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OS MARCOS LEGAIS E A CONSTRUÇÃO DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR ETAPA 1 Autor Cleide Donizete Moreira Nunes Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? OS MARCOS LEGAIS E A CONSTRUÇÃO DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR ETAPA 1 1 INTRODUÇÃO A educação brasileira passou por vários momentos históricos que contribuíram para o cenário educacional da atualidade. Assim, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), conhecida por seu caráter normativo que referencia as aprendizagens essenciais desde a Educação Infantil, perpassando por todo o Ensino Fundamental I e II, até o Ensino Médio, foi idealizada para nortear o ensino que abarca a todos por meio de habilidades e competências mobilizadoras no ensino-aprendizagem. Tal organização foi pautada a partir de documentações legais que regem o ensino em sua totalidade, compreendendo, assim, a Constituição Federal (1988), a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) (1996), o Conselho Nacional de Educação (1995) e o Plano Nacional de Educação (2014). Esses documentos refletem a relevância que a igualdade e a equidade têm na formação do cidadão e, ao mesmo tempo, revelam que tais ausências reforçam a desigualdade na educação que, há muito, procura-se anular ao longo da trajetória do ensino no Brasil e garantir ao estudante o direito de aprendizagem a partir do lugar em que ele está inserido, considerando a sua história e o seu processo de formação intelectual, atendendo-o com respeito e sem preconceito para que sua educação seja integral e o seu desenvolvimento pleno. Portanto, conhecer os marcos que fundamentam a BNCC são necessários para entender como o estudante, o cidadão e o aluno, assim denominados nesses documentos, estão sendo ressignificados a partir das documentações que sustentam a história dos brasileiros, devolvendo a esses sujeitos o direito que já lhes foi garantido na Constituição Federal (1988), conforme você poderá observar no estudo que será desenvolvido sobre a CF/88. CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? FIGURA 1 – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR FONTE: <https://bit.ly/38wzgQv>. Acesso em: 12 mar. 2021. 2 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL Para compreender acerca dos tópicos que compõem a BNCC é primordial retomar a Constituição Federal de 1988, já que ela traduz o espírito de igualdade que deve permear na sociedade. Assim, a Constituição da República Federativa do Brasil foi promulgada em 5 de outubro de 1988 pela Assembleia Nacional Constituinte, tendo como objetivo a democracia do estado como garantia para o cidadão no exercício de seus direitos sociais e individuais, bem como a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e, ainda, a justiça. Esses são valores supremos de uma sociedade intencionada à fraternidade, à pluralidade e sem preconceitos a partir dos fundamentos que conduzem a um Estado Democrático de Direitos (BRASIL, 1988). Tamanha amplitude que a Constituição Federal representa deve-se ao seu poder de orientar práticas que atendam a todos, haja vista que a sua elaboração e promulgação foram feitas em meio à repressão política e social ocasionadas pela transição em que o país se encontrava, sendo um CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? estado autoritário, mas com necessidade de tornar-se estado democrático de direito, uma oficina perfeita para a compreensão acerca do termo nação. Essa mudança histórica moldou as visões a respeito do ser humano e das políticas sociais, além de embasar os princípios que compuseram a Constituição Federal de 1988, instituídos ao longo de suas seções. Veja que a Seção I, que faz parte do Capítulo III, destinado à Educação, reporta em seu Artigo 205 que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988). Podemos observar que foi inserido neste documento algo que nasce para trazer a oportunidade aos menos favorecidos, principalmente no quesito educação, que era destinada na história do Brasil a uma classe específica, com condições econômicas e sociais mais estáveis. Ademais, o complemento ‘pleno desenvolvimento’ evidencia a educação em todas as suas áreas e assinala o comprometimento da sociedade em geral para que esta causa nobre e necessária seja cumprida. Nesse mesmo sentido, em 2017, após vinte e nove anos, a Base Nacional Comum Curricular foi organizada, visando ao desenvolvimento do ser humano em sua totalidade ao versar as habilidades e competências como resultado de uma aprendizagem significativa a partir das Políticas Públicas Sociais e reforça a educação como direito de todos ao trazer a mesma intenção de conhecimento e desenvolvimento a todas as escolas, conforme ressalta o Artigo 210: “Serão fixados conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais” (BRASIL, 1988) e ao se estender a todas as esferas educacionais de base, compreendendo, assim, a Educação Infantil, Fundamental I e II e Ensino Médio. Dessa forma, o ‘desenvolvimento pleno da pessoa’, que a CF/88 traz, pode ser consumado por meio de seus princípios relacionados ao ensino, conforme apresenta o Art. 206: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal (BRASIL, 1988). Assim, compreende-se que a igualdade coloca todos os cidadãos na mesma condição para o conhecimento pleno e os empodera, porque além CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? do acesso, cabe-lhes a permanência e a garantia da qualidade, sob a gestão democrática que opera a mobilização de conceitos, procedimentos, práticas cognitivas, atitudes e valores que caminham paralelos à BNCC. Percebe- se, com isso, uma preocupação com a formação do sujeito aluno, esta não podendo ser qualquer uma, ou acontecer de qualquer forma, sendo necessário o zelo e o planejamento para que a educação aconteça em sua totalidade e dentro de um padrão de qualidade. O que seria a qualidade? Como adquiri-la num espaço público? Ou ainda, como seria retratada a igualdade de condição de acesso e permanência? Todos teriam as mesmas possibilidades apesar de suas individualidades e particularidades? Todos esses questionamentos culminam na integridade das práticas profissionais, pois a qualidade acontece mediante a doação ao outro, momento em que o olhar, a sensibilidade e o envolvimento conduzem as ações. Veja que a qualidade do ensino significa ao estudante ter a possibilidade de inferir e de dialogar sobre os temas, como a CF/88 ressalta em seu Artigo 214 a melhoria da qualidade do ensino para todos ao “assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis” (BRASIL, 1988). Por conseguinte, a Constituição Federal (1988) é uma realidade da igualdade entre todos, sem exclusão de grupos, haja vista que o parágrafo 1º prevê que “o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito públicosubjetivo”, assim o ensino está para todos e precisa ser redirecionado por meio das posições-sujeito que permeiam a sociedade. A escola não pode ser a única instituição a desejar a educação, a família precisa assumir este compromisso, buscando tanto assegurar o acesso como a permanência e, ainda, a qualidade por parte dos órgãos competentes, mas também fazer jus à missão que lhe é exclusiva, ou seja, fazer valer e cumprir o papel de orientadora nesta missão de gerenciadores da vida escolar dos filhos e/ou de seus responsáveis. Dessa mesma forma, os órgãos públicos e as empresas também devem assumir a missão que lhes cabe, permitindo aos seus funcionários, que são pais, que participem das reuniões que a escola convoca, fazendo parcerias com as escolas com projetos que contribuem para o desenvolvimento do estudante e até mesmo dos pais, visto que muitos deles são desinformados com relação à conduta com os filhos. Outra estratégia que poderia ser feita por parte da escola é a parceria com os profissionais de áreas específicas para atendimento aos familiares dos estudantes, compreendendo os psicólogos, os psicopedagogos e, por que não, os terapeutas. Isso seria assumir o compromisso que todos devem ter, de acordo com a CF/88. Diante do exposto, a Constituição Federal (1988) deixa evidente que a criança tem direito à educação de qualidade, cabendo aos pais e órgãos públicos o cumprimento de suas responsabilidades específicas. CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? FIGURA 2 – CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL FONTE: <https://bit.ly/3dFbw0A>. Acesso em: 10 mar. 2021. 2.1 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDB) Na sequência, será apresentada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, uma legislação que marcou uma época da educação, uma vez que ela foi elaborada sob os olhares de diferentes segmentos da sociedade civil, como o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, laica, gratuita e de qualidade, um momento que trouxe a ressignificação do ensino com a concepção e interesse de escola básica pela sociedade brasileira, sem anular as contradições que numa sociedade sempre existiram. Portanto, pensar na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) é refazer um processo que contempla o aluno em sua totalidade e que abriu espaços para a escola ir além de seus muros internos e chegar à sociedade. Assim, em dezembro de 1996, nasce a Lei nº 9.394, aprovada e sancionada como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, trazendo em seu Art. 1º: “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. Com isso, a educação passa a ser vista como uma amplitude, pois atravessa todos os ambientes e compreende-se como um processo, algo que caminha, que transforma, que acontece na formação, abrindo espaço para a compreensão de que o homem não está pronto, ele está sendo constituído pelos momentos e pelos ambientes. CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? Note que a LDB/1996 esclarece que a educação acontece primeiro na família, somente depois parte para a sociedade com a convivência humana. De acordo com Pereira e Teixeira (2009, p. 4): Ao situar a educação escolar no espectro amplo da vida social, a LDB induz a uma reflexão crítica da nossa prática educacional: a forma estreita como ela vem sendo concebida, o isolamento da escola em relação ao mundo exterior; a distância entre teoria e prática; entre o trabalho intelectual e o trabalho manual; a organização escolar rígida; o ensino e as práticas de adestramento e, em especial, a formação de atitudes que, contrariando interesses e necessidades da maioria, levam à obediência, passividade e subordinação. Portanto, há uma necessidade de expandir a educação com ações mais dinâmicas que se inter-relacionam, que transitam entre teoria e prática, proporcionando ao educando a autonomia, a inferência e o letramento, pois o Art. 22 da LDB nº 9.394/96 assevera que “a educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (BRASIL, 1996). Dessa maneira, o estudante passa a empregar o estudo na sua vida pessoal e a escola passa a ter uma funcionalidade aos olhos do aluno, que a vê como espaço de formação para a sociedade. Percebe-se com esta dinâmica de funcionalidade, o cumprimento da escola como agente transformadora e do aluno como agente transformado, uma vez que ele usa seu conhecimento na área externa à escola, transformando e sendo transformado, este é o papel da escola. Outro fator que a LDB nº 9.394/96 traz é a respeito dos conteúdos curriculares para a educação básica, ressaltados no Art. 27, observando as seguintes diretrizes: I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática; II - consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento; III - orientação para o trabalho; IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não formais (BRASIL, 1996). Verifica-se neste artigo os valores como prática de uma experiência que se consolida no ser humano, pois a ordem democrática advém de valores aplicados ao bem comum, sem distinção de raça, de gênero, de etnia e de classe social. Por isso, essa difusão, quando permeia a sociedade, faz com que a ação do homem lhe retorne, conforme os valores que são experimentados e vivenciados. No que tange à organização da educação básica compreendendo os níveis Fundamental e Médio, o Artigo 24 evidencia que: CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do Ensino Fundamental, pode ser feita: a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; b) por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas; c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino; III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que preservada a sequência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino; IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares; V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar,a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos; VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação; VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis. Essa disposição de organização mostra o quanto a LDB/96 está voltada para o aluno, visto que suas regras trazem detalhes do cenário escolar que vão ao encontro da aprendizagem, sendo válido ressaltar o inciso V sobre seu rendimento, que na oportunidade prevalecem os aspectos qualitativos, com dinâmicas que estimulam o desenvolvimento e a análise comparativa do aluno com ele mesmo, num primeiro momento, e, com a turma, num outro, sempre procurando trazer a criança para o centro, assumindo uma posição ativa neste processo, tendo o gosto pela escola e sendo frequente. Um percurso construído retém muitos olhares atentos nos resultados internos, haja vista remeter à aprendizagem consolidada na avaliação formativa e diagnóstica, até porque no contexto educacional, o aluno participará em determinado momento das avaliações externas que verificam o desenvolvimento do ensino. Essas avaliações, também denominadas de sistêmicas ou de larga escala, compreendem inúmeros alunos e podem ser censitárias ou amostrais. A LDB apresenta a organização da educação básica que atende às incumbências de outras instituições públicas, assim como o Caedufjf (Centro de CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora), uma instituição que mensura os resultados das avaliações e avalia as redes ou os sistemas de ensino, indo além da sala de aula. Por isso, requer metodologia e instrumentos específicos de análise que possibilitem a manutenção da comparabilidade e confiabilidade dos resultados (CAED c2021). Como efeito dessa prática, a análise e, na sequência, o plano de ação intencionado a sanar as dificuldades que o aluno apresenta nesta avaliação, compõem o projeto interventivo para resolver o quadro de rendimento necessário. Ademais, por ser um processo nacional, coloca todos os estudantes numa mesma condição e isso é válido porque há alunos, estudantes de escolas públicas, que gabaritam essas avaliações, assim como ou até melhor que alunos de escolas particulares, haja vista essas avaliações contemplarem questões que envolvem temas sociais para que o respondente demonstre a sua relação com os acontecimentos da sociedade brasileira e, ainda, sua relação com a leitura, suas habilidades de inferir, de relacionar e de argumentar dentro da competência da linguagem escrita e oral. Nessa perspectiva de avaliação que a LDB/96 declara, cabe pensar na sua importância, já que ela está dentro de uma Lei (LDB) que é para todos. Ainda de acordo com o Portal CAED, as informações produzidas a partir de um sistema de avaliação têm papel importante nos rumos do sistema de ensino, além do cuidado na garantia da fidedignidade das informações oferecidas, é fundamental garantir a reflexão sobre esses resultados e constante melhoria na sua produção, seja pelo envolvimento crescente dos atores participantes do processo, seja pelo aprimoramento de métodos, instrumentos e logística de realização da avaliação (CAED, c2021). Segundo a LDB, para garantir a qualidade do ensino ao aluno, é necessária a análise das práticas pedagógicas que são consumadas nos resultados das avaliações, portanto, elas são importantes porque oportunizam aos professores o conhecimento de suas práticas estampadas nos rendimentos dos alunos e, além disso, verifica em qual nível o aluno está em relação a ele mesmo e à turma, bem como o que falta conhecer, uma vez que as legislações orientam a educação de qualidade para todos (BRASIL, 1996). Ter este resultado mensurado faz a diferença no trabalho do professor, pois assim ele pode planejar outras formas de conduzir o ensino para acontecer a aprendizagem do aluno e fazer as intervenções cabíveis. A esse respeito, Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 83) explanam o poder do trabalho com gêneros para a leitura e a escrita, como empoderamento e liberdade de um povo: “uma sequência didática tem, precisamente, a finalidade de ajudar o aluno a dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma maneira mais adequada numa dada situação de comunicação”, habilidades que as avaliações têm contemplado em suas questões. CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? Esses mesmos autores ainda consideram no trabalho com gênero o esquema 1 da sequência didática. FIGURA 3 – ESQUEMA 1 – SEQUÊNCIA DIDÁTICA O PIBID e o gênero discursivo memórias 34 Esquema 1 – Sequência didática Fonte: Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 83) Foi observado que os estudantes se envolveram nas ativi- dades propostas com esse gênero discursivo, principalmente por ele ser significativo para eles, pois, segundo Freire (1998, p. 53),“é bem verdade que a educação não é a alavanca da transformação social, mas, sem ela, essa transformação não se dá”. As produções textuais produzidas pelos alunos ilustram o trabalho desenvolvido, comprovando que, tendo correspondido às expectativas propostas, o objetivo final do trabalho foi devidamente alcançado. De acordo com a proposta veiculada nos materiais teóricos trabalhados junto aos discentes, a maioria das produções textuais desenvolvidas pelos alunos atendem aos critérios solicitados e são permeadas pelas marcas literárias intrínsecas ao gênero “memó- rias”. Percebemos isso ao fazermos análises nas escolhas lexicais dos textos. Essas escolhas são comuns ao gênero e permitem ao leitor o reconhecimento da imagem retratada pelos autores do texto. Os textos que transmitem as características citadas estão inseridos na situação de produção final e foram ajustados con- forme as necessidades gramaticais e semânticas. Acrescenta-se a isto, também, as análises textuais orais feitas durante as aulas com os próprios alunos. Tendo em vista a sequência didática proposta, avaliamos os resultados finais como bem sucedidos, uma vez que o trabalho foi desenvolvido conforme proposto por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) e atingiu resultados satisfatórios tanto para o corpo docente quanto para o corpo discente envolvidos no processo. FONTE: Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 83) Ao examinar a Figura 3, pode-se verificar a relação que o esquema traz nesse tema que discute os marcos que compuseram a BNCC/2017 a partir da preocupação do professor e dos órgãos em pensar como a escola pode fazer sentido para o aluno no seu processo de aprendizagem, garantindo-lhe um rendimento real, construído com práticas que se entrelaçam entre os aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais, objetivando a formação básica do cidadão, mediante “o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo” (BRASIL, 1996). Dessa forma, o esquema 1 traz o trabalho com a leitura e a escrita e ainda propõe que o conhecimento é circular, pois se desenvolve a partir da apresentação do tema feita pelo professor, permitindo ao aluno expressar-se em relação ao conteúdo e, assim, retomar, voltar ao início para processar o que está sendo feito, construindo uma aprendizagem solidificada e plena, conforme propõem os documentos legais escolares. Levando em consideração todos os aspectos levantados a partir dos pressupostos da LDB/96, percebe-se que a educação para todos está além da escola, está em todos os lugares, apesar de se desenvolver principalmente em instituições próprias e acontecer por meio de diferentes situações e contextos. O seu Art. 2ºdispõe: “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1996), um poder conquistado para todos e que abrirá possibilidades para diferentes visões. CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? FIGURA 4 – LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL BRASÍLIA - 2005 SENADO FEDERAL SECRETARIA ESPECIAL DE EDITORAÇÃO E PUBLICAÇÕES SUBSECRETARIA DE EDIÇÕES TÉCNICAS Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional FONTE: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2021. 2.2 CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO Dentre os marcos que compuseram a BNCC, está o Conselho Nacional de Educação (CNE), instituído pela Lei nº 9.131, em 25 de novembro de 1995. Este documento foi formulado pela primeira vez em 1842, na Bahia, embora a ideia de ‘Conselho Superior de Ensino’ tenha sido aspirada em 1911. Portanto, esse período de 153 anos foi um percurso de amadurecimento para esse órgão colegiado integrante do Ministério da Educação, cuja finalidade é a colaboração na “formulação da Política Nacional de Educação, exercendo as atribuições normativas, assim como as deliberativas e também de assessoramento ao Ministro da Educação” (BRASIL, 2018). É o órgão de maior relevância dentro do sistema educacional brasileiro. Sua formação se dá pelas Câmaras de Educação Básica, que têm como responsabilidade as avaliações da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, Ensino Médio, profissional e especial, bem como a deliberação das diretrizes curriculares advindas do Ministério da Educação e o acompanhamento do Plano Nacional de Educação, pela Câmara de Educação Superior, responsável, CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? a partir do Decreto nº 3.860/2001 e da Medida Provisória nº 2.216, pelos cursos de Direito e da área da saúde. Entretanto, atualmente, a Câmara da Educação Superior atende à aprovação dos Estatutos das Universidades e Centros Universitários. Cabe ainda ressaltar que cada Câmara é formada por doze conselheiros escolhidos pelo presidente da República, porém os secretários dessas duas Câmaras respondem diretamente pela função que desenvolvem. Entre formulações e reformulações, o Conselho Nacional de Educação tem como missão “a busca democrática de alternativas e mecanismos institucionais que possibilitem, no âmbito de sua esfera de competência, assegurar a participação da sociedade no desenvolvimento, aprimoramento e consolidação da educação nacional de qualidade” (BRASIL, 2018), revelando- se como um aliado da educação ao assegurar à sociedade a participação na educação de qualidade. Isso tem um tom positivo, pois é mais um órgão a favor da qualidade sinalizando que algo precisa ser modificado e melhorado na educação. Assim, no ano de 2010, conforme a BNCC, o CNE promulgou novas DCN, “ampliando e organizando o conceito de contextualização como a inclusão, a valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade cultural, resgatando e respeitando as várias manifestações de cada comunidade” (BRASIL, 2017, p. 11). Com esta ampliação, a educação se estendeu a vários outros campos e chamou a atenção para a inclusão. Desde o ano de 1994, com a Declaração de Salamanca, ressalta-se que: Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem; aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades; escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias, criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional (BRASIL, 1994, p. 1). Há uma concepção de escola e de educação sendo proposta por essa legislação que vem traduzir a educação de qualidade para todos e ainda trazer orientações de como isso é possível. Logo, há uma pedagogia a ser explorada e cumprida por conta de uma situação que foi analisada, denunciando a falta de oportunidade para todos e a falta de qualidade na educação. Nesse compêndio de estudos que marcam o contexto em que a Base Nacional Comum Curricular foi inspirada, há espaço para todos os agentes que compõem o cenário escolar, compreendendo professores, gestores, todos os CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? alunos e a comunidade extraescolar, pois a educação é para todos, assim como é considerada na política de igualdade, que expressa a “busca da equidade no acesso à educação, ao emprego, à saúde, ao meio ambiente saudável e outros benefícios sociais e no combate a todas as formas de preconceito e discriminação por motivo de raça, sexo, religião, cultura, condição econômica, aparência ou condição física” (BRASIL, 1998, p. 23). Por isso, ela precisa ser ressignificada no coletivo para que as diretrizes pedagógicas cheguem aos estudantes com os mesmos direitos de aprendizagem, a partir do lugar de inscrição de cada cidadão na posição sujeito-aluno. Nessa consonância, o CNE reporta em seu fluxo processual ações que retratam suas responsabilidades quanto à educação básica e à educação superior (BRASIL, 2010). Tais ações são estudadas e investigadas pelos conselheiros, sua função “implica ser um intelectual da legislação da educação escolar para, em sua aplicação ponderada, garantir um direito da cidadania” (CURY, 2006, p. 42). Cury (2006, p. 42) ainda ressalta que “a autoridade derivada que lhe é imanente pela função não pode ignorar o que o ordenamento jurídico dispõe e nem se contentar com um amadorismo ou com um certo diletantismo”. Por isso, suas ações dispostas no quadro de fluxo refletem casos pensados e não, simplesmente, deliberados. FIGURA 5 – FLUXO PROCESSUAL DO CNE Fluxo Processual no âmbito do CNE 4 Parecer aprovado na CEB ou CES com decisão de indeferimento Distribuição de processo (recurso) Análise do processo pelo relator Encaminhamento da previsão de relato de pareceres na semana que antecede a reunião ordinária Relato de pareceres, discussão/sugestões e votação (sessão pública) / pedido de vista Revisão dos pareceres pela equipe de revisores publicação da súmula dos pareceres no DOU encaminhamento de processos com vistas à homologação de pareceres (GM/MEC) - Trâmite interno no MEC GM/MEC publica despacho de homologação e portaria (quando for o caso) OU devolve o processo ao CNE para reexame Fluxograma – Conselho Pleno FONTE: <https://bit.ly/3hxi4PL>. Acesso em: 16 mar. 2021. CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? Observando o fluxograma, percebem-se ações concentradas em processos de pareceres para agilizarem uma solicitação, ou necessidade e isto é uma prática a ser considerada neste cenário, que preza pelo acesso e também pela qualidade, por isso, tudo precisa ser bem planejado e sistematizado. De todas as acepções vislumbradas acerca do Conselho Nacional de Educação, é notório o quanto ele busca pelo bem comum com planejamento, organização e muita análise, visto que em suas atribuições cabem “formular e avaliar a política nacional de educação, zelar pela qualidade do ensino, velar pelo cumprimento da legislação educacional e assegurar a participação da sociedade no aprimoramento da educação brasileira” (BRASIL, 2018). Assim, o CNE é o responsável pelas atribuições conferidas pela Lei nº 9.131/95, emitindo pareceres e decidindo privativa e autonomamente sobre os assuntosque lhe são pertinentes, cabendo, no caso de decisões das Câmaras, recurso ao Conselho Pleno. Faz-se necessário pensar que os pareceres e resoluções precisam estar compatíveis com as legislações e em decorrência delas, ademais voltados à Constituição, que lhes dá o fundamento maior de validade (CURY, 2006). Conhecer o CNE é conhecer de onde vem as deliberações no âmbito educacional, pois ele é um órgão público que garante o direito constitucional da cidadania. 2.3 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO Dando sequência aos marcos que sinalizaram a elaboração da Base Nacional Comum Curricular, será apresentado o Plano Nacional de Educação (PNE), que foi aprovado e sancionado pela Lei n° 13.005/2014, em 25 de junho de 2014, com vigência por 10 (dez) anos. Ele é organizado com vinte metas para serem cumpridas, para isso, a cada dois anos, o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) aferir-se-á a evolução das metas estabelecidas. Para conhecer as metas do Plano Nacional de Educação (2014), acesse: https://bit.ly/35zZX5V. O Art. 2º, da PNE, para sinalizar de onde todo o trabalho será conduzido, dispõe: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? IV - melhoria da qualidade da educação; V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do país; VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX - valorização dos(as) profissionais da educação; X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2014). Considerando essas diretrizes, o inciso IV vem fortalecer o que a CF/1988 e a LDB/96 estabelecem quanto à “melhoria da qualidade da educação” (BRASIL, 2014), isto propõe um diálogo entre tais legislações, além de denunciar que mesmo com um intervalo temporal entre elas, parece que algumas acepções demonstram-se irredutíveis, sendo necessário restabelecer algo já estabelecido. O inciso VI (BRASIL, 2014), que apresenta a “promoção do princípio da gestão democrática da educação pública” como diretriz, abre espaço para pensar no significado de gestão que está em circulação nos espaços educacionais. De acordo com Lück (2006, p. 17), “o conceito de gestão democrática envolve, além dos professores e funcionários, os pais, os alunos e qualquer outro representante da comunidade que esteja interessado na melhoria do processo pedagógico”, haja vista a cumplicidade que todos devem assumir para o bem maior, que é a educação com qualidade. Isto é algo para não se afrouxar, mas, sim, conquistar, diariamente, no coletivo com ações que encadearão todo um processo de aprendizagem e de desenvolvimento. A LDB 9.394/96 propõe no seu Art. 14 que “os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática de ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades” (BRASIL, 1996). Disso compreende-se que a gestão é para ser definida em conformidade com as especificidades de cada instituição, justamente porque dessa forma há propósitos para o funcionamento dessa legislação. Nesse processo entre propostas e avaliação, o PNE dispõe em seu Art. 1º e inciso I que no máximo a cada dois anos o sistema de avaliação faz um trabalho sobre o rendimento escolar: I - indicadores de rendimento escolar, referentes ao desempenho dos(as) estudantes apurado em exames nacionais de avaliação, com participação de pelo menos 80% (oitenta por cento) dos(as) alunos(as) de cada ano escolar periodicamente avaliado em cada escola, e aos dados pertinentes apurados pelo censo escolar da educação básica (BRASIL, 2014). CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? Essas constatações anunciam um resultado pautado em números e gráficos como base das ações a serem desenvolvidas para que a educação vença as 20 (vinte) metas que este Plano estabelece. De acordo com a BNCC, o PNE reitera a necessidade de: Estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa [União, Estados, Distrito Federal e Municípios], diretrizes pedagógicas para a educação básica e a base nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos(as) alunos(as) para cada ano do Ensino Fundamental e Médio, respeitadas as diversidades regional, estadual e local (BRASIL, 2017, p. 12). Vale ressaltar que a proposta é justamente para atender aos alunos, trazê-los para a margem de acertos nas avaliações, aumentar seu nível de compreensão, emponderá-los neste cenário de busca e conquistas. É necessário partir para planos de aula com as práticas de intervenção que mudam a realidade do baixo desenvolvimento, com uma proposta de estabelecer metas e ações para saber aonde quer chegar e, ainda, onde precisa chegar. Todas as pessoas têm potencial para aprender, mas com estratégias diferentes, em tempos também diferenciados, mas para isso, todas as esferas precisam alinhar suas ações, haja vista as formulações que as Políticas Públicas apresentam em seus documentos. Isso leva a pensar sobre o PNE que, de acordo com Gomes (2017, p. 14), “foi concebido como instrumento articulador dos diferentes agentes e esferas federativas, com o objetivo de orientar suas ações e evitar a descontinuidade administrativa”, sendo mais um recurso a favor da educação. A partir desses compêndios que trouxeram várias compreensões sobre o ser humano, seu desenvolvimento e direitos incorporados, vê-se a construção da BNCC como ferramenta sólida, palpável, aplicável e com direcionamento, que figurará no desenvolvimento da aprendizagem do aluno e do ensino brasileiro. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Conforme pôde ser observado, esse estudo que apresentou os marcos legais que compuseram a formulação da Base Nacional Comum Curricular, em 2017, abriu espaço para vários conhecimentos, que dentro do cenário escolar fazem muita diferença, permitindo muitos olhares que condensam na educação de qualidade como direito de todos os cidadãos, independente de sua classe social, gênero, raça e etnia. Neste propósito, a Constituição Federal de 1988 foi a pioneira ao trazer a necessidade da educação para todos como lei a ser cumprida, conforme pode constatar-se no seu Art. 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Portanto, ao ser direito não há como negar a proposta de ensino de qualidade como responsabilidade de todos, principalmente dos órgãos públicos e instituições escolares e, por isso, outros documentos vieram defender e reforçar os artigos e incisos libertadores da Constituição. Assim, com o objetivo de compreender o funcionamento da construção da BNCC, foi necessário percorrer pela LDB 9.394/96, outro marco que sinalizou o significado de educação impresso em seu Art. 22, ao definir que: “A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer- lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Dessa forma, compreende-se que a formação é essencial porque conduz o cidadão tanto na sua individualidade quanto no coletivo, preparando-o numa totalidade. Ter esse documento que defendee apropria-se do que é essencial ao homem é o mesmo que ter alguém caminhando à frente, mas alguns passos devem ser dados a partir de cada lugar em que a pessoa está inscrita. Ao trazer o CNE referenciado na BNCC/2017, percebe-se a educação em sua forma contextualizada, abarcando a inclusão e o respeito às diferenças. Dessa forma, o Plano Nacional de Educação/2014 assevera em seu Art. 2º as diretrizes que deverão liderar as estratégias e procedimentos educacionais num contexto que visem à educação de qualidade para todos. Diante de toda a trajetória feita, observa-se o poder que a unidade entre as instituições ‘escola e família’ tem a partir das políticas públicas que trabalham com as legislações para atender ao aluno em sua individualidade e totalidade, rumando-se às habilidades e competências como práticas libertadoras. Essas acepções que você acompanhou foram construindo o formato que a BNCC tem, trazendo o norte para atender a todos os alunos da Educação Básica, conforme suas individualidades e potencialidades. REFERÊNCIAS BRASIL. Plano Nacional de Educação. Lei nº 13.005/2014. c2021. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543-plano- -nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014. Acesso em: 28 maio 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. 2018. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao. Acesso em: 21 mar. 2021. CURSO LIVRE – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC): O QUE É? BRASIL. Ministério da Educação. CNE – histórico. 2018. Disponível em: ht- tps://bit.ly/3dElQFW. Acesso em: 1º jun. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base. Acesso em: 28 mar. 2021. BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. 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