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Slides de aula II

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Prévia do material em texto

ESTUDOS DISCIPLINARES 
Tomo II 
Prof. Me. Alexandre Furniel
Reflexões sobre a democracia no Brasil
 No livro “Raízes do Brasil”, Sérgio Buarque de Holanda afirma 
que a democracia no Brasil nasceu como um mal-entendido, 
uma vez que o conceito e o termo eram empregados de modo 
desconectado da realidade. O historiador referia-se ao fato de 
que, no século XIX, faltavam as bases econômicas, políticas, 
culturais e sociais para a existência desse sistema. 
 Os empecilhos para a consolidação da democracia no Brasil 
foram também abordados em outras obras. Raymundo Faoro, 
em “Os donos do poder”, observa que a formação do Estado 
brasileiro é a combinação de privatismo e de arbítrio, que 
acarretaram o “exercício privado de funções públicas e [...] 
o exercício público de atribuições não legais”.
(FAORO, 1989)
 Florestan Fernandes foi outro pensador que se destacou 
nos estudos sobre a democracia brasileira. De acordo com 
o estudioso, os problemas do sistema democrático brasileiro 
deviam-se à demora cultural, ou seja, a um desequilíbrio na 
estrutura social, causado pela diferenciação de ritmos das 
transformações em diversas esferas. Para o sociólogo, 
os aspectos institucionais e legais modernizavam-se 
conforme o modelo dos países desenvolvidos, ao passo 
que o pensamento e o cotidiano do brasileiro permaneciam 
pautados por referências tradicionalistas.
 No seu artigo “Existe uma crise da democracia no Brasil?”, 
escrito a partir de uma palestra proferida em 1954, Florestan 
Fernandes esclarece as diversas perspectivas sobre 
o problema. Havia os estudiosos que explicavam a crise 
como resultado do processo econômico do momento, os que 
a colocavam no plano moral e aqueles que a atribuíam 
à incompetência das elites brasileiras.
 Para Fernandes, a democracia brasileira ainda estava em 
elaboração, pois não havia atingido a maturidade. Segundo 
ele, “o Brasil se constituiu em Nação, econômica, cultural e 
socialmente, em condições altamente desfavoráveis à difusão 
de ideais democráticos de vida política”.
(FERNANDES, 1979)
 Assim, aquilo a que se estava chamando de crise era, na 
realidade, a lentidão do processo de antigas práticas por 
outras mais compatíveis com a ordem democrática.
 Cabe ressaltar que, na época da palestra, o Brasil atravessava 
um momento politicamente delicado, no segundo governo de 
Getúlio Vargas. Após ficar 15 anos no poder, sendo oito deles 
em regime ditatorial do Estado Novo, Vargas havia retornado 
à presidência em 1950 por meio do voto direto. Em 1954, 
pressionado pela oposição a deixar o cargo, ele se suicidou.
Questão 6
 “Em 1954, convidado a dar palestra sobre a crise da 
democracia no Brasil, Florestan abre polêmica ao questionar 
o próprio tema formulado, perguntando como seria possível 
a democracia estar em crise numa sociedade que estava longe 
de ser democrática.”
FÁVERO, O. (org.). Democracia e Educação em Florestan Fernandes. São Paulo: Autores Associados; 
Niterói, RJ: Editora da Universidade Federal Fluminense, 2005, p. 160 (com adaptações).
Da palestra surgiu um artigo intitulado “Existe uma crise 
democrática no Brasil?” (1954). Nele, o autor aborda aspectos 
relevantes da implantação e do desenvolvimento da democracia 
no Brasil daquela época. Apesar de a reflexão de Florestan ter 
completado seu 60º aniversário, ainda é atual frente às 
dificuldades em estabelecer um regime político verdadeiramente 
democrático no Estado brasileiro.
Com base nas ideias de Florestan Fernandes, é correto afirmar 
que, no contexto político do Brasil nas décadas de 1950 e 1960:
a) A evolução da democracia dependia da restrição à 
quantidade de partidos políticos.
b) As tendências da constituição democrática estavam sendo 
neutralizadas ou contrariadas social e culturalmente.
c) As elites estavam preparadas para a efetivação da 
democracia, mas a massa não aceitava tal condição política.
d) A instauração da República no Brasil foi acompanhada por 
uma revolução no sistema de ensino, o que contribuiu para 
a consolidação democrática brasileira.
e) A democracia iria instaurar-se de qualquer forma; era apenas 
uma questão de tempo até que as pessoas se acostumassem 
com o novo regime democrático.
Análise das alternativas
A – Alternativa incorreta.
 Justificativa. A democracia pressupõe a existência de partidos 
políticos que traduzam posições ideológicas distintas. 
Florestan Fernandes não critica a quantidade de partidos 
políticos existentes nas décadas de 1950 e 1960.
B – Alternativa correta.
 Justificativa. Para Florestan Fernandes, havia descompasso 
entre os aspectos institucionais e legais da democracia e os 
valores culturais arcaicos do brasileiro.
Análise das alternativas
C – Alternativa incorreta.
 Justificativa. As elites não estavam amadurecidas para a 
concretização da democracia.
D – Alternativa incorreta.
 Justificativa. Não houve revolução no ensino após a proclamação 
da República. As mudanças mais significativas no âmbito 
educacional só ocorreram após a Revolução de 1930.
E – Alternativa incorreta.
 Justificativa. O autor não considera que a instauração da 
democracia no Brasil iria inevitavelmente acontecer. Ele aponta 
as contradições da sociedade brasileira que dificultavam 
esse processo.
A imaginação sociológica
 Wright Mills, sociólogo da linha norte-americana, desenvolveu, 
na década de 1960, o conceito de “imaginação sociológica”, 
descrito como a capacidade de relacionar as experiências 
individuais com as condições sociais. A conscientização das 
relações entre o indivíduo e a realidade em que vive, 
promovida pelo conhecimento sociológico, permite a reflexão 
sobre os interesses em disputa em uma sociedade. 
 Trata-se de um olhar que faz com que o indivíduo encare suas 
experiências pessoais como parte do todo social. A questão do 
divórcio é um bom exemplo. Em vez de encarar a separação 
apenas como um fato da biografia individual que altera as 
condições de vida de um casal, o indivíduo deve perceber as 
mudanças na instituição da família provocadas pelo aumento 
de divórcios na sociedade.
 Com a perspectiva da “imaginação sociológica”, Mills deseja 
que o conhecimento sociológico faça a pessoa relacionar sua 
trajetória com a realidade histórico-social. Para isso, não é 
suficiente apenas ter mais informações: é necessário ampliar 
a capacidade analítica dos indivíduos.
 De acordo com Mills (1969), é necessária uma qualidade de 
espírito que lhes ajude a usar a informação e a desenvolver a 
razão a fim de perceber, com lucidez, o que está ocorrendo no 
mundo e o que pode estar acontecendo dentro deles mesmos.
Questão 7 
 No Ensino Médio, uma importante contribuição da Sociologia 
para a formação do educando é o desenvolvimento da 
“imaginação sociológica” no sentido atribuído por Wright 
Mills. Com o objetivo de desenvolver a “imaginação 
sociológica” dos estudantes, o professor poderá propor 
atividades, leituras e discussões que:
a) Forneçam elementos para a reflexão sobre as interconexões 
entre a biografia individual e a conjuntura histórico-social.
b) Promovam o exercício da cidadania e o espírito crítico, 
preparando-os para se adaptarem, com flexibilidade, 
à vida social.
c) Possibilitem a imaginação, ampliando-lhes a capacidade de 
detectar os problemas sociais e encontrar soluções para eles.
d) Estimulem a criatividade e instiguem seus alunos a imaginar 
situações sociais que correspondam aos conceitos 
da sociologia clássica.
e) Desenvolvam a habilidade de aprender a aprender, 
preparando-os, de forma indireta, para a inserção social, 
inclusive no mercado de trabalho.
Resolução da questão
 A atuação do professor deve ser no sentido de desenvolver 
a capacidade analítica dos estudantes a fim de que eles 
estabeleçam relações entre suas experiências e o contexto 
social em que vivem.
 Alternativa correta: A.
INTERVALO
Distribuiçãoda população brasileira ocupada por grupamentos 
de atividades, segundo o sexo (%) (2003 e 2011)
MULHERES HOMENS
2003 2011 2003 2011
Indústria 14,5 13,0 19,9 19,3
Construção 1,0 1,0 12,5 13,2
Comércio 17,9 17,5 21,9 19,6
Serviços prestados a empresas 11,6 14,9 14,8 17,0
Administração pública 22,8 22,6 10,5 10,5
Serviços domésticos 16,7 14,5 0,7 0,7
Outros serviços 15,1 16,3 18,6 19,0
IBGE. Pesquisa Mensal de Emprego NIB-2011. Disponível em <https://www.ibge.gov.br/>. Acesso em 
22 jul. 2014 (com adaptações).
A era da globalização e o mercado de trabalho
 Sendo multinacional, a empresa também não hesita em trocar 
de país-sede, movendo-se em direção aos menores impostos, 
salários e embaraços legais. Ela transfere suas fábricas para 
locais onde o custo do trabalho for menor e busca terceirizar 
suas operações, visando a minimizar seus custos de todos 
os tipos. 
A era da globalização e o mercado de trabalho
 Já no final do século XX, Milton Santos contrariava o discurso 
hegemônico de que a globalização traria desenvolvimento 
a todo o mundo. De acordo com ele, para a maior parte da 
humanidade, a globalização está se impondo como uma fábrica 
de perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A 
pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de 
vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se 
generalizam em todos os continentes.
Considerando o quadro e o trecho anterior, avalie as afirmativas 
a seguir.
I. A divisão sexual do trabalho ainda é muito presente em 
algumas atividades econômicas, como se pode inferir dos 
dados sobre a atividade de construção. A diferença entre a 
participação de homens e mulheres nessa atividade em 2011 
foi de 12,2 pontos percentuais, o que demonstra tal 
desigualdade nesse setor.
II. A redução do percentual de mulheres economicamente 
ativas nos serviços domésticos e na indústria entre 2003 e 
2011 e o aumento de sua participação nas áreas de serviços 
indicam que elas estão migrando para ocupações que 
exigem domínio sobre um volume maior de conhecimentos 
específicos.
III. No setor de comércio, a participação de mulheres manteve-se 
praticamente estável, mas houve queda percentual da 
participação de homens. Pode-se inferir, portanto, que as 
mulheres costumam manter-se na mesma área de emprego, 
enquanto os homens diversificam suas atividades e, portanto, 
mudam de área com frequência.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III, apenas.
Questão 8
I. Afirmativa correta.
 Justificativa. De fato, excetuando-se o caso de ocupações 
para as quais o mercado tem a percepção de que o emprego 
de trabalhadores homens é vantajoso (como no caso do setor 
de construção), a opção por mão de obra feminina é 
perfeitamente consistente com a visão de mundo globalizada. 
No entanto, permanece uma distorção remunerativa em 
relação aos gêneros. 
II. Afirmativa correta.
 Justificativa. De fato, as mulheres estão migrando para 
ocupações que exigem domínio de volume maior de 
conhecimentos específicos, mas a razão fundamental 
para essa migração, como já foi dito, é que mulheres são, 
em geral, menos remuneradas do que homens exercendo 
a mesma função.
Comentário adicional. Os dados fornecidos no enunciado 
referem-se à população ocupada, ou seja, não são dados sobre 
PEA (população ocupada e população não ocupada). Além 
disso, não é possível ter certeza de que a mudança ocorre 
no sentido apontado na afirmativa II (novos entrantes). 
III. Afirmativa incorreta.
 Justificativa. Os dados mencionados não são suficientes para 
se inferir que as mulheres costumam se manter na mesma 
área de emprego enquanto os homens mudam de área com 
frequência. O fato é que também homens migraram em 
direção ao setor de serviços. 
 Alternativa correta: C.
INTERVALO
A era da globalização e o mercado de trabalho
 A globalização pode ser encarada como o auge da 
internacionalização do capitalismo, possibilitada pela 
evolução da tecnologia. A diluição das fronteiras geográficas, 
os acordos comerciais e o fim da Guerra Fria permitiram a 
circulação intensa de mercadorias e de capital e promoveram 
o enfraquecimento da capacidade de o Estado-nação intervir 
na esfera econômica.
 O mundo globalizado é como uma rede internacional de 
sistemas econômicos e financeiros interligados. Nesse 
cenário, segundo os críticos do processo de globalização, 
a economia transnacional é dominada pelos interesses de 
empresas multinacionais, cujo objetivo central é o de produzir 
o máximo possível de lucro aos seus acionistas. 
A era da globalização e o mercado de trabalho
 Sendo multinacional, a empresa também não hesita em trocar 
de país-sede, movendo-se em direção aos menores impostos, 
salários e embaraços legais. Ela transfere suas fábricas para 
locais onde o custo do trabalho for menor e busca terceirizar 
suas operações, visando a minimizar seus custos de todos 
os tipos. 
 As alterações na economia mundial impuseram, portanto, 
mudanças nas relações de trabalho em geral. Observa-se, 
atualmente, um processo de precarização dos postos de 
trabalho, marcado por perdas de garantias e de direitos 
conquistados. Em outras palavras, a flexibilização de contratos 
de trabalho sujeitou ainda mais os trabalhadores aos 
interesses do capital. 
A era da globalização e o mercado de trabalho
 No mercado de trabalho, a situação é mais grave para as 
mulheres, uma vez que o atual quadro das forças produtivas 
é permeado pelas desigualdades de gênero 
historicamente determinadas. 
A era da globalização e o mercado de trabalho
Segundo Hirata (2002),
 a divisão sexual do trabalho é sempre indissociável das 
relações entre homens e mulheres, que são relações desiguais, 
hierarquizadas, assimétricas e antagônicas.
 Assim, apesar da maior inserção da mulher no mercado de 
trabalho, ainda é nítida a diferença entre as posições 
hierárquicas dos homens e das mulheres em muitas empresas, 
assim como se observam salários menores pagos às mulheres 
que exercem a mesma função que os homens.
Questão 9
 “Nunca estivemos tão perto uns dos outros. Fronteiras 
geopolíticas se diluem, articulações supranacionais se 
organizam, fluxos migratórios são cada vez mais intensos, 
instâncias e agendas planetárias de todo tipo são cada vez 
mais presentes. No entanto, de forma contrastante com esses 
movimentos que visam – e de certo modo supõem – a uma 
perspectiva mais encompassadora do mundo e o 
estabelecimento de formas de vida coletiva, vemos 
crescer, de modo espantoso e assustador, o nacionalismo, 
a xenofobia, o preconceito, a exclusão. Um mal-estar parece 
infiltrar-se por todo o tecido social. Contingentes imensos são 
postos à margem desses processos inclusivos. 
 Que destino está reservado aos deserdados da chamada 
globalização? Qual o lugar, numa cultura planetária, para 
os que não se inserem, de algum modo, nas expectativas 
e exigências ditadas pela lógica totalizante e imperativa 
do mercado (de bens, serviços, identidades, 
itens culturais, consumo)?”
BEZERRA JR., B. Somos todos migrantes. In FERREIRA, A. P. O Migrante na rede do outro. Rio de 
Janeiro: Te Corá, 1999 (com adaptações).
Os fluxos migratórios e a xenofobia
 A globalização dos mercados também facilitou o maior fluxo 
de pessoas pelo mundo. À primeira vista, esse fluxo parece 
indicar integração de povos e culturas, mas esse 
movimento não acontece, em grande parte dos casos, 
de forma harmoniosa.
 A migração é consequência de vários fatores, como 
dificuldades econômicas, desastres naturais e imposições 
de conflitos políticos e religiosos. As necessidades de 
sobrevivência impelem indivíduos a buscarem outras 
oportunidades em regiões com melhores condições. 
Por isso, assistimos atualmente a um grande movimento 
de refugiados e imigrantes, especialmente paraos 
países mais desenvolvidos. 
Os fluxos migratórios e a xenofobia
 Esse fluxo, por sua vez, provoca tanto ações de acolhimento 
e solidariedade quanto reações de repulsa e ódio, movidas 
pelo nacionalismo e pela xenofobia. Em várias partes do 
mundo, têm sido recorrentes manifestações de preconceito, 
discriminação e violência contra estrangeiros.
 O crescimento de partidos e políticos de extrema-direita tem 
reforçado a rejeição ao imigrante. O presidente dos Estados 
Unidos, Donald Trump, por exemplo, venceu o pleito com um 
discurso nacionalista e contrário à entrada de estrangeiros. 
Entre suas promessas estava a construção de um muro na 
fronteira com o México para impedir o fluxo de latinos para o 
território estadunidense. Recentemente, em agosto de 2017, 
uma marcha no estado da Virgínia reuniu supremacistas
brancos que se manifestaram contra negros, imigrantes, 
gays e judeus.
Os fluxos migratórios e a xenofobia
 Episódios desse tipo têm acontecido em diversos países. 
No mesmo mês, no Rio de Janeiro, por exemplo, alguns 
comerciantes hostilizaram um imigrante sírio que vendia 
esfirras em Copacabana.
 Essas reações de ódio e intolerância normalmente apoiam-se 
em ideias de superioridade racial ou em argumentos 
econômicos. De acordo com essa lógica fascista, os 
imigrantes devem ser rejeitados ou pela sua etnia 
ou pelo fato de que contribuem para o desemprego local.
Com relação a um mundo em que os Estados Nacionais não são 
mais os principais determinantes das questões de identidade, 
verifica-se que:
a) O aumento dos fluxos migratórios contribui para diminuir 
a tolerância.
b) As agendas planetárias contribuem para incrementar 
a inclusão social.
c) A globalização tem como efeitos colaterais o nacionalismo 
e a xenofobia.
d) A porosidade das fronteiras geopolíticas conduz à 
dissolução do Estado-Nação.
e) As articulações supranacionais são pautadas pelas 
identidades coletivas locais.
Análise da questão 9
 Paradoxalmente, a globalização, caracterizada pela integração 
econômica, tem como efeitos colaterais o sentimento 
nacionalista e a xenofobia. As situações de crise econômica, 
com a ampla oferta de mão de obra, incitam as ideias 
favoráveis ao fechamento de mercado, ao preconceito 
e à rejeição ao estrangeiro.
 Alternativa correta: C.
INTERVALO
Diversidade cultural
 Claude Lévi-Strauss, um dos principais nomes da 
Antropologia, em seu texto “Raça e História”, critica o 
etnocentrismo, ou seja, o modo como o homem analisa, 
com base nos seus próprios referenciais, outras culturas. 
Lévi-Strauss considera fundamental o respeito à 
diversidade cultural.
 O autor, que foi o responsável pela introdução do método 
estruturalista nas ciências humanas, buscava identificar as 
estruturas que sustentam os valores e os costumes de outros 
povos e realizou um extenso trabalho com os indígenas 
brasileiros no período em que viveu no país.
Diversidade cultural
 De acordo com Lévi-Strauss, é necessário esforço para 
relativizar outros modos de vida, sem tomar como únicos 
e verdadeiros os pressupostos do nosso. Deve-se combater 
a visão etnocêntrica, que considera válidos apenas os 
princípios da cultura hegemônica. Essa é imposta pela força e 
pelo domínio econômico. A base de tal postura pressupõe que 
algumas culturas são melhores do que as outras e que 
há necessidade de “evolução” dessas outras. 
 Na questão dos índios americanos, por exemplo, prevaleceu 
o olhar do colonizador europeu, que submeteu as culturas 
originais do novo continente aos seus valores.
Questão 10
No texto “Raça e História”, o antropólogo Claude Lévi-Strauss 
argumenta:
 “É a diversidade que deve ser salva. É necessário, pois, 
encorajar as potencialidades secretas, despertar todas as 
vocações para a vida em comum que a história tem de 
reserva; é necessário também estar pronto para encarar, sem 
surpresa, sem repugnância e sem revolta, o que estas novas 
formas sociais de expressão poderão oferecer de desusado. 
A tolerância não é uma posição contemplativa dispensando 
indulgências ao que foi e ao que é. É uma atitude dinâmica, 
que consiste em prever, em compreender e em promover o 
que quer ser.”
LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História. In: Antropologia estrutural II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 
1993 (com adaptações).
Um líder Guarani Kaiowá declarou:
 “‘Disseram pros nossos estudantes que eles não deveriam 
estudar ali’, conta a liderança da aldeia. ‘Disseram aos nossos 
jovens que, se eles continuassem estudando o ano todo, iam 
encher a sala e a escola de terra porque temos ‘pés sujos’. 
E ‘chulé’, que as indígenas femininas têm aquele cheiro de 
mulher”, conta. O diretor colocou o grupo do lado de fora da 
sala de aula, enquanto o professor continuou dando aula para 
os não indígenas. ‘Às vezes o professor ia lá fora passar 
alguma atividade para os indígenas’.”
Chamados de “sujos” e “fedidos”, indígenas são expulsos de sala de aula. Campanha Guarani. 
Disponível em <http://campanhaguarani.org/>. Acesso em 12 set. 2014 (com adaptações).
 Lévi-Strauss defende a promoção da diversidade cultural 
como fundamental para a manutenção da criatividade e a 
dinâmica das sociedades humanas. O líder Guarani Kaiowá
aponta uma situação de racismo ocorrida no ambiente 
de sala de aula.
 A partir dos textos e das Orientações Curriculares Nacionais, 
avalie se as práticas pedagógicas apresentadas a seguir são 
adequadas para trabalhar a promoção do respeito à 
diversidade na escola.
I. Aula expositiva sobre a diversidade social em datas 
comemorativas, como o Dia do Índio.
II. Escolha de temas que possibilitem aos alunos expor 
diferentes visões de mundo e estimulem a troca de 
conhecimento e a desnaturalização do cotidiano.
III. Divisão de um texto entre grupos de alunos para 
apresentação na forma de seminários.
IV. Utilização de filmes que ilustrem diferentes realidades 
e incitem a construção de novas perspectivas sobre 
as diferenças culturais.
É correto apenas o que se afirma em:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
I. Afirmativa incorreta.
 Justificativa. Aulas expositivas em datas convencionais 
não são eficientes para desenvolver nos alunos o respeito 
à diversidade.
II. Afirmativa correta.
 Justificativa. Para a construção do respeito, é fundamental 
a desconstrução de estereótipos e preconceitos.
III. Afirmativa incorreta.
 Justificativa. A fragmentação de temas entre grupos 
e a mera exposição de pesquisa não são boas estratégias 
para o desenvolvimento da empatia e do respeito em relação 
a outras culturas.
IV. Afirmativa correta.
 Justificativa. As narrativas, especialmente as fílmicas, 
envolvem normalmente os jovens e são capazes de promover 
reflexões sobre questões importantes da nossa sociedade.
 Alternativa correta: C.
ATÉ A PRÓXIMA!
ESTUDOS DISCIPLINARES 
Tomo III
Prof. Me. Alexandre Furniel
Questão 1
Questão 1
 O crime não se produz só na maior parte das sociedades 
desta ou daquela espécie, mas em todas as sociedades, 
qualquer que seja o tipo destas. Não há nenhuma sociedade 
sem crime. O crime é, portanto, necessário; está ligado às 
condições fundamentais de qualquer vida social e, 
precisamente por isso, é útil, porque estas condições a que 
está ligado são indispensáveis para a evolução normal da 
moral e do direito. Por outro lado, pode, sem dúvida, 
acontecer que o crime tome formas anormais; é o que 
acontece quando, por exemplo, atinge uma taxa exagerada. 
Efetivamente, não será de duvidar da natureza mórbida 
deste excesso.
DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 119-121 (com 
adaptações).
Questão 1
 Considerando o crime como um fato social, elabore um plano 
de aula para estudantes do Ensino Médio, relacionando uma 
situação da atualidade ao pensamento de Durkheim. Seu 
plano de aula deve conter objetivo,metodologia, recursos 
didáticos e avaliação.
 Questão discursiva 5 – Enade 2014.
Questão 2
Questão 2
1
Fonte: <http://www.nikkeyweb.org.br>.
Acesso em: 27 ago. 2014 (com adaptações). Questão 18 Enade 2014. 
 A taxa de desemprego começou a se ampliar gradualmente, até 
chegar a níveis elevados para os padrões japoneses, em torno de 5%, 
após 2000, com a taxa de inflação caindo de 3,5% para praticamente 
zero entre 1991 e 1998, e tornando-se negativa entre 1999 e 2006 –
fora os dois anos (2004 e 2006) em que foi nula. No entanto, a 
princípio, era esperado que a economia do país respondesse de 
forma rápida, uma vez que se acreditava que ela passava por uma 
recessão cíclica normal, não necessitando de uma política agressiva 
do governo, dados os sinais de recuperação, entre 1994 e início de 
1997, do PIB e da taxa de inflação. A percepção do grave problema 
pelo qual passava a economia japonesa tornou-se evidente, contudo, 
quando eclodiu uma crise no setor bancário em 1997. O colapso dos 
ativos japoneses deixou o setor bancário diante de grandes 
problemas com os no-performing loans (empréstimos próximos de se 
tornarem inadimplentes), o que aumentou os riscos de mais um
longo período de economia fraca. 
FRAGA, J.; STRACHMAN, E. Crise Financeira: o caso japonês. Revista Nova Economia, v. 23, n. 3, 2013 
(com adaptações).
Questão 2
 Se, portanto, as crises industriais ou financeiras aumentam os 
suicídios, não é por empobrecerem, uma vez que as crises de 
prosperidade têm o mesmo resultado; é por serem crises, ou 
seja, perturbações da ordem coletiva. Toda ruptura de 
equilíbrio, mesmo que resulte em maior abastança e aumento 
da vitalidade geral, impele à morte voluntária. Todas as vezes 
que se produzem graves rearranjos no corpo social, sejam 
eles devidos a um súbito movimento de crescimento ou a um 
cataclismo inesperado, o homem se mata mais facilmente. 
DURKHEIM, E. O suicídio. São Paulo: Martins Fontes, 2004 (com adaptações).
A partir do gráfico apresentado, que mostra a evolução da taxa 
de suicídios no Japão, e das citações apresentadas, avalie as 
afirmativas a seguir.
I. No período de 1990 a 1997, as taxas de suicídio no Japão 
não se modificaram, o que indica forte estabilidade social 
nesse país.
II. No período de 1997 a 2004 houve um súbito crescimento da 
taxa de suicídios no Japão, que pode ser associado à crise 
financeira iniciada em 1997 no setor bancário. 
III. No início da primeira década dos anos 2000 houve 
crescimento das taxas de suicídio, o que indica avanço 
da crise social japonesa.
Questão 2
IV. No período de 1980 a 2004 ocorreram diversas variações nas 
taxas de suicídio no Japão, o que pode ser explicado pelas 
variações entre crises e momentos de estabilidade na 
estrutura econômica dessa sociedade.
É correto apenas o que se afirma em:
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e III.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.
Questão 2
Introdução teórica 
1.1 O fato social em Durkheim
 Os fatos sociais são o principal objeto de estudo da sociologia, 
segundo David Émile Durkheim, cientista social francês, 
considerado um dos fundadores da sociologia moderna. No livro 
intitulado “As Regras do Método Sociológico”, publicado em 
1895, a definição principal do sociólogo francês para fatos 
sociais consiste nas maneiras de agir, pensar, ser e sentir que 
podem exercer coerção externa sobre os indivíduos. Um modo 
alternativo e equivalente de definir esse conceito, proposto 
também por Durkheim, é que os fatos sociais correspondem a 
práticas generalizadas em grupos sociais cuja existência não 
depende de manifestações individuais. O autor argumenta que as 
duas definições são equivalentes porque se existem práticas 
recorrentes nas sociedades que se distinguem das 
manifestações individuais é porque, de alguma forma, tais 
práticas exercem coerção sobre os indivíduos.
1.2 Fatos sociais polêmicos: o crime e o suicídio
 Durkheim afirma que um dos papéis da ciência é distinguir os 
fenômenos normais dos fenômenos patológicos (também 
chamados de anormais). Os fenômenos normais seriam 
aqueles que se repetem na maioria dos indivíduos de uma 
sociedade, se não em todos, de maneira mais ou menos 
parecida. Geralmente, esses fenômenos são importantes para 
o próprio funcionamento da sociedade. Os fenômenos 
patológicos são aqueles que desviam muito da normalidade e 
aparecem em um número pequeno de indivíduos, muitas 
vezes por um período limitado da vida. 
 Durkheim também vê o suicídio como um fato social e define 
no seu estudo de 1897, “O Suicídio”, como a morte resultante 
de um ato da própria vítima que sabia que tal ação teria uma 
consequência fatal, independentemente de o suicida ter o 
falecimento como seu objetivo principal (DURKHEIM, 2004). 
Assim, a definição inclui, por exemplo, a morte de uma mãe 
que sacrifica sua própria vida em prol da sobrevivência de um 
filho. O suicídio é entendido como um fato social normal por 
ser recorrente em todas as sociedades e por ter causas 
sociais, ainda que fatores psicológicos ou biológicos 
individuais possam influenciar na decisão pessoal de tirar a 
própria vida. 
1.2 Fatos sociais polêmicos: o crime e o suicídio
 Entre as evidências de que o suicídio tem causas sociais, 
Durkheim elenca o fato de que as taxas de suicídio 
observadas na mesma sociedade tendem a ser estáveis no 
tempo e diferentes das taxas de outras sociedades. Além 
disso, observa que mudanças bruscas no ambiente social 
são associadas a variações abruptas das taxas de suicídio.
1.2 Fatos sociais polêmicos: o crime e o suicídio
O autor identifica três tipos principais de suicídio relacionados 
a causas sociais específicas:
 suicídio egoísta, ligado ao enfraquecimento dos laços sociais, 
das crenças tradicionais e ao individualismo;
 suicídio altruísta, associado ao dever com a coletividade de, 
por exemplo, militares, revolucionários e mártires;
 suicídio anômico, relacionado à incompatibilidade entre as normas 
sociais e os objetivos do indivíduo.
 Para Durkheim, nos momentos em que há crises financeiras ou 
ímpetos bruscos de prosperidade, a sociedade não consegue 
regular adequadamente as aspirações dos indivíduos e os 
números de suicídio aumentam. Se a recessão econômica 
persistir por muito tempo, porém, espera-se que as sociedades 
criem normas para a vida em condições de pobreza e que as 
taxas de suicídio se estabilizem.
1.2 Fatos sociais polêmicos: o crime e o suicídio
Resposta da questão 1
Padrão de resposta do Inep
O estudante deve elaborar um plano de aula em que:
 leve em consideração a presença e a inter-relação entre 
objetivos, métodos, recursos didáticos e avaliação;
 estabeleça um diálogo adequado entre a teoria de Durkheim 
e as situações da atualidade;
 seja prevista uma adequada mediação pedagógica entre a 
teoria sociológica e o nível médio de ensino.
Fonte: 
<http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/padrao_resposta/2014/padrao_resposta_cienc
ias_sociais_licenciatura.pdf>. Acesso em 12 jul. 2017.
Análise das afirmativas
Questão 2
I. Afirmativa incorreta.
 Justificativa. Entre 1990 e 1997, as taxas de desemprego no 
Japão aumentaram e o crescimento econômico foi baixo ou 
“negativo”, o que pode indicar que, na realidade, o país tenha 
passado por instabilidade social. O gráfico mostra ainda que 
as taxas de suicídio no Japão aumentaram durante o período, 
ainda que lentamente. Por isso, não se pode dizer que 
as taxas de suicídio não se modificaram nem que houve 
forte estabilidade social.
 II, III e IV. Afirmativas corretas.
 Justificativa. Entre 1980 e 2004, a sociedade japonesa 
enfrentou diversas oscilações nas taxas de suicídio, de 
crescimento econômico e de desemprego. Segundo o 
referencial teórico de Durkheim, as perturbações da ordem 
social e econômica, tanto nos períodos de crise econômica 
quanto nos momentos de abrupto crescimento, estãoassociadas à incapacidade de a sociedade regular as 
aspirações e os objetivos dos indivíduos e à maior incidência 
do suicídio anômico.
 Alternativa correta: E.
Análise das afirmativas
INTERVALO 
Questão 3
Questão 3
 A cultura original de um grupo étnico, na diáspora ou em 
situações de intenso contato, não se perde ou se funde 
simplesmente, mas adquire uma nova função, essencial e que 
se acresce às outras, enquanto se torna cultura de contraste: 
este novo princípio que a subentende, o do contraste, 
determina vários processos. A cultura tende, ao mesmo 
tempo, a se acentuar, tornando-se mais visível, e a se 
simplificar e enrijecer, reduzindo-se a um número menor de 
traços que se tornam diacríticos.
CUNHA, E. Etnicidade: da cultura residual mas irredutível. In: CUNHA, M. Antropologia no Brasil: mito, 
história e etnicidade. São Paulo: Brasiliense, 1986 (com adaptações).
Questão 3
Considere a situação em que um pesquisador tenha sido 
contratado por uma federação de associações de imigrantes, 
para examinar as razões da “baixa adesão” dos descendentes 
ao legado cultural da imigração. Ao longo da pesquisa, o 
estudioso se deparou com o seguinte contexto:
 Questão 23 – Enade 2014.
1) a incorporação da celebração pelos imigrantes de festejos e 
danças tidos como “típicos” às práticas dos grupos; 
2) o desinteresse de muitos descendentes de participar de tais 
grupos de imigrantes; 
3) o interesse das populações sem quaisquer vínculos com 
o passado imigrante de participar de tais festejos e da 
construção da memória dos grupos imigrantes. 
 Com base no fragmento do texto e nessa situação hipotética, 
avalie as afirmativas a seguir quanto às condutas adequadas 
do pesquisador. 
I. O pesquisador deveria questionar a validade dos festejos e 
das danças, já que não correspondem a um autêntico legado 
cultural original dos imigrantes. 
Questão 3
II. O pesquisador deveria considerar, em sua análise etnográfica, os 
outros grupos em relação, a fim de situá-los contrastivamente. 
III. O pesquisador deveria considerar válidas todas as manifestações, 
porque, afinal, a construção da memória e dos sinais refere-se ao 
tempo presente. 
IV. O pesquisador deveria empenhar-se em averiguar o que 
havia de irredutível na etnicidade: a invocação de uma 
origem comum.
É correto apenas o que se afirma em: 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) II e IV. 
d) I, III e IV. 
e) II, III e IV.
Questão 3
1. Análise das afirmativas 
I. Afirmativa incorreta. 
 Justificativa. O contato intenso entre os descendentes e os 
não descendentes de imigrantes motiva a transformação da 
cultura de ambos os grupos e essas mudanças podem ser 
importantes para a afirmação da identidade étnica dos 
imigrantes. O pesquisador não deve desqualificar a validade 
de fenômenos culturais simplesmente por entender que eles 
não correspondem às suas versões originais. 
Análise das afirmativas
 II e IV. Afirmativas corretas. 
 Justificativa. O pesquisador deve considerar que os 
descendentes e não descendentes de imigrantes estão em 
relação entre si e que essas festividades, mesmo que sejam 
diferentes das manifestações culturais dos grupos imigrantes 
originais, ajudam os descendentes a invocarem uma origem 
comum. 
 III. Afirmativa correta. 
 Justificativa. A cultura é mutável e dinâmica. Assim, o 
pesquisador deve perceber que todas as manifestações 
culturais são válidas, pois respondem às condições e às 
necessidades presentes dos dois grupos, inclusive àquelas 
relacionadas à construção da memória. 
 Alternativa correta: E. 
Análise das afirmativas
Etnicidade e cultura de contraste 
 O texto “Etnicidade: da cultura residual, mas irredutível”, da 
antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, apresentado inicialmente 
em 1978 e republicado em 1986, está inserido em um momento em 
que muitos antropólogos apoiaram as demandas do movimento 
indigenista no contexto do regime autoritário militar. Para dar 
andamento a grandes projetos de infraestrutura e integração 
nacionais, como a construção da Transamazônica, o governo militar 
promoveu a remoção forçada de populações indígenas e omitiu-se 
perante as mortes de contingentes nativos por agentes privados 
interessados em suas terras ou pelo contato com doenças trazidas 
pelos novos grupos que ocupariam essas regiões para as quais não 
tinham imunidade. A própria Fundação Nacional do Índio (Funai), 
responsável por promover os direitos dos povos indígenas, dava 
suporte às políticas governamentais de violência contra os índios. 
Análise das afirmativas
A Comissão Nacional da Verdade, órgão oficial criado em 2011 
para investigar as violações de direitos humanos ocorridas 
durante o regime militar, estima que mais de 8.350 indígenas 
morreram no período por ação ou por omissão dos agentes 
governamentais (CNV, 2014). Nesse contexto, falar sobre 
etnicidade não era mero detalhe teórico, mas tinha importância 
política, uma vez que reconhecer um grupo como indígena 
significava atestar seu direito à terra. 
Análise das afirmativas
INTERVALO 
Questão 4
Quilombos no Brasil 
 De um modo geral, os territórios quilombolas originaram-se de 
diferentes situações, tais como doações de terras a partir da 
desagregação da lavoura de monoculturas, como a cana-de-
açúcar e o algodão; compra de terras pelos próprios sujeitos, 
possibilitada pela desestruturação do sistema escravista; 
terras conquistadas por meio da prestação de serviços, e 
inclusive, de guerra; bem como áreas ocupadas por negros 
que fugiam da escravidão. Há também as chamadas terras de 
preto, terras de santo ou terras de santíssima, que indicam 
uma territorialidade vinda de propriedades de ordens 
religiosas, da doação de terras para santos e do recebimento 
de terras em troca de serviços religiosos prestados a senhores 
de escravos por sacerdotes de religiões afro-brasileiras. 
Questão 4
Os quilombos permaneceram invisibilizados durante todo o 
período republicano e reapareceram como resultado da ação dos 
movimentos negros apenas com a Constituição de 1988 como 
comunidades detentoras de direitos. Transcorreram, portanto, 
cerca de cem anos da abolição até a aprovação do Artigo 68 do 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: “Aos 
quilombolas que estejam ocupando suas terras é reconhecida a 
propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos 
respectivos”.
Tais comunidades se distinguem pela identidade étnica, tendo 
desenvolvido práticas de manutenção e reprodução de modos 
de vida característicos em determinado lugar. São grupos étnico-
raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória 
histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com 
presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência 
à opressão histórica sofrida.
BRASIL. Seppir. Programa Brasil Quilombola: Diagnóstico das Ações Realizadas. Brasília, 2012. 
Fonte: <http://www.seppir.gov.br/>. Acesso em 24 jul. 2014 (com adaptações). 
 Entre as demandas das comunidades quilombolas estão o 
acesso à escola e ao saneamento básico. A esse respeito, 
elabore um esboço de projeto de política pública que vá ao 
encontro de uma dessas demandas. Em seu texto, considere 
os referenciais teóricos das Ciências Sociais e os elementos 
básicos de um projeto.
Questão 4
O tratamento do Estado brasileiro aos territórios e às 
comunidades quilombolas 
 A Lei n. 601, de 18 de setembro de 1850, conhecida como Lei 
de Terras, regulamentou a propriedade privada de terras no 
Brasil e determinou que só se reconheceria a aquisição de 
terras por compra ou por doação do Estado. Assim, tornava-
se muito difícil assegurar legalmente a ocupação coletiva de 
terras (sem um proprietário individual) ou a posse por 
usucapião (pela ocupação contínua de uma área por muitos 
anos, mesmo sem o registro formal de propriedade). 
Questão 4
 A Lei das Terras foi publicadapoucos dias após a Lei Eusébio 
de Queirós (Lei 581, de 4 de setembro de 1850), a qual proibia 
o tráfico marítimo de escravos, mas não proibia compras e 
vendas em território nacional nem a escravização dos negros 
já adquiridos e dos filhos dos cativos. Assim, no momento em 
que o Brasil dava seus primeiros passos em direção à 
abolição e começava a substituir a mão de obra escrava pelo 
trabalho de imigrantes estrangeiros assalariados, não se 
garantiu que os negros tivessem acesso à terra para sua 
subsistência. 
Questão 4
 Depois das reivindicações dos movimentos negros durante a 
década de 1970, o tema das comunidades quilombolas atraiu 
finalmente a regulação do Estado – cem anos depois da 
abolição – com a Constituição Federal de 1988 que, no art. 68 
de seu Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, 
determinou que o Estado deveria reconhecer a propriedade 
das terras das comunidades remanescentes dos quilombos. 
A atual definição dessas comunidades é dada pelo Decreto 
4.887, de 20 de novembro 2003: “grupos étnico-raciais, 
segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica 
própria, dotados de relações territoriais específicas, com 
presunção de ancestralidade negra relacionada com a 
resistência à opressão histórica sofrida”. 
Questão 4
 A despeito de a constituição reconhecer a propriedade dos 
territórios dos quilombolas, assegurar esse direito na prática 
só é possível por meio de um processo burocrático e longo, 
estipulado pelo próprio Decreto 4.887/2003. Primeiramente, 
a comunidade quilombola deve solicitar à Fundação Cultural 
Palmares (FCP) a emissão de uma certidão de autodefinição, 
nos termos da Portaria n. 98 da FCP, de 26 de novembro 
de 2007. 
 A segunda etapa do processo é a regulação fundiária, pela 
qual a comunidade recebe o título de reconhecimento de 
domínio de territórios. A responsabilidade dessa etapa era da 
FCP até a publicação do Decreto 4.887/2003 e, desde então, 
passou para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma 
Agrária (INCRA). 
Questão 4
 Conforme as exigências da Instrução Normativa 57 do INCRA, 
de 20 de outubro de 2009, para cada comunidade que requerer 
o título de domínio, a Superintendência Regional do INCRA 
nomeia um grupo técnico interdisciplinar responsável por 
elaborar um Relatório Técnico de Identificação e Delimitação 
(RTID) que contém, entre outros, um laudo antropológico das 
características históricas, econômicas, sociais e culturais da 
comunidade quilombola; um levantamento fundiário, 
agroambiental e cartográfico do território reivindicado e um 
cadastro geral das famílias quilombolas da comunidade. 
Concluído o RTID, a decisão sobre a titulação do território 
cabe ao Comitê de Decisão Regional do INCRA, com 
possibilidade de duas instâncias de recurso dos solicitantes 
ou de outros órgãos do governo. 
Questão 4
 Os títulos de territórios quilombolas localizados em áreas 
privadas ou públicas federais são emitidos pelo INCRA. Já a 
Secretaria de Patrimônio da União e os estados e municípios 
conferem os títulos às comunidades localizadas em áreas sob 
suas respectivas gestões. Os títulos são coletivos e 
imprescritíveis e as terras não podem ser alienadas, vendidas 
ou penhoradas. Caso seja necessário desapropriar terras 
privadas, ainda é necessário resolver judicialmente o valor da 
compensação dos então proprietários. 
Questão 4
Padrão de resposta do Inep 
 O estudante deve construir a estrutura do projeto, contendo 
pelo menos os referenciais teóricos, o(s) objetivo(s) e a 
metodologia de ação, definidos com clareza e inter-
relacionados.
 Em relação aos referenciais teóricos, espera-se que o aluno 
mobilize conteúdos e/ou conceitos das Ciências Sociais que 
contribuam para explicar o fenômeno e fundamentem 
propostas de ação, tais como: identidade, territorialidade, 
o debate atual sobre raça/etnia, relações étnico-raciais 
no Brasil e direitos sociais. 
Fonte: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/padrao_resposta/2014/padrao_
resposta_ciencias_sociais_licenciatura.pdf>. Acesso em 12 jul. 2017. 
Questão 4
INTERVALO 
Questão 5
 Não há nenhuma dificuldade em demonstrar que a forma ideal 
de governo é aquela em que a soberania ou o poder supremo 
de controle, em última instância, cabe de direito a todo o 
agregado da comunidade; torna-se evidente que o único 
governo que pode satisfazer plenamente todas as exigências 
do Estado social é aquele em que todo o povo participa; que 
toda a participação, mesmo na menor das funções públicas, é 
útil; que a participação deverá ser, em toda parte, tão ampla 
quanto o permitir o grau geral de desenvolvimento da 
comunidade; e que não se pode, em última instância, aspirar a 
nada menos do que à admissão de todos a uma parte do 
poder soberano do Estado. 
STUART MILL. J. Governo Representativo. In: WEFFORT, F. (org.). Os Clássicos da Politica, v. 2. São 
Paulo: Ática, 2000, p. 220-223 (com adaptações). 
Questão 5
 Com base no texto e no gráfico, avalie as asserções a seguir e 
a relação proposta entre elas. 
I. O comportamento dos índices de sufrágio no Brasil ao 
longo do período de 1894 a 1998 é coerente com a proposta 
de Stuart Mill de ampliação da participação do povo no 
poder do Estado. 
Porque
II. O nível atual de participação eleitoral no Brasil, tal como 
ilustrado pelo gráfico, expressa o grau de maturidade da 
democracia representativa no país.
Questão 5
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. 
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma 
justificativa correta da I. 
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não 
é uma justificativa correta da I. 
c) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma 
proposição falsa. 
d) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição 
verdadeira. 
e) As asserções I e II são proposições falsas. 
Questão 5
I. Asserção correta. 
 Justificativa. Ao longo da história brasileira, o direito ao voto 
foi sendo conquistado por diversos grupos sociais. Passou-
se, assim, do voto censitário ao voto universal, o que é 
coerente com a proposta de Governo Representativo de 
Stuart Mill. 
 Comentário adicional. Deve-se lembrar que o direito ao voto, 
por si só, mesmo com grandes índices de comparecimento, 
não garante que o povo detenha maior participação no poder 
do Estado. Problemas como o desinteresse dos eleitores pela 
política, a corrupção e a captura das decisões políticas por 
grupos de interesse podem comprometer a capacidade
da representação política. 
Análise das afirmativas
II. Asserção correta. 
 Justificativa. O nível atual de participação eleitoral é um 
indicador possível de grau de maturidade da democracia 
representativa, embora não seja uma garantia perfeita de 
funcionamento do sistema político. No entanto, é seguro que 
essa asserção (que se refere ao tempo presente) não justifica, 
de forma alguma, a asserção I (que se refere à evolução do 
comparecimento eleitoral entre 1894 e 1998), pois os 
acontecimentos do passado não podem ser 
consequência dos eventos do presente.
 Alternativa correta: B. 
Análise das afirmativas
A extensão do direito ao voto no Brasil 
 O voto popular no Brasil independente foi instituído pela Constituição 
de 1824, sendo sempre obrigatório, jamais facultativo. O que mudou, 
ao longo do tempo, foi a definição de quem é eleitor e, portanto, 
cidadão pleno, e de quem não o é (ou porque não é cidadão pleno, 
ou porque nem mesmo é cidadão). Em 1824, todos os homens 
alfabetizados, brasileiros natos, com pelo menos 25 anos e renda 
anual igual ou superior a 100 mil réis tinham a obrigação de votar. 
Proclamada a República, a Constituição de 1891 redefiniu os eleitores 
como todos os homens alfabetizados, brasileiros natos e com pelo 
menos 21 anos. Não podiam votar as mulheres, os analfabetos, os 
clérigos, os soldadose os cabos das Forças Armadas, todos os que –
ainda que nascidos no Brasil – não fossem capazes de se expressar 
em português, os mendigos e os presos. Todas as eleições até 1930 
foram realizadas com esse perfil de eleitor. 
Análise das afirmativas
 A Emenda Complementar n. 25, de 15 de maio de 1985, 
concedeu aos analfabetos o voto facultativo, o que foi 
confirmado pela Constituição de 1988, que também tornou 
facultativo o voto de pessoas entre 16 e 18 anos de idade, mas 
passou de 65 para 70 anos a idade mínima em que o voto se 
torna facultativo. Passaram a ter direito (e dever) de votar os 
soldados e os cabos das Forças Armadas (os quais ainda 
permaneciam alijados desse processo). 
Análise das afirmativas
 Esse permanece sendo o perfil do eleitor no Brasil 
contemporâneo, um dos 31 países do mundo em que o voto 
permanece obrigatório. Cabe ressaltar que, por ser o voto 
obrigatório para os cidadãos plenos, o comparecimento às 
eleições, no Brasil é, principalmente nos períodos recentes, 
bastante próximo ao número total de votantes existentes no 
momento da votação considerada. Vejamos, por exemplo, o 
caso das eleições presidenciais de 1945: naquele ano, a 
população brasileira era de 46.215.000 pessoas, das quais 
7.425.825 eram eleitores, ou seja, 16,1% da população eram 
eleitores e 13,4% da população compareceram para votar. 
Houve, portanto, uma taxa de comparecimento de 83,2% do 
eleitorado em 1945. 
Análise das afirmativas
O Governo Representativo de Stuart Mill 
 John Stuart Mill (1806-1873), economista e filósofo britânico, 
foi um dos maiores defensores do liberalismo político e do 
Governo Representativo. Para ele, a representação 
proporcional é o caminho para a soberania popular. 
 Segundo seu pensamento, todos os cidadãos têm o dever de 
participar dos negócios do Estado. Na sua concepção, cabe 
ao governo permitir que a maioria prevaleça nas questões 
políticas por meio do voto. 
 Como membro do Parlamento, Stuart Mill propôs, em 1865, 
o direito das mulheres ao sufrágio. 
Análise das afirmativas
ATÉ A PRÓXIMA! 
ESTUDOS DISCIPLINARES 
Tomo III 
Prof. Me. Alexandre Furniel 
Questão 6
 A Antropologia e o Direito, cada qual como um domínio do 
saber, contribuem para a eficácia dos laudos antropológicos. 
Há regras e expectativas que não se limitam à produção 
antropológica. A busca e a apresentação de provas durante 
a perícia não podem ficar restritas ao domínio da teoria 
antropológica. A Ciência do Direito contribui com a orientação 
de como proceder na investigação, que leva à apresentação de 
provas para o conhecimento do Dr. Juiz Federal e fornece 
fundamentos antropológicos ao laudo. O Direito define 
o que é a perícia. A Etnografia que o antropólogo produz sobre 
determinado povo indígena contribui para informar sobre o 
território, a antiguidade da ocupação indígena, a língua falada, 
ou as línguas faladas (o kaingang e o português, por exemplo), 
Questão 6
 o tipo de organização social, as relações sociais e de 
parentesco, o papel da família, a família nuclear, a família 
extensa, a monogamia, a poliandria, a poliginia, as relações 
que se estabelecem entre índios e não índios no contexto das 
relações inter-étnicas, ou intratribais, como o povo indígena 
elabora e manifesta a sua identidade, como explora o meio 
ambiente, como organiza as suas roças, a coleta, a caça, 
a pesca com armadilhas, observa as plantas, cria saberes 
sobre as plantas que encontra na natureza, realiza 
a medicina caseira. 
HELM, C. M. V. A Etnografia, a perícia e o laudo antropológico nos processos judiciais. Cadernos da 
Escola de Direito e Relações Internacionais, v. 1, n. 15, 2011, p. 5-17, (com adaptações). 
A partir do texto acima, avalie as asserções a seguir e a relação 
proposta entre elas. 
I. A comunidade indígena constitui-se como sujeito de direitos 
diante de instituições, normas e procedimentos 
administrativos. 
PORQUE 
II. Os laudos antropológicos são elaborados com base nas 
perícias jurídicas e na etnografia produzida por 
antropólogos sobre determinados povos indígenas. 
Questão 6
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. 
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma 
justificativa correta da I. 
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não 
é uma justificativa correta da I. 
c) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma 
proposição falsa. 
d) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição 
verdadeira. 
e) As asserções I e II são proposições falsas. 
Questão 6
As Primeiras Nações
 As Américas foram originalmente habitadas por povos 
asiáticos, que chegaram aqui possivelmente há 13.100 anos 
ou mais; indícios recentemente encontrados parecem indicar 
datas mais antigas, de 18.500 anos.
 Esses povos (as chamadas “primeiras nações”) tiveram, 
portanto, a primazia de descoberta, sendo deles o direito 
sobre a terra. De mais a mais, cada um dos seus integrantes, 
enquanto ser humano, sempre possuiu direitos naturais 
inalienáveis, elencados na Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, adotada pela ONU em 1948, quando então, 
Questão 6
 finalmente tais direitos passaram a ser universalmente 
reconhecidos, ainda que, muitas vezes, apenas em princípio. 
Atualmente, a própria Constituição Federal de 1988 reconhece 
os direitos dos povos indígenas à organização social, aos 
costumes, às línguas, às crenças e às tradições próprios, 
além da posse das terras tradicionalmente ocupadas.
Questão 6
No entanto, quando os europeus chegaram às Américas, a partir 
de 1492, os direitos das “primeiras nações” foram violados de 
todas as formas porque: 
 o “direito de conquista” (uma variação da lei do mais forte) 
prevalecia naquele momento; 
 os europeus consideravam estar trazendo a “salvação” 
e a “civilização” aos povos que aqui viviam; 
 a cobiça, a crueldade e o desejo de “fazer a América” 
estavam presentes; 
 muitas enfermidades às quais os nativos não tinham qualquer 
resistência foram trazidas de forma involuntária. 
Questão 6
Apenas a partir da segunda metade do século XX tais posturas 
foram revertidas, ainda que, muitas vezes, apenas em 
princípio, pois: 
 apesar de os Estados, de forma cada vez mais completa, 
reconhecerem agora os direitos das “primeiras nações”, 
as ações de efetiva proteção desses direitos são poucas 
e ineficazes; 
 demarcações de terras (reservas indígenas) são lentas 
e sujeitas a todas as formas de pressões políticas; 
 interesses econômicos continuam a expulsar e chacinar 
populações nativas e a grilar suas terras, já demarcadas 
ou não. 
Questão 6
Análise das afirmativas
Análise das asserções
I. Asserção correta. 
 Justificativa. A comunidade indígena, de fato, constitui-se 
como sujeito de direitos, tal qual toda comunidade humana. 
Seus membros são dotados de direitos naturais inalienáveis, 
delineados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
adotada pela ONU em 1948. Quanto às comunidades em si, 
seus direitos emanam de terem sido os primeiros a ocupar 
a terra nas Américas. 
II. Asserção correta. 
 Justificativa. Os laudos antropológicos, elaborados com base 
nas perícias jurídicas e na etnografia, referentes a um dado 
povo indígena, constituem-se, em parte, da documentação 
necessária para comprovar a autenticidade de uma dada 
comunidade, sua antiguidade e seu território tradicional. Eles 
contribuem para o reconhecimento da comunidade, para a 
demarcação de seus territórios e para a proteção de seus 
direitos, ao menos em princípio. Entretanto, como já referido, 
os direitos da comunidade indígena não emanam nem derivam 
dos laudos antropológicos e das perícias jurídicas. 
 Alternativa correta: B. 
Análise das afirmativas
INTERVALO 
Questões 7
Questão 7
 Pensar as dinâmicas culturais no contexto da Internet implica 
uma reflexão prévia sobre asespecificidades desse campo 
empírico, angulada pelas questões que a problematização da 
investigação suscita. O método etnográfico pode ser 
pertinente e operativo, apesar de, muitas vezes, demandar 
a complementação de outros aportes teórico-metodológicos. 
A técnica etnográfica até então foi aplicada a grupos sociais 
presencialmente sendo uma novidade no ambiente de 
comunicação online, representando desafios metodológicos 
e requerendo ajustes nos pressupostos da etnografia.
BRAGA. A. Técnica etnográfica aplicada à comunicação online: uma discussão metodológica. 
Unirevista, v. 1, n. 3, 2006 (com adaptações).
A partir do texto acima, pode-se inferir que a modernização 
tecnológica tem modificado os contextos de pesquisa, gerando 
novos desafios metodológicos nos estudos etnográficos, entre 
os quais se inclui:
a) a exigência de mais atenção do pesquisador ao fato de que, 
na etnografia realizada de forma virtual, perdem-se dados 
como expressões faciais, gestos e pausas na fala, 
importantes para a realização das análises dos dados.
b) a opção pela criação de um perfil falso para conversas em 
ambiente on-line, fundamental para a participação em salas 
de bate-papo e garantia de observação participante com 
coleta de dados objetivos.
Questões 7
c) o uso das redes sociais para a observação participante e para 
a etnografia garante o rigor metodológico na coleta de dados, 
pois o pesquisador pode usar ferramentas de interação para 
direcionar comportamentos.
d) a diferenciação entre o comportamento das pessoas no 
cotidiano e no meio virtual, que invalidaria os dados obtidos 
pelo pesquisador.
e) a exposição da real identidade dos atores no ambiente virtual 
– diferentemente do que ocorre na etnografia tradicional –, 
em situações como entrevistas on-line, o que exige a 
substituição, na divulgação dos dados, dos nomes dos 
envolvidos.
Questões 7
Questão 8
Questão 8 
 Inicialmente, por causa da demarcação rígida dos limites da 
Antropologia, os instrumentais de pesquisa fundamentados 
na Teoria da Ação restringiram-se tão somente a refinar e 
aperfeiçoar a observação de campo. Entretanto, tendo em 
vista a necessidade de serem explicitadas as condições sob as 
quais ocorre a mudança, com base em uma visão da economia 
política mais ampla, algumas vertentes da "teoria da ação” 
começaram a diferenciar os limites da observação dos limites 
da investigação. Essa diferenciação possibilitou a elaboração 
de instrumentais capazes de integrar a história e os dados 
documentais à análise antropológica de processos sociais. 
FELDMAN-BIANCO. B. Introdução. In FELDMAN-BIANCO, B. (org.). Antropologia das Sociedades 
Contemporâneas: Métodos. São Paulo: Editora da Unesp, 2010 (com adaptações).
Com relação aos debates sobre métodos empregados na elaboração 
de pesquisa etnográfica, avalie as asserções a seguir e a relação 
proposta entre elas.
I. Ao elaborar uma pesquisa acerca dos efeitos locais do turismo 
em uma localidade, o pesquisador que compartilhasse da 
perspectiva teórico-metodológica mencionada no texto haveria 
de considerar as limitações do modelo etnográfico preconizado 
na visão funcionalista clássica de Malinowski.
PORQUE
II. De acordo com a perspectiva da Teoria da Ação, a apreensão 
da totalidade e dos sentidos das práticas pressupõe, além da 
observação, a consideração, na análise, da presença de 
diversos processos sociais, de diferentes escalas, 
que podem ter efeito nas dinâmicas sociais locais.
Questão 8
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma 
justificativa correta da I.
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não 
é uma justificativa correta da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma 
proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma 
proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.
Questão 8
Etnografia
 Ao estudo sistemático de povos, culturas e grupos sociais 
dá-se o nome de etnografia. Um estudo etnográfico é uma tentativa 
de descrição holística, qualitativa e minuciosa do grupo em estudo 
e do contexto ecológico, geográfico e histórico no qual ele se 
encontra inserido. Tipicamente, o pesquisador conduz o estudo por 
meio da observação participativa in loco e em pessoa do grupo em 
estudo, complementada por entrevistas de informantes selecionados 
entre os membros do grupo analisado e filtrada por uma reflexão 
extensiva sobre o material coletado, tanto durante o período em 
que o pesquisador se encontra imerso no objeto de estudo quanto a 
posteriori, com o objetivo de explicitar as relações e simbologias, 
construídas socialmente, e os nexos que elas criam para dar sentido 
e organização à vida social.
Questão 8
Ciber-etnografia
 Com o advento da internet, dos fóruns e grupos de discussão 
e, mais recentemente, das chamadas “redes sociais” e com a 
generalização ao acesso a esses meios, tornado realidade 
pelos celulares inteligentes que hoje fazem parte indispensável 
do dia a dia da população mundial, abriu-se uma nova 
dimensão para os estudos etnográficos: a etnografia virtual. 
No entanto, como nesse ambiente os interlocutores não se 
veem, podem ser perdidos dados (como gestos manuais, 
expressões faciais, tom de voz e pausas na fala) e a própria 
prática da observação participativa torna-se complexa, pois 
não se pode mais ter certeza se os demais presentes estarão 
conscientes, ou não, da presença do observador. 
Questão 8
 Isso leva à adoção de uma atitude de observador silencioso 
ou ao movimento em direção a uma participação mais integral 
e ativa do que aquilo que seria visto como próprio para uma 
observação participativa em um contexto não virtual, correndo-
se o risco de o observador “tornar-se nativo”. Além disso, em 
vários desses ambientes, existe o conceito de “amizade”, 
definido de forma vaga e ressignificado de um contexto ou 
lugar virtual para outro, podendo vir a ser mais ou menos do 
que seria considerado “amizade” no mundo físico. Essas são 
apenas duas das questões colocadas pelo surgimento da 
ciber-etnografia, sobre as quais os pesquisadores não podem 
deixar de refletir nem de tomar posição. 
Questão 8
Questão 7
a) Afirmativa correta. 
 Justificativa. Sem dúvida, ao se realizar uma investigação 
etnográfica no ambiente virtual, podem ser perdidos dados 
como expressões faciais, gestos e pausas na fala, importantes 
para a realização das análises dos dados. Isso tem de ser 
levado em conta e, até onde possível, compensado por meio da 
observação das particularidades próprias do ambiente virtual, 
como o uso de emoticons (também chamados de emojis). 
Análise das afirmativas
b) Afirmativa incorreta. 
 Justificativa. A criação de um perfil falso não chega a ser 
obrigatória, mas é uma opção bastante comum entre os 
próprios usuários a serem estudados. O uso de um perfil falso 
por parte do pesquisador não é um desafio metodológico e não 
garante que ele obterá dados objetivos nem que recuperará os 
diversos dados referentes às expressões faciais, vocais 
e corporais dos entrevistados. 
c) Afirmativa incorreta. 
 Justificativa. O rigor metodológico com que é conduzido dado 
trabalho é completamente independente do fato de se realizar 
tal trabalho por meio de redes sociais ou por qualquer outro 
meio, inclusive entrevistas pessoais presenciais. 
Análise das afirmativas
d) Afirmativa incorreta. 
 Justificativa. A diferenciação entre o comportamento das 
pessoas no cotidiano e o comportamento das pessoas no meio 
virtual pode ocorrer ou não, mas isso não invalida, de forma 
alguma, os dados coletados pelo pesquisador. 
e) Afirmativa incorreta. 
 Justificativa. A substituição dos nomes dos entrevistados (ou, 
mais provavelmente, em um ambiente virtual, dos apelidos) 
sempre que justificada para preservar as pessoasenvolvidas, 
é uma prática comum e trivial em etnografia, tanto no meio 
virtual quanto fora dele, e não representa qualquer desafio 
metodológico para o pesquisador. 
Análise das afirmativas
Questão 8
I. Asserção correta. 
 Justificativa. As pesquisas de campo funcionalistas privilegiam 
a observação das instituições criadas para organizar a vida 
social e dos símbolos e representações que os indivíduos 
compartilham, os quais dão sentido à vida social e aos papéis 
por eles desempenhados. Essa perspectiva teórica geralmente 
não dá enfoque aos impactos locais das práticas concretas dos 
agentes. Se o objetivo teórico do pesquisador for enfatizar 
esses impactos concretos relacionados à introdução do 
turismo em uma localidade sobre as relações sociais dos 
agentes específicos, os pressupostos da vertente funcionalista 
serão pouco adequados, uma vez que o turismo coloca em 
contato indivíduos que, muitas vezes, não partilham as mesmas 
representações culturais.
Análise das afirmativas
II. Asserção correta. 
 Justificativa. A pesquisa fundamentada na Teoria da Ação 
enfatiza a investigação das relações sociais concretas e das 
dinâmicas locais das práticas dos atores. Uma orientação 
teórico-metodológica nesse sentido, para uma análise do 
turismo, irá possibilitar que se estudem as relações que os 
turistas e as populações nativas desenvolvem cotidianamente 
e os impactos locais dessas interações. A asserção II justifica 
a I porque apresenta os princípios teóricos da perspectiva 
metodológica adotada. 
 Alternativa correta: A.
Análise das afirmativas
INTERVALO
Questão 9
Questão 9
 Em determinados tipos de sociedade, a exemplo das 
sociedades de consumo, a educação tende a se relacionar à 
ideia de riqueza e de mobilidade social. Logo, a escola aparece 
como instituição capaz de promover transformações não 
somente na melhoria das condições de vida do trabalhador, 
como também na formação/qualificação dele, principalmente 
em tempos de crises econômicas, marcadas pela retração na 
oferta de empregos e pela precarização do trabalho. Assim, 
estudar e se qualificar se tornaram condições indispensáveis 
para a obtenção de melhores empregos e condições salariais.
 Considerando a relação qualificação e empregabilidade, avalie 
as afirmativas a seguir. 
I. A escola como instituição modelada pelo capitalismo tende 
a oferecer ao trabalhador formação compatível com as 
necessidades do mercado. 
II. A valorização da escolarização e a elevada qualificação do 
trabalhador garantem seu ingresso e sua permanência no 
mercado de trabalho. 
III. O Estado assume a condição de ator estratégico, no sentido 
de garantir condições para a qualificação dos trabalhadores. 
IV. A correlação entre qualificação e emprego encontra 
respaldo na teoria do capital humano. 
Questão 9
É correto apenas o que se afirma em: 
a) I e II. 
b) II e III. 
c) III e IV. 
d) I, II e IV. 
e) I, III e IV. 
Questão 28 – Enade 2014.
Questão 9
1.1. Capitalismo e educação
 Em uma economia capitalista, na qual a educação seja 
obrigatória e fornecida de forma gratuita (ou subsidiada) pelo 
Estado, deve-se imaginar que o Estado vai propiciar uma 
educação que, ao mesmo tempo, satisfaça as necessidades de 
mão de obra dos seus financiadores e atenda às necessidades 
de ocupação produtiva da população que nele vive de forma a 
contribuir para o equilíbrio e o bem-estar sociais e, ao menos 
em teoria, propiciar uma rota de ascensão social acessível a 
todos.
Questão 9
 Essa descrição fortemente idealizada de um Estado capitalista 
é profundamente simplificadora e não ressalta, de forma 
alguma, os problemas decorrentes do capitalismo real (ainda 
que não se trate de um “capitalismo selvagem”): sempre 
se poderá dizer que o capitalismo visa apenas ao lucro e reflete 
nada mais do que a exploração do trabalhador pelo capitalista, 
que não tem o menor interesse em bem-estar social. 
No entanto, essa também é uma visão simplificadora 
(só que pessimista). 
Questão 9
1.2. Capital humano 
 Como definido por Gary Becker (1930-2014) e Jacob Mincer
(1922-2006), capital humano é o conjunto conhecimentos, 
experiências, personalidades, hábitos, habilidades e demais 
atributos pessoais e sociais detidos por um indivíduo que se 
refletem na produtividade de seu trabalho e, portanto, na sua 
capacidade de gerar valor econômico. 
 Nessa concepção, um agente capitalista que demite uma 
equipe coesa e bem treinada de trabalhadores para contratar, 
em seu lugar, novatos inexperientes, por salários menores, 
economiza em salários, mas perde em capital humano, o que 
pode acarretar prejuízo real para a produção. Por exemplo, é 
possível que se aumente o número de produtos retornados 
para remanufatura pelo controle de qualidade. 
Questão 9
Análise das afirmativas 
I. Afirmativa correta. 
 Justificativa. A escola, como instituição modelada pelo 
capitalismo, tende a oferecer ao trabalhador potencial uma 
formação compatível com as necessidades do mercado, tanto 
para melhorar suas chances de tornar-se um funcionário de 
fato quanto para aumentar o número de candidatos 
disponíveis por vaga, o que beneficiaria o empresário. 
II. Afirmativa incorreta. 
 Justificativa. Existe correlação positiva entre salários e 
escolaridade, mas isso não significa que a qualificação do 
trabalhador garanta, com total certeza, seu ingresso no 
mercado de trabalho. 
Análise das afirmativas
III. Afirmativa correta. 
 Justificativa. Nas sociedades capitalistas, em geral, o Estado 
tende a prover algum nível de qualificação aos trabalhadores, 
o que geralmente aumenta o bem-estar dos próprios 
empregados e o lucro dos empresários empregadores. 
IV. Afirmativa correta. 
 Justificativa. A teoria do capital humano afirma que o 
trabalhador qualificado é mais produtivo e tende a receber 
salários maiores. Assim, firmas intensivas em tecnologia e em 
mão-de-obra qualificada tendem a empregar mais trabalhadores 
qualificados. No entanto, a maior ênfase da teoria do capital 
humano é na correlação positiva entre salários e escolaridade 
ou qualificação, e não entre emprego e qualificação. 
 Alternativa correta: E.
Análise das afirmativas
INTERVALO
Questão 10
Questão 10
 A “desnaturalização das concepções ou explicações dos 
fenômenos sociais” e o “estranhamento” dos fenômenos que 
aparecem como “ordinários, triviais, corriqueiros, normais” 
são duas importantes contribuições da disciplina Sociologia 
ao estudante de Ensino Médio.
BRASIL Ministério da Educação. Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília, 
2006 (com adaptações).
Assinale a opção que apresenta prática pedagógica capaz de 
provocar os processos de estranhamento e desnaturalização 
nos alunos do Ensino Médio, tal como previsto nas Orientações 
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.
a) Debate sobre os fenômenos da vida cotidiana que parecem 
estranhos, associado à tentativa de identificação da natureza 
social dos fatos.
b) Interrogação e problematização de situações e fenômenos 
da experiência cotidiana, associadas à tentativa de 
identificação da presença da ação humana. 
Questão 10
c) Passeio dos alunos pelas ruas do próprio bairro, para 
observarem pessoas, edificações, situações e eventos, como 
se fossem desconhecidos, mas, ao mesmo tempo, naturais.
d) Leitura de autores clássicos das Ciências Sociais que tratam 
do estranhamento e da desnaturalização, como Malinowski, 
para posterior apresentação de seminários em sala de aula.
e) Simulação, em sala de aula, de uma situação corriqueira, de 
forma a serem identificados os fatores estranhos que 
poderiam explicá-la e contribuiriam para o desenvolvimento 
de um olhar sociológico.
Questão 29 – Enade 2014.
Questão 10
Processos de estranhamento e de desnaturalização 
 As sobrecargas de informações propiciadas pelo acesso 
contínuo a meios de comunicação,sites jornalísticos e fontes 
alternativas de informação cuja confiabilidade é incerta e a 
desilusão com uma classe política envolvida em corrupção 
e com uma realidade diária de desemprego, insegurança e 
desigualdade social têm contribuído para apatia e desilusão 
da população e progressiva alienação da população 
em idade formativa. 
 Nesse contexto, para que a democracia possa não só 
funcionar, mas funcionar cada vez melhor, é preciso despertar 
no jovem a percepção dos moventes dos fatos e a quebra da 
sensação de normalidade e imutabilidade da injustiça que o 
leva à apatia e à desilusão. 
Questão 10
 Recuperar a capacidade de se indignar requer a compreensão 
de certos fatos, que precisam deixar de ser percebidos como 
“normais”. A "desnaturalização das concepções ou explicações 
dos fenômenos sociais" e o “estranhamento" desses fatos 
“normais” são estratégias que contribuem para tornar o indivíduo 
consciente do seu entorno e mais plenamente capaz de contribuir, 
controlar e lutar para melhorar e valorizar a democracia na qual 
ele se encontra inserido. 
 Em um sentido mais amplo, a ideia de "desnaturalização das 
concepções ou explicações dos fenômenos sociais" é um dos 
pilares da sociologia que contribui para uma contínua revisão dos 
valores da sociedade ocidental e mostrou, por exemplo, pela 
análise das chamadas “sociedades primitivas”, que a estrutura 
patriarcal da sociedade não é um dado da natureza humana, mas 
é, na verdade, apenas um construto social.
(MEAD, 2003). 
Questão 10
Análise das alternativas 
a) Alternativa incorreta. 
 Justificativa. Os fenômenos estranhos da vida cotidiana não 
estão naturalizados, porque já não são vistos, de partida, como 
“ordinários, triviais, corriqueiros, normais”. 
b) Alternativa correta. 
 Justificativa. A análise e a problematização de situações 
e fenômenos do cotidiano, associadas à tentativa de 
identificação da presença da ação humana e de suas 
implicações e consequências, atendem precisamente 
ao preconizado pelas Orientações Curriculares Nacionais 
para o Ensino Médio. 
Análise das afirmativas
c) Alternativa incorreta. 
 Justificativa. O estranhamento e a desnaturalização das 
situações cotidianas não admitem que se observem os 
fenômenos sociais como se fossem naturais, pois o estudo 
sociológico exige que se indague sobre as razões e 
motivações que levaram os indivíduos e as sociedades 
a adotarem determinados padrões e representações de 
edificações, situações e eventos. O estudante de Ensino 
Médio deve aprender a analisar a realidade social não como 
um dado da natureza, mas como uma consequência de 
relações humanas e decisões sociais, em interação com as 
possibilidades e limitações do ambiente em que vivem. 
Análise das afirmativas
d) Alternativa incorreta. 
 Justificativa. A simples leitura de autores que trabalharam 
o estranhamento e a desnaturalização não garante que 
o estudante exerça sua própria capacidade analítica de 
estranhar e desnaturalizar o mundo a seu redor. Essa técnica, 
portanto, não atende ao solicitado pelas Orientações 
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. 
e) Alternativa incorreta. 
 Justificativa. A mera simulação em sala de aula de uma 
situação corriqueira não implica o desenvolvimento de um 
olhar sociológico e de pensamento analítico. A análise 
sociológica baseia-se em constatações empíricas sobre 
a realidade social, mesmo quando se usam observações 
qualitativas ou raciocínios abstratos.
Análise das afirmativas
ATÉ A PRÓXIMA!

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