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NECROSE: via da morte celular CIÊNCIAS MORFOFUNCIONAIS DOS SISTEMAS IMUNE E HEMATOLÓGICO U 1 – ADAPTAÇÃO CELULAR Profa. MSc. Ângela Ito NECROSE NECROSE Necrose é o conjunto de alterações morfológicas que se seguem à morte celular em um organismo vivo. É sempre patológica. As membranas das células necróticas perdem a sua integridade, ocorrendo extravasamento de substâncias contidas nas células. Isto tem importância clínica pois algumas delas são especialmente abundantes em determinados tipos celulares. Estas substâncias entram na corrente circulatória, podendo ser detectadas e interpretadas como evidência de morte celular. Nos casos de infarto agudo do miocárdio, por exemplo, Troponinas (Tn-I e Tn-T) e creatina quinase (CK-MB) acham-se presentes ou elevadas no sangue periférico, onde podem ser dosadas, constituindo assim importante método diagnóstico. NECROSE Como consequência da necrose ocorre inflamação nos tecidos adjacentes para a eliminação dos tecidos mortos e posterior reparo. Durante este processo inflamatório acumulam-se leucócitos na periferia do tecido lesado, que liberam enzimas úteis na digestão das células necróticas. O aspecto morfológico da necrose resulta da digestão das células necróticas por suas próprias enzimas (autólise) ou de enzimas derivadas dos leucócitos (heterólise). NECROSE A necrose ocorre após a morte da célula, razão pela qual a capacidade de diagnosticá-la morfologicamente varia de acordo com o método de observação. Nos casos de infarto do miocárdio a necrose pode ser observada ao microscópio eletrônico, em ½ a 4 horas após a morte celular, ao microscópio óptico pode ser percebida em 4 a 12 horas. A olho nu só começamos a ver a necrose 12 a 24 horas após a morte celular. NECROSE Ao microscópio óptico percebemos alterações citoplasmáticas e alterações nucleares. As alterações citoplasmáticas consistem em aumento da acidofilia, retração e vacuolização. As alterações nucleares consistem em cariopicnose (retração e aumento da basofilia nucleares), cariorréxis (fragmentação do núcleo) e cariólise (dissolução nuclear). Morfologicamente distinguimos diversos tipos de necrose: NECROSE DE COAGULAÇÃO • É possível perceber por alguns dias uma “sombra” das células necróticas. • O tecido é inicialmente firme e pálido ou amarelado. • Neste tipo de necrose ocorre desnaturação das proteínas celulares. • Ocorre por exemplo no infarto do miocárdio. NECROSE DE COAGULAÇÃO NECROSE DE COAGULAÇÃO NECROSE DE LIQUEFAÇÃO • O tecido necrótico se liquefaz rapidamente. • Ocorre principalmente nas infecções bacterianas com formação de pus e no sistema nervoso central. NECROSE DE LIQUEFAÇÃO NECROSE DE LIQUEFAÇÃO NECROSE CASEOSA • É uma forma diferente de necrose de coagulação, na qual o tecido se torna branco branco e amolecido. • É habitualmente encontrada na tuberculose. NECROSE CASEOSA NECROSE CASEOSA NECROSE GORDUROSA (ou ENZIMÁTICA) • Geralmente causada pelo extravasamento e ativação de enzimas pancreáticas que digerem a gordura do pâncreas, do piloro e do mesentério. Encontrada na pancreatite aguda. • Às vezes ocorre por traumatismo que ocasiona ruptura dos adipócitos; encontrada principalmente na mama feminina. NECROSE GORDUROSA (ou ENZIMÁTICA) NECROSE GORDUROSA (ou ENZIMÁTICA) - pâncreas GANGRENA • Tipo especial ou evolução de um processo necrotizante, cujas características variarão dependendo da velocidade de instalação do processo, das causas e do aspecto morfológico final do quadro (grau de hidratação dos tecidos necróticos). GANGRENA GANGRENA SECA • É também chamada de "Mumificação" e está usualmente associada à necrose isquêmica de extremidades, quando esta se desenvolve lenta e gradualmente, possibilitando a perda de líquido através da insuficiência do fluxo de líquidos nutrientes, da drenagem e da evaporação dos mesmos no local afetado pela isquemia. • Fisiológica no cordão umbilical; • Intoxicações com alcalóides do Ergot (produzidos pelo fungo Claviceps purpureum e Cl. paspali, parasitos do esporão de centeio e de outros cereais); • Intoxicações com Festuca arundinacea (gramínea comum no sul da América do Sul, com propriedades vasoconstrictoras); • Doença de Raynaud (espasmos vasculares); • Frio / Congelamento; • Gesso e bandagens muito apertadas. GANGRENA SECA GANGRENA GASOSA • É também conhecida como "Gangrena enfizematosa", "gangrena crepitante" ou "gangrena bolhosa". • São causadas por bactérias anaeróbicas produtoras de gás (H2, CO2, CH4, NH3, SH2), de ácido butírico (de onde o odor característico de manteiga rançosa) e de ácido acético. Enzimas proteolíticas produzidas degradam os tecidos tornando-os escuros, tumefeitos e crepitantes. • Bactérias do gênero Clostridium (Cl. perfringens; Cl. novyi; Cl. norsi; Cl. septicum; Cl. hystoliticum; Cl. feseri/chauvoei; Cl. bifermentans). GANGRENA GASOSA GANGRENA ÚMIDA • É também chamada de "Gangrena pútrida“. Pode ocorrer tanto em extremidades (pele, membros apendiculares, glândula mamaria) quanto em vísceras internas (útero, pulmões, intestinos, etc...) O importante é que haja fácil acesso de bactérias ao tecido necrótico. • Nas extremidades ocorre em consequência de isquemias graves, intensas e de rápida instalação. • Trombo-angeíte obliterante e trombose (também chamados de "Gangrena senil", determinando infartos de extremidades. • Feridas traumáticas graves, infectadas (acidentes de transito, feridas de guerra, etc...). • Evolução de apendicites e colecistites graves. • Torções de alças intestinais e / ou trombose de artérias mesentéricas, produzindo necrose isquêmica de alças intestinais, liberando a proliferação descontrolada da flora bacteriana saprófita. • Evolução de Pneumonias por aspiração de corpos estranhos. • Evolução da metrite puerperal, se não tratada adequadamente. GANGRENA ÚMIDA EVOLUÇÃO DA NECROSE • Processo inflamatório que se encarrega de digerir as células mortas. • Substituição por células semelhantes àquelas destruídas (regeneração) ou por tecido fibroso (cicatrização). • Calcificação (calcificação distrófica), tuberculose primária e na pancreatite, ou ainda encistamento (pseudocisto do pâncreas) ou eliminação (caverna tuberculosa). APOPTOSE APOPTOSE • Também chamada de morte celular programada em virtude do seu mecanismo envolver a degradação do DNA e das proteínas celulares segundo um programa celular específico. • Nesta forma de morte celular não há vazamento de proteínas através da membrana celular, ocorrendo fagocitose da célula apoptótica sem inflamação local. APOPTOSE • A apoptose pode ser fisiológica ou patológica. • Morfologicamente as células apoptóticas diminuem de tamanho, exibem cromatina condensada formando agregados próximos à membrana nuclear. • A seguir há formação de corpos apoptóticos (fragmentos celulares), percebendo-se finalmente a fagocitose das células ou de seus fragmentos por macrófagos, sem inflamação. APOPTOSE • Exemplos de apoptose fisiológica são a destruição programada de células durante a embriogênese e a involução mamária após a lactação. • A apoptose patológica ocorre em condições tais como hepatite por vírus (hepatócitos apoptóticos), atrofia acinar após a obstrução de ductos glandulares e destruição de células lesadas por radiação. APOPTOSE x NECROSE APOPTOSE POR QUE AS CÉLULAS “COMETEM” APOPTOSE? • Porque é um mecanismo útil para manter o equilíbrio dos organismos multicelulares. • Nossas células morrem e são renovadas a todo o momento, durante toda nossa vida, e isso pode ocorrer por motivos fisiológicos ou patológicos. Sinais intra e extracelulares desencadeiam e controlam a apoptose nos seres vivos. MAS A CÉLULA MORRE SOMENTE POR MEIO DA APOPTOSE? • Sabe-se que a apoptose é uma das formas de conduzir a célula à morte, mas pode existir outra via, a chamada necrose. • Diferentemente da primeira, a necrose é observada em situações de injúria provocada por fatores externos, que comprometem a integridadecelular, levando as próprias enzimas lisossomais digerirem a célula. • Nesta autólise, que ocorre de maneira "bagunçada", é comum observar um processo inflamatório no local. • Na necrose ocorrem alterações morfológicas devido à ação progressiva de enzimas presentes nas células que sofreram a lesão. Assim que a célula morre, ela entra num processo progressivo de degeneração. • As células necróticas não conseguem manter a integridade da membrana plasmática, extravasando seu conteúdo; estas substâncias entram na corrente circulatória, podendo ser detectadas e interpretadas como evidência de morte celular. BIBIOGRAFIA RECOMENDADA • KUMAR, Vinay et al. Robbins e Cotran patologia: bases patológicas das doenças. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. • MORAES, Heleno Pinto de. Lesões celulares irreversíveis. Disponível em: <http://www. pathology.com.br/necrose/t_necrosecompl.htm>. Acesso em: 30 maio 2015. • BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Patologia Bogliolo. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011 • CAROL, Mattson Porth; GLENN, Matfin. Fisiopatologia. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
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