redes sociais, as quais vêm se tornando parte da 
vida de muitas pessoas. Onde para se dar bem, é necessário ser raso. Raramente alguém 
está a fim de se doar e de lutar pelas vontades de ambos. Pelo contrário, progridem nas 
relações apenas com aquilo que já tem, sem maiores expectativas, sendo assim muito 
fácil se desconectar dos supostos relacionamentos criados virtualmente. É muito comum 
os internautas demonstrarem estar bem o tempo todo, e ter aparentemente, para os seus 
“seguidores”, uma vida perfeita, como se vivessem em férias eternas, incentivando crianças 
e jovens que ainda não tem discernimento o suficiente e até adultos inseguros de si próprios 
a uma demasiada infelicidade, quando na verdade a realidade de todos nós é muito diferente. 
Isto é algo que acaba afetando as nossas vidas de várias formas, pois está nos tornando 
cada vez mais individualistas, menos preocupados com o que está acontecendo ao nosso 
redor, com o sentimento das outras pessoas, com o que é realmente importante. Olhando 
apenas para o nosso próprio umbigo, esquecemo-nos de ter compaixão pelo próximo, 
olhando para o mesmo unicamente com um olhar de desaprovação. Somos tomados pelas 
incertezas. Pode-se relacionar diretamente com o campo político, pois quando se perde a 
capacidade de amar verdadeiramente, lutar por causas que venham a fazer o bem comum 
são deixadas de lado. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
É notório as diversas modificações que ocorreram no Direito Civil. Nos dias atuais, ele 
trata sobre assuntos antes não tratados no código civil. Essa mudança foi fruto da importância 
da Constituição. Ela está acima de todas as normas e ainda define como devem ser. 
O principal objetivo do Direito Civil, não deixa de ser, manter a dignidade da pessoa 
humana, estabelecendo como devem ocorrer diversas relações jurídicas entre as elas. 
Quando nos tratamos da pessoa humana, não podemos negar as mudanças que ocorrem 
diariamente no âmbito social. Daí, surge a necessidade de flexibilizar a lei escrita, utilizando-
se da Constituição, a doutrina e a interpretação, para que se adeque a vida das pessoas de 
forma que não venha a utilizar de preceitos antigos, desmerecendo assim as mudanças da 
99
sociedade. Porém, sabemos que o excesso de interpretação pode vir a não agradar a todos. 
E de certa forma, não é correto utilizar além do devido.
Dessa forma, há o surgimento do direito civil constitucionalizado ou direito civil 
constitucional, que direciona a uma leitura a luz da Constituição Federal, que é necessária, 
pois, o nosso novo código civil foi elaborado em 1975, havendo grande distinção na sociedade 
ao longo desses 43 anos. 
É necessário que essa ideia seja mantida, porém, se for adentrada a possíveis interesses 
individuais, pois não é correto tomar decisões apenas baseadas na lei, sem analisar 
anteriormente o seu contexto. É aí que entra a ideia de que em cada situação, tem o seu 
motivo. Generalizar seria injusto.
Aprofundando um pouco mais no tema, tomamos conhecimento de como ocorrem 
as modificações na sociedade e no direito, e por que eles estão diretamente ligados. Isso se 
dá também por a instabilidade das relações humanas estarem interferindo diretamente na 
cultura das pessoas, pois estão sendo adotadas novas formas de interação, as chamadas 
“conexões”, que assim como são fáceis de serem realizadas, são também de serem desfeitas. 
Além dessa falta de aprofundamento nas relações sociais, percebemos também que isso 
afeta diretamenteo envolvimento da pessoa com a política, pois quando há a falta de amor 
pelo outro, não se vê a necessidade de batalhar por causas que trariam o bem a todos.
 
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Amor Líquido. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
BODIN, Maria Celina. A caminho de um Direito Civil Constitucional. Disponível em: 
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/15528-15529-1-PB.pdf. Acesso 
em: 14/05/2018
BRASIL. Constituição República Federativa do Brasil. Brasília: Saraiva.
SABADELL, A. L.. Manual de Sociologia Jurídica: Introdução a uma leitura externa 
do direito. São Paulo: R.T., 2013.
SANTOS, Severino Augusto. Direito romano. Belo Horizonte: D.R.E., 2013
100
EPISTEMOLOGIA E 
SOCIOLOGIA: 
métodos e pesquisa
Ilanna de Brito Lyra Silva Meira Costa13
RESUMO
O presente artigo estruturado por seções, trata sobre a temática da epistemologia (definição, 
objetivos, questionamentos principiológicos e contemporâneos) e sociologia. Parte-se 
do pressuposto de que as ciências, objetos de estudo geral do conhecimento, apresentam 
diversas configurações, conforme a temporalidade em que se encontram seus criadores. 
Palavras-chave: Epistemologia, Sociologia.
1. INTRODUÇÃO 
O presente artigo tem como finalidade a abordagem discricionária e teórica, de termos 
e teorias, acerca da natureza, origem, validade e grau de certeza do conhecimento postas em 
discussão no âmbito de entendimento das ciências e daquilo que as fundamentam (verdades 
comprováveis).
Deste modo, enfatizar a diferenciação entre conhecimento, crença e verdade, trazendo 
uma análise simplificada do que é certeza e normatividade epistêmica, apresentando a 
distinção entre conhecimento e o valor, além de fazer uma analogia entre o que é explicação 
e compreensão, como também, uma abordagem do que vem a ser lógica em função da 
epistemologia.
Ademais, trago à síntese do dualismo analítico-sintético na filosofia contemporânea e 
a problematização da demarcação do conhecimento científico.
13 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
E-mail:. ilannalyra@gmail.com
mailto:ilannalyra@gmail.com
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2. CONHECIMENTO, CRENÇA E VERDADE
A palavra conhecimento, analisada num sentido geral, apreende um contexto amplo de 
entendimentos, tomando a assimilação de algo como verdadeiro, o qual pode ser aprimorado 
ou corrigido.
Outrossim, o Conhecimento Científico, uma das ramificações do conhecer, como objeto 
primordial deste estudo, se estabelece sinteticamente a partir da apropriação de outros e da 
formulação de experimentos de forma sistemática, para se chegar a uma verdade concreta.
A Crença, sob o ponto de vista valorativo, decorre de uma aceitação doutrinária 
introspectiva, ou seja, de algo como verdadeiro que pode ou não ser justificado, que se 
sustenta por si só, dando força e esperança à motivação. 
Carlos Drummond de Andrade, uma vez explanou: “Há muitas razões para duvidar e 
uma só para crer.”
Já para Sigmund Freud: “A crença em Deus subsiste devido ao desejo de um pai protetor 
e imortalidade, ou como um ópio contra a miséria e sofrimento da existência humana.”
Já a Verdade, ferramenta utilizada para avaliação e comprovação de fatos, muitas 
vezes pondera entra o Conhecimento e a Crença, podendo ter origem ideológica, indutiva 
ou demarcada.
3. NORMATIVIDADE EPISTÊMICA E CERTEZA
A primeira parte deste tópico, normatividade epistêmica, dirige-se ao processamento 
e ao estabelecimento de normas e regras a serem seguidas na busca de uma contemplação 
verídica das ciências, sob o aspecto geral.
Partindo deste pressuposto, podemos fazer um elo com a conceituação de Certeza, 
dentre os vários significados desta palavra e levando em conta o contexto abordado neste 
artigo, atribui-se a esta, o encargo de conclusão do conhecimento.
Émile Durkheim e Max Weber no âmbito das Ciência Sociológica desenvolveram 
importantes métodos para constituição do conhecimento científico. 
Partindo do sentido que a sociologia é uma ciência, a normatividade Epistêmica teve 
contribuições primeiramente, de Émile Durkheim, o qual estabelece que para apuração do 
entendimento do fato social, deve ser analisado com base em etapas metodológicas em cima 
do contexto social, elevando em primeiro plano que o conhecimento deve ser analisado e 
explicado de forma totalmente objetiva e desvinculada de subjetividade.
Para Émile Durkheim, tratar os fatos sociais de maneira científica pode surpreender o 
investigador:
102
“É necessário que, ao penetrar no mundo social, tenha ele consciência de que penetra no 
desconhecido; é necessário que se sinta em presença de fatos cujas leis são tão desconhecidas 
quanto o eram as da existência antes da constituição da biologia; é preciso que se mantenha 
pronto a fazer descobertas que hão de surpreendê-lo e desconcertá-lo” (DURKHEIM,1984, 
Prefácio da Segunda Edição).
O Referido Autor afirma que a sociedade tem existência objetiva, ao declarar que 
os fatos sociais são como “coisas”, ou seja, independem das construções autônomas ou 
individuais, ele definiu, “coisas” como:
 
“[...] todo objeto do conhecimento que a inteligência não penetra de maneira natural, tudo 
aquilo de que não podemos formular uma noção adequada por simples processo de análise 
mental, tudo o que o espírito não pode chegar a compreender senão sob condição de sair de 
si mesmo, por meio da observação e da experimentação, passando progressivamente dos 
caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os menos visíveis e mais 
profundos” (DURKHEIM, 1984, Prefácio da Segunda Edição).
Por conseguinte, Max Weber, institui uma nova forma de apreensão das informações 
acerca da ação social. Contribuiu este, pois, através de etapas e de uma sistematização, 
para a concretização da caracterização das ciências atuais que, diferentemente de Émile 
Durkheim, as informações advêm, numa primeira etapa, de uma escolha subjetiva do ser 
em relação ao assunto; e, em seguida, uma desapropriação de valores.
4. CONHECIMENTO E VALOR
 Ao ser apresentada uma informação, sobre esta decorre, além de um processo técnico 
de estruturação e fundamentação, uma análise racional para validação do conhecimento, 
ou seja, dá-se enaltecimento ou desvalorização do fato, decorrendo daí a sua validade.
5. EXPLICAÇÃO E COMPREENSÃO
Termos diretamente dependentes entre si, que se sustentam na simplicidade e clareza 
daquilo que é exposto a outrem, por via tácita (atos ou fatos, ações ou omissões que por si só 
demonstram a compreensão) ou expressa, e por este compreendido.
103
6. LÓGICA E EPISTEMOLOGIA
A Lógica toma por fundamento o estudo das relações linguísticas que visam formatar 
uma proposição como válida ou inválida na definição de um argumento.
Assim, a Lógica dá forma e conteúdo à linguagem, para que esta possa adentrar 
ao campo empírico do conhecimento e consolidar o raciocínio vindicado pelo locutor e 
interlocutor.
Dentro deste entendimento, podemos vislumbrar a Lógica como essência da 
Epistemologia, isto é, daquela dá-se a fundamentação das ciências, em termos de valor e 
alcance de seus objetivos.
Desta feita, a Epistemologia toma a ciência como razão aparente para dissimular a sua 
motivação, ao tempo em que atua na intersecção de preocupações e disciplinas diversas na 
busca de seus objetivos ou métodos.
7. O ASPECTO SOCIOLÓGICO NA EPISTEMOLOGIA
Todos pressupostos epistemológicos advêm de um contexto social advindo de sócio-
cultural. Dentre os principais precursores da Sociologia podemos encontrar Émile Durkheim 
e Max Weber
8. O DUALISMO ANALÍTICO-SINTÉTICO NA 
FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
Utilizando-se de termos contidos no português, como sujeito e predicado, Immanuel 
Kant, propôs a seguinte diferenciação do conhecimento por via de proposições: 
primeiramente, estabelece que uma proposição analítica é uma proposição cujo conceito do 
predicado está contido no conceito de sujeito, ou seja, a validação do fato é inerente a este;e, em seguida, estabelece que uma proposição sintética é aquela cujo conceito do predicado 
não está contido no do sujeito, sendo assim, compreendido como uma verdade generalizada.
104
9. O PROBLEMA DA DEMARCAÇÃO DO 
CONHECIMENTO CIENTIFÍCO
Desde tempos remotos, a identificação e a delimitação das ciências é uma questão posta 
em discussão no meio social, devido aos seres muitas vezes expressarem saberes de forma 
falaciosa e subjetiva e tentar através destes, com base, não na evolução intelectual-social, 
mas sim, enfocando aspectos individualistas dos mesmos, como: o desejo de sobreposição 
em relação ao outro ou a necessidade deste de ser notado e a resolução de problemas postos 
no caminho destes.
No século XX, Karl Raimund Popper criou um critério para demarcação entre a ciência 
e a não ciência, o qual se baseava na condição de que um determinado fato poderia ser ou 
não analisado ou testado mais profundamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O objetivo do artigo como apresentado na introdução, foi fazer uma análise conjunta 
a uma abordagem discricionária e teórica, de termos e teorias, acerca da natureza, origem, 
validade e grau de certeza do conhecimento postas em discussão no âmbito de entendimento 
das ciências e daquilo que as fundamentam (verdades comprováveis). 
Diante do exposto enfatizamos a diferenciação entre conhecimento (quando analisada 
num sentido geral, apreende um contexto amplo de entendimentos, tomando a assimilação 
de algo como verdadeiro, o qual pode ser aprimorado ou corrigido.), crença (sob o ponto 
de vista valorativo, decorre de uma aceitação doutrinária introspectiva, ou seja, de algo 
como verdadeiro que pode ou não ser justificado, que se sustenta por si só, dando força e 
esperança à motivação.) e a verdade (ferramenta utilizada para avaliação e comprovação 
de fatos, muitas vezes pondera entra o Conhecimento e a Crença, podendo ter origem 
ideológica, indutiva ou demarcada.).
Trazendo ainda uma análise simplificada do que é certeza e normatividade epistêmica, 
apresentando a distinção entre conhecimento e o valor, além de fazer uma analogia entre o 
que é explicação e compreensão, como também, uma abordagem do que vem a ser lógica 
em função da epistemologia.
Ademais, trouxemos à síntese do dualismo analítico-sintético na filosofia 
contemporânea e a problematização da demarcação do conhecimento científico.
105
REFERÊNCIAS 
DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Ed. Nacional, 1984.
JAPIASSU Hilton, Introdução ao Pensamento Epistemológico. Rio de Janeiro: ed. S.A., 1992
106
O DIREITO E 
A EXCLUSÃO SOCIAL: 
fatos que excluem pessoas 
Palloma da Silva Araújo 14 
RESUMO
O Direito vem do latim e significa directum = direto; também tem como parte de sua base 
a palavra jus, o que explica a confusão entre ambos. O Direito tem o objetivo de alcançar a 
justiça, mas nem sempre isso é possível, vemos isso em decorrências práticas do cotidiano. No 
âmbito das relações sociais, percebe-se a necessidade de um equilíbrio, ou melhor, alguma 
forma maior que regesse os contratos sociais; surge então o Direito como forma de “dar a cada 
um o que é seu”. O problema não se encontra na normatização, mas sim na sua aplicação, 
ou melhor, nos seus aplicadores. Ela assegura os direitos fundamentais e igualitários, como 
posto no Art. 5° parágrafo II da Constituição Federal: “Homens e mulheres são iguais em 
direitos e obrigações, os termos desta constituição”; mas em várias decisões de tribunais 
e na vida pública se pode perceber que isso, na maioria das vezes não acontece; causando 
o que chamamos de antijuricidade, que nesse presente trabalho se volta especialmente ao 
seu aspecto sociológico. Ante um sistema capitalista opressor, só tem o básico quem tem 
capital para compra-lo, deixando transparecer por várias vezes que até a justiça parece 
submeter-se a venda. Nessa perspectiva, um dos desafios do combate à desigualdade social 
é elucidar o sistema afetivo/criativo que sustenta a servidão nos planos (Inter) subjetivo e 
macro político, para planejar uma práxis ético/estética de transformação social.
Palavras-chave: Antijuricidade; Desigualdade Social; Direito; Políticas Públicas. 
14 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
107
 INTRODUÇÃO 
O Direito vem do latim e significa directum = direto; também tem como parte de sua 
base a palavra jus, o que explica a confusão entre ambos. O Direito tem o objetivo de alcançar 
a justiça, mas nem sempre isso é possível, vemos isso em decorrências práticas do cotidiano.
 Entre os pré-socráticos já se ouvia falar de forma implícita sobre manifestações do 
direito, de forma mais clara na tradição homérica, como dito por Bittar(2010, p.65): 
[...] período homérico é uma fonte inesgotável para a recriação do sentido de justiça (diké) 
dentro da cultura pré-socrática, na medida em que os pré-socráticos não partiram do nada 
para a formulação de seus problemas e indagações, mas sim a partir de uma longa tradição 
de questionamentos antes localizados no mito, na poesia, nos contos, nas adivinhações dos 
oráculos, na sabedoria dos antigos, nas representações trágicas.” 
No âmbito das relações sociais, percebe-se a necessidade de um equilíbrio, ou melhor, 
alguma forma maior que regesse os contratos sociais; surge então o Direito como forma de 
“dar a cada um o que é seu”. Outro fato a ser observado é em relação aos direitos naturais, 
estes são marcas que trazemos, como aprofundado por Nader (2004, p.367): “O adjetivo 
natural, agregado à palavra direito, indica que a ordem de princípios não é criada pelo 
homem e que expressa algo espontâneo, revelado pela própria natureza.”
DIREITO NA SOCIEDADE 
Como já explanado, o Direito surge como norma de conduta social para melhor 
organização do meio, sendo assim, traz um mundo amplo em suas entrelinhas. São muitas 
leis, artigos, decretos, emendas etc... todo dia há novidades no âmbito jurídico com proposta 
de melhoria no meio e na qualidade de vida, mas será que esse mundo tão vasto tem 
alcançado todos os seus componentes? 
O fato a ser analisado diz respeito aos que se encontram longe dos “padrões da 
sociedade”, aqueles que são pouco vistos e não podem usufruir de maneira devida daquilo 
que é de direito, ou seja, seu direito subjetivo como preconiza NASCIMENTO (2015, p. 4) 
sobre os direitos fundamentais sociais, in verbis: 
Embora reconhecidos e positivados em normas constitucionais, os direitos de segunda 
dimensão tiveram inicialmente eficácia duvidosa, em face de sua função de exigir do Estado 
certas prestações materiais, nem sempre realizáveis, por falta de vontade política ou até 
mesmo de meios de recursos. Assim, o grande problema que aflige os direitos fundamentais 
sociais não está em sua declaração ou no reconhecimento formal de suas garantias, mas 
sim na sua efetivação, que consiste na realização concreta das prestações que compõem 
108
seus respectivos objetos, quais sejam: aceso à saúde, educação, assistência e previdência 
sociais ao trabalho, etc. 
O problema não se encontra na normatização, mas sim na sua aplicação, ou melhor, 
nos seus aplicadores. Ela assegura os direitos fundamentais e igualitários, como posto no 
Art. 5° parágrafo II da Constituição Federal: “Homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações, os termos desta constituição”; mas em várias decisões de tribunais e na vida 
pública se pode perceber que isso, na maioria das vezes não acontece; causando o que 
chamamos de antijuricidade, que nesse presente trabalho se volta especialmente ao seu 
aspecto sociológico.
ANTIJURICIDADE COMO INSTRUMENTO DE 
DESIGUALDADE SOCIAL 
 A antijuridicidade também é denominada de injuridicidade ou ilicitude. Pode ser 
definida como a relação de contrariedade do fato do homem com o Direito (BRANDÃO, 1997). 
Nesse contexto veremos como abordagem principal coma a ineficácia da norma atinge as 
classes baixas. 
 Como já explanadohá leis na Constituição Federal que asseguram as condições 
mínimas para sobrevivência do ser humano como: educação, saúde, moradia, saúde etc. 
Mas na prática percebe-se a sua ineficácia. 
 Ante um sistema capitalista opressor, só tem o básico quem tem capital para 
compra-lo, deixando transparecer por várias vezes que até a justiça parece submeter-se a 
venda. Quantos ricos cometeram atrocidades e por terem dinheiro não conseguiram a sua 
liberdade? Quando presos, tem privilégios lá dentro, até mesmo luxos. Os nossos líderes 
políticos não estão longe dessa realidade. Cometem desvios da saúde, educação, transporte 
público; tira o pouco daqueles que já não tem nada e ainda tem o direito à “liberdade”, em 
outros casos, ficam em prisão domiciliar em suas mansões luxuosas com um ar de deboche, 
ou ainda, quando presos são cobertos por direitos “especiais”. 
 Em uma espetacular música de Flávio José ele diz:
É a sede é a fome
É um sertanejo sem nome 
Que a muito tempo não come
Mas de fraqueza não morre
Ele é que nem a veloz
Que sobrevive sem voz
109
Mostrando sempre pra nós
Que um valente não corre
O xique xique o inhambu
Assim também como tu
Reclama desse verão
Ele nesses versos representa a realidade do sertanejo, enaltecido pela figura nordestina, 
onde estão os maiores níveis de pobreza. Segundo o IBGE (2008), a distribuição da pobreza no 
Brasil mostra que 77% dos municípios nordestinos tinham mais da metade de sua população 
vivendo na pobreza no início desta década, situação idêntica para 32,6% dos municípios 
brasileiros, dados atuais mostram pequenos níveis de melhoria nesse aspecto, mas ainda é 
preciso muito mais para mitigar a situação.
Pode-se então perceber que os direitos fundamentais do cidadão não estão sendo 
efetuados da maneira que deveria. Rousseau (1754) em seu livro: Discurso sobre A Origem 
da Desigualdade faz uma crítica forte sobre o tema. Relata que ela começou a partir da 
propriedade privada, onde desencadeou brigas e guerras sem fim pela posse da terra. 
Afirma ainda que esse foi o marco onde o homem ficou exposto a escravidão e miséria 
daqueles que eram “superiores”. Comparando com a atualidade, aqueles que não tem poder 
aquisitivo torna-se vulnerável e submisso aos das classes mais altas. 
Além dos aspectos já citados anteriormente, há a pobreza de consideração com 
o próximo e de relações sinceras que criam laços que vão além de uma possível vaga de 
emprego, umas curtidas ou seguidores em uma rede social, ou ainda a fama e prestígio. 
Parece um clichê, algo muito religioso, mas em relações onde tudo começa e termina muito 
rápido é difícil haver algo sólido e duradouro. Uma forte crítica é feita a essas relações do 
“século XXI” por Bauman ( 2004, p.25):
Nós entramos nos chats e temos ‘camaradas’ que conversam conosco. Os camaradas, como 
bem sabe todo viciado em chat, vêm e vão, entram e saem do circuito – mas sempre há na 
linha alguns deles se coçando para inundar o silêncio com ‘mensagens’ no relacionamento 
‘camarada/camarada’, não são as mensagens em si, mas seu ir e vir, sua circulação, que 
constitui a mensagem – não importa o conteúdo. Nós pertencemos ao fluxo constante de 
palavras e sentenças inconclusas (abreviadas, truncadas parara acelerar a circulação.). 
pertencemos à conversa, não aquilo sobre o que se conversa.
 De antemão pode-se até pensar que esse pensamento não tem nada a ver com o 
Direito, mas vale ressaltar que ele surge em consequências das relações sociais. Quantos 
processos de separação não foram abertos por relacionamentos que não deram certo por 
uma má convivência, violência, ou simplesmente por terem percebido que tudo não passava 
de uma ilusão sentimental? Quantas indenizações não terão que ser pagas por desrespeito 
110
a cor, orientação sexual ou religião? O assunto discutido por Bauman reflete de forma 
atenuante no nosso atual contexto social.
Será que o nosso direito também não se encontra líquido? O Brasil é conhecido como 
“máquina de fazer leis”, o nosso sistema de leis é o mais complexo do mundo, em suas 
entrelinhas constam os assuntos mais diversos. Segundo estudo feito pelo Instituto Brasileiro 
de Planejamento e Tributação (IBPT), O Brasil já editou e publicou, desde a Constituição de 
1988, mais de 5,4 milhões textos normativos (tabela 1) . São 769 normas por dia útil, como 
representado a seguir: 
Tabela 1- Normas editadas desde a Constituição
(Fonte: Consultor Jurídico, 2017)
 Essa liquidez que Bauman expressada no amor pode ser atribuída ao Direito. Nos 
dados apresentados acima se pode ver como constantemente há a criação ou modificação 
de leis que tem o intuito de acompanhar as constantes mudanças da sociedade; acontece 
que, nem sempre quantidade é sinônimo de qualidade, principalmente relacionado a leis de 
convívio social. Podem-se apresentar dois impasses gerais: A dificuldade para a população 
acompanhar as constantes modificações e a grande preocupação em criar leis “para tudo” e 
não focar na sua aplicação.
Grande parte da população não está a par das modificações no nosso sistema jurídico 
e por esse motivo acabam sendo prejudicadas. Não está sendo referida a justificação para 
o não cumprimento da lei, mas sim a direitos adquiridos que não são informados aos 
que deveriam saber sobre eles. Grande exemplo disso são os direitos trabalhistas; muitos 
empregados não conhecendo seus direitos se submetem a situações sub-humanas (vale 
salientar que há pessoas que conhecem e se submetem por necessidade) ou deixam de 
receber tudo aquilo que é de direito por não ter conhecimento das normas jurídicas.
O segundo problema relaciona-se com a eficácia das normas. Há tanta preocupação 
em sempre ter uma lei para cada problema que possa surgir que há uma descentralização 
para com sua aplicação. Os Estados Unidos, por exemplo, fez pouquíssimas alterações na 
sua constituição, mas cumpre a risca o que está prescrito nela. Não está sendo apoiado um 
111
modo hierárquico e autoritário, no desenvolvimento das leis se deve pensar no bem comum, 
mas depois de codificadas, devem ser cumpridas, principalmente para a ordem pública. 
SOCIOLOGIA JURÍDICA
A sociologia jurídica examina a influência dos fatores sociais sobre o Direito e as 
incidências deste último na sociedade, ou seja, os elementos de interdependência entre o 
social e o jurídico, realizando uma leitura externa do sistema jurídico (SABADELL, 2002, 
p.57). Esta tem olhar de alteridade e faz com que as ciências jurídicas tenham olhar menos 
frio e teórico e possa abranger seu meio de aplicação.
A nossa constituição vigente é de 1988 e apesar das novas leis e emendas não é 
possível atualizá-la totalmente porque as mudanças e renovações que ocorrem são rápidas 
e contínuas. A sociologia, assim como a filosofia e outras ciências que auxiliam o Direito 
servem de auxílio para o julgamento de casos. Um fato que pode ser citado como exemplo 
é o do artista Constantin Brancusi, um dos principais nomes da vanguarda moderna que 
resolveu expor nos Estados Unidos uma das suas esculturas, intitulada “Pássaro no Espaço”, 
de 1923. 
Na Alfândega as obras de artes eram livres de isenções, sendo assim, o artista não 
pagaria pela entrada de sua obra, mas um dos funcionários barrou-a, pois não foi capaz 
de ver o sentido por trás da arte e a viu como uma “matéria prima”. Em resumo, o artista 
abriu um processo contra eles afim de reconhecimento da sua criação como arte. Ganho a 
causa e marcou a história. O que se pode interpretar diante do fato exposto é que o Direito 
eminentemente técnico não é capaz de resolver situações que não se encontram em suas 
cláusulas, é preciso quebrar a fragmentação existente para uma melhor aplicabilidade do 
Direito. Outro fato que pode ser citado é o do consumismo exagerado em consequência do 
nosso sistema capitalista que tem liberdade prevista em lei para atuar, mas em nenhum artigo 
constitucional consta suas consequências nefastasquando em excesso, como aprofundado 
por Bauman (2004, p. 45):
 O desvanecimento de habilidades de sociabilidade é reforçado e acelerado pela tendência, 
inspirada no estilo de vida consumista dominante, a tratar os outros seres humanos como 
objeto de consumo e a julgá-los, segundo o padrão desses objetos, pelo volume de prazer 
que provavelmente oferecem e em termos de seu “valor monetário. 
 A sociologia vem acrescentar, pois, se dizemos que as normas foram criadas para 
organizar a sociedade, é preciso Ciências que a conheça de “perto”, como a Sociologia e mais 
especificamente a Jurídica. 
112
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude dos fatos mencionados somos levados a acreditar que a ineficácia da norma 
está ligada em grande parte à sua maneira de ser aplicada e não ao seu texto propriamente, 
pois, as interpretações da norma podem mudar seu sentido como aprofundado por BITTAR 
(2010, p. 589):
Verifica-se, portanto, que a interpretação é construtiva para o Direito. Não cabe ao legislador, 
mas ao sujeito-da-interpretação, ou ao usuário da linguagem jurídica de modo geral, 
atribuir sentido a textos normativos. Se o usuário for a um só tempo intérprete e aplicador, 
então a aplicação, a decisão, se forjará de acordo com uma interpretação sustentada em 
provas racionais. Com esse tipo de atitude ante a discussão da interpretação, não se está a 
atribuir ao texto-em-si um sentido único; está-se, em verdade, a atribuir ao usuário o poder 
de “dizer” o sentido jurídico (juris-dictio). 
Nessa perspectiva, um dos desafios do combate à desigualdade social é elucidar o 
sistema afetivo/criativo que sustenta a servidão nos planos (inter) subjetivo e macro político, 
para planejar uma práxis ético/estética de transformação social (SAWAIA, 2009, P.1).Está 
fora dos “padrões” não priva as pessoas apenas de roupas, calçados, locais de luxos ou o 
celular do ano, priva também de utilizar daquilo que é de direito, do mínimo necessário a 
sua sobrevivência. O fato é que diariamente pessoas sofrem as consequências de tal fato e 
não tem “armamentos” suficientes para se defender, como ressaltado por Sawaia (2009, 
p.369):
A desigualdade social se caracteriza por ameaça permanente à existência. Ela cerceia a 
experiência, a mobilidade, a vontade e impõe diferentes formas de humilhação. Essa 
depauperação permanente produz intenso sofrimento, uma tristeza que se cristaliza em 
um estado de paixão crônico na vida cotidiana, que se reproduz no corpo memorioso de 
geração a geração. Bloqueia o poder do corpo de afetar e ser afetado, rompendo os nexos 
entre mente e corpo, entre as funções psicológicas superiores e a sociedade. 
 A problemática ressaltada nesse trabalho diz respeito às convergências entre a 
norma e sua aplicabilidade, e a liquidez das coisas num sentido desfigurado, gerando então 
a antijuricidade, ou seja, aquilo que é antijurídico, injusto.
De uma forma mais pontual foi explanado seus impactos diretos com aqueles que 
sofrem pela sua ineficácia e as possíveis consequências. Pode-se assim concluir que ainda é 
preciso muito para oferecer a todos o mínimo de dignidade, são precisos políticas públicas 
mais ativa, políticos realmente preocupados com o povo e não apenas com o poder e ganancia 
e ainda o Direito como fundador dos “direitos” um olhar mais social , principalmente na sua 
aplicação, pois, já pode-se perceber que o impasse maior se encontra em sua aplicação. As 
113
críticas feitas por Bauman sobre uma sociedade líquida vieram a acrescentar sobre uma 
visão de mundo.
A forma como estamos levando a nossa sociedade é preocupante e precisa ser mitigada 
com leis aplicações de leis mais justas e relações com mais sinceridade e menos interesses 
econômicos ou meramente carnais. Concluo com a frase do genial Martin Luther King: “O 
que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.
REFERÊNCIAS:
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Jorge Zahar, Ed. 2004.
BITTAR, Eduardo C. B; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia do Direito. 8 ed. 
São Paulo: Atlas, 2010.
BRANDÃO, Cláudio Roberto C. B. A importância da conceituação da antijuridicidade 
para a compreensão da essência do crime. Disponível em:<https://www2.senado.leg.
br/bdsf/bitstream/handle/id/190/r133-03.PDF?sequence=4> Acesso em: 16 de Março de 
2018. 
Brasil editou 5,4 milhões de normas desde a Constituição de 1988, diz estudo. 
Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-jul-30/brasil-editou-54-milhoes-normas-
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Nações Unidas no Brasil. Pobreza permanece concentrada no Norte e no Nordeste do Brasil, 
diz estudo de centro da ONU. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/pobreza-
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NASCIMENTO, Joyce Gleyciane Pereira. Direitos fundamentais sociais e parâmetros 
para a atuação judicial no século xxi: da ineficácia ao ativismo judicial excessivo. 
Disponível em: <http://openrit.grupotiradentes.com/xmlui/bitstream/handle/set/1198/
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XXI%20-%20DA%20INEFI.pdf?sequence=1> Acesso em: 14 de Março de 2018 .
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito.25 ed.; 22ª tiragem, 2001. São Paulo: 
Saraiva, 2001.
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/190/r133-03.PDF?sequence=4
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https://nacoesunidas.org/pobreza-permanece-concentrada-no-norte-e-no-nordeste-do-brasil-diz-estudo-centro-onu/
https://nacoesunidas.org/pobreza-permanece-concentrada-no-norte-e-no-nordeste-do-brasil-diz-estudo-centro-onu/
https://nacoesunidas.org/pobreza-permanece-concentrada-no-norte-e-no-nordeste-do-brasil-diz-estudo-centro-onu/
http://openrit.grupotiradentes.com/xmlui/bitstream/handle/set/1198/TCC%20-%20DIREITOS%20FUNDAMENTAIS%20SOCIAIS%20E%20PAR%C3%82METROS%20PARA%20A%20ATUA%C3%87%C3%83O%20JUDICIAL%20NO%20S%C3%89CULO%20XXI%20-%20DA%20INEFI.pdf?sequence=1
http://openrit.grupotiradentes.com/xmlui/bitstream/handle/set/1198/TCC%20-%20DIREITOS%20FUNDAMENTAIS%20SOCIAIS%20E%20PAR%C3%82METROS%20PARA%20A%20ATUA%C3%87%C3%83O%20JUDICIAL%20NO%20S%C3%89CULO%20XXI%20-%20DA%20INEFI.pdf?sequence=1
http://openrit.grupotiradentes.com/xmlui/bitstream/handle/set/1198/TCC%20-%20DIREITOS%20FUNDAMENTAIS%20SOCIAIS%20E%20PAR%C3%82METROS%20PARA%20A%20ATUA%C3%87%C3%83O%20JUDICIAL%20NO%20S%C3%89CULO%20XXI%20-%20DA%20INEFI.pdf?sequence=1
http://openrit.grupotiradentes.com/xmlui/bitstream/handle/set/1198/TCC%20-%20DIREITOS%20FUNDAMENTAIS%20SOCIAIS%20E%20PAR%C3%82METROS%20PARA%20A%20ATUA%C3%87%C3%83O%20JUDICIAL%20NO%20S%C3%89CULO%20XXI%20-%20DA%20INEFI.pdf?sequence=1
114
ORGANIZAÇÃO DA 
NORMA JURÍDICA: 
A falta de coerência do 
ordenamento jurídico e suas 
consequências na aplicação 
do direito 
Camila Mariel Pereira Morais de Albuquerque15
RESUMO
Esse artigo trata de contrariedades que são comuns a juridicidade. O Direito é um só mesmo 
com tantas subdivisões, que tem função de facilitar o estudo da ciência jurídica. A formação 
dessa matéria, fundamental para a construção da sociedade, são as normas. Segundo o 
artigo 61º da Constituição Federal, a iniciativa das leis pode partir de qualquer membro 
ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, 
do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores, 
do Procurador-Geral da República e dos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta 
Constituição. Com esse turbilhão de origens normativas fica difícil manter a unidade judicial, 
se de uma pessoa para outra as ideias e costumes mudam, quem dirá entre instituições. A 
consequênciadessa divergência se reflete de maneira intensa no sistema normativo, não 
se pode negar que o conflito entre ordens jurídicas é recorrente no meio, porém, existem 
alguns critérios que ajuda a resolver essas contradições legais. A hierarquia das normas 
que se dividem em constitucionais, supralegais, legais e infra legais, segundo a doutrina de 
João Trindade Cavalcante Filho, no livro Processo Legislativo Constitucional. Assim como 
outros métodos, formatam os mecanismos de desconstrução dessas antinomias, exemplo: 
o critério do tempo, de hierarquia, como foi supracitado, e de especialidade. Mesmo com o 
15 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
E-mail:camilampma@hotmail.com
115
artigo 2º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, A Lei Complementar 95/98 
do artigo 9º e os preceitos já citados ainda encontramos insuficiência de critérios e conflito 
de critério. A necessidade de coerência no ambiente judicial é mais uma garantia de justiça, 
pois, assegura o princípio da equidade. Esse trabalho objetiva destacar os problemas 
enfrentados pelo Poder Judiciário na aplicação do direito, relacionados às antinomias 
jurídicas e expor as soluções com base no ordenamento jurídico de Bobbio. 
 
Palavras-chave: Completude jurídica; pluralidade de normas; antinomias; leis; 
ordenamento jurídico.
1. INTRODUÇÃO 
Em plena decadência do Direito, em Roma, Justiniano percebeu que, a maneira de 
não deixar o trabalho dos grandes juristas que o antecedeu se desfazerem, era através das 
compilações. Essa visão que ele teve garantiu a soberania do Direito Romano, como também 
seu reconhecimento no mundo. E agora, no Direito pós-moderno, não basta apenas juntar 
todas as normas, o conjunto de regras do sistema jurídico devem ser eficazes e coerentes. 
Assim surge um grande questionamento e ponto que deve ser observado. Se a norma é a 
própria unidade criadora do Direito, devemos fazer duas perguntas (Quem cria essas leis? 
e qual sua origem ou fonte?). No Brasil, o primeiro questionamento pode ser respondido 
apenas com uma leitura da CF. A Constituição Federal (Brasil, 1988, p. 19) explana mais 
detalhadamente essa resposta.
A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão 
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da 
República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da 
República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
Segunda indagação, para a professora Maria Helena Diniz “fontes jurídicas seria 
a origem primária do Direito”. Já Kelsen defende a pureza metódica da ciência jurídica, 
considerando como fonte apenas normas com validade jurídico-positiva. As fontes podem 
ser: materiais, formais, históricas, negociais, reais e muitas outras. Não existe um consenso 
universal que define o que pode ser ou não considerado fonte do Direito, por esse motivo 
elas são inúmeras e até podem mudar de nome conforme a doutrina de cada autor. Tendo 
em vista esses dois aspectos podemos pontuar as influências externas nas normas são 
incontáveis, isso torna a tarefa unificadora do Direito um desafio, pois, as antinomias já são 
116
intrínsecas a ele. Esse é o essencial objeto desse artigo, que será esmiuçado é terá exposto 
seus consequentes problemas.
2. AS ANTINOMIAS JURÍDICAS
Bobbio (1995, p. 71) “Se pode falar em unidade somente se se pressupõe como base 
do ordenamento uma norma fundamental com o qual se possam, direta ou indiretamente, 
relacionar todas as normas do ordenamento”. Nesse trecho, o autor de Teoria do Ordenamento 
Jurídico, se refere a Constituição como a norma fundamental, onde todas as outras se 
baseiam para existir. Antes que qualquer lei seja aprovada pelo processo legislativo deve 
passar por uma análise que garanta a consonância dela com a norma maior do país. Com 
esse mecanismo, alcançamos um sistema ordenado, que gerencia suas partes de um diretriz. 
Kelsen divide o sistema normativo em estático, normas estão conectadas umas às outras 
em relação ao conteúdo e dinâmico, as normas originam-se de suas antecessoras e não do 
conteúdo. E segundo ele os ordenamentos jurídicos são considerados sistemas dinâmicos. 
Norberto Bobbio dá três significados de sistema, o primeiro trata-se diz que o procedimento 
é dedução (1995, p. 77)
Um dado ordenamento é um sistema enquanto todas as normas jurídicas daquele 
ordenamento são deriváveis de alguns princípios gerais (ditos ‘princípios gerais do Direito’), 
considerados da mesma maneira que os postulados de um sistema científico.
O aspecto inicial abordado pelo autor, reconhece como sistema jurídico o ordenamento 
que se fundamenta nos princípios gerais do Direito, assim como o postulado de um sistema 
científico. Já no segundo, o procedimento é a classificação, podemos constar que esse modelo 
se baseia na experiência jurídica, que através da observação e análise da sociedade procura 
alcançar um Direito geral, para todos. Com as palavras do autor (Bobbio), os princípios estão 
expondo as ideias dele (1995, p. 79 e 80) respectivamente.
Reunir os dados fornecidos pela experiência, com base nas semelhanças, para formar 
conceitos sempre mais gerais até alcançar aqueles conceitos ‘generalíssimos’ que permitam 
unificar todo o material dado. Diz-se que um ordenamento jurídico constitui um sistema 
porque não podem coexistir nele normas incompatíveis. Aqui, sistema equivale à validade 
do princípio que exclui a incompatibilidade das normas. (…). Dizer que as normas devam ser 
compatíveis não quer dizer que se encaixem umas nas outras, isto é, que se constituam de 
um sistema dedutivo perfeito. 
O terceiro significado oferecido é o que nos leva as antinomias, que são divergências 
entre duas teses, normas incompatíveis, contradição entre duas leis, isso é um problema 
117
antigo e intrínseco do Direito. Relacionando a última definição de sistema, fica evidente 
a incompatibilidade do sistema jurídico com as antinomias, elas não são toleradas. Há 
quatro tipos de classificação da norma obrigatórias, proibitivas, permissivas negativas e 
permissivas positivas, considerando a incompatibilidade legal existe três exemplos dados 
por Bobbio. Entre uma norma que ordena fazer algo e uma norma que proíbe fazê-lo. Entre 
uma norma que ordena fazer e uma que permite não fazer. Entre uma norma que proíbe 
fazer e uma que permite fazer. 
Além das modalidades variadas de leis, também encontramos diferentes qualidades 
de antinomias, para distingui-las é preciso primeiro defini-las. Na primeira tipificação, 
duas normas que se complementem podem se contradizer em alguns aspectos, esses se 
subdividem, um exemplo é o jusnaturalismo e o positivismo, nesse caso teríamos as 
opções de subordinação onde a doutrina considerada mais importante sobreporia a sua 
subordinada, apenas no ponto de discordância e a de coordenação, onde o aplicador 
conciliaria a dissonância legal, de acordo com cada caso, o que traria mais morosidade ao 
sistema. O autor italiano já citado classifica essa definição, brilhantemente, na Teoria do 
Ordenamento Jurídico (1995, p. 87).
As duas normas estejam no mesmo ordenamento jurídico. O problema de uma antinomia 
entre duas normas pertencentes a diferentes ordenamentos nasce quando eles são 
independentes entre si, mas se encontram em um relacionamento qualquer que pode ser de 
coordenação e subordinação [...]. Aqui, basta-nos aludir à tradicional discussão em torno da 
compatibilidade das normas de um ordenamento positivo com as do Direito natural.
A segunda, adentra na validade temporal, na validade espacial, na validade pessoal 
e na validade material. Portanto, não é apenas antinomias das normas que entram em 
conflito entre si, essas contradições também podem ser ideológicas. Bobbio, em Teoria do 
Ordenamento Jurídico (1995, p. 87 e 88), trata mais detalhadamente essasvalidades.
As duas normas devem ter o mesmo âmbito de validade. Distinguem-se quatro âmbitos de 
validade de uma norma: temporal, espacial pessoal e material. Não constituem antinomia 
duas normas que não coincidem com respeito a: a) Validade Temporal: “Proibido fumar 
das 5 às 7”, não é compatível com “Permitido fumar das 9 às 10”. 
b) Validade Espacial: “Proibido fumar na sala de cinema” não é compatível com “Permitido 
fumar na sala de espera”. 
c) Validade Pessoal: “Proibido as crianças fumarem” não é compatível com “Permitido aos 
adultos fumarem”. 
d) Validade Material: “Proibido fumar cigarros” não é compatível com “Permitido fumar”.
118
A classificação final e mais conhecida das antinomias são: Total-Total, quando na 
totalidade de ambas as normas, elas se contradizem; Parcial-Parcial, quando apenas um ponto 
entre duas regras se contrariam; Total-Parcial, quando a primeira norma é completamente 
oposta a segunda, mas essa é apenas parcialmente contrária a inicial. Além disso, esses 
tradicionais conflitos enfrentados pelos juristas não se restringem apenas a norma, também 
podem ser encontradas em ideologias, princípios e outros. Um exemplo de conflitos de 
princípios foi um caso de arremesso de anões numa boate americana, onde o anão gostava 
de participar dessas práticas, que ele julgava ser uma forma de liberdade de expressão, 
mas, que o Estado não concordou, decidindo que tais atitudes vão contra o princípio da 
dignidade. Não só a liberdade se conflita com a dignidade, como também se choca com a 
segurança.
3. APLICAÇÃO DO DIREITO COM AS ANTINOMIAS 
 A aplicação da lei tem cinco etapas. Diagnose do fato, Diagnose do Direito, Crítica 
formal, Crítica substancial e Interpretação da lei. Diagnose do fato: é a análise do fato, 
exame meticuloso do magistrado e seleção das possíveis normas aplicáveis ao caso 
avaliado. Levantamento e estudo da questio facti. Diagnose do Direito: identificação e 
constatação da existência da lei. Crítica formal: constatando a existência da lei, ele analisará 
os requisitos pertencente ao processo legislativo. Critica substancial: avaliação da validade 
e efetividade da lei. Onde se analisa o Poder competente, a constitucionalidade e a natureza 
da lei. Interpretação da Lei: ao termino das análises, juiz deve aplicar sua sentença judicial. 
Destacando o quarto aspecto, a crítica formal, é onde o magistrado se depara com as 
famosas antinomias. Uma notícia do (O GLOBO, 2011), afirma que de 2000 até 2010 o Brasil 
criou cerca de 75.517 leis, ou seja, 18 leis por dia. Não é só a quantidade de normas que 
sufocam e deixa o sistema judiciário lento. A quantidade de regras inconstitucionais é quase 
tão assustadora quanto a produção desenfreada delas. A lentidão dos processos jurídicos 
gera muitas injustiças. O Direito precisa de rapidez e precisão. A quantidade e qualidade 
normativa, estão associadas ao excesso de casos para poucos funcionários e a incompetência 
de alguns, tanto do judiciário, como do legislativo. A função do Poder Judiciário é aplicar as 
leis, promover a justiça e garantir os direitos individuais, coletivos e sociais. Por isso, os 
magistrados precisam avaliar a validade e eficácia das normas, porém, o peso da indústria 
legislativa, por vezes nem permitem que eles tomem consciência de todas as leis.
Ao Poder Legislativo cabe a maior responsabilidade da criação normativa, como esses 
dados facilmente pode se questionar a qualificação dos legisladores perante sua função. 
Quando permitimos que pessoas que desconhece ou tem conhecimento baixo de leis e sobre 
processo legislativo, legislem, não devemos esperar um serviço de qualidade. Portanto, 
119
um fator de grande relevância para a morosidade jurídica é o Poder Legislativo totalmente 
despreparado. Esse despreparo reflete na proliferação de antinomias e a qualidade de que 
elege os criadores das normas.
4. SOLUÇÕES PARA AS ANTINOMIAS 
Duas ordens jurídicas, que vigorem, no mesmo ordenamento, que lançam poder 
competente na mesma esfera de normas, sobre o mesmo tema e que tem diretrizes diferentes, 
posto que para que uma dessas leis seja posta ou aplicada, a outra estará sendo infringida. 
Isso vai contra o dever comum entre o legislativo e o judiciário, que é, garantir a criação de 
normas e aplicação, de modo justo e legal.
A credibilidade do Direito fica comprometida com a existência das antinomias. Existem 
modos eficientes para acabar com elas, como, eliminá-las, totalmente ou parcialmente. Essa 
eliminação ocorreria apenas com uma as duas normas existentes. Para tanto, três critérios 
foram adotados, critério hierárquico, critério cronológico e critério da especialidade. 
Critério hierárquico: nesse preceito o desempate legal se dá pela prevalência da lei superior. 
Essa divisão hierárquica foi inaugurada por Kelsen, com a famosa pirâmide criada por ele, 
onde estabelece que a constituição é superior as outras normas. Doutrinas mais modernas 
definem o poder normativo decrescentemente. Como, normas constitucionais, em forma 
da Constituição Federal, emendas constitucionais e tratados internacionais que versam 
sobre direitos humanos entram em nossa constituição como emenda constitucional. Normas 
supralegais, tratados internacionais sobre direitos humanos não anexados como emendas 
constitucionais. Normas legais: leis complementares, leis ordinárias, leis delegada, medidas 
provisórias, decretos legislativos e resoluções. Normas infra legais: atos administrativos, 
sentença judicial e contratos. Essa divisão pertence ao livro, Processo Legislativo 
Constitucional, do autor, João Trindade Cavalcante Filho. Ou seja, as normas que estão no 
topo anularam as de baixo. 
Critério cronológico: nesse conceito, predomina as leis que surgiram por último, ou 
seja, as normas mais recentes. O artigo 2º da LINDB (Lei de Introdução às normas do Direito 
Brasileiro) de 1942 diz, “Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que 
outra a modifique ou revogue”. Essa lei garante que seja cumprido o critério, porém, 
mesmo com essa lei ainda há dificuldades na aplicação legal, pois quando o juiz vai 
aplicar a lei ele precisa pesquisar se essa ainda é válida. Disso, nasce a Lei Complementar 
95/98, artigo 9º, “A clausula de revogação deverá enumerar expressamente, as leis ou 
disposições revogadas”, tal ordem fez o Direito mais prático, mesmo assim como ele não 
é exato, ainda é possível encontrar novas leis sobre assuntos existentes que não revogam 
expressamente suas antecessoras. 
120
Critério da especialidade: quando existe entre as normas conflitantes, uma norma 
geral e outra especial, nesse caso a última, a especial, deve sobrepor a geral. No texto, Teoria 
do Ordenamento Jurídico de Bobbio (1995, p. 97), discorre melhor sobre a aplicação desse 
critério.
Quando se aplica o critério cronológico ou hierárquico, têm-se geralmente a eliminação total 
de uma das normas. Diferentemente dos relacionamentos cronológicos e hierárquicos, que 
não suscitam necessariamente situações antinômicas, a relacionamento de especialidade 
é necessariamente antinômico. O que significa que os dois primeiros critérios aplicam-se 
quando surge uma antinomia; e o terceiro se aplica porque vem a existir uma antinomia.
A insuficiência de critérios pode ocorrer quando as duas forem contemporâneas, que 
são de nível igual e são normas gerais, os três critérios hierarquia, cronologia e especialidade 
perdem sua efetividade e na ausência de um quarto critério esses embates se desfazem 
geralmente pelas mãos do juiz. Na citação a baixo é possível entender de maneira mais 
detalhada e profunda, na Teoria do Ordenamento Jurídico de Bobbio (1995, p. 97).
O critério cronológico serve quando duas normas incompatíveis são sucessivas; o critério 
hierárquico serve quando duas normas incompatíveis estão em nível diverso; o critério 
de especialidade serve no choque de uma norma geral com especial. Mas pode ocorrerantinomia entre duas normas: 1) contemporâneas; 2) do mesmo nível; 3) ambas gerais. 
Entende-se que, nesse caso, os três critérios não ajudam mais. E o caso é mais frequente do 
que se possa imaginar. Corresponde à situação de duas normas gerais incompatíveis que se 
encontrem no mesmo código.
 
 Em caso de inaplicabilidade de critérios a aplicabilidade de dois ou mais critérios 
conflitantes temos conflitos de critérios. Essas antinomias podem ser chamadas de antinomias 
de segundo grau. “Existem antinomias solúveis e insolúveis, as razões pelas quais existem 
antinomias insolúveis são duas: a inaplicabilidade dos critérios ou a aplicabilidade de dois 
ou mais critérios conflitantes”. As solúveis, são aquelas que podem ser resolvidas com os 
três critérios já mencionados. Há três possibilidades que são incomuns de encontrar no 
ordenamento jurídico. Os conflitos de critério podem ser: entre o hierárquico e o cronológico; 
entre o de especialidade e o cronológico; entre o hierárquico e o de especialidade. 
 A primeira possibilidade, critério hierárquico contra o cronológico, ocorre quando a lei 
superior e antecessora é antinômica perante a inferior e sucessora, prevalecendo, nesse 
caso, o critério de hierarquia sobre o de cronologia. Assim, elimina-se a norma inferior, 
mesmo essa sendo mais recente. “O critério cronológico só vale como critério de escolha 
entre duas normas colocadas no mesmo plano.” (Bobbio, 1995, Teoria do Ordenamento 
Jurídico). Segunda possibilidade, critério de especialidade contra o cronológico. “Acontece 
quando uma norma anterior-especial é incompatível com uma posterior-geral. Nesses casos 
121
o critério de especialidade prevalece.” (Bobbio, 1995, Teoria do Ordenamento Jurídico). 
Terceira possibilidade, embate entre o critério de hierarquia e o de especialidade, quando 
uma regra superior e geral conflita com uma regra inferior e especial. Nesse caso, Bobbio, 
não estabelece uma solução para esse conflito. Admitindo que não caberia nessa ocasião 
colocar uma resposta pronta para esse impasse e dessa maneira classifica tal possibilidade 
como um caso de falta de critério. O interprete seria então o responsável pela “adaptação do 
Direito às necessidades sociais, que diz respeito então ao critério da especialidade.” (Bobbio, 
1995, Teoria do Ordenamento Jurídico). Ou seja, o operador da lei fará a análise do caso, 
da sociedade e da norma, unindo-as, com o objetivo de promover a justiça através de sua 
sentença.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 A proibição de antinomias nos códigos e constituições não se encontra escrita em 
nenhuma lei, porém, a evidência de que tal situação não pode ser aceita está clara por 
motivo de que essas dicotomias fragilizam o Estado de Direito.
Extraindo os principais aspectos do artigo, podemos direcionar como sustentáculos dos 
problemas do sistema normativo como reflexo dos cidadãos despolitizados, mal orientados e 
com baixo nível de escolaridade.
A primeira consequência direta disso é o total despreparo dos legisladores, os quais 
desconhecem totalmente os fatores instrumentais, que são essenciais para elaboração 
qualitativa e eficaz das normas. A segunda que é indireta são as antinomias e essas originam 
infindas más consequências, como injustiça, incredibilidade no judiciário e até influência o 
tempo da aplicação do Direito.
O problema da coerência nasce por motivo do ordenamento jurídico constituir-se 
por um conjunto de normas que emergem de variadas fontes, por isso, podem apresentar 
oposições entre si. Isso traz para sistema judicial uma lacuna causada pelas antinomias. 
A formação de bons eleitores, que sejam críticos, racionais, justos, podem também 
elevar a qualidade dos candidatos. Isso se conquista com educação de qualidade e acessível 
para todos. Os países mais educados e politizados são os mais justos e democráticos.
REFERÊNCIAS:
BOBBIO, Norberto; DE CICCO, Claudio. Teoria do ordenamento jurídico. 10ª edição (p. 
71, 77, 79, 80, 87 e 97). Brasília: UnB, 1999.
122
BRASIL. Nº 91 (p. 19). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Brasília.
BRASÍLIA. PLANALTO. (Org.). DECRETO-LEI N° 4.657. 1942. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del4657compilado.htm>. Acesso em: 04 set. 1942.
MAIA, Cesar. LEI COMPLEMENTAR N°51 DE 28 DE AGOSTO 2001. Disponível em: 
<https://leismunicipais.com.br/a/rj/r/rio-de-janeiro/lei-complementar/2001/5/51/lei-
complementar-n-51-2001-altera-a-lei-complementar-n-48-de-5-de-dezembro-2000>. 
Acesso em: 04 jul. 2005.
123
A CRISE NO DIREITO 
CONTEMPORÂNEO: 
Uma visão detalhada e 
crítica do judiciário no 
Brasil atual
Kalyane Dias de Araújo Melo16
RESUMO
Este artigo trata do descompasso entre a concepção arquitetônica dos tribunais brasileiros e a 
realidade socioeconômica em que atuam; a chamada “judicialização” da vida administrativa, 
política e econômica; o protagonismo do judiciário na sociedade acabou por o corromper 
e o tornar vulnerável, ampliando o risco de perda de autonomia dos tribunais, podendo 
levar ao comprometimento das próprias liberdades públicas; trata dos problemas que o 
judiciário tem, da burocratização e demora dos processos. Existe uma justiça cega para 
ver os problemas sociais que estão ao seu redor, fechada dentro de si mesma, rodeada pelo 
formalismo, pela bela aparência que afasta as pessoas mais pobres dos âmbitos jurídicos. 
Uma justiça que não tem eficiência, que não penaliza os verdadeiros culpados, que estende 
tanto um julgamento que o crime acaba prescrevendo; que não é prática, que não se integra 
a sociedade como órgão reformador, para buscar a prevenção dos crimes e não só agir 
depois que a vítima já morreu. Que não enxerga que atrás daquele processo tem um caso de 
uma vida, que precisa ser cuidado. Uma justiça que precisa ser mais humana. Que esbanja 
uma beleza e um formalismo demasiado, se preocupa com a aparência dos ritos e esquece 
de se atrelar a sociedade, de socorre-la em meio a suas indagações, por outro lado, chega 
a afastar a população que enxerga impedimentos para não se volver da justiça, seja pela 
demora, seja pelos custos, seja pela falta de confiança para com ela; ficando, pois, a mercê 
da impunidade e da falta de garantia dos seus direitos.
16 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
E-mail: melokalyane@gmail.com
124
Palavras-chave: Judicialização, burocratização, justiça, formalismo, sociedade. 
1. INTRODUÇÃO
A “crise na justiça” se deve ao fato da ineficiência com que o judiciário desempenha 
suas três funções básicas: a instrumental: resolver conflitos, a política: controle social, e a 
simbólica: disseminar um sentido de equidade e justiça na vida social. A justiça age apenas 
quando devidamente provocada.
A origem dessa crise na justiça nos remete ao Brasil colonial, onde existia uma 
instituição de feições inquisitórias, com intricado sistema de prazos, instâncias e recursos, 
sendo organizado como um burocratizado sistema de procedimentos escritos.
Essa justiça não consegue enxergar os problemas da sociedade para saber como 
se adequar a eles e resolver melhor os empasses da população, esses problemas são 
caracterizados pela desigualdade de renda, pelo mercado de trabalho em que pessoas 
desempregadas ou empregadas, mas sem carteira assinada, ficam desprovidas do amparo 
da lei, abrindo as portas para os trabalhos informais e para o aumento da violência urbana; 
os homicídios crescentes - as pessoas com baixa renda, excluídas da economia formal em 
que a transgressão cotidiana se converteu na única possibilidade de sobrevivência em uma 
condição Hobbes de vida.
Uma justiça que edita leis para dar conta de casos específicos e conjunturais, produz 
normas singelas para serem aplicadas em situações complexas, com um modelo judiciário 
incompatível com o nosso cenário brasileiro – onde não existe igualdade formal perante a 
lei, o que impede o acesso de parcelassignificativas da população aos tribunais e acaba por 
comprometer a efetividade dos direitos fundamentais.
Existe uma relação entre Direito e sociedade, como nos afirma Ana Lucia Sabadell, o 
direito é criado a partir das exigências da sociedade, para regular o comportamento das 
pessoas, para que haja o bem-comum; quando o direito não consegui garantir isso, surgem 
todos os problemas citados aqui citados. 
O direito exerce um duplo papel dentro da sociedade: ativo e passivo. Ele atua como um 
fator determinante da realidade social e, ao mesmo tempo, como um elemento determinado 
por esta realidade. Dentro deste contexto, identificam-se as pressões dos grupos de poder 
que podem induzir tanto para que se dê a elaboração de determinadas regras, bem 
como para que as regras em vigor sejam cumpridas, levando a um processo de anomia 
generalizado. Esta análise permite superar “os modelos de relação causal simples” entre 
direito e sociedade. (Sabadell, 2013, p. 88).
125
Na prática jurídica, entre o fato ocorrido e o julgamento do réu se passam anos, 
seres humanos ficam em presídios com condições precárias e desumanas esperando pelo 
julgamento, até sem haver provas necessárias para justificar a prisão preventiva. Direito 
cheio de lacunas, onde algumas vezes o culpado não é punido, e o inocente é punido sem 
haver uma investigação mais precisa. 
2. PROBLEMAS RELACIONADOS AO ÂMBITO 
JURÍDICO 
Em 1609 o primeiro tribunal se estabeleceu no Brasil, mais especificamente na Bahia, 
era os chamados Relação do Porto, desde esse tempo criou-se a cultura do jeitinho brasileiro 
e da corrupção impregnada em todos os órgãos públicos, o desejo de se sobressair sobre o 
outro, de fazer coisas desonestas para subir na profissão, colocando em detrimento a ética 
profissional, a população e todo um sistema. 
Essas características não são apenas dos políticos, mas também dos operados do 
direito sejam advogados, juízes, defensores públicos, ninguém está imune de ser picado por 
esse mosquito.
Há uma formalidade demasiada dada ao sistema jurídico, tudo é burocrático, cerimonial, 
técnico, denso, autoritário. O que impede a abertura da justiça as pessoas mais pobres, tão 
castigadas pela segregação social, pois para se entrar nos âmbitos dos fóruns, é necessário 
ter toda uma vestimenta especifica e nem todos tem acesso a isso, aliado também ao fato 
de que as pessoas pobres não podem pagar advogado particular o que estende o prazo de 
possível resolução dos empasses jurídicos. “De nada serve a lei sem justiça, porque a sua 
simples criação tornou possível encontrar o meio de ilibar os ricos e penalizar os pobres. 
(DAVID ZAC) 
Outra exclusão decorre do juridiquês, os profissionais do direito usam toda uma gama 
de palavras, que não são usadas no nosso dicionário, e quando usam as do nosso dicionário, 
as usam com outro sentido, provocando também esse distanciamento da população leiga 
dos âmbitos jurídicos, por não entender, há toda uma exclusão eminente.
Essa justiça que por vezes se porta como um cavalo usando antolhos, que o impede de 
ver as laterais, só o deixando como única opção olhar para frente; nossa justiça se prende ao 
que está na sua frente que são emaranhados de processos e burocracias, e não enxerga os 
problemas ao seu redor – prostituição de crianças, machismo, mulheres sendo assinadas; ela 
só age no problema já acontecido e depois de vários anos que a morte, o estupro aconteceu 
(lenta), não se atenta para a prevenção, para proteger a vítima ameaçada, para criar lugares 
de apoio para a vítima antes que o mal maior aconteça com ela – perder sua vida. Justiça 
https://www.pensador.com/autor/david_zac/
126
cega pelo bloqueio hermenêutico, cujos sintomas mais graves são a diminuição do campo de 
visão do jurista e uma perda substancial de seu senso jurídico, inclusive do seu juízo crítico.
Essa justiça também é acusada da não neutralidade, de fazer política, fazendo mais 
que suas funções, adentrando-se em lugares que não são de sua competência; pois com a 
chamada “Judicialização” o judiciário se apodera de uma função que compete ao legislativo, 
pois ao fazer a lei, o legislativo deixa uma lacuna, o sentido verdadeiro dessa lei, só vai 
ser entendido ao ser aplicado em caso concreto, cabendo ao judiciário interpretar e aplicar 
sendo assim coautor da lei. 
Desde os primórdios com a abertura do primeiro tribunal na Bahia, o legislativo tenta 
adaptar as mudanças sociais com novas leis, as “velhas” são revogadas por novas e com 
isso nosso direito vai evoluindo; entretanto cabe uma outra crítica, ao fazer novas leis o 
legislativo acaba “inchando” o judiciário, a feitura de novas leis não vai resolver os problemas 
da sociedade, muitas leis estão em vigor, mas não são efetivas, não são fiscalizadas; só 
existem, ou seja, a criação de novas leis não vai garantir a solução dos empasses e clamores 
da sociedade, o que pode resolver problemas sociais é a efetivação e cumprimento dessas 
lei.
As mudanças sociais são também a causa das reformas legislativas que impuseram nas 
últimas décadas a “desregulamentação da economia” (redução do poder fiscalizador e do 
papel econômico do estado) na era neoliberal (Faria,1999). O mesmo aconteceu com as 
reformas em muitos países europeus, que aboliram as normas liberais com relação ao direito 
de residência e de trabalho dos estrangeiros, para bloquear a entrada de trabalhadores 
imigrantes.” (Gorski,1998) (Sabadell, 2013, p. 88)
3. A INEFICIÊNCIA DA JUSTIÇA
Devido a todos os problemas acima citados, boa parte da população acaba não 
procurando a justiça para resolver seus problemas, resolvendo-os pelas próprias mãos, de 
acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o senso realizado em 1990, 
apontou que apenas 4% dos brasileiros haviam procurado a polícia e a Justiça para garantir 
seus direitos. Desses, grande maioria haviam procurado a justiça apenas para cumprir as 
exigências das empresas de seguro.
Devido a lentidão, muitos processos acabam prescrevendo antes mesmo de ser 
alcançado sua sentença final o que gera a impunidade dos culpados, que quando tem 
advogados ficam soltos durante todo o julgamento – praticando novos crimes, que 
possivelmente nunca serão julgados.
Em 1996, uma pesquisa do Banco Nacional de Desenvolvimento mostrou que a 
ineficiência do Judiciário custa, anualmente, o equivalente a 15% do Produto Interno Bruto.
127
Rui Barbosa – talvez o maior jurista brasileiro – já afirmava aos seus alunos de Direito 
que justiça atrasada é o mesmo que injustiça manifesta. E não tem solução simples. Não dá 
para tratar o Judiciário como uma empresa, com regras de produtividade e metas anuais, 
por exemplo. Basta notar que uma das causas da lentidão reside numa de suas qualidades 
mais louváveis: o direito de ampla defesa que toda pessoa tem ao ser acusada de um crime, 
além do direito de ser julgado em mais de uma instância. São direitos fundamentais para que 
você não corra o risco, algum dia, de ser acusado injustamente e condenado sem ter tido a 
chance de se defender.
O problema é que esses direitos constitucionais, ao serem traduzidos no código que 
rege o processo penal, transformaram-se numa escada sem fim de instâncias de julgamento 
e nada menos que 16 tipos de recursos. Em vez de garantirem direitos ao cidadão, acabam 
sendo usados malandramente para se ganhar tempo ou anular uma decisão por uma 
questão meramente formal.
O filme Brazil, narra a história de um mundo superburocratizado, em que injustiças 
são perpetuadas para não atrapalhar o funcionamento da máquina judiciária. O título do 
filme diz muito da imagem que nosso sistema tem pelo mundo afora. Nesse jogo que muitas 
vezes beira o surreal, no qual só os advogados, promotores e juízes entendem as regras nos 
seus detalhes mais complexos, o processo se transformou numa peça abstrata, um monte 
de relatórios, pareceres e sentenças que seguem mecanicamenteo rito processual sem 
levar em conta que os interessados são pessoas de carne e osso, que sofreram agressões 
ou até mesmo que perderam suas vidas nas mãos de pessoas perigosíssimas. Muitas vezes 
conta mais para a sentença final quem falou primeiro perante um juiz (o código exige que 
a acusação fale antes da defesa do réu para que o julgamento tenha validade) do que aquilo 
que foi dito durante a audiência.
Na verdade, nem todos esses problemas nascem no Judiciário, pois quem faz as leis e 
códigos processuais é o Legislativo. Cabe aos deputados e senadores muita responsabilidade 
pelo imbróglio em que a Justiça se meteu. 
Não é por acaso que as corporações transnacionais, conscientes das dificuldades 
das instituições jurídicas para lidar com o novo, interpretar normas programáticas e 
conhecer o próprio contexto histórico em que atuam, têm, fugido dos países com tribunais 
burocratizados, ritualizados e presos a arcabouços jurídicos ultrapassados, especialmente 
aquele com origem no direito romano. O que tem contribuído para o surgimento de meios de 
resoluções de empasse pelas empresas, sem a intervenção do estado; são eles arbitrariedade, 
conciliação, mediação, dentre outros. A justiça, por toda sua morosidade de demora nos 
prazos, inchaço de processo e descumprimento de prazos determinados se torna uma 
ameaça a casos que precisam de decisões rápidas e prática, pois com tanta globalização, 
nós geração do digital, do agorismo, (queremos tudo no agora) ficamos aborrecidos quando 
temos que apelar a justiça com sua demora corriqueira.
128
4. TENTATIVAS DE REFORMAS
Apesar da Constituição nos garantir o acesso formal à justiça (art 5.°, incisos 
XXXV,LIV,LV), existem barreiras que impedem as pessoas de um acesso efetivo, essas 
barreiras dividem-se em quatro categorias: 
Barreiras econômicas: O altos custos do processo intimidam as partes, que muitas vezes 
desistem de solicitar a proteção judiciária, porque não podem pagar as despesas ou porque 
não é satisfatória a relação entre o custo de processo e o benefício esperado. Barreiras 
sociais: Por desconfiarem do sistema de justiça, os eventuais litigantes desistem do processo. 
A falta de confiança é devida a experiências anteriores dos interessados ou a relatos de 
outras pessoas. Uma outra barreira social consiste no medo de romper relações sociais e 
sofrer represálias, quando se inicia um processo contra amigos, vizinhos, empregados ou 
pessoas poderosas. Barreiras pessoais: a falta de informações sobre direitos de proteção 
judiciária e, principalmente, sobre possibilidades de assistência gratuita impedem 
pessoas oriundas de classes desfavorecidas de exercerem seus direitos. Além disso, a 
inferioridade cultural dificulta a comunicação com os advogados e juízes, criando ulteriores 
desvantagens. Barreiras jurídicas: Trata-se de obstáculos relacionados com as regras de 
organização do processo e de funcionamento dos tribunais: excessiva duração do processo 
e incerteza em relação ao resultado; distância geográfica do tribunal; número limitado de 
juízes, promotores e procuradores; incompetência profissional e psicológica de advogados. 
(Sabadell, 2013, p. 197-198)
Todas essas barreiras acabam favorecendo a parte que tem mais recurso financeiro 
e estrutural, acabando por definir a sentença favorável ao mais abastado (como grandes 
empresas que ganham causas em detrimento dos funcionários ou consumidores) o que 
contribui para a preservação das desigualdades sociais, pois é evidenciado que tem mais 
recursos financeiros, tem mais chances de ganhar uma causa.
Há também as tentativas de reformas, para que o judiciário seja “para todos”. Dentre 
esses métodos temos a assistência jurídica, onde um defensor público, pago pelo estado, 
dá assistência as pessoas que não podem pagar os honorários de um advogado particular; 
contudo ainda não se pode garantir o acesso efetivo das camadas sociais pobres, pois nota-
se uma demasiada lentidão, em se tratando de defensor público. 
Sobre os gastos com assistência judiciária aos necessitados no Brasil, há dados de alguns 
Estados. Foram gastos, em 2008, um pouco mais de 100 milhões de reais com assistência 
judiciaria na justiça estadual, sendo a despesa por habitante de 76 centavos, baixando apara 
1 centavo no Maranhão e em São Paulo e zero no Paraná. (Conselho Nacional de Justiça,2009, 
p.289) 
No Brasil se expande nos últimos anos a prática da advocacia pro bono, que auxilia a 
população carente com a iniciativa de grandes escritórios que, sem abdicar de suas 
atividades lucrativas, interessam-se pela função comunitária da advocacia. (Sabadell,2013, 
p. 199)
129
À justiça penal também se atribui várias críticas, pois as partes envolvidas não podem 
dialogar entre si no decorrer do processo e julgamento, a vítima fica à margem de seu 
sofrimento e o agressor, mergulha no mundo do crime e em uma provável reincidência. O 
processo fica nas mãos dos representantes do estado. Acredita-se que a solução é a prisão 
do agressor, contudo ao integra-lo a uma prisão com condições sub-humanas, superlotadas 
e com vários presos, tão atrelados ao crime quanto ele; propicia ao ensino de experiências 
criminosas, tornando-se a prisão, não um lugar propício para uma ressocialização e 
mudança de pensamento do infrator frente a sociedade; mas sim um lugar para reafirmar o 
seu lado infrator, se integrar a gangues e praticar novos crimes ao sair da prisão.
De toda forma, nos países que adotam práticas restaurativas, o índice de reincidência criminal 
é bem menor que o da justiça tradicional retributiva, e estudos indicam que as soluções 
alcançadas são satisfatórias para os envolvidos. Disso se retira uma lição importante: apesar 
da inflação de normas penais que vivenciamos na atualidade, do endurecimento do sistema 
penal, a solução deve ser buscada fora do sistema penal-prisional. (Sabadell, 2013, p. 203).
A justiça restaurativa, visa estabelecer um diálogo entre vítima e agressor para superar 
os danos causados, busca-se a reparação da vítima, a conscientização e responsabilização do 
ofensor e sua reconciliação com a comunidade. Já a justiça retributiva apenas tenta retribuir 
ao agressor o mal que ele fez com a vítima, para que ele pague pelo que fez; colocando-o 
em uma prisão que não vai recuperá-lo. Não se busca fazer um trabalho com a vítima e o 
agressor, trazendo psicólogos que orientem para a amenização dos traumas, para ir em 
busca da raiz do problema, tratar o interior das pessoas, suas convicções, sua educação. 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A crise na justiça perpassa todos os âmbitos jurídicos, começa já com a elaboração das 
leis, pelo legislativo; leis muitas vezes elaboradas em benefício dos próprios parlamentares, 
leis que não são pensadas em prol da população (como a reforma da previdência que estava 
sendo votada), leis que servem de moeda de troca para Deputados, Senadores e Presidentes 
permanecerem no poder. São essas leis que chegam no judiciário para serem aplicadas. 
Temos que ver a justiça, além das belezas, interpostas por seu formalismo, seu decoro, 
analisa-la como a metáfora do evangelho de Matheus 23, 27-32 dos sepulcros caiados, 
limpos e pintados por fora, mas por dentro só tem ossos podres, ou seja, nosso judiciário por 
fora nos aparenta ser um sistema integro, bonito, elegante, mas não é prático, não atende 
a população com eficiência, não compreende quais são suas demandas; seus problemas 
sociais, não se integra a população, é apenas um órgão à parte, que não informa o povo dos 
seus direitos, mas que parece afastar os pobres dos seus âmbitos, chegando os mais pobres 
só quando estão algemados para serem julgados.
130
Apesar de vermos um aumento no número de processos anualmente recebidos pelos 
tribunais de primeira instancia, consta-se que muitas pessoas ainda não procuram a justiça 
em caso de conflitos. Busca-se a ampliação dos serviços de defensorias pública que são, 
hoje, disfuncionais eenfrentam uma carga excessiva de trabalho.
Uma iniciativa de aproximação dos operadores do direito com a sociedade é o juizado 
itinerante que levam juízes, advogados e auxiliares de justiça aos mais remotos lugares do 
Brasil; como no Norte do país, em que eles vão nas casa das pessoas que tem pendências 
com a justiça, e fazem uma “desburocratização” da justiça, que sai dos seu âmbitos, do 
comodismo e se integra a comunidade, busca entende-la e ser presente na vida das pessoas, 
essas iniciativas são elogiáveis e deve-se expandir para os demais lugares do Brasil. 
A Emenda Constitucional n. 45 de 2004 introduziu uma série de medidas cujo objetivo é 
agilizar e universalizar o acesso à justiça. Garantiu-se, entre outros, o direito fundamental 
à celeridade processual (artigo 5.º, inciso LXXVIII), o funcionamento ininterrupto da justiça 
e a expansão da justiça itinerante. Tais reformas estão sendo objeto de análise por parte 
da doutrina, sendo que alguns especialistas alegam que se trata de normas simbólicas, 
algumas inclusive inconstitucionais (Tavares, 2005; Tavares e outros, 2005). Do ponto de 
vista da sociologia jurídica, é ainda muito cedo para avaliar a contribuição dessas reformas 
para o afastamento dos obstáculos do acesso à justiça. (Sabadell, 2013, p. 204)
Existe também a arbitragem judicial como forma para facilitar o acesso à justiça. 
Operadores do direito resolvem os conflitos patrimoniais de forma rápida, sem intervenção 
dos tribunais. 
REFERÊNCIAS 
Antonio Pessoa Cardoso, Primeiro Tribunal do Brasil. Disponível em: http://www.migalhas.
com.br/dePeso/16,MI35267,81042-Primeiro+Tribunal+do+Brasil. Acesso em: 18 de março de 
2018
José Eduardo Faria, Direito e Justiça no século XXI: a crise da justiça no Brasil. Disponível em: 
http://www.ces.uc.pt/direitoXXI/comunic/JoseEduarFaria.pdf. Acesso em: 18 de março de 
2018
Sabadell, Ana Lucia. Manual de Sociologia Jurídica: introdução a uma leitura externa do 
direito, 6ª ed. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2013.
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI35267,81042-Primeiro+Tribunal+do+Brasil
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI35267,81042-Primeiro+Tribunal+do+Brasil
http://www.ces.uc.pt/direitoXXI/comunic/JoseEduarFaria.pdf
131
Thiago Nóbrega Tavares, A crise na jurisdição e o movimento de acesso à justiça. Disponível 
em: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-crise-na-jurisdicao-e-o-movimento-de-
acesso-a-justica,52556.html. Acesso em: 18 de março de 2018
Vinícius Romanini, Justiça. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/justica/. 
Acesso em: 18 de março de 2018
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-crise-na-jurisdicao-e-o-movimento-de-acesso-a-justica,52556.html
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-crise-na-jurisdicao-e-o-movimento-de-acesso-a-justica,52556.html
https://super.abril.com.br/ciencia/justica/
132
LÁGRIMAS E CONQUISTAS: 
Desafios e Direitos
Jocieli Hermano da Silva Cabral17 
RESUMO
Analisando as lutas e conquistas das mulheres pelo reconhecimento dentro da sociedade. 
É inegável que se trata de uma história de enfrentamentos e desafios, cuja autoria foi de 
guerreiras com sede insaciável por igualdade e direito, estas se lançaram ao improvável, 
tornando provável, mostrando que esse conceito foi capaz de ser alcançado a custa da 
persistência feminina. No curso da civilização e construção de conceitos, ações por meio de 
buscas incansáveis para respostas, a fim de proporcionar um mundo coerente e justo. Porém, 
filósofos e pensadores que analisam tudo, pensam pela razão e lógica e tem, geralmente, 
uma visão mais ampla das coisas. Não se deixa levar pela massa e tem senso crítico, capaz de 
levantar várias possibilidades para resolver um problema, estes, transferiram inferioridade 
aos seres que são capazes de ter paciência e gerar uma vida dentro de si, que tem total 
capacidade plena para exercer os mais autos cargos pleiteada por um homem. Todavia, 
são fatores que influenciaram a discrepância entre os sexos até os dias de hoje. A religião 
também teve sua contribuição, uma teoria básica relata que, Eva foi feita a partir da costela 
de Adão, seria por tanto inferior a este. Elas se cansaram de ser a minoria perante aos 
homens, deixando de serem subalternas e uma simples domestica do lar. Com o passar do 
tempo, elas perceberam que tinham a capacidade além do trabalho doméstico e provedora 
do lar. Ganharam espaço onde até então era ocupado somente pelo sexo masculino. Elas 
adquiram mais força e espaço. É notório seu crescimento em cargos de extrema relevância, 
porém com certos limites. Nem todos se contentam com os frutos adquiridos pelas mulheres, 
pois ainda vivemos em uma sociedade que acredita que o sexo feminino é frágil, incapaz de 
exercer determinadas funções ou governanças.
Palavras-chave: Conquista. Lutas. Mulheres.
17 Graduando em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). E-mail: Jhsc1989@gmail.com
133
1. INTRODUÇÃO
Esse artigo tem o objetivo de mostrar o reconhecimento profissional adquirido através 
de movimentos feministas. No decorrer da história, elas tiveram seus direitos negados pelo 
simples fato de serem mulheres e dotadas de irracionalidades, sendo assim incapazes de 
exercerem funções distintas aquelas que lhe foram dadas (doméstica). Ficando refém 
da soberania do sexo masculino. Filósofos e pensadores também ajudaram a disseminar 
a pequenez dessas guerreiras que só queria ter o reconhecimento igualitário perante o 
homem. As mulheres conseguiram alguns benefícios, porém, devido a presença forte do 
direito masculino, poucos usufruíam. Após lutas e movimentos feministas intensos travadas 
contra o meio social, conquistou a inserção no mercado de trabalho, participação política e 
social. Elas estão cada vez mais presente e atuante na sociedade, porém, foi uma luta longa e 
árdua, conseguindo seus direitos e reconhecimento no campo de trabalho. Foram resultados 
positivos que culminaram na integração delas na sociedade, não de forma realmente efetiva 
como deveria ser, mas, de forma que sua presença tem sua relevância, e que essas lutas 
resultarão no direito tão almejado de uma sociedade justa.
2. RESUMO HISTÓRICO DA MULHER NA SOCIEDADE
Antes do século XIII, as mulheres eram oprimidas, subordinadas e confinadas dentro 
dos lares, sofriam torturas psicológicas e até agressões físicas e não passavam de um mero 
objeto doméstico, condicionada a inteira devoção aos maridos e jamais em hipótese alguma 
poderiam discordar do esposo, pois este poderia castiga-la, suas condições eram limitadas, 
basicamente a função de procriar, educar os filhos e manutenção da casa, predominava-se 
a força e a capacidade humana, por serem consideradas frágil e inaptas jamais poderiam 
adentrar no mundo governado por machos, se não bastasse a aversão, ainda tinham seus 
direitos corrompidos. 
O patriarcado indica o predomínio de valores masculinos, fundamentados em relação 
de poder. O poder se exerce por meio de complexos mecanismos de controle social que 
oprimem e marginalizam as mulheres. A dominação do gênero feminino pelo masculino 
costuma ser marcada (e garantida) pela violência física e/ou psíquica em uma situação na 
qual as mulheres (e as crianças) encontravam-se na posição mais fraca, sendo desprovidas 
de meios de reação efetivos. (SABADELL, 2013, p. 220)
O patriarcalismo se tornava cada vez mais dominante, marcado pelas violações dos 
direitos das mulheres, tornando-se elemento cultural que se perpetuava. Sempre o gênero 
dominante (o homem) administrava e conduziam as principais atividades da época e as 
134
mulheres eram inteiramente excluídas, tanto na esfera pública quanto na privada. Essa 
privação não era um mero caso isolado dentro da sociedade, isto é, o gênero feminino tinha 
total exclusão de partição na tomada de decisões, direito políticos e matérias administrativas 
no que diz respeito a cargos e funções. As mulheres eram provedorasdo bem estar familiar, e 
somente os homens detinha a capacidade para gerir todas as situações e sistemas pertinentes 
à sociedade da época, assim, os valores dos homens tinham como fundamento a relação de 
poder sobre a mulher e superioridade de gênero, exercendo domínio e marginalizando sexo 
feminino.
Nesse sistema dualista atribuímos valores femininos e masculinos às coisas e às pessoas 
e a tratamos diferentemente em função desse valor atribuído, sendo sempre superior o 
valor masculino. Os homens são racionais, ativos e com capacidade de abstração no 
pensamento, enquanto se atribuem às mulheres características “inferiores” como a 
irracionalidade, o sentimento, a passividade. Essa é uma forma de organizar o pensamento 
e, consequentemente, as relações sociais entre indivíduos de sexos diferentes, garantindo a 
supremacia masculina. (SABADELL, 2013, p. 216)
Elas não se manifestavam com o tratamento desigual, isto é, aceitavam todas as 
imposições que lhes eram ditas. Viviam aprisionadas dentro do seu próprio direito do qual 
foram negados. Era estabelecida uma cerca, onde o homem ocupava a parte de dentro 
com todos os privilégios possíveis na sociedade, enquanto elas ficam do lado de fora. 
Nunca tiveram a mínima noção do grau de subordinação em relação aos homens, sempre 
administrando arduamente seu convívio familiar como mantedora, como doméstica e 
escrava. Há milênios, em diversas culturas as mulheres estiveram de inteira subordinação 
aos homens, mas nem todas tem o mesmo parâmetro de tratamento, em algumas culturas 
o tratamento é tenebroso, depois do casamento, passam a ser propriedade dos maridos 
e podem ser agredidas, presas e até estupradas sem ter a quem recorrer. E até hoje essa 
tratamento doentio é praticado, como em alguns países do oriente médio, a séculos essas 
culturas vem cometendo essas injustiças.
As condições e intensidade desta relação de denominação entre os gêneros variam de 
região para região, devido à diversidade de fatores que influenciam e condicionam as 
relações sociais. Por exemplo, as graves discriminações impostas às mulheres negras nos 
Estados Unidos e no Brasil são diferentes daquelas impostas às mulheres em alguns países 
mulçumanos. Porém, todos esses casos, identifica-se o processo de dominação masculina 
como fenômeno mundial que atinge todas as pessoas que, por diversas razões, assumem 
papéis femininos no âmbito das relações sociais. (SABADELL, 2013, p. 220)
Na idade média, as mulheres tratadas como um mero objeto de obrigações para o 
homem, conceitos dogmáticos impostos por uma sociedade extremamente machista. Suas 
vestes eram volumosas, a grande maioria não sabia ler, raras eram as exceções quando 
os pais eram ricos. A igreja com seu grande poder e influência, justificava e favorecia tal 
135
dominação, via o casamento a possibilidade responsável pela procriação da família. Algumas 
mulheres solteiras entravam para conventos ou mosteiros onde vivia uma vida monástica. 
Isso lhes permitia a oportunidade de obter uma educação ou levar uma vida devota. A caça 
às bruxas foi uma perseguição social e religiosa que se deu inicio no final da Idade Média. 
A maioria das vítimas eram mulheres, estas foram julgadas e executadas por tribunais sem 
direito a defesa, uma das atrocidades intolerantes e cruéis. 
Maus tratos, mutilação de órgãos genitais, estupros, tortura dentro de casa, divórcios 
desejados pelas mulheres, mas dificilmente alcançados, esses são alguns tratamentos 
impostos às mulheres do oriente médio, assim Bauman (2004, p. 55) cita “A partir dessa 
dolorosa percepção de impotência, talvez insuportável, ficamos tentados a correr em busca 
de abrigo”. Existia grande receio entre os homens, eles tinham medo perder o controle e o 
poder da estrutura social. Por isso consideravam irrelevante a inteligência feminina, sendo 
esta, apenas atribuída à característica de instrumento do lar, causando baixo autoestima 
entre elas por não terem reconhecimento.
3. A MISOGINIA NAS RELIGIÕES, ENTRE OS 
PESADORES E FILÓSOFOS E AS RELAÇÕES NO 
MUNDO CONTEMPORÂNEO
A misoginia pode se manifestar de diversas formas e atos, se trata do ódio, aversão, 
desprezo e preconceito contra as mulheres, incluem-se a exclusão social, hostilidade, 
violência e etc. Assim, em uma sociedade misoginica, as mulheres recebem tratamento 
absolutamente diferenciado, sendo literalmente rebaixadas, desqualificadas, estabelecendo 
distinção, sendo que, em determinados casos elas desempenham a mesmo cargo/função e, 
à s vezes até com currículo maior, porém, seu subsidio na grande maioria será abaixo da 
meta em relação ao mesmo salário pago a um homem. 
A posição moderada fundamenta-se na igualdade entre homens e mulheres que foi 
historicamente negada, criando problemas que hoje evidenciam em muitos setores da 
vida social, como pagamentos de salários menores para as mulheres ou a sua menor 
representação em cargos do poder. Nesta perspectiva sustenta-se que é necessário retirar 
as barreiras postas ao acesso das mulheres à vida econômica e política. (SABADELL, 2013, 
p. 219)
Em regra, isso é fato, partindo de uma lógica simples e sem complexidade para deixar 
claro e sem qualquer duvida. Em um comparativo entre homens e mulheres asseguro a 
seguinte conclusão: o homem que trabalha na cozinha é chamado de chefe, enquanto o 
sexo oposto, cozinheira. Confecções de roupas, o homem é denominado comumente 
136
alfaiate e enquanto sua parceira é chamada popularmente costureira. Saindo um pouco 
do quesito profissão e adentrando no aspecto cultural, diz-se que, o homem que namora 
varias é chamado de pegador ou garanhão (depende da sociedade em questão, no tocante 
a expressão falada) enquanto elas “safadas” impuras, a depender da região ou país, já 
citado anteriormente. Contudo, assevero que, esse substantivo cultivado na sociedade é 
abominável, desprezível e deve ser abolido por inteiro.
As condições e a intensidade desta relação de domínio entre os gêneros variam de região para 
região, devido à diversidade de fatores que influenciaram e condicionam as relações sociais. 
Por exemplo, as graves discriminações impostas às mulheres negras nos Estados Unidos e 
no Brasil são diferentes daquelas postas às mulheres em alguns países mulçumanos. Porém, 
em todos esses casos, identifica-se o processo de dominação masculina como fenômeno 
mundial que atinge todas as pessoas que, por diversas razões, assumem papéis femininos 
no âmbito das relações sociais. (SABADELL, 2013, p. 220).
3.1 Princípios de subalternidade das mulheres
No Genesis narra a história após a criação do primeiro habitante do jardim do Éden, 
Deus retira uma costela de Adão para fazer a personagem Eva, assim deixa claro que Eva 
seria abaixo de Adão não genealogia do paraíso. Contudo, Eva foi acusada de ter cometido 
uma das maiores transgressões ao comer o fruto do conhecimento relatado na bíblia, induziu 
também que Adão o comesse, deixando Deus furioso e tendo os expulsado do paraíso do 
qual tinham todos os manjares possíveis que poderiam usufruir, exceto um, o fruto do 
conhecimento.
Analisando esse princípio do cristianismo, que também é adotado por outras religiões, 
como o judaísmo e o islamismo, seria um fato precursor para determinar a razão e a 
subalternidade das mulheres em relação aos homens? Será que essa ideologia dogmática 
relatado nos antigos escritos dessas religiões, conduziu as mulheres a serem minimizadas 
ao longo dos séculos? Isso é apenas uma pequena fração dessas religiões interpretadas 
erroneamente a fim de satisfazer um só lado, o masculino. Não há relatos de rabinos ou 
líder religioso muçulmano do sexo feminino, relatado nos escrituras na importância de 
sacerdócio. Vejam que no cristianismo, as mulheres de fato só começaram a desempenhar 
o sacerdócio neste século XXI. 
Todavia nessas religiões em algumas passagens nas escrituras, elas são idealizadas 
como sinal de pecado e tentação, sua beleza e sensualidadeera tratado como armadilhas 
para seduzir os homens a cometer atos pecaminosos. Diante dessas premissas, a quem 
agarre a essas ideias de um contexto histórico que não condiz com a sociedade hoje, com 
a intenção de colocar a mulher sempre um degrau inferior. Isso ocorre atualmente no islã, 
137
o livro sagrado, o alcorão, estabelece literalmente a inferioridade do sexo feminino, visto 
que, nas escrituras, elas são desprovidas de inteligência e crença, podendo levar o homem 
facilmente a perdição.
3.2 Filósofos e pensadores
Grandes filósofos e pensadores com suas capacidades de raciocinar e olhar para o 
mundo com uma visão mais apurada sem aceitar tudo como verdade absoluta. Esses gênios 
da humanidade, não generalizando, são acusados pelas feministas de misóginos. Aristóteles 
grande filósofo grego atribuiu inferioridade a mulher ao descrever o seguinte “A natureza 
só faz mulheres quando não podem fazer homens. A mulher é, portanto, um homem 
inferior”. Já Santo Agostinho descreveu “Mulheres não deviam ser educadas ou ensinadas 
de nenhum modo. Deviam na verdade ser segregadas já que são causadoras de horrendas e 
involuntárias ereções em santos homens”. Tomas de Aquino menosprezou o sexo feminino 
ao trata-las como um ser acidental, assim ele descreve “A mulher é um ser acidental e 
falho, seu destino é viver sob a tutela do homem. Sobre si mesma ela não tem autoridade 
alguma”. Vale salientar que esses não foram os únicos atribuíram incapacidade, desprezo 
ou inferioridade as mulheres. É fato comprovado, o mundo foi constituído à base da filosofia 
soberana masculina, religiosos, pensadores, intelectuais, filósofos e outras entidades aqui 
não citadas, disseminaram de forma intencional ou a luz dos seus contextos históricos a suas 
épocas a ideia as mulheres são elementos falhos e incapazes, que interferem na santidade 
dos homens, com base nisso e entre outros argumentos, os homens se sentiram no direito de 
desprezar as mulheres sendo tratada na maioria das vezes como coisas.
4. CIDADANIA E AS LUTAS PELO DIREITO
Foi a partir do século XIII que se começou a falar em reivindicações dos direitos. 
Os movimentos iluministas com ideias de igualdade, fraternidade e igualdade na França, 
despertaram o anseio de lutar mais e mais por tudo que lhe foi negado e usurpado. Foi nesse 
momento que a mulher na história, um gigante adormecido sedento de direito, acorda para 
o mundo e ver sua capacidade de contribuir com a sociedade em todos os setores possíveis, 
seja privado ou público, afinal, elas são dotadas de maestria de igual ao homem, podem 
exercer quaisquer atividades que lhes forem impostas. 
 Essas lutas eram baseadas na condição de justa igualdade, uma política de direitos 
civis. Surge então, a possibilidade de toda a classe feminina conseguirem as condições tão 
almejada a séculos. O iluminismo não foi suficiente para modificar a estrutura social de 
138
modo que as mulheres tivessem participação ativa no mundo, mas serviu de combustível 
para as futuras conquistas. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e 
mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição (BRASIL, 1988)
A custa de lutas, a mulher passa a ingressar no mercado de trabalho, conseguindo seu 
espaço, mas trabalhar não era uma tarefa fácil, elas eram submetidas a extensas e cansativas 
horas de trabalho, recebiam remuneração inferior e também sofriam constates assédios 
no âmbito do tralho. No século XIX, com a revolução industrial, cresceu significativamente 
número de mulheres empregadas, porém, eram exploradas e submetidas a exausta jornadas 
de trabalho e salário baixíssimo. A partir desse momento, surgem ideologias socialistas que 
se consolidaram, de modo que o feminismo se fortaleceu. Elas se organizaram para que suas 
vozes fossem ouvidas, guerreando para suas condições de trabalho e qualidade de vida, 
contra o poderio masculino e o distúrbio da classe social.
[...] ainda que essas mulheres estejam ocupando novos e promissores espaços de trabalho, nos 
quais sua inserção tem características bastante similares às dos homens, elas permanecem 
submetidas a uma desigualdade de gênero presente em todos os escalões do mercado de 
trabalho: ganham menos que seus colegas de profissão. (BRUSCHINI e PRUPPIN, 2004, p. 
109)
Para ter seu espaço no mundo de igual gênero, surgiram diversos movimentos sociais, 
cujo foco principal era mostrar a sociedade seu valor feminino. Inicia-se o rompimento com 
o machismo mandante da sociedade, com ações valorativas e participativas. Aos poucos elas 
ganham terreno, conquistam sua cidadania. Após a segunda guerra mundial, a igualdade 
de direitos entre homens e mulheres é reconhecida em documento internacional, através 
da Carta das Nações Unidas e em 1951, as mulheres ganham mais uma vitória, a igualdade 
de remuneração entre trabalho masculino e feminino para função igual, aprovada pela 
Organização Internacional do Trabalho.
Nos Estados Unidos, no dia 8 de março, em uma fábrica têxtil, 129 operárias morrem 
queimadas numa ação policial, porque reivindicaram a redução da jornada de trabalho de 
14 para 10 horas diárias e o direito à licença-maternidade. Diante dessa tragédia irreparável 
para humanidade que manchou a dignidade e os direitos das mulheres, foi instituído mais 
tarde, o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, em homenagem a essas mulheres, a essas 
guerras que sucumbiram reivindicando seus direitos. 
O direito ao voto foi uma luta constante que duraram séculos para se concretizar. Sem 
deixar apagar o último suspiro, sem deixar a dignidade feminina perecer, surge os primeiros 
frutos a serem colhidos por elas. A primeira nação a reconhecer o direito de votar foi a nobre 
139
Nova Zelândia, no ano de 1893. Isso foi apenas a ponta do iceberg. Entre 1914 à 1939, elas 
garantiram o direito de votar em mais 28 nações, incluindo os Estados Unidos da América. 
O Brasil não ficou para trás, também mostrou que existe um principio de igualdade e 
direito entre gêneros. Nesse mesmo período, no Estado do Rio Grande do Norte, no município 
de Mossoró teve o privilégio de conceder o direito ao voto para a primeira mulher em solo 
nacional. Em âmbito nacional foi conferido e aprovado no ano de 1932.
Basta pensar na batalha travada pelas mulheres para conquistar o direito de voto (no Brasil 
isso só ocorreu em 1932). As estudiosas feministas lembram que o direito moderno foi criado 
pelos homens. Se mesmo no século XX, em diversas partes do mundo, as mulheres não 
tinham direito ao voto, isso significa que não podiam ser eleitas e elaborar leis. E sabemos 
que até hoje a representação das mulheres nos órgãos políticos continua bastante reduzida. 
(SABADELL, 2013, p. 217)
Depois de um longo e árduo processo de exclusão na sociedade, a mulher brasileira, 
conseguiu o direito de votar e ser votada, infelizmente esse processo ainda estar muito 
aquém dos homens no setor político. Apesar de serem a maioria do eleitorado, elas são a 
minoria na representação política. Apesar dos direitos adquiridos essa é uma realidade que 
incomoda nossa sociedade. Por isso carece a necessidade da participação maior dessas 
parcela para resguardar ainda mais a justiça e combater os laços que prendem e amordaçam 
a voz feminina.
No Brasil, com os movimentos feministas que adquiriram conquistas na constituição 
1988. Conquistas essas derramaram lagrimas de alegrias, quando se lembravam dos tempos 
em que seus direitos eram negados. Elas conquistaram direitos trabalhistas, que além de 
garantirem dignidades, poderiam trabalhar com direitos exclusivos e inéditos à época. 
Foram garantidos na carta maior o direto à licença maternidade, assistência aos filhos em 
crechese pré-escola e dentre eles o que fechava com chave de ouro, proibição de diferenças 
salariais entre homens e mulheres, porém, esses direitos não saíram do papel e apesar de ser 
constitucional, isto é, não existe norma maior que está lei.
CONSIDERÇÕES FINAIS
Esse perfil vem sendo modificado, o progresso é visível. A mulher vem a cada dia 
mostrando os valores reconhecidos com suas capacidades de atuação em diversos setores da 
nossa sociedade atual. Seu reconhecimento alcançado pelo voto e também pela capacidade 
é atuação no campo político através do voto representativo, reforçando cada vez mais o 
reconhecimento. É notório que as mulheres estão inseridas nas mais diversas áreas e campos, 
apresentam condições e capacidades gerir os mais altos escalões da sociedade, vem ganhado 
espaço e minimizado tais diferenças, impostas pela sociedade que atribuiu inferioridade as 
140
mulheres. Com os movimentos sociais em prol das mulheres tem-se ganhando cada vez mais 
margem, suas lutas e participação tem sido fundamental para conquista dos seus diretos, da 
sua cidadania.
Todavia, ainda é escancarado os privilégios masculinos inserido no nosso mundo, não 
podemos negar que nossa sociedade foi construída à base do direito masculino, mesmo com 
grandes avanços e conquistas, seja em qual for a parte do globo terrestre, as mulheres estão 
muito aquém dos homens, porém, em algumas partes do mundo elas tem pouco ou nenhum 
direito. Entrando na linha do nosso Estado Democrático de Direito, “Brasil”, apesar dos 
grandes feitos e conquistas dessas cidadãs, nota-se uma pequena participação das mulheres 
na política, estas, só para deixar registrado, é a maioria do eleitorado do Brasil. Essa é uma 
pequena fração da discriminação do sexo feminino em nosso país, sem falar, que tanto no 
setor público ou privado, quando não são a minoria estão sendo constantemente assediadas 
e/ou ganham absurdamente remuneração inferior aos homens.
É necessário fazer políticas públicas para a inserção da mulher na política, no setor 
público/privado de igual cargo, remuneração e respeito dos seus superiores e colegas de 
trabalho, com penalização para quem descumprir e marginalizar o sexo feminino, por achar 
que são frágeis ou inferiores Assim garante Constituição da República Federativa do Brasil, 
ao deixar claro que “Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição” (BRASIL, 1988). É lamentável em tempos pós-modernos e globalizado, com 
avanços tecnológico fluindo sem precedentes, persiste ainda uma sociedade atrasada onde 
à mulher ainda é subestimada e violentada em sua integridade física, moral, psicológica, 
política e social. Contudo, essa ideologia vem perdendo forças e será dissipada com o tempo.
REFERÊNCIAS 
BAUMAN. Z. Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos. Rio de Janeiro: J.Z.E, 2004.
BRASIL. Constituição República Federativa do Brasil. Brasília: Saraiva. 1988
BRUSCHINI, C. ; PUPPIN, A. B. Trabalho de mulheres executivas no Brasil no final do século 
XX. Cadernos de pesquisa, São Paulo, vol. 34 nº 121, p. 105-138, jan/abr, 2004.
CARVALHO, D. J. (01 de 2011). A Conquista da Cidadania Feminina. disponível em www.
uniesp.provisorio.ws: http://www.uniesp.provisorio.ws/revista/revista11/pdf/artigos/12.
pdf . Acesso em 18 de 03 de 2018.
SABADELL, A. L. Manual de Sociologia Jurídica. Introdução a uma leitura externa do direito. 
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
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