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aula+4_U1_Necrose

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NECROSE: via da morte celular
CIÊNCIAS MORFOFUNCIONAIS DOS SISTEMAS 
IMUNE E HEMATOLÓGICO
U 1 – ADAPTAÇÃO CELULAR
Profa. MSc. Ângela Ito
NECROSE
NECROSE
Necrose é o conjunto de alterações morfológicas que se
seguem à morte celular em um organismo vivo. É sempre
patológica.
As membranas das células necróticas perdem a sua
integridade, ocorrendo extravasamento de substâncias
contidas nas células. Isto tem importância clínica pois algumas
delas são especialmente abundantes em determinados tipos
celulares. Estas substâncias entram na corrente circulatória,
podendo ser detectadas e interpretadas como evidência de
morte celular. Nos casos de infarto agudo do miocárdio, por
exemplo, Troponinas (Tn-I e Tn-T) e creatina quinase (CK-MB)
acham-se presentes ou elevadas no sangue periférico, onde
podem ser dosadas, constituindo assim importante método
diagnóstico.
NECROSE
Como consequência da necrose ocorre inflamação nos
tecidos adjacentes para a eliminação dos tecidos mortos e
posterior reparo. Durante este processo inflamatório
acumulam-se leucócitos na periferia do tecido lesado, que
liberam enzimas úteis na digestão das células necróticas.
O aspecto morfológico da necrose resulta da digestão das
células necróticas por suas próprias enzimas (autólise) ou
de enzimas derivadas dos leucócitos (heterólise).
NECROSE
A necrose ocorre após a morte da célula, razão
pela qual a capacidade de diagnosticá-la
morfologicamente varia de acordo com o método
de observação. Nos casos de infarto do miocárdio
a necrose pode ser observada ao microscópio
eletrônico, em ½ a 4 horas após a morte celular,
ao microscópio óptico pode ser percebida em 4 a
12 horas. A olho nu só começamos a ver a necrose
12 a 24 horas após a morte celular.
NECROSE
Ao microscópio óptico percebemos alterações
citoplasmáticas e alterações nucleares.
As alterações citoplasmáticas consistem em
aumento da acidofilia, retração e vacuolização. As
alterações nucleares consistem em cariopicnose
(retração e aumento da basofilia nucleares),
cariorréxis (fragmentação do núcleo) e cariólise
(dissolução nuclear).
Morfologicamente distinguimos diversos tipos de necrose: 
NECROSE DE COAGULAÇÃO
• É possível perceber por alguns dias uma
“sombra” das células necróticas.
• O tecido é inicialmente firme e pálido ou
amarelado.
• Neste tipo de necrose ocorre desnaturação das
proteínas celulares.
• Ocorre por exemplo no infarto do miocárdio.
NECROSE DE COAGULAÇÃO
NECROSE DE COAGULAÇÃO
NECROSE DE LIQUEFAÇÃO
• O tecido necrótico se liquefaz rapidamente.
• Ocorre principalmente nas infecções
bacterianas com formação de pus e no
sistema nervoso central.
NECROSE DE LIQUEFAÇÃO
NECROSE DE LIQUEFAÇÃO
NECROSE CASEOSA
• É uma forma diferente de necrose de
coagulação, na qual o tecido se torna
branco
branco
e amolecido.
• É habitualmente encontrada na tuberculose.
NECROSE CASEOSA
NECROSE CASEOSA
NECROSE GORDUROSA (ou ENZIMÁTICA)
• Geralmente causada pelo extravasamento e
ativação de enzimas pancreáticas que
digerem a gordura do pâncreas, do piloro e
do mesentério. Encontrada na pancreatite
aguda.
• Às vezes ocorre por traumatismo que
ocasiona ruptura dos adipócitos; encontrada
principalmente na mama feminina.
NECROSE GORDUROSA (ou ENZIMÁTICA)
NECROSE GORDUROSA (ou ENZIMÁTICA) - pâncreas
GANGRENA
• Tipo especial ou evolução de um processo
necrotizante, cujas características variarão
dependendo da velocidade de instalação do
processo, das causas e do aspecto
morfológico final do quadro (grau de
hidratação dos tecidos necróticos).
GANGRENA
GANGRENA SECA
• É também chamada de "Mumificação" e está usualmente
associada à necrose isquêmica de extremidades, quando esta
se desenvolve lenta e gradualmente, possibilitando a perda
de líquido através da insuficiência do fluxo de líquidos
nutrientes, da drenagem e da evaporação dos mesmos no
local afetado pela isquemia.
• Fisiológica no cordão umbilical;
• Intoxicações com alcalóides do Ergot (produzidos pelo 
fungo Claviceps purpureum e Cl. paspali, parasitos do 
esporão de centeio e de outros cereais);
• Intoxicações com Festuca arundinacea (gramínea comum 
no sul da América do Sul, com propriedades 
vasoconstrictoras);
• Doença de Raynaud (espasmos vasculares);
• Frio / Congelamento;
• Gesso e bandagens muito apertadas.
GANGRENA SECA
GANGRENA GASOSA
• É também conhecida como "Gangrena
enfizematosa", "gangrena crepitante" ou "gangrena
bolhosa".
• São causadas por bactérias anaeróbicas produtoras
de gás (H2, CO2, CH4, NH3, SH2), de ácido butírico
(de onde o odor característico de manteiga rançosa)
e de ácido acético. Enzimas proteolíticas produzidas
degradam os tecidos tornando-os escuros,
tumefeitos e crepitantes.
• Bactérias do gênero Clostridium (Cl. perfringens; Cl.
novyi; Cl. norsi; Cl. septicum; Cl. hystoliticum; Cl.
feseri/chauvoei; Cl. bifermentans).
GANGRENA GASOSA
GANGRENA ÚMIDA
• É também chamada de "Gangrena pútrida“. Pode ocorrer tanto em
extremidades (pele, membros apendiculares, glândula mamaria)
quanto em vísceras internas (útero, pulmões, intestinos, etc...) O
importante é que haja fácil acesso de bactérias ao tecido necrótico.
• Nas extremidades ocorre em consequência de isquemias graves,
intensas e de rápida instalação.
• Trombo-angeíte obliterante e trombose (também chamados de
"Gangrena senil", determinando infartos de extremidades.
• Feridas traumáticas graves, infectadas (acidentes de transito,
feridas de guerra, etc...).
• Evolução de apendicites e colecistites graves.
• Torções de alças intestinais e / ou trombose de artérias
mesentéricas, produzindo necrose isquêmica de alças intestinais,
liberando a proliferação descontrolada da flora bacteriana
saprófita.
• Evolução de Pneumonias por aspiração de corpos estranhos.
• Evolução da metrite puerperal, se não tratada adequadamente.
GANGRENA ÚMIDA
EVOLUÇÃO DA NECROSE
• Processo inflamatório que se encarrega de
digerir as células mortas.
• Substituição por células semelhantes àquelas
destruídas (regeneração) ou por tecido fibroso
(cicatrização).
• Calcificação (calcificação distrófica),
tuberculose primária e na pancreatite, ou
ainda encistamento (pseudocisto do pâncreas)
ou eliminação (caverna tuberculosa).
APOPTOSE
APOPTOSE
• Também chamada de morte celular
programada em virtude do seu mecanismo
envolver a degradação do DNA e das
proteínas celulares segundo um programa
celular específico.
• Nesta forma de morte celular não há
vazamento de proteínas através da membrana
celular, ocorrendo fagocitose da célula
apoptótica sem inflamação local.
APOPTOSE
• A apoptose pode ser fisiológica ou patológica.
• Morfologicamente as células apoptóticas
diminuem de tamanho, exibem cromatina
condensada formando agregados próximos à
membrana nuclear.
• A seguir há formação de corpos apoptóticos
(fragmentos celulares), percebendo-se
finalmente a fagocitose das células ou de seus
fragmentos por macrófagos, sem inflamação.
APOPTOSE
• Exemplos de apoptose fisiológica são a
destruição programada de células durante a
embriogênese e a involução mamária após a
lactação.
• A apoptose patológica ocorre em condições
tais como hepatite por vírus (hepatócitos
apoptóticos), atrofia acinar após a obstrução
de ductos glandulares e destruição de células
lesadas por radiação.
APOPTOSE x NECROSE
APOPTOSE
POR QUE AS CÉLULAS “COMETEM” APOPTOSE?
• Porque é um mecanismo útil para manter o
equilíbrio dos organismos multicelulares.
• Nossas células morrem e são renovadas a
todo o momento, durante toda nossa vida, e
isso pode ocorrer por motivos fisiológicos ou
patológicos. Sinais intra e extracelulares
desencadeiam e controlam a apoptose nos
seres vivos.
MAS A CÉLULA MORRE SOMENTE POR MEIO DA
APOPTOSE?
• Sabe-se que a apoptose é uma das formas de
conduzir a célula à morte, mas pode existir
outra via, a chamada necrose.
• Diferentemente da primeira, a necrose é
observada em situações de injúria provocada
por fatores externos, que comprometem a
integridadecelular, levando as próprias
enzimas lisossomais digerirem a célula.
• Nesta autólise, que ocorre de maneira
"bagunçada", é comum observar um processo
inflamatório no local.
• Na necrose ocorrem alterações morfológicas
devido à ação progressiva de enzimas presentes
nas células que sofreram a lesão. Assim que a
célula morre, ela entra num processo
progressivo de degeneração.
• As células necróticas não conseguem manter a
integridade da membrana plasmática,
extravasando seu conteúdo; estas substâncias
entram na corrente circulatória, podendo ser
detectadas e interpretadas como evidência de
morte celular.
BIBIOGRAFIA RECOMENDADA
• KUMAR, Vinay et al. Robbins e Cotran patologia: bases
patológicas das doenças. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
• MORAES, Heleno Pinto de. Lesões celulares irreversíveis.
Disponível em: <http://www.
pathology.com.br/necrose/t_necrosecompl.htm>.
Acesso em: 30 maio 2015.
• BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Patologia Bogliolo. 8ª ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011
• CAROL, Mattson Porth; GLENN, Matfin. Fisiopatologia.
8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

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