Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fechamento da SP6 Objetivo 3: descrever e apresentar os mecanismos envolvidos na modulação dos movimentos voluntários, involuntários e automáticos. Movimento voluntário O movimento voluntário depende de nossa vontade. Movimentos como andar em direção a um objeto e a ginga da capoeira, são movimentos voluntários. Neste ato supõe-se que houve uma intenção, um desejo ou uma necessidade e finalmente o desenvolvimento do movimento. No movimento voluntário, portanto, há primeiramente uma representação mental e global do movimento, uma intenção, um desejo ou uma necessidade e, por último, a execução do movimento propriamente dito. O ato voluntário é sempre aprendido e é constituído por diversas ações encadeadas. Os movimentos voluntários necessitam da coordenação entre o córtex cerebral, o cerebelo e os núcleos da base. O movimento voluntário pode ser dividido em 3 etapas: planejamento, tática e execução. Movimento reflexo O movimento reflexo é independente de nossa vontade e normalmente só depois de executado é que tomamos conhecimento dele. É uma reação orgânica sucedendo-se a uma excitação sensorial. O estímulo é captado pelos receptores sensoriais do organismo e levado ao sistema nervoso. De lá provoca direta e imediatamente uma resposta motora. Podem ser inatos ou adquiridos: Inatos São independentes da aprendizagem e são determinados pela bagagem biológica. São, portanto, hereditários, quase sempre permanentes e comuns a uma mesma espécie animal. Exemplo: uma luz forte incidindo sobre os olhos provoca uma resposta imediata de contração pupilar. Este é um movimento inato, pois não implica em aprendizagem para a sua produção. Outro exemplo: uma gota de limão na boca provoca, como resposta, a salivação, preparando o organismo para a ingestão do elemento ácido. Adquiridos São reflexos aprendidos ou condicionados. Sua ocorrência depende de uma história de associação entre estímulos inatos, que produzem resposta reflexa a outros estímulos. No segundo exemplo acima, a simples palavra ou visão do limão pode eliciar uma resposta condicionada de salivação. O reflexo adquirido é muito utilizado e desenvolvido em esportes e outras práticas corporais. Na capoeira, por exemplo, pode-se executar uma esquiva ou outro movimento baseado neste reflexo. Podemos até sugerir que os movimentos de defesa na capoeira são os mais desenvolvidos neste aspecto, devido a necessidade de auto-preservação e defesa do Ser. Movimento automático O movimento automático depende da aprendizagem, da história de vida e de experiências próprias de cada um. Depende, portanto, do treino, da prática e da repetição. A aquisição de automatismos é importante porque propicia formas de adaptação ao meio em que vivemos com uma economia de tempo e esforço, pois não se exige muito trabalho mental. “Os automatismos tanto podem ser mentais quanto motores e até sociais como, por exemplo, a cortesia, o cavalheirismo, a cooperação, etc. A observação, a retenção mnemônica, a leitura rápida, a indução etc., constituem exemplos de hábitos mentais. A eficiente realização de atividades dessa natureza depende de um bom desenvolvimento dos hábitos, das habilidades mentais e motoras; através da experiência e do treino, o homem torna-se capaz de realizar esses atos com o mínimo de rendimento, em tempo e em qualidade, sem mesmo necessitar concentrar a sua atenção para executá-los”. Normalmente o movimento se inicia de forma voluntária e, uma vez iniciado, pode-se interrompê-lo a qualquer momento, de acordo com a vontade. Exemplo: quando se anda, não se pensa no balançar dos braços. Tem-se a intenção de andar - voluntário, mas a execução desse movimento torna-se automática. Este movimento nem sempre é iniciado pela vontade. Alguns são iniciados sem que se tenha conhecimento, como a manutenção do equilíbrio e da postura. Existem automatismos que são desenvolvidos através do processo ensino-aprendizagem, passam do plano voluntário para o plano automático. Movimentos e áreas encefálicas Córtex motor – responsável pelo controle da função motora É dividido em 3 regiões: córtex motor primário, área pré-motora e área motora suplementar. Córtex motor primário: se localiza no giro pré-central Sua maior parte está relacionada aos movimentos das mãos e aos movimentos dos músculos da fala. Estímulo dessas regiões leva a ativação de um grupo de músculos. Área pré-motora: Cria uma imagem motora com um padrão de excitação neural que é transmitido ao córtex motor primário. Cria um projeto de quais neurônios vão ser atividades, cria um padrão neuronal e envia para o córtex motor primário. É importante para a realização de atividades baseadas em instruções e em informações sensoriais. Com uma lesão nessa área, o paciente não consegue realizar movimentos apropriados a uma determinada instrução. Área motora suplementar: É responsável pela concepção ou planejamento de sequências motoras complexas. Pensamento, ideia da ação. Importante para o pensar em realizar a ação para a programação de movimentos complexos e simultâneos (ex: escrever). Uma lesão nessa área pode fazer com que o paciente não consiga realizar movimentos autoiniciados. Via piramidal: trato córtico-espinhal Principal trato do movimento voluntário Originado no córtex motor primário (30%) e no córtex somatossensorial (40%). Os neurônios piramidais saem do córtex motor, descem o tronco encefálico, passam o mesencéfalo, chegam no bulbo e lá ocorre o cruzamento das fibras. O axônio do neurônio piramidal chega na medula na região anterior, na parte que é responsável pelo movimento e lá fazem sinapse com o neurônio motor, que segue para o músculo para ativar a contração muscula r. A via piramidal se divide em duas: trato córtico-espinhal e trato córtico-espinhal lateral. Trato córtico-espinhal anterior: cruza no corno anterior da medula (região cervical ou torácica). Trato cortiço-espinhal lateral = cruza nas pirâmides bulbares As fibras dos tratos fazem sinapse com motoneurônios do corno anterior ou com interneurônios. É a via responsável pela contração/movimento voluntário Via extrapiramidal São as vias que não passam pelas pirâmides bulbares, como: trato córtico-retículo-espinhal Nessa via, principalmente os motoneurônios da área pré-motora descem até o tronco encefálico, uma região chamada de formação reticular. A formação reticular, é um grupo de neurônios que ficam em todo o tronco encefálico. Da formação reticular, eles terminam na medula espinhal. Essa via está responsável pela postura e pela contração do tônus muscular. Não é uma via voluntária, ela é ativada junto com a via piramidal quando fazemos algum movimento voluntário que precisamos manter a postura e o tônus. Núcleos da base Localização subcortical. Recebem informações do córtex cerebral, integram, processam os impulsos e projetam para o tálamo, que os retransmite para áreas especificas do córtex cerebral. Isso afeta os comportamentos motores, emocionais e cognitivos. O circuito motor dos núcleos basais possui dois pontos de entrada: o estriado e o núcleo subtalâmico, e uma saída: parte interna do globo pálido, que se liga ao córtex através do tálamo motor. O córtex envia projeções excitatórias ao estriado, principal aferente excitatório do núcleo de entrada dos NB. https://www.passeidireto.com/arquivo/92136536/nucleos-da-base Cerebelo Controla a precisão dos movimentos. Responsável pela manutenção da postura e equilíbrio. Participa do aprendizado motor (automatismo, aprender a andar). Determina a direção e a força do movimento. Coordenação dos movimentos da cabeça e olhos na observação do movimento de um objeto Compara o movimento pretendido, o real e os ajusta. Divisões do cerebelo: Arquicerebelo: ajuda a coordenar o equilíbrio e os movimentos oculares. Espinocerebelo: ajuda a coordenaro movimento estereotipado (locomoção e reações posturais) e o tônus muscular. Determina a propriocepção consciente, leva a informação do tônus muscular. Neocerebelo: ajuda a coordenar a programação dos movimentos dos membros, estando relacionado com movimentos não estereotipados, como aqueles resultantes de ensinamentos e treinamentos. O córtex manda a mensagem para os hemisférios laterais do cerebelo, os quais regulam a informação e a devolve para o córtex. Assim, saem feixes cortico-espinal e córtico-bulbar. Em caso de lesão do cerebelo, pode ocorre ataxia (inadequação entre velocidade, força e distância dos movimentos), nistagmos (movimentos involuntários dos olhos) e tremores (oscilação involuntária dos membros). https://www.passeidireto.com/arquivo/92136536/nucleos-da-base Conexões anatômicas do córtex cerebral Função: movimentos refinados (a maior parte para o lado contralateral do corpo; músculos extraoculares, face superior, língua, mandíbula e laringe bilaterais). Origem: tálamo a partir do cerebelo, núcleos da base, área somatossensitiva e área pré motora. Área cortical: área motora primária (B4) Destino: núcleos motores do tronco encefálico e células da coluna cinzenta anterior da medula espinal; corpo estriado Explicando melhor: os sinais neurais gerados na área pré motora causam padrões de movimento. Para obtê-los a área ré motora gera uma imagem d=motora do movimento muscular que deve ser realizado, desencadeando um potencial de ação para o córtex motor primário, que envia o comando para o tálamo, daí para os núcleos da base, onde o sinal segue para a medula e parte para os músculos, pelo neurônio motor, iniciando a contração muscular. Ao fim, os estímulos sensoriais chegam ao cerebelo e informam sobre o movimento executado. O cerebelo auxilia o córtex cerebral no planejamento do próximo movimento sequencial, enquanto o movimento ainda está sendo executado, ajudando a corrigi-lo se for preciso, até alcançar o movimento planejado. Quando o movimento for aperfeiçoado, não necessitando mais de correções, ele torna-se automático, como acontece por exemplo na marcha. Objetivo 5: explicar as alterações do senhor Jorge relacionando com a possível doença de Parkinson. Embora a doença de Parkinson seja caracterizada principalmente por distúrbios do movimento, seus sintomas vão muito além dos tremores e da perda de equilíbrio e estabilidade. Pacientes sentem dificuldades na fala e na escrita e lentidão nos movimentos. Redução na concentração e perda de memória também acometem alguns parkinsonianos, assim como ‘o rosto mascarado’, que em outras palavras é justamente esta falta de expressão facial. O comprometimento na capacidade de demonstrar – e, agora, reconhecer – emoções atinge não apenas as expressões faciais como também a entonação da voz. Esta dificuldade compromete, muitas vezes, a comunicação dos pacientes com familiares, amigos e cuidadores, o que torna o dia- a-dia muito complicado. Não raro, o parkinsoniano é visto como uma pessoa mal-humorada ou entediada, quando, na verdade, ele apenas não consegue se colocar de outra forma. https://bvsms.saude.gov.br/doenca-de-parkinson/ https://bvsms.saude.gov.br/doenca-de-parkinson/
Compartilhar