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dialogos-socio-juridicos

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Comitê Científico: 
Arthur Heinstein Apolinario de Albuquerque Souto 
Glauber de Lucena Cordeiro 
Waleska Bezerra de Carvalho Vasconcelos 
José Herbert Luna Lisboa 
Ulisses Leite Crispim
 
Projeto Gráfico: 
Núcleo de Publicações Institucionais (NPI) 
Colaboradores: 
Beatriz Vitória Pereira de Lima 
Camila Mariel Pereira Morais de Albuquerque 
Fabrycio Marinho Veras Mascena 
Giovanna Márcia de Arruda Leite 
Ilanna de Brito Lyra Silva Meira Costa 
Jocieli Hermano da Silva Cabral 
Kalyane Dias de Araújo Melo 
Larissa Maria da Silva Rodrigues 
Lucas Vinícius dos Santos Amaral 
Mariá Adelaide de Sá Varandas Neta 
Maria Danielma da Silva Rodrigues 
Maria Júlia Damasceno Bezerra 
Maria Julia Silva Rezende 
Maria Rafaela Vitória Silva de Araújo 
Maryane Dayara Batista de Souza 
Palloma da Silva Araújo 
Rayanne Marques Nascimento
S586d
 Silva, Hélcia Macedo de Carvalho Diniz e
Diálogos sócio-jurídicos/ Hélcia Macedo de Carvalho Diniz e Silva 
(org.) - João Pessoa, 2018.
139f.
ISBN 978-85-87868-61-9
1. Produção Acadêmica. 2. Pesquisa Científica. 3. Direito. 4. Sociologia. 
I. Título.
 
UNIPÊ / BC CDU 316:34
Não desperdice papel, imprima somente 
se necessário. Este e-book foi feito com 
intenção de facilitar o acesso à informação. 
Baixe o arquivo e visualize-o na tela do 
seu computador sempre que necessitar. 
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Como melhor 
utilizar este ebook
APRESENTAÇÃO
Hélcia Macedo de Carvalho Diniz e Silva
Professora Titular - UNIPÊ
 Sob a justificativa de escrever está onde, para quem e o que se escreve, ademais a definição 
do gênero discursivo, que depende diretamente do contexto em que está inserido. Nesse caso, 
uma apresentação de uma produção que foi composta paulatinamente, ao longo das pesquisas 
desenvolvidas por cada um que subscreve cada título. A responsabilidade autoral dos textos é deles 
e, a mim, coube a responsabilidade de organizar e dialogar com os estudiosos que se debruçaram e 
elaboraram as suas pesquisas.
Contudo, o pretexto de apresentar é o que encaminha o fio condutor de meu discurso, neste 
momento. Na realidade, para além destas palavras iniciais, as minhas palavras seguem a direção da 
investigação acerca da sociologia geral e jurídica, o estudo do direito, em sua natureza social.
 O sociólogo do direito não julga o fenômeno, busca compreender e se propõe a analisar as 
razões sociais que levaram o indivíduo no contexto da sociedade a tal ação. Assim, com o olhar 
técnico da pesquisa sociológico-jurídica deve buscar conhecer o sentido dado pelos membros sociais 
ao acontecimento e às instituições, a fim de explicar as razões que os fazem atuar desta ou daquela 
maneira, considerando o contexto e as realidades.
Explicar a tridimensionalidade do direito, a saber, justiça, validade e eficácia, por meio da 
abordagem da sociologia, por exemplo, é um ponto relevante para os diálogos entre sociologia e 
direito, embora não seja possível adentrar profundamente neste tema. O risco de simplificar esse 
tema é real, seja em qual das áreas o pesquisador se encontre, no direito ou na sociologia. De modo 
que, à luz da sociologia jurídica é possível adentrar o tema com uma margem um pouco mais segura. 
A questão da justiça é de cunho filosófica, ao filósofo cabe examinar a idealidade do direito, que fará 
relações mais profundas entre direito e moral, por exemplo. A validade da norma o estudo interno 
do direito positivo cabe ao jurista e sua capacidade de interpretação com o foco na identificação das 
normas válidas, de modo a adaptá-la aos problemas efetivamente concretos. Por fim, a eficácia da 
norma é o campo do sociólogo jurista, que parte da vida jurídica para examinar a facticidade do 
direito, ou seja, o direito aplicado à sociedade.
Resumindo, a sociologia jurídica dialoga com outras áreas dada a complexidade de variáveis a 
serem consideradas ao se analisar a facticidade efetiva da sociedade, de seus indivíduos e dos fatos 
sociais. Cabendo ao jurista sociólogo a capacidade de aplicar as três dimensões de conhecimento 
supraditas, que se interpenetram, a fim de que sejam feitas as três etapas circunstancialmente, a 
saber, estabelecimento do fundamento e do conteúdo do sistema jurídico, e, por conseguinte, a 
análise do impacto das normas na sociedade.
Sociólogos do direito deveram agir na sociedade com a capacidade de examinar os impactos 
sociais das normas ou das previsões legais com relação ao indivíduo e sua correlação no seio social. 
Perceber, de antemão, que determinada legislação tem a capacidade e o potencial de influenciar, 
condicionar e transformar pessoas e seus comportamentos diante dos demais indivíduos, e, por fim, 
emitir pareceres esclarecedores e técnicos quando o tema se refere à eficácia e os efeitos sociais do 
direito.
Diante disso, é preciso prestar atenção na ação do indivíduo em sociedade, este que se relaciona 
com outras pessoas nos espaços sociais e, sem restrição, interferem de algum modo. As normas 
escritas (positivas) ou orais (costumes, hábitos), estão sempre presentes na vida em sociedade. Os 
efeitos da norma são quaisquer resultados que repercutem socialmente, desde que ocasionados 
pela normatização. As eficácias da norma estão diretamente ligadas ao índice de cumprimento e 
reconhecimento da norma dentro da prática e da vida em sociedade, isto é, é eficaz a norma que é 
respeitada pelos indivíduos a recebe ou quando violada é dado ao indivíduo que a desrespeitou a 
devida punição pelo Estado, que age por meio da intervenção e de modo coercitivo. A adequação 
interna da norma é aquela que se trata da capacidade da norma em atingir a finalidade social 
estabelecida pelo legislador, isto é, se a norma jurídica atinge a sua funcionalidade. A finalidade do 
legislador é respeitada pelos indivíduos e os seus fins são alcançados, isto é, os objetivos internos 
do legislador, quando ele formula a norma (lei) é coerente aos resultados alcançados na aplicação 
quando lançada para o meio social.
Em todo caso, há algumas normas simbólicas, isto é, quando o legislador cria determinadas 
normas de difíceis aplicabilidades, ou seja, ineficazes ou inadequadas. Na realidade, esse tipo de 
efeito tem um fim didático e/ou de sensibilização da sociedade, são as normas colocadas em vigor 
com baixa eficácia já no momento da sua elaboração. O que se pretende, realmente, é imprimir a 
ideia, a mensagem e as intenções político-sociológicas, uma vez que se destacam valores.
Por fim, há a adequação externa da norma, que está para além da adequação interna e seus 
fins e resultados. Uma norma analisada externamente ao sistema jurídico é aquela que passa pelos 
objetivos do legislador e os resultados obtidos, isto é, o legislador analisa e avalia a aplicação da 
norma em realce à luz dos critérios de justiça. Nesse caso, é uma observação do campo da filosofia 
do direito, não estando enquadrada nas análises da sociologia jurídica, cuja observação pauta-se no 
direito positivo.
Os pontos apresentados, portanto, perpassam a discussão acima e vão muito além. São 
composições textuais marcadas pela diversidade das discussões e das abordagens teóricas da 
sociologia jurídica, cabendo a cada um a responsabilidade de adentrar nas pesquisas desenvolvidas.
H.M. | Inverno de 2018.
SUMÁRIO
TEORIAS QUE FUNDAMENTARAM A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA GERAL: 
relações com o direito ...........................................................................................8 
Maria Julia Silva Rezende 
 
SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA: 
sua importância no âmbito jurídico .................................................................18 
Giovanna Márciade Arruda Leite 
 
O DIREITO E SUA FUNÇÃO NO SEIO SOCIAL ...................................................25 
Fabrycio Marinho Veras Mascena 
 
DIREITO COMO PEÇA IMPORTANTE NA SOCIEDADE: 
relações estabelecidas para o convívio na sociedade moderna ...............31 
Beatriz Vitória Pereira de Lima 
 
CAUSAS DA INEFICÁCIA DA NORMA: 
normas que não são cumpridas .........................................................................39 
Larissa Maria da Silva Rodrigues 
 
SOCIOLOGIA E DIREITO: O surgimento do direito, a divisão deste, as 
definições e concepções da sociologia .............................................................44 
Maryane Dayara Batista de Souza 
 
BREVE ANÁLISE SOBRE AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS: 
controle social por meio do direito ...................................................................51 
Lucas Vinícius dos Santos Amaral 
 
O DIREITO, A CONTEMPORANEIDADE E SUAS CRISES: 
A pós-modernidade e suas mudanças no âmbito jurídico ........................59 
Maria Júlia Damasceno Bezerra 
 
O ESTADO CONSTITUCIONAL DEMOCRÁTICO E A LEGITIMIDADE: 
Eficácia das normas jurídicas e direitos dos homens ..................................67 
Rayanne Marques Nascimento 
 
A PRESENÇA DO DIREITO NA SOCIEDADE: e suas regras sociais .............76 
Mariá Adelaide de Sá Varandas Neta 
 
ESTADO E DEMOCRACIA: Análise das constituições brasileiras ...............84 
Maria Danielma da Silva Rodrigues 
 
 
 
DIREITO CIVIL: As suas modificações e atualidade ......................................92 
Maria Rafaela Vitória Silva de Araújo 
 
EPISTEMOLOGIA E SOCIOLOGIA: 
métodos e pesquisa ................................................................................................100 
Ilanna de Brito Lyra Silva Meira Costa 
 
O DIREITO E A EXCLUSÃO SOCIAL: fatos que excluem pessoas ................106 
Palloma da Silva Araújo 
 
ORGANIZAÇÃO DA NORMA JURÍDICA: A falta de coerência do 
ordenamento jurídico e suas consequências na aplicação do direito ....114 
Camila Mariel Pereira Morais de Albuquerque 
 
A CRISE NO DIREITO CONTEMPORÂNEO: 
Uma visão detalhada e crítica do judiciário no Brasil atual. .....................123 
Kalyane Dias de Araújo melo 
 
LÁGRIMAS E CONQUISTAS: Desafios e Direitos ..............................................132 
Jocieli Hermano da Silva Cabral 
8
TEORIAS QUE 
FUNDAMENTARAM 
A FORMAÇÃO DA 
SOCIOLOGIA GERAL: 
relações com o direito
Maria Julia Silva Rezende1
RESUMO
Este presente artigo tem como finalidade apresentar as teorias de alguns pensadores, que 
contribuíram para a evolução da Sociologia e sua relação com o Direito, como também 
apresentar a importância destas influências, tanto na sociedade como para o mundo jurídico. 
Grandes pensadores marcaram essa evolução da Sociologia, mesmo quando esta ainda não 
era uma disciplina autônoma e reconhecida como ciência, porém ao criar e argumentar suas 
teorias sobre a sociedade e a interação entre indivíduos inseridos nela, estariam, portanto, 
construindo as bases essenciais para o que viria tornar-se futuramente uma ciência. As 
visões clássicas que serão abordadas referem-se às teorias de Platão, filósofo grego que 
buscou demonstrar por meio de seus diálogos suas concepções de sociedade, Estado 
ideal, leis, delitos e como estes ideais se relacionavam com os indivíduos. Como também de 
Aristóteles, discípulo de Platão, que discorreu sobre a justiça, virtude, a relação entre Estado 
e indivíduos e uma profunda análise sobre as leis. Também será explanado, pensador do 
no século XIX, Santo Tomás de Aquino com suas ideias sobre justiça nos indivíduos e na 
sociedade, mas que possuía um posicionamento e princípios religiosos e dogmáticos em todo 
o seu pensamento filosófico. E por fim, serão expostas as ideias de Émile Durkheim, sociólogo 
moderno do século XIX, no qual foi marcado por grandes transformações no pensamento 
da época. Durkheim foi um dos fundadores da Sociologia ao considerá-la como uma ciência 
autônoma, e em seu pensamento explanou sobre o poder da influência da sociedade nos 
1 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
E-mail: Juliarezende15@outlook.com
9
indivíduos, fatos sociais e o poder das leis que são regidas nas sociedades. No decorrer deste 
artigo, veremos, portanto, as influências, contribuições e ideias desses pensadores, como 
estas tiveram importância, como afetaram e teve seus efeitos no pensamento sociológico e 
jurídico.
Palavras-chave: Sociologia. Evolução. Direito. 
1. INTRODUÇÃO
Ao explanar as teorias dos pensadores, objetiva-se mostrar a evolução do pensamento 
clássico por meio dos filósofos gregos, como Platão, discípulo de Sócrates que fundou a 
Academia de Atenas e autor de grandes obras de suma importância para a humanidade, 
como: A República, O Banquete, Apologia a Sócrates entre outros. Também Aristóteles, 
discípulo de Platão que fundou o Liceu (escola filosófica) e foi um grande sistemático na 
elaboração de conceitos, nos quais os criavam, em boa parte, a partir de observações 
empíricas da realidade. Já na Idade Medieval, com Santo Tomás de Aquino, será exposto 
suas concepções de política, Direito e o papel do homem na civitas, argumentando que o 
fim último de todas as ações deste devem ser direcionados à Deus, deixando explícito a 
forte influência de um pensamento religioso em suas ideias. E por fim, Émile Durkheim, 
Sociólogo da modernidade, que elaborou conceito de fato social, solidariedade, entre outros, 
apresentando concomitantemente a influência do Direito na sociedade. Estava inserido 
num contexto de grandes mudanças sociais, dentre elas o momento em que surgiu o 
reconhecimento científico da Sociologia, no século XIX. 
No entanto, apresentar a convergência que se deu ao longo da história da humanidade 
entre os pensamentos que contribuíram para a formação da Sociologia e o Direito é se suma 
importância, devido à opinião corrente nos dias atuais daqueles que são marcados pelo 
positivismo jurídico, que afirmam que a Sociologia não apresenta grande relevância para o 
Direito, uma vez que estes indivíduos são doutrinadores de normas, respaldadas pelo temor 
das sanções, que devem ser seguidas a todo custo, deixando de lado, portanto, o fundamento 
de uma norma e de um aspecto sociológico que favorece um fundamento para que o Direito 
se torne genuíno.
Destarte, este estudo tem como finalidade identificar a efetividade do auxílio dos 
pensadores apresentados na consolidação da Sociologia como disciplina autônoma, até o 
pensamento moderno, que irá enfatizar a ligação entre esta ciência e o Direito.
10
2. O ESTADO IDEAL EM PLATÃO, SUA CONCEPÇÃO 
DE JUSTIÇA E A PENA DE MORTE
A concepção política de Platão distingue-se da concepção moderna, segundo Mascaro 
(2016, p. 55): 
A visão moderna sobre o direito tem muita dificuldade em entender o tipo de visão 
jusfilosófica proposta por Platão. Para a modernidade, até hoje, costuma-se considerar por 
justiça ou uma virtude pessoal ou um procedimento automático e vazio de vinculação às 
leis estatais. Platão, nesse sentido, é revolucionário: a boa adequação à boa sociedade é a 
essência do justo.
Ou seja, Platão argumenta que para o bem da polis, os indivíduos deverão possuir 
uma harmonia, sendo virtuosos e justos e para ilustrar este discurso, ele utiliza-se de uma 
analogia ao conceber a polis sendo um todo, como um corpo, e os indivíduos uma grande 
parte do todo, como os vários órgãos do corpo. 
Para o discípulo de Sócrates, a polis não era um horizonte relativo, mas sim absoluto da 
vida do homem. Além disso, argumenta que toda forma política que pretenda ser autêntica 
deve ter em vista o bem do homem; entretanto, para a concepção platônica o homem é 
concebido como sendo sua alma, enquanto o corpo é o seu casulo passageiro, configurando 
assim que o verdadeiro bem do homem é o seu bem espiritual. Perante o exposto, podemos 
perceber a diferença radical entre a concepção platônicae a concepção moderna.
O Estado é sábio pela classe de seus governantes. Daí vem a preocupação do grego em 
construir e conceber um Estado munido das mesmas virtudes concernentes ao filósofo (que é 
uma síntese do homem maduro e que alcançou a harmonia): a coragem (virtude do guerreiro, 
relacionada a capacidade de conservar com vigor a opinião reta), a temperança (virtude da 
ordem, da disciplina, relacionada a harmonização entre as classes de cidadãos) e a justiça 
(a função que cada um deve fazer de acordo com sua natureza). O Bem Supremo só pode 
ser introduzido na comunidade dos homens por meio daqueles (os filósofos) que souberam 
elevar-se à contemplação desse Bem. Isso só poderia ser alcançado mediante uma seleção 
daqueles dotados da natureza filosófica para serem educados com a função de administrar 
a sociedade. Daí a hierarquização do Estado platônico em três categorias de indivíduos: os 
destinados a serem governantes-filósofos, os guerreiros, agricultores e artesãos. Sendo a 
polis uma expansão do homem, cada um tinha uma função na harmonização desse corpo 
social. O Estado ideal de Platão é uma aristocracia no sentido mais forte do termo: um Estado 
governado pelos melhores educados e fundado sobre a virtude como valor supremo.
Com relação aos delinquentes, Platão os considera doentes, pois ‘’segundo o 
ensinamento socrático, nenhum homem é voluntariamente injusto. ’’ (VECCHIO 2010, p.12). 
11
Sendo assim, para o filósofo grego, a pena era um remédio destinado a curar o criminoso. 
Platão também defende a pena de morte e enuncia:
Mas, em razão do delito, também o Estado é, em certo modo, doente, donde, se a saúde do 
Estado o exige, isto é, quando se trata de um delinqüente incorrigível, o delinquente deverá 
ser eliminado ou suprimido para o bem comum (VECCHIO 2010, p.12).
Como é possível observar, Platão apresentou por meio de seus argumentos, a ideia do 
Estado ideal e como este se relaciona com o cidadão, como também a importância da polis 
grega para os indivíduos e a questão da pena de morte, na qual o filósofo grego defende. Vale 
ressaltar que seu pensamento filosófico corresponde ao contexto histórico de sua época, 
distinguindo assim do contexto moderno. 
3. ARISTÓTELES E SUA CONCEPÇÃO SOBRE ESTADO, 
JUSTIÇA, LEIS E FORMAS DE GOVERNO 
A visão aristotélica consiste num fundamento mais sistemático e na valorização de 
conhecimentos empíricos da sociedade e da política. Assim como Platão, Aristóteles também 
concebe que o sumo bem é produzido pela virtude, a vida social consiste na própria felicidade, 
não sendo individual como veremos no pensamento pós-moderno posteriormente, mas sim 
uma felicidade coletiva, um bem comum a todos que unirá os indivíduos através da philia 
(amizade) e será de grande importância nas bases da estrutura da sociedade.
A amizade parece também manter as cidades unidas, e parece que os legisladores se 
preocupam mais com ela do que com a justiça; efetivamente, a concórdia parece assemelhar-
se à amizade, e eles procuram assegurá-la mais que tudo, ao mesmo tempo que repelem 
tanto quanto possível o facciosismo, que é a inimizade nas cidades. Quando as pessoas são 
amigas não têm necessidade de justiça, enquanto mesmo quando são justas elas necessitam 
da amizade; considera-se que a mais autêntica forma de justiça é uma disposição amistosa 
(ARISTÓTELES, p.153).
Com relação ao Estado e os cidadãos, Aristóteles afirma que o Estado controla estes 
por meio das leis, nas quais dominam toda a vida, pois o homem não seria autônomo, mas 
pertencente ao Estado. As leis seriam justas e sobre justiça, o discípulo de Platão elaborou 
uma extensiva análise e divisão. Aristóteles separou a justiça entre universal e particular. 
No sentido universal, seria, segundo MASCARO (2016, p.67) ‘’manifestação geral da 
virtude quanto uma apropriação do justo à lei que, no geral, é tida por justa. ’’. Aristóteles 
considera que a virtude universal está contida em outras virtudes existentes, como por 
exemplo, 
12
A caridade não é uma virtude em si própria sem que se lhe acresça a virtude da justiça. O 
mesmo com a paciência. Mas alguém pode ser justamente caridoso e impaciente. A caridade 
presume justiça, a paciência presume justiça, mas a caridade não presume paciência. A 
justiça está em todas as demais virtudes, e por isso é a única virtude universal (MASCARO, 
2016, p.68).
A justiça tem como base fundamental a igualdade e a primeira justiça particular que 
Aristóteles aborda é sobre a justiça distributiva de dar a cada um o que é seu, ou seja, na 
distribuição bens e honrarias segundo os méritos de cada um, que fora utilizada no Direito 
Romano nos preceitos do Direito de Roma, sendo assim existente a proporcionalidade de 
homem para homem. 
Com relação às leis, Aristóteles concebe que as leis produzidas pela polis que tenham 
um fundamento ético, estará diretamente ligada ao justo, não por causa de sua validade, 
mas sim por causa de seu teor. 
Aristóteles também argumenta sobre as formas de governo e classifica em boas formas 
de governo e formas degeneradas ou corruptas. Um governo bom seria aquele que buscaria 
o bem comum para a sociedade e diante disso ele cita que as melhores formas de governo 
que são: Monarquia (governo de um), Aristocracia (governo de alguns) e República (governo 
da maioria). Essas três formas de governo exerceriam seu poder no interesse comum e no 
bem comum dos cidadãos. 
E assim seriam os governos, respectivamente aos governos virtuosos, porém decaídos: 
Tirania (governo de um), Oligarquia (governo de alguns) e Democracia (governo da maioria). 
Estas três formas de governo exerceriam seu poder no interesse próprio e não em função 
do bem comum. Aristóteles entende por “democracia” um governo que, desleixando o bem 
comum, visa a favorecer de maneira indébita os interesses dos mais pobres e, portanto, 
entende “democracia” no sentido de “demagogia”. O erro em que recai essa forma de governo 
demagógico consiste em considerar que, como todos são iguais na liberdade, todos também 
podem e devem ser iguais também em todo o resto.
A monarquia seria no plano abstrato, a melhor forma de governo, desde que 
existisse na Cidade um homem excepcional; e a aristocracia, da mesma maneira, seria a 
melhor forma desde que houvesse um grupo de homens excepcionais. Mas como tais 
condições normalmente não se verificam, Aristóteles, com o seu sentido realista, indica 
substancialmente a república (politeia) como a forma de governo mais conveniente para as 
cidades gregas do seu tempo, nas quais não existiam um ou poucos homens excepcionais, 
mas muitos homens, que embora não sobressaindo na virtude política, eram capazes de 
governar e ser governados segundo as leis. A república (politeia) é praticamente, uma via 
média entre a oligarquia e a democracia, ou uma democracia temperada com oligarquia. 
13
Entretanto, Aristóteles não considera “cidadãos” todos aqueles que vivem em uma 
cidade e sem os quais a cidade não poderia existir. Para ser cidadão é preciso participar 
da administração da coisa pública, ou seja, fazer parte das Assembléias que legislam e 
governam a cidade e administram a justiça. Segundo Reale, 2007:
Nessa questão, as estruturas sociopolíticas do momento histórico condicionam o 
pensamento aristotélico a ponto de levá-lo a teorização da escravidão. Para ele, o escravo 
é como que “um instrumento que precede e condiciona os outros instrumentos”, servindo 
para a produção de objetos e bens de uso, além dos serviços. E o escravo é tal “por natureza”. 
(REALE, 2007, p.222).
E como os escravos eram frequentemente prisioneiros de guerra, Aristóteles sentiu 
necessidade de estabelecer também que os escravos não deveriam resultar de guerras dos 
gregos contra os gregos, mas sim das guerras dos gregos contra os bárbaros, dado que estes 
são inferiores “por natureza”.
Como o fim do Estado é moral, é evidente que aquilo a que ele deve visar é o incrementodos bens da alma, ou seja, o incremento da virtude. Segundo Reale 2007, p. 223:
Com efeito, escreve Aristóteles, “podemos dizer que feliz e florescente é a cidade virtuosa. 
É impossível que tenha êxitos felizes quem não cumpre boas ações e nenhuma boa ação, 
nem de um indivíduo, nem de uma cidade, pode realizar-se sem virtude e bom senso. O 
valor, a justiça e o bom senso de uma cidade têm a mesma potência e forma cuja presença 
em um cidadão privado faz com que ele seja considerado justo, ajuizado e sábio.” (REALE, 
2007, p.223)
Como a felicidade da cidade depende da felicidade dos cidadãos singulares, seria 
necessário tornar cada cidadão o mais possível virtuoso, mediante adequada educação. 
Viver em paz e fazer as coisas belas (contemplar) é o ideal supremo a que deve visar o Estado.
Portanto, diz Aristóteles, é preciso fazer guerra apenas tendo como finalidade a paz, 
trabalhar para poder libertar-se das necessidades do trabalho, fazer as coisas necessárias 
e úteis para poder ganhar o livre repouso, e enfim fazer as coisas belas, isto é, contemplar.
4. A CONCEPÇÃO TOMISTA DA POLÍTICA E DO 
DIREITO
Para São Tomás de Aquino, o intelecto divino é a causa primeira do universo estando 
impresso na estrutura do mundo, ou seja, a descrição ordenada do mundo resultará num 
sistema que descreve a verdade de Deus. Todos os seres e o homem em particular tem sua 
14
ratio (razão), seu sentido, na hierarquia da criação divina e encontra realização de sua 
existência ordenando-se ao fim último, isto é, Deus.
Aquino fora fortemente influenciado pelos preceitos aristotélicos, assumindo-os 
conseguindo harmonizá-los em sua descrição filosófica. O que para Aristóteles era a polis, 
para Aquino chamava-se civitas.
Santo Tomás remonta a interpretação platônica e traça uma série de analogias: Deus 
como o governante do universo; a alma como governante do corpo e o príncipe como 
governante da civitas, diante o exposto, há de se perceber o paralelo às funções de criar e 
governar o universo e as funções principescas de fundar e governar a civitas.
Com relação aos cidadãos, se os membros da comunidade cooperam livremente nas 
tarefas da existência comum, o governo é bom, tenha forma de monarquia, aristocracia ou 
politeia. Se um ou muitos são livres e conduzem o governo em proveito próprio, explorando 
os restantes, o governo é corrompido. Para Aquino, o que constituía uma comunidade 
humana era a finalidade comum de amar a Deus e a ordenação da vida para a beatitude 
eterna.
O homem político de Aristóteles encontra sua realização na existência da polis ao 
passo que para Santo Tomás o homem está orientado a um fim transcendental espiritual e é 
também entre outros aspectos importantes, um animal político.
Para Aquino, por um lado a monarquia seria a melhor forma de governo, pois é análoga 
ao governo divino do mundo. Por outro lado, não seria a melhor forma de governo, porque 
os homens são fracos e a ameaça da tirania requer instituições que a impeçam. Com relação 
às normas constitucionais, estas não devem ser aplicadas incondicionalmente e o objetivo 
do governo constitucional é a prevenção da tirania. 
A politeia de São Tomás deve ter como seus magistrados o rei, os chefes da nobreza 
e os representantes do povo eleitos por sufrágio universal. Se o sufrágio democrático 
resultar numa tirania da parte inferior da escala social, será indicado regressar às formas 
aristocráticas de governo.
Como fontes principais de onde deriva o pensamento tomista político, pode se destacar: 
A teoria política aristotélica; A constituição romana; A democracia original; A monarquia de 
Israel e O sentimento de liberdade cristão. 
O que resulta da harmonia desses elementos é a evocação da ideia de um governo 
constitucional fundamentado na estabilidade de um governo que depende da participação 
do povo e o princípio espiritual cristão da liberdade do homem maduro.
No que se refere ao Direito, São Tomás concebe sua teoria como sendo a teoria da 
instrução dada por Deus ao homem para motivar os seus atos com vistas ao objetivo último: 
a beatitude. 
15
Como o homem é imperfeito, ele possui a Lex Aeterna apenas em seus princípios gerais; a 
adaptação e a elaboração para as contingências da existência humana pelo próprio homem, 
produz a Lex Humana. Uma vez que o homem se orienta para a beatitude espiritual, foram 
necessárias revelações especiais da lei divina no antigo e no novo testamento e estes são 
chamados Lex divina. As quatro leis- eterna, natural, humana e divina- são assuntos da 
teoria do direito. (Voegelin, 2012, p. 260)
Ou seja, a participação da Lex humana na Lex divina consiste em encontrar elementos 
retos da lei de acordo com a lei divina e natural. A lei eterna é impressa nas criaturas racionais 
e dota-os de uma inclinação para as ações e fins corretos. Essa participação da criatura 
racional na lei eterna é chamada de lei natural. 
A filosofia tomista ao explanar sobre o direito tem uma importância duradoura no 
pensamento político ocidental, pois harmoniza a personalidade espiritual cristão com a 
comunidade natural perfeita. A Lex humana como conteúdo da lei é descrita como a ação 
racional humana inventando regras detalhadas que preenchem o arcabouço geral da lei 
natural por derivação desta e por sua aplicação a uma situação concreta. 
5. A QUESTÃO DO FATO SOCIAL POR ÉMILE 
DURKHEIM 
Durkheim foi um importante pensador para a sociologia, pois foi um dos fundadores 
da Sociologia como ciência, no século XIX. 
Lucena (2010) nos lembra que Durkheim entende que o indivíduo nasce da sociedade, 
e não a sociedade nasce do indivíduo. 
Como cita Sabadell (2010, p.47): ‘’ Durkheim entende como fato social qualquer norma 
que é imposta aos indivíduos pela sociedade. ’’ Diante disso, Durkheim faz a divisão de fatos 
sociais em três camadas:
• Coercitividade- padrões culturais, relaciona-se com poder, pois obrigam os 
indivíduos a seguirem.
• Exterioridade- modelo já existente antes do nascimento do indivíduo, com suas 
próprias características culturais vigentes, então cabe ao indivíduo aprendê-las 
por algum meio educacional. 
• Generalidade- os fatos sociais existem para todos. 
Em toda e qualquer sociedade existem leis que visam organizar a vida no meio social. Dessa 
forma o indivíduo isolado não cria regras nem pode individualmente modificá-las. As leis 
vistas como Fatos Sociais são transmitidas para as gerações seguintes, na forma de Normas 
Culturais, Códigos, decretos, Constituições etc. Os indivíduos quando fazendo parte de uma 
16
sociedade deve aceitar suas regras, sob a pena de sofrer o castigo por violá-las. (ADRIAN, 
2012, [s.p])
Portanto, as regras do Direito seriam fatos sociais, quando uma vez que impõem aos 
indivíduos normas para ordenar seu comportamento em sociedade de forma harmônica. 
Além disso, Durkheim elabora o conceito de solidariedade que, segundo Sabadell 
(2010), a solidariedade social só poderia ser efetiva se houvesse regras com a finalidade 
de controlar o comportamento social, reprimindo, portanto, àqueles que não obedecem 
tais regras causando uma ameaça para a harmonia da sociedade. A solidariedade é um 
pressuposto fundamental para a definição de consciência coletiva dada pelo sociólogo. A 
consciência coletiva seria ‘’o conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos 
membros de uma mesma sociedade’’ (Durkheim, 1999, p.50), na qual estaria presente nas 
mentes individuais que seria eficaz para direcionar nossa conduta em sociedade. 
Durkheim caracteriza como tipos de solidariedade: o direito repressivo, que pune as faltas ou 
crimes e o direito cooperativo, cuja essência não é a punição das violações das regras sociais, 
mas organizar a cooperação entre os indivíduos. O direito repressivo revela a consciência 
coletiva nas sociedades de solidariedade mecânica. Quanto maior é a consciência coletiva, 
mais forte e particularizada, maior será o número de atos considerados como crimes.Atos 
que violam um imperativo que ferem diretamente a consciência da coletividade. O crime 
é um ato proibido pela consciência coletiva e só pode ser definido do exterior tomando 
como referência o estado de consciência coletiva da sociedade considerada. O criminoso 
não é aquele que consideramos culpado com relação a Deus, e nem através dos nossos 
valores. Criminoso é aquele que, numa sociedade determinada, deixou de obedecer às leis 
do Estado. (ARON, 2002)
Com isso, sendo a Lei um modelo de fato social, cabe aos legisladores e pessoas 
jurídicas fundamentar o Direito na Sociologia, como também na Filosofia, pois uma vez que 
as leis são feitas sem conhecimentos sociais, haverá certa anomia na sociedade e poderá 
gerar ausência de justiça e igualdade. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento deste estudo resultou na análise histórica de como a Sociologia e 
a Filosofia exercem grande influência no Direito, como também, apresentou a convergência 
que se deu ao longo dos anos entre o estudo dos indivíduos em sociedade e o mundo jurídico, 
das normas que regem estes indivíduos. Ao longo deste trabalho, foram explanadas as 
diferentes ideias de filósofos e sociólogos que contribuíram para o surgimento da Sociologia 
como ciência e suas demais influências exercidas na sociedade e no Direito. 
Além disso, destacou-se a efetividade das teorias que fundamentaram a sociologia, 
como aquelas apresentadas por alguns filósofos da antiguidade, e as teorias sociológicas de 
17
Émile Durkheim que contribuíram e teve como influência direta de tais ideias com as leis. 
Dito isso, observou-se que por detrás de normas e regras há um fundamento e ideais que 
devem ser seguidos pelo Direito, com base nos costumes de cada sociedade.
Dada à importância do assunto, faz-se necessário o desenvolvimento de conhecimentos 
que possam contribuir na busca pela fundamentação de algo que é cumprido, para que 
não haja vítimas de leis injustas, podendo tornar um comportamento imoral justificável 
apenas pelo argumento de se executar uma norma. Portanto, o conhecimento filosófico e 
sociológico para a fundamentação do Direito é essencial para a formação de leis justas e de 
condutas mais éticas dos operadores do Direito.
 REFERÊNCIAS
ADRIAN, Nelson. Émile Durkheim e o fato social. Disponível em:
 <http://www.primeiroconceito.com.br/site/?p=2157>. Acesso em: 17 mar. 2018.
AQUINO, Santo Tomás De. Suma Teológica III. São Paulo. Editora Permanência. 2016.
ARON, Raymond. Etapas do Pensamento Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 
LUCENA, Carlos. O pensamento educacional de Émile Durkheim. Revista HISTEDBR 
On-line, v.10, n.40, p. 295-305, 2010.
MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do Direito: 5. Ed. São Paulo. Editora Atlas. 2016.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: Filosofia Pagã e Antiga. São 
Paulo. Paulus. 2007.
VECCHIO, Giorgio Del. História da Filosofia do Direito. Minas Gerais: Líder. 2006.
VOEGELIN, Eric. História das ideias políticas: Idade Média até Tomás de Aquino. São 
Paulo: É Realizações, 2012.
18
SURGIMENTO DA 
SOCIOLOGIA: 
sua importância no 
âmbito jurídico
 Giovanna Márcia de Arruda Leite2 
RESUMO
Este artigo é referente ao surgimento da Sociologia, com enfoque nos aspectos e acontecimentos 
que levaram ao seu surgimento no século XIX, bem como a importância desta grande ciência 
na área jurídica, com o nome de Sociologia Jurídica, como é bastante conhecida e chamada. 
Este ramo da Sociologia se faz muito presente na sociedade. Por meio da visão de grandes 
pensadores, como o fundador do termo “Sociologia” e o pai do positivismo, Augusto Comte e 
outros três grandes pensadores que formam a “ Tríade Clássica da Sociologia” que são: Émile 
Durkheim, Max Weber e Karl Marx são de fundamental importância para a compreensão 
do desenvolvimento desta ciência ao longo da história e que surgiu em meio a uma grande 
mudança na sociedade como um todo. Advinda da Revolução Francesa (França, 1789 até 
1799) e, também, da Revolução Industrial (Inglaterra nos séculos XVIII e XIX) levou o homem 
a voltar os seus pensamentos, estudos e ideias para a sociedade e ele mesmo, para poder, 
então, a partir de tudo isso, compreender as transformações que estavam passando. O objetivo 
deste artigo, em geral, é de analisar o surgimento e o desenvolvimento da Sociologia, uma 
ciência nova, mas que, até então, já demonstrou a ampla área de estudo a qual é voltada: o 
homem e a sociedade e, também de poder compreender o forte papel da Sociologia na área 
Jurídica. No decorrer de sua leitura apresentará as ideias de pensadores que até hoje estão 
presentes na sociedade e a importante função de cada um na formação dos diversos estudos 
que temos não só presentes na área jurídica, mas em tantas outras áreas. 
Palavras-chave: Surgimento. Pensadores. Sociologia geral. Direito
2 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
E-mail:Unipê. giovannamarcia.al@gmail.com
19
1. INTRODUÇÃO 
Este artigo tem como objetivo apresentar o surgimento e o desenvolvimento da 
Sociologia como ciência autônoma, bem como a sua presença no âmbito jurídico, sendo 
chamada de sociologia jurídica, elucidando a visão de grandes pensadores como Augusto 
Comte, considerado o pai do positivismo e fundador do termo sociologia, além de Émile 
Durkheim, Max Weber e Karl Marx, também conhecidos como “ Tríade Clássica da Sociologia” 
e que são de total importância para o entendimento da sociologia como ciência autônoma. 
A definição de Sociologia é fundamental para a compreensão do desenvolvimento 
desta ciência ao longo do tempo, sendo assim, Sabadell (2010, p.82) explica: “A sociologia 
define-se, de modo geral, como a ‘ciência da sociedade. De modo mais concreto, a sociologia 
examina o comportamento humano no âmbito social”. Além de tal definição Sabadell (2010, 
p.82 ) afirma “ a sociologia observa e analisa as regras que regem as relações sociais, ou seja, 
estuda a interação entre pessoas e grupos” 
O artigo, em geral, consiste numa análise ampla de uma ciência que surgiu no século 
XIX, em meio as grandes transformações sociais no âmbito político, econômico, social e tantos 
outros que levaram as pessoas a procurarem compreender tantas mudanças que surgiram 
devido a Revolução Francesa e Revolução Industrial. Além de explanar o desenvolvimento 
da sociologia no direito com a chamada sociologia jurídica que surgiu, como disciplina, no 
inicio do século XX. 
2. AUGUSTO COMTE E O SURGIMENTO DO TERMO 
SOCIOLOGIA 
Auguste Comte nasceu em Montpellier, França, em 1798 e foi o responsável pelo 
surgimento da Sociologia, uma vez que foi o primeiro a tentar delimitar o campo de estudo 
da Sociologia. Aron (1999, p.69) afirma a criação da Sociologia por Comte em uma de suas 
obras mais famosas “No Curso de filosofia positiva, é criada a nova ciência, a sociologia, 
que, admitindo a prioridade do todo sobre o elemento e da síntese sobre a análise tem por 
objeto a historia da espécie humana.” 
Sua linha de pensamento era o positivismo, no qual diz que o conhecimento verdadeiro 
só é obtido, unicamente, pelo conhecimento científico. Segundo Sell, compreende a sociologia 
de maneira ampla, pois abrange outras ciências humanas, como por exemplo a história, 
filosofia, economia. 
Seus pensamentos foram se desenvolvendo dentro de um contexto histórico que 
abrange duas grandes revoluções – Francesa e Industrial – Logo, suas ideias sofreram fortes 
20
influências de intensas transformações sociais, econômicas e políticas que fundamentaram 
a formação do capitalismo.
3. ÉMILE DURKHEIM E SEU PENSAMENTO SOBRE A 
SOCIOLOGIA E O DIREITO 
Émile Durkheim foi um grande sociólogo e pensador francês que nasceu em 1858 em 
Épinal. Sabadell (2010, p. 46) constata “Durkheim foi o primeiro professor a ser titular de 
uma cadeira universitária de ‘Sociologia’ [...] É considerado como o precursor imediato da 
sociologia jurídica”. Tambémmostra a visão de Durkheim em relação ao direito “ Durkheim 
entende que o direito é um fenômeno social. A sociedade humana é o meio onde o direito 
surge e se desenvolve, pois a ideia do direito liga-se à ideia de conduta, de organização e de 
mudança.” 
Sabadell (2010, p.46) explica a visão que Durkheim aborda em seus estudos: 
Durkheim adotou a visão metodológica positivista do fundador da sociologia Augusto 
Comte (1798-1857), mas criticou o caráter filosófico e inclusive “metafísico” das teorias de 
Comte, insistindo na necessidade da pesquisa empírica antes de fazer afirmações e elaborar 
leis sociológicas. 
Um ponto importante dos estudos de Durkheim é o fato social como Arom (1999, p.325) 
explica “ A concepção da sociologia de Durkheim se baseia em uma teoria de fato social. Seu 
objetivo é demonstrar que pode e deve existir uma sociologia objetiva e cientifica, conforme 
o modelo das outras ciências, tendo por objeto o fato social.” 
Sabadell (2010, p.47 ) explica o termo “ fato social ” : 
Denomina de fatos sociais as normas vigentes em determinada sociedade indicando dois 
elementos importantes: primeiro, que a origem de todas as normas que influenciam o 
comportamento individual é a sociedade (e não o legislador ou determinados indivíduos). 
Segundo, que as normas não são simples palavras ou ordens, mas existem objetivamente na 
sociedade e o sociólogo deve estuda-las como fatos, ou seja, como “coisas”.
Sabadell (2010, p.47) afirma “ Nesta perspectiva, as regras do direito são fatos sociais 
muito importantes, porque impõem aos indivíduos obrigações e modos de comportamento, 
aptos a garantir a coesão social”. 
 Durkheim determina que o vínculo entre os membros da sociedade é chamado de 
solidariedade e há dois tipos, a mecânica e a orgânica. Sendo a primeira encontrada nas 
sociedades antigas, onde os valores sociais vinham da religião e questões tradicionais, e a 
orgânica encontra-se na sociedade moderna. 
21
Sabadell (2010, p.48) elucida “A solidariedade mecânica fundamenta-se na semelhança 
dos membros da sociedade, ou seja, na uniformidade do comportamento. Quem não respeita 
as regras é considerado agressor da ordem social.”
Aron (1999, p. 288) afirma sobre a solidariedade mecânica: 
[...] Quando esta forma de solidariedade domina uma sociedade, os indivíduos diferem 
pouco uns dos outros. Membros de uma mesma coletividade, eles se assemelham porque 
têm os mesmos sentimentos, os mesmos valores, representam os mesmos objetos como 
sagrados. A sociedade tem coerência porque os indivíduos ainda não se diferenciaram. 
A solidariedade orgânica é diferente, pois é fundamentada na divisão do trabalho e 
como Sabadell (2010, p.49) ilustra neste tipo de solidariedade: 
O individuo não se vincula diretamente a valores sociais, não está submetido a liames 
tradicionais, a obrigações religiosas ou comunitárias. A solidariedade cria-se através 
de redes de relacionamento entre indivíduos e grupos, onde cada um deve respeitar as 
obrigações assumidas por contrato. O próprio individuo se autopolicia, porque sabe que 
se não atua de uma determinada forma (estudar, trabalhar, ganhar salário, investir), não 
poderá sobreviver nesta sociedade fundamentada na propriedade privada, na concorrência 
e no intercambio de bens e valores equivalentes.
Em geral, Durkheim afirma que a solidariedade mecânica exprime o direito penal e a 
sanção é repressiva, já a orgânica exprime o direito comercial, administrativo, constitucional 
e civil, onde há sanções restitutivas.
4. AS IDEIAS DE MAX WEBER A RESPEITO DA 
SOCIOLOGIA E DO DIREITO 
Max Weber nasceu em Efurt, na Alemanha (1864) e é um dos principais pensadores 
que colaboraram para a construção da Sociologia.
A sociologia surgiu em a uma dupla revolução – industrial e francesa – que ajudaram 
na formação do processo de uma sociedade capitalista. Weber, assim como tantos outros 
pensadores de sua época, procurava compreender as mudanças sociais que surgiram 
através da Revolução Industrial. 
Aron (1999, p. 457) explica “ Max Weber considera a sociologia uma ciência da conduta 
humana na medida em que esta conduta é social” 
 Martins (2006, p.64) afirma: 
A formação da sociologia desenvolvida por Webber é influenciada enormemente pelo 
contexto intelectual alemão de sua época. Incorporou em seus trabalhos algumas ideias de 
Kant, como a de que todo ser humano é dotado de capacidade e vontade diante do mundo. 
22
Martins (2006, p. 65) explana a sociologia de Weber:
 
A sociologia por ele desenvolvida considerava o indivíduo e a sua ação ponto chave da 
investigação. Com isso, ele queria salientar que o verdadeiro ponto de partida da sociologia 
era a compreensão da ação dos indivíduos e não a análise das “ Instituições sociais “ ou do 
“ grupo social”. 
As ideias e estudos de Weber além de serem voltadas para a Sociologia, também foi 
voltada para a questão do Direito.
Trubeck (2007, p.153) explica a questão do Direito em Weber “ A discussão weberiana 
sobre o direito é marcada por alguns temas centrais. O direito está associado à coação 
organizada, à legitimidade e normatividade; e à racionalidade.”. 
Sabadell (2010) afirma que Weber abordou sobre a sociologia jurídica em seu livro 
“Economia e Direito” e até hoje é de fundamental importância para sociólogos e juristas do 
mundo.
5. PENSAMENTO DE KARL MARX SOBRE O DIREITO 
Karl Marx nasceu em Tréveris ou Trier em Alemão no ano de 1818 e foi um grande 
filósofo e sociólogo. Suas ideias e estudos são de fundamental importância para muitas 
ciências atualmente, incluindo o Direito.
Ao observar a sociedade, Karl Marx abordou em seus estudos as relações de produção 
decorrentes do capitalismo, a partir disso, determinou a existência de classes socais, aqueles 
que detém o poder, os proprietários dos meios de produção e os que não são donos desses 
meios. 
Assim, Sabadell (2010, p.45) afirma que Marx ao observar a sociedade percebeu que “ 
[...] o direito desenvolvido na sociedade capitalista estabelece normas universais e uniformes 
para sujeitos desiguais, perpetuando assim as diferenças sociais, baseadas na exploração 
dos trabalhos das classes populares pelos detentores de capital” 
Mascaro (2016, p.258) desenvolve as ideias iniciais de Marx: 
As descobertas empreendidas por Marx no que diz respeito à forma política do capitalismo 
se desdobram imediatamente para o campo da forma jurídica capitalista. Do mesmo modo 
que o Estado moderno, sendo um terceiro da exploração entre o capital e o trabalho, faz 
de todos os indivíduos cidadãos, torna-os também sujeitos de direito. A lógica que preside 
o direito é intimamente ligada à lógica da reprodução do capital. Na verdade, no campo do 
direito, muito explicitamente essa vinculação se manifesta. Marx, na Ideologia alemã, trata 
da relação histórica entre direito e capitalismo. 
Sendo assim, em geral, a contribuição de Karl Marx, por meio de estudos, observações 
e pesquisas, foi fundamental na área do direito 
23
6 DESENVOLVIMENTOS E ABORDAGENS PRESENTES 
NA SOCIOLOGIA JURÍDICA
No inicio do século XX, nasce a sociologia jurídica como uma disciplina específica. 
Sabadell (2010, p.52) afirma: “ [...] Durkheim e Weber dedicaram-se ao estudo dos vários 
fenômenos sociais, e foi dentro de uma tal perspectiva que analisaram o direito ao lado da 
economia, da moral, da politica, das classes sociais, da religião, da família etc.” em geral, tanto 
Durkheim como Weber contribuíram imensamente para o desenvolvimento da sociologia 
jurídica.
Sabadell (2010, p.53) explica “[...] O direito se manifesta como uma das realidades 
observáveis na sociedade: a sua criação, evolução e aplicação podem ser explicadas por 
meio da análise de fatores, de interesses e de forças sociais.” 
Em relação as abordagens, há duas da sociologia jurídica que são: sociologia do direito 
e sociologia no direito. 
Sabadell (2010, p.55) explana: 
Esta primeira abordagem opta por fazer um estudo sociológico,colocando-se numa 
perspectiva externa ao sistema jurídico. Seus adeptos consideram que a sociologia do 
direito faz parte das ciências sócias, sendo um ramo da sociologia. Por outro lado, o direito 
deve continuar utilizando o seu método tradicional, que lhe garante ima posição autônoma 
em relação às outras ciências.
Grande pensadores são adeptos desta corrente como Vincenzo Ferrari na Itália e 
Ramón Soriano na Espanha. Sabadell (2010, p. 55) explica:
 
Quase todos os sociólogos que se dedicam à sociologia jurídica adotam esta posição 
metodológica. A sua origem deve ser buscada na obra de Max Weber, que queria construir 
uma sociologia livre de avaliações [...] e, em parte, nas análises de Kelsen sobre a “pureza” 
da ciência jurídica que não deve ser confundida nem “misturada” com análises filosóficas 
ou sociológicas. 
 Sabadell (2010, p.56) expõe a outra abordagem:
A segunda abordagem adota uma perspectiva interna com relação ao sistema jurídico. 
Os seus adeptos contestam a exclusividade de um método jurídico tradicional, afirmando 
que a sociologia jurídica deve interferir ativamente na elaboração, no estudo dogmático e 
inclusive na aplicação do direito. 
Nesta perspectiva, Sabadell (2010) afirma “[...] Não há uma ciência jurídica autônoma 
porque o direito, ademais dos métodos tradicionais, também emprega ou deve empregar 
métodos próprios das ciências sociais.” A sociologia do direito tem uma abordagem 
positivista, já a sociologia no direito há a abordagem evolucionista.
24
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O presente artigo mostrou o surgimento e o desenvolvimento da sociologia na visão de 
Augusto Comte, Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx, grandes e importantes filósofos 
que contribuíram imensamente para a construção desta ciência autônoma relativamente 
nova, pois surgiu apenas no século XIX, mas que se faz muito presente na sociedade e em 
muitas áreas de estudo, como por exemplo a área jurídica, com a sociologia jurídica, no 
qual pudemos compreender o seu nascimento e as suas abordagens, sociologia do direito e 
sociologia no direito. 
Dessa forma, pudemos analisar a sociologia no contexto histórico ao qual a mesma 
estava inserida no momento em que surgiu, diante de duas grandes revoluções (Francesa 
e Industrial), sendo assim as pessoas precisavam compreender as transformações que 
estavam passando em diversos âmbitos, logo, o nascimento da sociologia foi fundamental, 
uma vez que esta estuda o homem no âmbito social, assim como Sabadell (2010) afirma. 
A presença desta grande ciência no Direito foi fundamental como apresentado no 
decorrer do artigo, muito sociólogos que foram apresentados ao longo do trabalho tiveram 
importante participação na construção de termos e conceitos na área jurídica, voltando os 
seus estudos para a sociologia e para o direito, para que então, ambos andassem lado a lado, 
contribuindo para o desenvolvimento e crescimento de cada ciência. 
REFERÊNCIAS 
ARON, Raymond. Etapas do Pensamento Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006.
MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do Direito. São Paulo: Atlas, 2016.
SABADELL, Ana Lucia. Manual de sociologia jurídica: introdução a uma leitura externa 
do direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
SELL, Carlos Eduardo. Sociologia Clássica: Marx, Durkheim e Weber. Petrópolis. RJ: Vozes, 
2017.
TRUBEK, David M. Max Weber sobre direito e ascensão do capitalismo. Revista Direito 
GV. São Paulo, v. 3, n. 1, jan-jun 2007.
25
O DIREITO E SUA FUNÇÃO 
NO SEIO SOCIAL
Fabrycio Marinho Veras Mascena3
RESUMO
O artigo estuda como o Direito é importante para sociedade e como um completa o outro em 
uma interação mútua, e com isso a necessidades de criação de normas equitativas e justas 
para que a sociedade seja harmoniosa e seus indivíduos tenham seus direitos garantidos 
pela mesma. 
Palavra-chave: Direito, Sociedade, Interação, Normas.
1 INTRODUÇÃO 
O Direito está presente em todas as sociedades existentes, desde as primitivas até 
as mais complexas. Ele aparece para mediar os conflitos existentes em um convívio em 
grupo, para que todos possam viver em harmonia. Se apresentando de várias formas na 
sociedade, seja ela por forma de costumes, moral, religiosa ou normas escritas que regem 
o funcionamento da mesma, porém cada uma atua de forma diferente na sociedade, seja 
por meio da fé ou até mesmo por meio da força física, para que se mantenha a ordem. 
Com isso, podemos observar que a sociedade e o direito se influenciam mutuamente, 
seja a sociedade moldando o direito com sua cultura e costumes ou o mesmo moldando a 
sociedade, fazendo-a se adequar e obedecer às normas. Nesse sentido, há também o Direito 
Natural, que possui leis advindas da natureza, essas não foram criadas, e por isso não pode 
ser classificado como processo de adaptação social, porém a presença do Direito Natural na 
formação do direito é de fundamental importância para a construção da sociedade, como o 
direito à vida, à liberdade
3 Graduando em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
26
1.1 A relação mútua entre direito e sociedade 
O Direito esteve presente na sociedade desde antiguidade, desse momento em que 
o homem precisou conviver em sociedade para enfrentar as adversidades impostas pelos 
fenômenos da natureza, e ao transcorrer a vida social o homem sempre buscou satisfazer 
suas necessidades e por muitas vezes impondo sua vontade ao outro, com isso foi preciso 
criar normas, para que a convivência em grupo fosse harmônica e esse papel de tutelar 
as relações sociais e de tentar evitar os conflitos surge o Direito. Ele surge mais como um 
conjunto de costumes sociais e senso comum do que um conjunto de normas jurídicas como 
conhecemos hoje.
GUSMÃO (2002, p.52) Conceitua o Direito como “conjunto de normas executáveis 
coercitivamente, estabelecidas ou reconhecidas e aplicadas por órgãos institucionalizados”. 
Ao analisar esse conceito podemos observar que ele está certo em sua essência, mas podemos 
dizer que ele está incompleto, pois para definir o direito de uma forma eficaz, devemos partir 
da sua essência, que é o regulamento do convívio humano em sociedade, como isso podemos 
afirmar que o direito é um conjunto de normas executáveis coercitivamente, estabelecidas 
e reconhecidas por órgãos institucionalizados, visando regular o convívio social para obter 
harmonia na sociedade.
Como podemos observar, o Direito e a sociedade andam de mãos dadas, um com o 
outro, de um modo que um não existiria sem o outro, pois uma sociedade sem normas, 
sem o Direito sucumbiria em meio ao caos e não duraria por muito tempo, enquanto a se 
não existisse a presença da sociedade, O Direito como fato social, não existiria, e mesmo 
existindo seria desnecessário, pois sua função é regular o convívio social. Ao entender isso, 
podemos afirmar que, o Direito não pode ser formar alheia a sociedade, pois cada sociedade 
tem seus próprios costumes, sua própria cultura e isso implica em fatos sociais diferentes.
 O Direito junto com a sociedade molda um contorno legal que indica os direitos, 
deveres, limites de atuação e proibições, ou seja, regras, isso tem grande interferência na 
vida das pessoas, pois nem todos têm ideia de quanto o Direito se faz presente no meio 
social, de como está interligado com quase tudo que se passa na sociedade, desde a mais 
simples às mais complexas relações sociais.
A existência de um direito, seja em sentido forte ou fraco, implica sempre a existência de 
um sistema normativo, onde por “existência” deve entender-se tanto o fator exterior de um 
direito histórico ou vigente quanto o reconhecimento de um conjunto de normas como guia 
da própria ação. A figura do Direito tem como correlato a figura da obrigação. (BOBBIO, 
1922, p. 77-80).
27
Ao compreender isso, percebesse que o Direito tem uma função social, vem em busca 
de trazer o queé justo, mas a criação de normas acaba gerando uma série de limitações que, 
em certos momentos e em determinados lugares, são tão grandes e frequentes que chegam 
a afetar diretamente a própria liberdade humana. Então o Direito deve assumir uma função 
para trazer harmonia às relações sociais intersubjetivas, resolver os conflitos com o mínimo 
de desgaste e sacrifícios. A busca para a solução de conflitos de ser ordenada a usar critérios 
justos e equitativos de acordo com as convicções presentes na sociedade. 
Então o direito tem um papel de ação e reação dentro de uma sociedade, onde ele vai 
moldar a realidade social e ao mesmo tempo vai ser determinado por essa realidade.
O direito exerce um duplo papel dentro da sociedade: ativo e passivo. Ele atua como um 
fator determinante da realidade social e, ao mesmo tempo, com o um elemento determinado 
por esta realidade. Dentro deste contexto identificam-se as pressões dos grupos dc poder 
que podem induzir tanto para que se dê a elaboração de determinadas regras, bem como 
para que as regras em vigor não sejam cumpridas, levando a um processo de anomia 
generalizada. ( SABADELL, 2002, p. 92-93)
Com isso Sabadell mostra que as normas jurídicas necessariamente precisam suprir 
os interesses e as necessidades sociais, fazendo com a norma seja efetiva na sociedade, e que 
a relação social não se mantém estáveis ao longo dos anos, elas passam por modificações 
que alteram o ordenamento jurídico vigente, fazendo com que normas antes válidas sejam 
substituídas por novas normas que supra a necessidade da sociedade atual, tirando assim 
a eficácia e vigência da norma antiga. Ao entender que o direito está totalmente interligado 
nas mudanças sociais, percebe-se que essa ligação pode ser entendida de duas formas, 
a primeira de que o direito impede a mudança, devido ao sistema jurídico que tarda ao 
detectar as necessidades sociais, tornando-se um freio às mudanças sociais, e a segunda é 
a de que o direito é o responsável pela mudança social, que ao realizar mudanças jurídicas 
transforma a sociedade como um todo. 
A relação entre o direito é mudanças sociais pode ser um meio termo de cada corrente 
supracitada, que em alguns casos se torna um freio e uma interrupção de alguma mudança 
social, como pode promover uma mudança, pois o direito é um fator social e junto com eles 
existem vários outros fatores como economia, clima, cultura, religião, entre outros.
O direito é um a variável dependente, ou seja, um fenômeno social que muda historicamente 
com função de outros fenômenos. A relação entre os grupos e as classes sociais, definida 
principalmente pelo fator econômico, determina as estruturas jurídicas. O direito pode ser, 
então, considerado como um produto de interesses sociais, que dependem das relações de 
dominação em cada sociedade. (SABADELL, 2002, p. 96)
 O Direito é influenciado por diversos fatores presentes na sociedade, que muitas 
vezes são particulares de cada uma delas, tornando o direito único em cada sociedade. 
28
Por ser derivado de vários outros fatores o direito dificilmente é o único propulsor de uma 
mudança social, pois normalmente a mesma acontece devido os outros fatores, e a uma 
grande dificuldade para o direito ser um propulsor, devido à tradição jurídica e o processo 
de criação de normas que dificulta o direito acompanhar a sociedade em suas mudanças. 
(SABADELL,2002, p.96) A importância da tradição jurídica explica também o fato do 
que países com semelhantes estruturas política e econômica possuam sistemas jurídicos 
totalmente diferentes. Nenhuma sociedade é totalmente igual e isso faz com que o Direito se 
torne único, partindo de uma base universal de trazer harmonia e justiça para a sociedade 
se adaptando de acordo com os conceitos morais,e como eles sempre estão em constante 
movimento torna-se difícil para o direito os mesmo, devido consistência é necessária uma 
força política para fazer essa mudança, então essa força política deve tentar acompanhar as 
mudanças sociais para que o direito torna-se atual como a sociedade.
Quanto mais aberto, flexível e abstrato é o sistema jurídico mais fácil será operar uma 
mudança social através de sua interpretação. Um sistema jurídico completo e detalhado, 
com rígidos procedimentos de controle e com “cláusulas pétreas” que dificultam as 
reformas, dificilmente permite mudanças sem ruptura.( SABADELL, 2002, p.98)
Para que o direito seja realmente efetivo na mudança social, além da força política é 
necessário um sistema jurídico flexível, que junto com os legisladores que detém o poder 
político, devem moldar as normas a fim de acompanhar a sociedade e não deixar o direito 
vigente tão retrógrado, como por exemplo em questões dos direitos das mulheres, que há 
anos estão lutando por igualdade, e para que não tenha seus direitos suprimidos devido à 
legislação antiga e machista. 
O Direito mostra que além de modificar a sociedade, ele apresenta uma função social, 
dando legitimidade a causas, que antes eram reprimidas pela sociedade, combatendo assim 
o preconceito, que por muitas vezes foi criado pelo próprio Direito, como por exemplo a 
escravidão no Brasil, que o direito vigente na época, legitimava o trabalho forçado, em 
condições desumanas, devido somente a cor de pele negra, denominada de raça inferior, e 
mesmo com o fim da escravidão, a população negra sofreu com o preconceito predominante 
na sociedade, com políticas de tentar branquear o Brasil, trazendo mão de obra estrangeira 
e deixando eles a margem da sociedade, então o direito atual tenta amenizar os erros 
causados no passado com leis que proíbem qualquer tipo de preconceito, além de cotas em 
universidades e programas de combate ao racismo.
Fazendo-se assim alusão ao movimento chamado de “ uso alternativo do direito” que 
é basicamente usufruir das brechas existentes nas normas e de suas ambiguidades para 
favorecer classes e grupos sociais mais fracos.
29
A aplicação do direito deveria tornar-se um instrumento de solidariedade social. O operador 
jurídico deveria tirar proveito do caráter genérico e ambíguo das normas, empregando 
métodos de interpretação inovadores, que lhe permitiriam fazer justiça social. A proposta 
era a de tentar mudar a sociedade a partir das estruturas formais do direito.(SABADELL, 
2002 , p.99)
 Nesse sentido o Direito torna-se um grande fator de mudança social, pois ele 
proporciona a igualdade aos menos desfavorecidos, tornando-o mais justo na medida do 
possível, para que se possa realmente acontecer uma mudança social
 Surge então a ideia de que o verdadeiro direito alternativo, não seria aquele que faria 
a mudança social, segundo Sabadell (2002, p. 99-100):
O verdadeiro direito alternativo seria então um novo sistema jurídico. Os representantes 
deste movimento exprimiram à vontade de responder às verdadeiras necessidades sociais 
dos países “subdesenvolvidos” e de conseguir um a mudança na sociedade através da 
aplicação de um “outro” direito, gerado espontaneamente no seio dos movimentos sociais e 
substituindo paulatinamente o “opressor” direito do Estado.
Por base nas brechas e ambiguidades na norma seria um novo sistema jurídico capaz 
de suprir a necessidades sociais, fazendo assim ele próprio a mudança social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos fatos apresentados nota-se que Direito é um elemento de fundamental 
importância para a sociedade, pois o mesmo tem a função de proporcionar uma vida 
harmoniosa e justa no meio social, levando em consideração contexto histórico e seus 
costumes. Além disso, apresenta-se como elemento essencial para garantir direitos que 
devem ser assegurados pelo Estado, para que com isso haja um equilíbrio entre direitos e 
deveres. E não uma sociedade sem regras, caótica que priva o direito primordial de seus 
cidadãos, a liberdade dos indivíduos.
 
REFERÊNCIAS
CURY, Carlos Roberto. Direito à Educação: Direito à igualdade, Direito à Diferença.Cadernosde Pesquisa. Minas Gerais, n. 116, p. 245-262, julho 2002.
BOBBIO, N. A Era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
GUSMÃO, Paulo Dourado de – Introdução ao Estudo do Direito – Rio de Janeiro: Forense, 
2002
30
SABADELL, Ana Lúcia. Manual de Sociologia Jurídica- São Paulo Revista dos Tribunais, 
2002
31
DIREITO COMO PEÇA 
IMPORTANTE NA 
SOCIEDADE: 
relações estabelecidas para 
o convívio na sociedade 
moderna
Beatriz Vitória Pereira de Lima4
RESUMO
Este trabalho aborda a função da Sociologia em conjunto com o Direito, pretendendo mostrar 
como a interdisciplinaridade entre os dois facilita a compreensão e interpretação de casos 
judiciais, e assim, o andamento das questões que envolvem a sociedade como um todo. É difícil 
praticar um ato que não esteja no mundo do direito. Campos de pesquisa jurídica diferentes, 
como a própria Sociologia, contribuem para um desenvolvimento do estudo da sociedade 
e assim, iremos observar como essas matérias atuam sobre a sociedade e como esta lida 
com os problemas e soluções desenvolvidas a partir do direito, que torna o homem um ser 
social, capaz de opinar sobre as questões levantadas a partir dessa interdisciplinaridade. 
Direito é ordenamento jurídico, conjunto de normas expressas em lei, que estabelece uma 
ordem a qual todos devem respeitar e obedecer. Ele promove a justiça e equidade para 
todos e desse modo, ajuda o homem na busca de suas necessidades sem infringir o espaço 
de seu semelhante. Neste presente trabalho, também será relacionado à presença do direito 
na sociedade com a obra “Amor Líquido” de Zygmunt Bauman, um dos maiores sociólogos 
da atualidade. Veremos que, segundo ele, as relações estabelecidas na modernidade líquida 
são as causas da falência de nossas relações com o próximo e do preconceito com as pessoas 
que são diferentes do nosso convívio. Podemos assim, compreender a sociedade moderna 
4 Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). 
E-mail: beatrizvplima@hotmail.com 
mailto:beatrizvplima@hotmail.com
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e seus problemas com as mudanças imprevisíveis e rápidas. Essa modernidade, como será 
apresentado no decorrer do trabalho, altera o Estado e traz uma fragilidade as relações 
sociais e uma insegurança que estreita laços e os mantêm frouxos. Adentrando mais no 
contexto do Estado, veremos como ele e o Direito tem sua relação a respeito das normas 
penais. 
Palavras-chave: Sociologia, Direito, Sociedade, Interdisciplinaridade, Sociedade Líquida, 
Convívio, Modernidade, Relação.
1. INTRODUÇÃO
A Sociologia é um estudo das relações que os seres humanos estabelecem, seu interesse 
é analisar e verificar o comportamento humano diante das situações que ocorrem no tempo. 
O Direito pode ser regra de conduta obrigatória, sistema de conhecimentos jurídicos e a 
faculdade de exigir um determinado comportamento a outro. A Sociologia Jurídica nasce 
como disciplina específica para pesquisar, analisar e compreender as relações jurídicas na 
sociedade. Juntos, visam regular o comportamento social e trazer o direito para a realidade.
As relações sociais estabelecidas ao longo da modernidade estão perdendo sua força 
e tornando cada vez mais as relações frágeis e sem garantia de permanência. A fragilidade 
desses vínculos, a insegurança e as incertezas são pontos importantes para a discussão de 
toda situação líquida em que a sociedade se encontra; a velocidade dos fatos e os avanços das 
tecnologias também acarretam para esse aspecto. Por isso temos a modernidade atual como 
um mundo confuso e imprevisível que nos traz apenas a certeza de que o homem necessita 
de uma liberdade que ele não sabe relacionar com os seus vínculos e desejos. Os refugiados 
também é um assunto importante, pois com o aumento de todos os medos instalados na 
sociedade moderna, os governos utilizam de artimanhas que ao mesmo tempo em que são 
utilizados para promover campanhas políticas e inclusão sociais, são culpados por aspectos 
da doença social e do aumento dos casos de terrorismo, o que leva a deportação dessas 
pessoas que não tem nenhum lugar para ficar, já que foram expulsos de suas terras.
2. SOCIOLOGIA JURÍDICA E A FUNÇÃO DO JURISTA-
SOCIÓLOGO
A Sociologia Jurídica, que é uma especialização da Sociologia, retrata a relação entre 
o social e o jurídico tendo como função analisar as causas e os efeitos das normas jurídicas 
33
na sua aplicação na sociedade. Assim, é necessário o jurista-sociólogo, que faz uma leitura 
diferente do sistema jurídico, sem apego aos dogmas, tentando compreender as razões 
sociais que levaram à elaboração daquela determinada norma e sua aplicação, por isso deve 
ter uma postura neutra e objetiva. Ele observa o direito de forma externa, analisando as 
relações entre este e a sociedade.
Justificando esta definição de distanciamento, Luhmann esclarece:
O primeiro refere-se ao sentido da observação externa. (...) Quando se diz que a abordagem 
sociológica observa o direito “de fora”, isto quer dizer que o pesquisador procura olhar 
o direito, abandonando por um momento a ótica do jurista, e colocando-se numa outra 
perspectiva, que pode ser a política, a econômica, a social, dependendo do tipo de análise 
que ele está fazendo. (...) O segundo esclarecimento refere-se à relação entre direito e 
sociedade, ou seja, à relação entre o social e o jurídico que estabelecemos aqui como objeto 
de análise da sociologia jurídica.
Como já mencionado, o jurista-sociólogo interessa-se por relacionar as normas 
jurídicas com a estrutura social e, apesar do desapego a dogmática do direito, ele permanece 
ligado a este com o objetivo de analisar a atuação dele na sociedade.
3. DIREITO E SOCIOLOGIA PARA COMPOR A 
SOCIEDADE
Desde o século XX, o estudo do direito vem acompanhado de outras ciências, a 
chamada interdisciplinaridade. Esse conhecimento, de troca, facilita a aplicação e a criação 
do direito. A Sociologia, como já dito, não é apenas a ciência das relações entre os fenômenos 
sociais, ela é também o estudo dos fenômenos não sociais, o que facilita o entendimento das 
características gerais da sociedade.
O direito é um fato social, que vem como resultado de fatores sociais, como religião, 
economia, moral e ele também se apresenta como costume, instituições sociais (como 
família). Dessa forma, o estudo em conjunto da sociologia e direito é importante para 
observar e analisar as consequências da aplicação do direito na prática. 
O modo de aplicar a lei depende do poder executivo e judiciário, dos operadores do 
direito e estes, apesar das regras que limitam a interpretação, não seguem as previsões 
legais e dão um sentido ao texto que não condiz com a vontade do legislador ou com a 
interpretação de outro operador.
Para compor a sociedade o direito tem que conhecê-la e é exatamente a 
interdisciplinaridade com a sociologia jurídica que fará esse trabalho. Quando entram em 
estudo conjunto, o sistema jurídico é levado à realidade e assim, com as opiniões e impactos 
34
das normas reconhecidos, pode-se trabalhar de maneira mais significativa e ligado à vida 
social, que muda com o tempo e o direito deve acompanhá-la.
É evidente que a mudança social relaciona-se com as mudanças do direito, ou seja, com a 
modificação das normas legais e sua aplicação no seio da sociedade. Para explicar como 
o tema da mudança social é tratado no âmbito da sociologia jurídica, devemos situar em 
primeiro lugar o debate acerca do papel do direito na sociedade. (SABADELL, 202, p. 91).
4. O DIREITO NA SOCIEDADE
Diferentes opiniões e interesses são o ponto chave da sociedade, eles criam conflitos 
que muitas vezes modificam a organização social e dessa maneira, o direito, como sendo um 
dos fatos sociais não deve se afastar muito da opinião pública.
Alguns estudiosos entendem que o direito é determinado pela sociedade, ou seja, 
que a sociedade produz o direito que lhe é necessário. Outros entendem que o direito é 
que determina ocontexto social, atuando sobre a realidade e a modificando. No entanto, 
uma terceira posição pode ser sustentada que é a de que o direito pode ser produzido por 
interesses sociais e mesmo assim, influenciar a sociedade.
o direito exerce um duplo papel dentro da sociedade: ativo e passivo. Ele atua como um fator 
determinante da realidade social e, ao mesmo tempo, como um elemento determinado por 
esta realidade. (SABADELL, 202, p. 92).
Portanto, o direito e o homem se influenciam mutuamente. 
Ora, a maioria das relações sociais, ou mais importantes para a sociedade, seja por serem 
essenciais à mesma, seja por serem geradoras de graves conflitos, capazes de ameaçar a 
paz e a ordem sociais, tornam-se relações jurídicas (§ 144) ao serem regidas por norma 
jurídica (lei, costume, precedente judicial, case-law). (GUSMÃO, 2013, p. 35). 
O direito ajuda o homem a se adequar e obedecer às normas e o homem influencia 
na criação do direito, já que este deve obedecer aos valores que a sociedade tem como 
fundamentais. 
5. AMOR LÍQUIDO SEGUNDO ZYGMUNT BAUMAN
De acordo com as análises de Bauman, no mundo moderno vivemos imersos em 
incertezas, inseguranças em relação à ordem e estabilidade da sociedade, como um todo e 
de cada sujeito. As relações sociais são frágeis e acabam se tornando, cada vez mais, relações 
35
mercantilizadas e individualizadas. Isso se justifica na nova forma de relacionamento que 
possibilita a troca de parceiros, sem remorso, por outros melhores, o que torna as relações 
cada vez mais pautadas num comércio de seres humanos com propósito de preencher um 
vazio.
Vínculos e liames tornam “impuras” as relações humanas – como o fariam com qualquer 
ato de consumo que presuma a satisfação instantânea e, de modo semelhante, a instantânea 
obsolescência do objeto consumido. (BAUMAN, 2004, p. 31).
A situação de insegurança e incerteza também se relaciona com um quesito bastante 
discutido na obra de Bauman, que é “amar o próximo como a ti mesmo”. Segundo ele, essa 
seria a máxima da moralidade, pois o amor-próprio é resultado de ser amado e não algo 
natural; quando o sujeito percebe que é amado, que é ouvido e que faz falta então ele começa 
a se amar, pois nós nos amamos quando nos identificamos com o outro e com o amor que 
aquele nos dá. Dessa forma, amamos a nós e amamos ao outro identificado.
O “relacionamento puro” tende a ser, nos dias de hoje, a forma predominante de convívio 
humano, na qual se entra “pelo que cada um pode ganhar” e se “continua apenas enquanto 
ambas as partes imaginem que estão proporcionando a cada uma satisfações suficientes 
para permanecerem na relação”. (BAUMAN, 2004, p. 52).
Existem ainda duas contradições centrais, uma que traz a vontade de ser livre e uma 
busca constante pela individualização e outra que traz a busca por uma pessoa perfeita, 
ideal para viver, porém essa pessoa perfeita não existe, mas existe a pessoa que é capaz de 
nos entender e amar. 
6. MODERNIDADE LÍQUIDA
As novas formas de se relacionar se opõem com as antigas – “nossas ferramentas de 
relacionamento estão engajadas com nossa época fluida, então o caminho da sociedade é a 
autodestruição após um longo definhamento”.
A sociedade moderna e globalizada sustenta a busca pela individualização, pela 
liberdade ao invés de uma vida afetiva e estável. Ela torna as relações descartáveis, sem 
vínculos, seguindo o consumismo desenfreado e levando-o para além das relações 
econômicas; as pessoas viram objetos de consumo e passam a ser julgados pelo prazer que 
oferecem e pelo seu “valor monetário”.
A modernidade é líquida e veloz, “um mundo repleto de sinais confusos, propenso a 
mudar com rapidez e de forma imprevisível”. Com as tecnologias, podemos nos movimentar 
sem sair do lugar, criar perfis, fazer amigos, desfazer as amizades feitas e assim viver 
instantaneamente e temporariamente. A partir disso, a liberdade individual cresce e se 
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opõe á segurança de uma vida estável. Por isso entendemos a modernidade atual como um 
mundo confuso e imprevisível. 
Esse termo “modernidade líquida” foi empregado porque a única certeza que temos 
desse novo período é que a mudança e a incerteza são as únicas certezas. Em entrevista 
ao jornal italiano Il Messaggero, o Bauman diz que buscamos um estado de maior solidez. 
“Ainda estamos em uma sociedade líquida, mas em que nascem sonhos de uma sociedade 
menos líquida”.
7. O DIREITO NA MODERNIDADE LÍQUIDA 
Na modernidade líquida o Estado perde força, algumas funções que eram de cargo dele 
tornam-se de iniciativa privada e responsabilidade dos indivíduos. Bauman identifica uma 
crise da democracia e o colapso na confiança na política, pois ele acredita que os sistemas 
democráticos não cumprem com suas promessas; ai a descrença das pessoas. Para ele, a 
economia também passa por crises e tudo isso aumenta as desigualdades sociais, fazendo 
com que a luta não seja mais de classes e sim de cada pessoa com a sociedade. 
Com a intervenção do Estado diminuindo conduz a uma aplicação do Direito Penal 
Máximo e em vez de políticas assistenciais, o Estado aplica penas. Assim, seria a forma do 
Estado punir quem não consegue se inserir na sociedade de consumo.
Pessoas desgastadas e mortalmente fatigadas em consequência de testes de adequação 
eternamente inconclusos, assustadas até a alma pela misteriosa e inexplicável precariedade 
de seus destinos e pelas névoas globais que ocultam suas esperanças, buscam 
desesperadamente os culpados por seus problemas e tribulações. Encontram-nos, sem 
surpresa, sob o poste de luz mais próximo – o único ponto obrigatoriamente iluminado pelas 
forças da lei e da ordem: “São os criminosos que nos deixam inseguros, são os forasteiros 
que trazem o crime.” E assim “é reunindo, encarcerando e deportando os forasteiros que 
vamos restaurar a segurança perdida ou roubada”. (BAUMAN, 2004, p. 66).
Como já mencionado, a segurança também é fluida, e assim o medo se torna o maior 
vilão do nosso tempo. Esse medo vem de situações que não produzimos e nem conseguimos 
controlar; relaciona-se com o medo da violência e do terrorismo, que está muito evidente 
na atualidade. Mas, manter esse medo seria uma estratégia de determinados grupos para 
continuar no poder, assim, com o crescimento da criminalidade e o aumento dos índices de 
endurecimento das normas penais, o discurso nacionalista e preconceituoso seriam aceitos 
pela população.
E desse jeito os refugiados, que são expulsos de seus países, terminam sendo indesejados 
e excluídos nos países em que são recebidos (quando não tem sua entrada recusada); eles 
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são transformados em alvos para descarregar todos os problemas do mundo globalizado, 
seja a violência ou o desemprego. 
A atual tendência a reduzir drasticamente o direito de asilo político, acompanhada pela 
firme recusa ao ingresso de “migrantes econômicos” (exceto nos momentos, poucos e 
transitórios, em que as empresas ameaçam mudar-se para onde a mão-de-obra está, se 
esta não for trazida para onde elas estão), (...) Nessas circunstâncias, o ataque terrorista de 
11 de setembro ajudou enormemente os políticos. Além das acusações comuns de viverem 
à custa da previdência social e de roubarem empregos, ou de trazerem para o país doenças 
há muito esquecidas, como a tuberculose, ou recentemente surgidas, como a AIDS, os 
refugiados podem agora ser acusados de fazer o papel de “quinta coluna” em favor da rede 
terrorista global. Há finalmente um motivo “racional” inatacável para recolher, encarcerar 
e deportar pessoas com as quais não se sabe mais lidar nem se deseja ter o trabalho de 
descobrir. (BAUMAN, 2004, p. 74). 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vale ressaltar que o direito é um fato social que tem origem nas inter-relações sociais 
e que disciplina as relações sociais. Ele é um grande facilitador do convívio do homem com 
seus semelhantes e possibilita o desenvolvimento destes em relação a conflitos, que são 
amenizados com a presença do direito,

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