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DESIDRATAÇÃO @FUTURA.DRA.MINGHE Desidratação Definição Do ponto de vista etimológico, o termo “desidratação” indica simplesmente perda de água pelo organismo, sem menção a uma eventual depleção concomitante de sódio Do ponto de vista médico, existe uma controvérsia: Fisiopatologia Cerca de 60% do peso de um homem adulto e de 50% do de uma mulher adulta são constituídos de água (42 L em um homem de 70 kg). Desse total, 2/3 (28 L) situam-se no compartimento intracelular e 1/3 (14 L) no extracelular Por sua vez, o espaço extracelular subdivide-se em um compartimento intersticial, ou extravascular, (11 L) e um intravascular (3L), correspondente ao volume plasmático, o qual, somado a 2 L de hemácias, constitui o volume sanguíneo, ou volemia (5 L) Há um constante fluxo de água e sódio através do organismo. As entradas de água são representadas pela ingestão de água como tal (1,2 L/dia), ingestão de água com alimentos (1 L/dia) e pela produção endógena de água (0,3 L/dia). Evidentemente esses valores variam de indivíduo para indivíduo Já o sódio não pode ingressar ao organismo a não ser por ingestão (exceto, é claro, no caso de infusão endovenosa de soluções salinas). Como no caso da água, há uma enorme variação individual quanto à taxa diária de ingestão de sódio Quando ocorre perda excessiva de água pelo organismo, como no diabetes insípido central, deve-se empregar a expressão “DESIDRATAÇÃO HIPERNATRÊMICA” ou, alternativamente, “DESIDRATAÇÃO HIPERTÔNICA”. Por sua vez, a perda proporcional de água e sódio, como ocorre nas diarréias, recebe a designação de “DESIDRATAÇÃO ISONATRÊMICA”, ou “DESIDRATAÇÃO ISOTÔNICA” e desidratação hipotônica, maior perda de sódio que de água Uma segunda corrente de opinião entende que o uso do termo “desidratação” deve ser reservado às situações em que ocorre perda pura de água pelo organismo. De acordo com essa concepção, a perda de água e sódio em proporção semelhante à existente no espaço extracelular deve ser denominada “depleção de volume”, ou “hipovolemia”, e não “desidratação”, com ou sem adjetivos DESIDRATAÇÃO @FUTURA.DRA.MINGHE Desidratação Isotônica DEPLEÇÃO DE VOLUME Nas diarreias graves, podem ocorrer perdas de fluido isotônico em tal quantidade que, mesmo com retenção máxima pelo rim, ocorre balanço negativo de água e sódio Como a perda é isotônica, a concentração de sódio não se altera, e não há movimentação de água entre os espaços intra e extracelular A depleção de água e sódio é confinada ao espaço extracelular, sem alteração do volume intracelular Há uma queda considerável do volume plasmático, o que certamente traz repercussão hemodinâmica Embora as perdas sejam isotônicas, o indivíduo tem sede, devido à depleção do volume plasmático A conduta terapêutica é repor rapidamente as perdas com solução fisiológica, até cessarem as manifestações hemodinâmicas de depleção de fluido Desidratação Hipotônica OU HIPONATRÊMICA Hiponatremia com depleção de volume Ocorre quando as perdas resultantes de sódio são desproporcionais às perdas resultantes de água (perda maior de sódio do que de água) Pode ocorrer como uma complicação de diarreias graves, uma vez que o paciente padece de sede muito intensa devido à hipovolemia e, portanto, tende a repor seletivamente a perda de água. ATLETAS Perde sódio pelo suor Ele só repõe água (sede), a perda de sódio não é reposta Tal reposição de água dilui o sódio que ele tinha no plasma Pode possuir quadros de confusão mental Como o paciente repõe parcialmente as perdas de água, mas não as de sódio, ocorre diluição do meio extracelular, com consequente queda de sua pressão osmótica e hiponatremia, com passagem resultante de água para o espaço intracelular Se as perdas forem muito intensas, o paciente nunca consegue recompor totalmente o volume plasmático e, portanto, nunca satisfaz a sede A hiponatremia torna-se cada vez mais intensa, o que pode resultar no desenvolvimento de edema cerebral e de sintomas neurológicos graves As desidratações hipotônicas podem também desenvolver-se como complicação de nefropatias perdedoras de sal, ou de abuso de diuréticos. Em ambos os casos, o mecanismo de instalação da hiponatremia é semelhante ao descrito anteriormente para as diarréias, com a importante diferença de que nesse caso os rins não retém sódio e água ativamente (são na verdade causadores do distúrbio) IATROGENIA: As desidratações hipotônicas podem ser iatrogênicas, ou seja, consequentes ações médicas inapropriadas São aqueles casos em que o paciente com depleção isotônica grave recebe apenas infusão de soro glicosado. O efeito é semelhante ao de ingestão de DESIDRATAÇÃO @FUTURA.DRA.MINGHE água sem a correspondente ingestão de sódio Não podemos utilizar solução glicosada pois, se aumentarmos a concentração de água, vai diluir o pouco sódio que o paciente tem. A solução glicosada serve para repor líquido, então não deve ser utilizada nesses casos Na ausência de sintomas neurológicos, a correção da desidratação hipotônica pode ser feita com solução fisiológica. Embora não seja o ideal para corrigir a hiponatremia, esse procedimento permite recompor o volume plasmático e aliviar os sintomas e sinais hemodinâmicos do distúrbio. Além disso por conter cloreto de sódio a 154 mmol/L, a solução fisiológica não agrava a hiponatremia, e até mesmo a atenua Se, no entanto, houver sintomas neurológicos, especialmente quando a duração do quadro for inferior a 48h, deve-se procurar atenuar a hiponatremia através da infusão de uma solução hipertônica de cloreto de sódio, em geral a 3% OBS.: reposição de soro de forma oral é natural e gradual. A reposição de forma venosa deve haver cuidado, pois se haver normalização de sódio muito rápido, podemos gerar mielinólise (morte das células da bainha de mielina) Desidratação Hipertônica OU DESIDRATAÇÃO Há situações em que o organismo perde grandes quantidades de água ou fluido hipotônico para o meio externo Nesses casos, a pressão osmótica do fluido extracelular se eleva, acarretando a transferência de água do meio intracelular para o extracelular, provocando desidratação celular A desidratação celular pode ter consequências particularmente sérias no sistema nervoso central, uma vez que, além de surgirem sintomas graves como confusão mental e convulsões, a tração de estruturas delicadas como as meninges pode provocar hemorragias intracerebrais Perda maior de água do que sódio ou menor ingestão de água do que de sódio Maior concentração de sódio Sai água das células, tornando-as murchas Indivíduo com sede Célula com quantidade diminuída de água não consegue realizar suas funções vitais A desidratação hipertônica também pode se instalar em pacientes com diabetes insipidus que, por alguma razão, deixem de ter pleno acesso à água ou desenvolvem alguma alteração no centro da sede, ingerindo menos água que o necessário. Conforme a intensidade das perdas renais de água, a desidratação que se instala pode ser especialmente grave, levando à instalação rápida de sintomas neurológicos É evidente que as situações em que ocorre perda pura de água devem ser tratadas com reposição de água, usualmente sob a forma de soro glicosado a 5% Uma fórmula simples para calcular o volume V de fluido a ser reposto nesses casos é: P representa o peso habitual do paciente Pna representa sua concentração plasmática de sódio
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