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§ Código Penal Brasileiro é bipartido: dividido em parte geral (utilizados por todo ordenamento) e parte especial (destinada aos crimes em espécie). TIPOS DE NORMAS PENAIS 1. NORMAS PENAIS INCRIMINADORAS: normas que indicam comportamentos proibidos pelo legislador, configurando as infrações penais. A) PRECEITO PRIMÁRIO: Descrição precisa/plena da conduta proibida. B) PRECEITO SECUNDÁRIO: Pena em abstrato imposta pela violação do preceito primário, ou seja, é a pena imputada quando da prática da conduta. 2. NORMAS PENAIS PERMISSIVA: normas que permitem determinados comportamentos/condutas, estabelecendo gerar causa de licitude, inculpabilidade ou em alguns casos até a impunidade. Podem gerar 3 consequências: - Licitude; - Inculpabilidade; e -Impunidade. Importante: Lembrar que o crime é um fato típico, ilícito, culpável e punível. 3. NORMAS PENAIS EXPLICATIVAS: normas de natureza penal que visam esclarecer o conteúdo de outra norma ou delimitar seu campo de ação, ou seja, explicam algo que seja relevante ao direito penal. Ex. Art. I50, parágrafo 4º e 5º. ELEMENTOS QUE CONSTITUEM A NORMA PENAL INCRIMINADORA (TIPO PENAL) 1. OBJETIVIDADE JURÍDICA (OBJETO JURÍDICO): Configuração do bem jurídico protegido pelo Direito Penal, ou seja, interesse maior. Ex. Patrimônio das pessoas. Homicídio Simples PRECEITO PRIMÁRIO: Art. 121. Matar alguém: PRECEITO SECUNDÁRIO Pena – reclusão, de seis a vinte anos. 2. OBJETO MATERIAL: Bem da vida sobre o qual recai a conduta do autor. Importante: Não se confunde com o sujeito passivo! Ex. Furto de coisa móvel, o objeto material é a coisa móvel. Em um homicídio, o sujeito material é a pessoa. 3. ELEMENTO OBJETIVO: Elementos que descrevem aspectos materiais do crime/conduta, não dependendo de integração/valorização jurídica. Normalmente, corresponde ao núcleo do tipo. Obs.: Baseada na leitura ou conhecimento geral. Ex. Núcleo em um furto é a subtração. 4. ELEMENTO NORMATIVO: Elemento que exige um juízo de valor, ou seja, uma atividade de integração jurídica, para obtenção de seu significado. Ex. furto de coisa “alheia” móvel: para definição de alheia é necessário conhecimento de Direito Civil para determinar a propriedade/posse. 5. ELEMENTO SUBJETIVO: ligado a ideia intelectual do crime, ou seja, a vontade do agente. Ex. dolo e culpa. Importante: Se não foi doloso e nem culposo, o fato é atípico. 6. ELEMENTO SUBJETIVO ESPECIFICO: Vontade direcionada a uma determinada finalidade (o tipo que vai existir). Nem todo crime tem, é a vontade direcionada do agente à uma especifica finalidade, o agente quer produzir um determinado resultado. Antigamente se tratava de dolo especifico, atualmente não mais. Importante: Todo tipo de crime que tem elemento subjetivo especifico é chamado tipo incongruente. Ex. Artigo 155, furto quando subtraio pra mim ou pra outrem, se não tiver esses requisitos falta o elemento subjetivo especifico (uma pessoa subtrai um celular de outrem e joga fora: não é furto, pois não subtraiu para si ou outrem, trata-se de crime de dano ao patrimônio. ESTUDO ANALÍTICO DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DO FURTO § Objetividade jurídica: proteção do patrimônio; § Objetividade material: a coisa móvel subtraída; § Elemento objetivo: subtrair; § Elemento normativo: coisa alheia; § Elemento subjetivo: solo; § Elemento subjetivo especifico: incongruente, pois é necessário subtrair para si ou outrem. SUJEITOS DO CRIME 1. ATIVO: Aquele que realiza a conduta direta ou indiretamente. A) Diretamente: porque ele efetivamente transgride o núcleo (autor e co-autor). B) Indiretamente: porque atuam para o crime, mas não praticam a conduta (partícipe: aquele que adere a conduta e responde pelo crime mesmo sem ter praticado a conduta). 2. PASSIVO: quem titula o bem jurídico violado/protegido. Ex. No crime furto é quem possui o patrimônio. A) Secundário: aquela pessoa que embora não seja titular do bem jurídico violado, ela sofre com a conduta. Ex. desacato de funcionário público o agente passivo é o Estado e o funcionário agente passivo segundaria. TIPICIDADE A tipicidade é um elemento do fato típico, e é ligada a ideia de previsão normativa da conduta. Se divide em: 1. Tipicidade formal (legal) – pleno enquadramento da conduta praticada ao modelo típico normativo (pleno do que está em lei); 2. Tipicidade material – ligada ao juízo de reprovabilidade da conduta, ou seja, a tipicidade de condutas que não atinjam o bem jurídico de maneira insignificante (atípica) Ligada ao principio da ultima ratio, instruções de intervenção mínima. 3. Tipicidade conglobante: ligada ao principio da razoabilidade, criada como forma de harmonização do sistema, visando trazer um direcionamento logico e coeso ao sistema. Não pode ser típico tudo aquilo que o sistema incentiva ou determina. CRIMES CONTRA VIDA § INICIO DA VIDA Há 11 teorias diferentes sobre o inicio da vida humana, sendo a mais aceita juridicamente a da NIDAÇÃO (intra ulterina). A vida começa com a nidação, ou seja, quando o óvulo se fixa na parede uterina, iniciando-se de 5 a 13 dias (após a fecundação); tudo que vier antes da nidação não é vida; da nidação até o nascimento fala-se do feto; a vida intra ulterina se inicia com o rompimento do saco amniótico; Importante: É ABORTAMENTO se o crime é cometido ANTES do rompimento do saco amniótico. É HOMICIDIO se o crime é cometido DEPOIS do rompimento do saco amniótico. § FIM DA VIDA Lei de doação de órgão (DL 943497) determina que a morte se dá com a interrupção da morte do tronco encefálica (Morte encefálica é o Estado irreversível de cessação de todo o encéfalo e funções neurais, resultante de edema e/ou maciça destruição dos tecidos encefálicos, apesar da atividade cardiopulmonar poder ser mantida por sistemas artificiais.) 1. HOMICÍDIO 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Há pelo menos 3 hipóteses em que o direito a vida é relativizado: a) Guerra declarada: No Brasil, o fuzilamento (pena de morte, CPM); b) Abortamento legal (Art. 128, CP); c) Abate legal (Art. 303, parágrafo 2º, 7565/86): autorização dada pelo Código Brasileiro de Aeronáutica que na hipótese de invasão do espaço aéreo brasileiro por aeronave alienígena, ela seja abatida; 1.1. Sujeitos do crime: a) Ativo: Classificado como crime comum (crime onde não exige uma peculiaridade por parte do sujeito ativo), ou seja, pode ser cometido por qualquer pessoa. Obs.: Crime próprio é o crime que exige uma condição exclusiva para o autor (Ex. auto aborto: tem que ser mulher). b) Passivo: Quem sofre a conduta; só se descobre o sujeito passivo analisando o crime; qualquer pessoa física pode ser vítima. Importante: Não são vítimas de homicídio: animais, cadáveres, pessoas jurídicas, ficções (“matou” um personagem de ficção). 1.2. Objetividade jurídica: bem jurídico protegido é a vida humana extrauterina (crimes de abortamento – a vida do feto não é tutelada); 1.3. Objeto material: a pessoa física (ou alguém, como esta na norma; 1.4. Elemento objetivo: matar; 1.5. Elemento subjetivo: dolo e culpa. Em geral não há elemento subjetivo especifico, mas em alguns casos estes podem gerar uma qualificadora (Art. 121, §3º, CP); Forma tentada: O homicídio por ser crimepluri-subsistente: admite a forma tentada (Art. 14, II, CP). Importante: Não é causa de redução de pena, a natureza jurídica reduz a pena em abstrato (norma geral de extinção típica). O dolo é conhecido pela Doutrina como “Animus Necandi” (o que diferencia homicídio da lesão corporal). * Animus Necandi: vontade homicida; * Animus Laedendi: animus de lesionar. 1.6 – Elemento normativo: Não há. 2. HOMICIDIO SIMPLES É homicídio simples tudo que NÃO for os demais. Ele é residual, ou seja, não é qualificado. Importante: Homicídio simples não é crime hediondo, mas pode ser classificado como hediondo se for cometido em atividade típica de grupo de extermínio (Art. 1º, I, DL 8072/90). 3. HOMICIDIO “PRIVILEGIADO” Privilegio no Direito Penal se trata do oposto de qualificado, logo, um crime privilegiado é um crime espelhado qualificado. O crime se torna qualificado quando ele tem um novo preceito secundário (tipo derivado). Existe 02 (dois) tipos de crime: - Fundamental; - Derivado: qualificado privilegiado. A pena do qualificado é maior que o fundamental; e o do privilegiado é menor que o fundamental. Não são tipos derivados as causas de aumento e redução da pena que são identificas por um QUANTUM (fração/porcentagem). Não se confundem com o aumento de pena a causa de redução (circunstâncias que atingem a forma fundamental e as formas derivadas); è NÃO CONFUNDIR QUALIFICADORA COM CAUSA DE AUMENTO E PRIVILEGIO COM DOMINUIÇÃO. O Código Penal adotou o critério trifásico para a fixação da pena, ou seja, o juiz, ao apreciar o caso concreto, quando for decidir a pena a ser imposta ao réu, deverá passar por 03 (três) fases: a primeira, em que se incumbirá de fixar a pena-base; a segunda, em que fará a apuração das circunstâncias atenuantes e agravantes; e, por fim, a terceira e última fase, que se encarregará da aplicação das causas de aumento e diminuição da pena para que, ao final, chegue ao total de pena que deverá ser cumprida pelo réu. A fixação do quantum da pena servirá para o juiz fixar o regime inicial de seu cumprimento obedecendo as regras do artigo 33 do CP (regimes fechado, semi- aberto e aberto) bem como para decidir sobre a concessão do sursis e sobre a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ou multa. PRIVILEGIO X QUALIFICADO (pode haver apenas um tipo) A diferença entre o homicídio privilegiado e o qualificado é quanto à mensuração da pena. Pois, enquanto no homicídio privilegiado, somam-se ao tipo circunstâncias que fazem reduzir a pena, no homicídio qualificado, adicionam-se circunstâncias que enseja no aumento da pena. ATENUANTE X AGRAVANTE (fatores para a dosimetria da pena) Circunstâncias atenuantes são aquelas que permitirão ao magistrado reduzir a pena-base já fixada na fase anterior, e as circunstâncias agravantes, as quais, ao contrário das atenuantes, permitirão ao juiz aumentar a pena-base. CAUSA DE REDUÇÃO X AUMENTO DE PENA (circunstâncias) Causas de aumento ou de diminuição de pena, também chamadas de majorantes ou minorantes, são fatores de elevação ou de redução, a serem também observados no cálculo da pena definitiva, em quantidade fixa ou em patamar variável (quantum). No caso do Art. 121, §1º, CP, é o júri que determina a redução e o juiz aplica. • Crime Plurisubsistente (ato de execução do crime) é aquele que pode ser dividido em vários, ou seja, fracionado. Ex. Homicídio. • Crime Unisubsistentes geralmente não tem tentativa. Ex. Injúria*, crimes contra a honra, etc. INJURIA*: Todos os crimes contra honra via de regra são subsistência (exceção são crimes contra a honra praticados por escrito). Ex. Bilhete para um amigo o chamando de bobalhão. Quanto maior a relevância motivo ou grave a provocação, maior a redução. Para o juiz é obrigatório a fundamentação. 1/6 a 1/3 (se reconheceu, reduz) PODE = DEVE: ligado a circunstâncias; presente o motivo, o juiz DEVE reduzir; Importante: quem reconhece o privilegio é o júri, e não o juiz em si. a) Relevante Valor Social: É ligado a ideia de interesse coletivo, isto é, de um agrupamento de pessoas que pode ser toda a sociedade ou parte dela. Ex. Caso da morte de Lázaro Ramos; cidadão mata um notório traficante de um bairro para ajudar a coletividade local. Importante: Se recebe dinheiro para a morte, não será mais valor social e sim motivação torpe; b) Relevante valor moral: É ligada ao interesse individual/próprio. Não se trata de interesse egoístico, e sim de um interesse nobre (compaixão, piedade, dor). Ex. Matar estuprador da filha; Filho que mata pai com doença terminal. Valor social X Atenuantes Impelido Influência Matou por matou justiça social por dinheiro A atenuante do Art. 65, III, a, CP (cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral) é diferente do Art. 121, §1º, CP: - Aplicado um, afasta o outro; - O valor é impulsionador no Art. 121, na atenuante é apenas uma consequência (analisa-se o estado anímico). c) Violenta emoção após injusta provocação da vitima: são três fatores que somam (não pode faltar nenhum deles): • Injusta provocação da vítima: A vítima por sua própria conduta deu causa ao resultado (quando tiver em desarco com o ordenamento). Ex. Bullyng. § Domínio de violenta emoção: emoção que “domina” o controle da pessoa (se algo é violento, logo, será grave, tratando-se de uma emoção absolutamente grave). Ex. A pessoa que reage ao bullyng. § Reação Celene: Trata-se do logo em seguida/após, reação imediata. Ex. Após o bullyng, a pessoa compra uma arma e dominado de violenta emoção, tira uma arma do bolso e atira no bullynador (famoso “bate e toma”). Importante: Não confundir caso de diminuição de pena com atenuante. Violenta emoção X Art. 65º, III, c, CP Influencia da violenta emoção provocada por ato injusto da vítima . Na causa de diminuição falamos de domínio (pessoa é dominada); na atenuante fala-se de influencia; Não fala-se sobre celeridade (Ex. cidadão que foi buscar a arma em casa). Na causa de diminuição há o reconhecimento pelo júri: júri deve reconhecer expressamente; atenuante pode ser reconhecida pelo juiz presidente Legítima defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Vide ADPF 779) Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vide ADPF 779) A violenta emoção trabalha com injusta provocação; a legitima defesa com injusta agressão. Violenta emoção X Legitima Defesa Não se mede força Uso moderado dos meio Trabalha c/ Trabalha c/ injusta prov. injusta agressão Célebre Célebre 4. HOMICIDIO QUALIFICADO ARTIGO 121, §2, CP (pena 12 a 30) O homicídio é qualificado quando é conforme a lei; é um rol taxativo, se não estiver nesse rol, será qualificado. Ex. homicídio premeditário. 4.1 - TIPOS DE QUALIFICADORES: • Ligada aos motivos do crime: o que o agente buscava com o crime(intenção do agente); Ex. O motivo é o porquê se matou. - §2, I, II, VI* e VII* • Meio: como se comete o crime, ou seja, os instrumentos utilizados no crime. É ligada ao que foi usado no crime Ex. Fogo, tortura, água, etc. - §2, III, VIII; • Forma de execução: analisa a circunstância do crime. Ex. cenário, surpresa. - §2, III. • Finalidade (ou finalidade de conexão): cometido motivado por outro crime. Ex. ocultar um furto cometido - §2, V. • Proteção: protegem determinadas pessoas na sociedade (vulneráveis). Ex. Feminicídio. - §2, VI e VII. 4.2 - CLASSIFICAÇÃO QUANTO A NATUREZA QUALIFICADORA: • Subjetiva: Ligadas a pessoa do agente, ou seja, ao próprio autor. Diz respeito a uma condição particular do autor, como estado mental, emocional ou a finalidade do agente (resultantes da motivação e da conexão); - Motivo, finalidade e proteção*. Obs. Qualificadoras subjetivas não se comunicam. • Objetiva: qualificadoras ligadas objetivamente ao crime em si, ou seja, propriamente dito (resultante do meio e da forma de execução); - Meio, modo de execução e proteção*. Majoritária Para uma segunda corrente quando falamos de pessoa, não se trata da vitima em si, mas sim da condição da mesma, Importante: Em um homicídio qualificado, pode haver apenas uma qualificadora subjetiva, mas posso aplicar quantas possíveis objetivas. 4.3 - HOMICÍDIO QUALIFICADO: § 2° Se o homicídio é cometido: 4.3.1. Motivação econômica Art. 121, §2º, I, 1ª parte Mediante paga ou promessa de recompensa. Alguns autores chamam de homicídio mercenário. A qualificadora é de quem executa o crime, pois quem manda executar tem motivação própria. Paga: antecede o crime Promessa: depois do crime Importante: não importa se o homicídio foi ou não consumado, JÁ EXISTE A QUAIFICADORA. § Natureza: Nelson Hungria e Heleno Claudio Fragoso defendiam que para caracterizar a qualificadora é patrimonial alguém lucrar com o homicídio (por causa PAGA). Ex. pagamento à vista. Costa e Silva defende que qualquer tipo de vantagem serve para caracterizar a qualificadora (por causa da RECOMPENSA). Ex. recompensa sexual. Importante: A corrente majoritária é a causa PAGA de Nelson Hungria e Heleno Claudio Fragoso. 4.3.2. Motivação torpe (Art. 121, §2º, I, 2ª parte) Motivação mais baixa em escala de desvalores (motivação desprezível, repugnante). São ações que repugnam a sociedade. São descobertas via doutrina e jurisprudência. Ex. Matou os pais para ficar com a herança. 4.3.3. Motivação fútil (Art. 121, §2º, II) Inverso da torpe, ou seja, banal, frívola, insignificante. A motivação fútil é desproporcional a causa da provocação. A absoluta desproporção entre a conduta e o evento motivador. Ex. Vizinho mata outro vizinho por que este não recolheu as fezes do cachorro. Problema: ausência de motivo. Discussão Doutrinária: Alguns autores falam que é torpe, pois não há nada mais insignificante do que matar alguém sem motivo. Contudo a corrente majoritária entende que é homicídio simples, pois não existe homicídio sem motivo. è 1ª corrente: Homicídio sem motivo é fútil (corrente minoritária); è 2ª corrente: Homicídio sem motivo é torpe; è 3ª corrente: Homicídio sem motivo não existe. Pela ótica Processual Penal este homicídio tem motivação indeterminada. A consequência é que como não se determinou o motivo, portanto, não é uma qualificadora e assim o homicídio será simples (majoritária). 4.3.4. Ciúme Depende integralmente do caso concreto, pois deve ver como o crime foi desenhado para poder tipificar corretamente. è 1ª corrente: motivação torpe quando é associado a posse. Pensa sempre na ideia de desproporção. É “coisificar” o ser humano. Ciúmes enquadrado em relevante valor moral (honra ofendida). § 2ª corrente: Motivação fútil. O crime é um sentimento humano que dominava a pessoa e esta deveria se controlar e não ceder ao sentimento banal. X Ver HC147533/MS-STJ X § 3ª corrente: o crime tornava o homicídio em simples; crime é uma parte do complexo de sentimento do ser humano. Ele não pode ser visto como algo banal, pois com a capacidade de turbar o raciocínio lógico. O crime não é necessariamente posse, pode ser medo, insegurança. X Ver RESP 363919PR-2013TJ X Obs.: Esta decisão do STF significa que o crime não é rotulável e que a sentença do homicídio qualificado deve ser verificado caso a caso. 4.3.5. Vingança Ato lesivo praticado em nome próprio ou alheio, contra uma pessoa, para vingar- se de dano ou ofensa por ela causada; desforço, desforra, represália, revanche, vendeta, vindita. § 1ª corrente majoritária: Via de regra a vingança é torpe; § 2ª corrente minoritária: Depende do caso concreto (Nucci). Ex. o pai que mata o estuprador da filha. A vingança é altamente complexa e depende do caso concreto. 4.4. QUALIFICADORA QUANTO AOS MEIOS (Artigo 121, §2º, III) Modelo Concreto: Veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura, outros meios insidiosos ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum. Modelo Genérico: Quando a legislação usa modelos genéricos, puxa ao modelo exemplificado que se refere (o genérico teria que ser próximo ao exemplificativo). Interpretação analógica: Não é analogia; em via de regra o direito penal não considera a analogia, só será usada em beneficio do réu. Esta é um método integrativo, pois a lei tem que prever tudo; no direito é considerado uma antítese. Importante: A interpretação analógica é diferente de analogia. A interpretação analógica pode ser usada, já a analogia só poderá ser usada em beneficio do réu. § O direto não pode criminalizar tudo, por isso existe a analogia. 4.4.1. Veneno: Qualquer substancia mineral, vegetal ou animal introduzida no organismo para causar perigo de morte ou danos à saúde através de uma ação química, bioquímica ou mecânica (age causando lesão física). O potencial letal é oculto. 4.4.2. Fogo: Forma de energia; meio que lesiona o corpo através da troca de calor, atuando em forma física ou térmica de forma: 1º) Superficial (epiderme – Ex. Vermelhidão); 2º) Superficial (derme – ex. bolhas); 3º) Interna (hipoderme – Ex. Escaras lesões pretas de queimadura na pele); 4º) Carbonização (pode chegar até o osso). 4.4.3. Explosivo: Artefatos que atua, com liberações bruscas de pressão e energia térmica. Ex. explosão de caixa eletrônico, terrorismo, etc. 4.4.4. Asfixia: Ligada a ideia de obstrução das vias aéreas, ou do funcionamento do mecanismo respiratório. Pode ocorrer de forma mecânica ou química. 4.4.4.1. Forma de asfixia mecânica: § Enforcamento: contrição das vias aeres pelo peso do individuo (gravidade); § Estrangulamento: contrição das vias aéreas por uso de instrumentos (corda, pedaço de pau, etc) (tração); § Esganadura: Constrição das vias aéreas com partes do corpo; Ex. lutas de artes marciais. Importante: A diferença entre eles é o meio mecânico utilizado. § Sufocação: Uso de corpo estranho para impedir a troca de ar; § Afogamento: Submersão ou imersão das vias aéreas em meio liquido; Importante: tem-se, obrigatoriamente, água no pulmão. § Soterramento: É a imersão do corpo em meio sólido (pedra) ou semi-sólido (areia); § Impreensamento ou sufocação indireta: É o impedimento da musculatura abdominal, o que leva a paralização do sistema respiratório; § Rarefação: É a impossibilidade de remoçãodo ar ambiente, e consequentemente, falta de oxigênio. Alguns pesquisadores a incluem com morte por envenenamento, e não asfixia. Xifópagos: 1. Separação dos indivíduos; na maioria dos casos. Sendo xifópagos, sem possibilidade de separação cirúrgica, e comprovado que um deles não concorreu para o crime =s Não sendo possível a separação e comrovadi que um dos gemeaos não queria participar do crime, único caso de abolvicao previsto em nosso ordenmno jurídico, pois não posso prender o gêmeo inocente. Fernando Monteiro de Barros entende que é caso de condenamento do gêmeo culpado, só que a sentença de cumprimento de pena estará condicionada a gênero. 4.4.5. Tortura: Homicídio cometido com a imposição de sofrimento a atos desnecessários com a prorrogação da vida com o sofrimento. Crime de tortura X homicídios por tortura Não se confunde com Tortura (crime previsto na Lei 9455) com tortura (meio). Homicídio cometido A diferenças são: No crime de tortura. O crime e a finalidade do crime, ou seja, o objetivo. A morte no crime de tortura peter dolo 4.4.6. Meio insidioso: Ligado a ideia de dissimulação quanto a letalidade; Ex. coisa perigo, mas que não parece ser perigosa, questões onde não se vê o perigo. Veneno, excepcionalmente o explosivo. TRAIÇÃO: Percidio, deslealdade. É a quebra da confiança depositada pela vítima. Só pode ser traído por quem é próximo, ou seja, a traição exige a exigência de relação pretérita entre vitima e autor. § Para existir esta causa de qualificação a traição TEM que favorecer o crime de homicídio. DISSIMULAÇÃO: Engodo empregado na ocultação da verdadeira intenção do agente. É a mentira, fantasia para esconder o animo homicida. Pode ser: • Material: emprego de elementos físicos (documento falso, uso de uniforme); • Moral: opera-se no campo psicológico, ideias e mentiras. Diferença entre traição x dissimulação A primeira é o abuso da confiança, o segundo usa a mentira/Ilusão e não fantasia. Ex. Molejo: não era amor, era cilada. ESBOSCADA: Tocaia. É a conduta por parte do agente que busca os atos e costumes da vitima, estudando-os para escolher a melhor forma e maneira de cometer o crime. MEIO QUE DIFICULTA OU IMPOSSIBILITA A DEFESA (FORMA GENÉRICA): Qualquer coisa que seja semelhante a traição emboscada ou dissimulação, pode entrar neste tópico. Ex. O homicídio de surpresa, pois a vitima esta despreparada. § A ideia central é que do resultado buscar maximizar a acao e reduzir a eficiência da defesa (diminuição da resistência) ARTIGO 121, §2º, V (por finalidade ou conexão) Assegura a execução, impunidade, vantagem e ocultação Exige necessariamente de outro crime, ou seja, um crime de referência. Fala-se então de 02 crimes, visto que precisa do crime principal. \Ex. O agente assalta um banco e comete homicídio em uma testemunha. A interpretação é restritiva: crime é no sentido estrito (isto é, crime é o que a lei diz que é). § Lei de Introdução do Código Penal (DL 3914) artigo 1º. Assim, se for ocultar uma infração penal, não se aplica a qualificadora Infração Penal: a) Crime b) Contravenção penal: prisão simples ou multa 2ooa garantir a impunidade: o crime já aconteceu, já é conhecido e você comete um homicídio para não ser punido por ele O sucesso do outro crime é irrelevante Assegurar a vantagem: Assegurar a ocultação: o crime já ocorreu e a ideia é que este não seja descoberto, ou seja, ninguém sabe dele. 4.5. HOMICIDIO FINALISTICO (Artigo 121, §2º, III) A) CRIME PUTATIVO: Classificação doutrinaria de uma conduta na qual o agente entende como criminosa, mas de fato não é. (imaginário). Ex. Agente pede para a garota de programa sair do carro quando vê uma blitz alegando que está cometendo crime de prostituição. Importante: Mesmo que exista na ideia dele, não existe no mundo real, logo o fato é atípico. CRIME IMPOSSIVEL: Impossibilidade de conclusão do ato ilícito, ou seja, a pessoa utiliza meio ineficaz ou volta-se contra objetos impróprios, o que torna impossível a consumação do crime. “Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.” Ex. Matar alguém com arma de brinquedo ou “fé que vai morrer”. 5. HOMICIDIO QUALIFICADO PRIVILEGIADO Primeira corrente defende que não é aceita o homicídio qualificado privilegiado, pois o legislador entendeu por bem que o privilegio antes da qualificadora (o que vem antes afasta o que vem depois) vai prejudicar. Ex. Legislador deu presente e não pode pegar de volta. Segunda corrente majoritária fala que pode, é aceita, pois o direito é interpretado através das naturezas (parágrafo 1 é redução de pena; 2 é qualificadora) não há obstáculo dogmático nenhum, a única ressalva é a qualificadora que deve ser obrigatoriamente objetiva, pois todo privilegio é subjetivo. Ex. Matar com fogo o estuprador da filha Pacifico: reconhecido o homicídio qualificado privilegiado ele NÃO é hediondo. 6.0. FEMINICIDIO (Artigo 121, §2º, VI, CP) Motivação é o ódio do agente contra mulher por razão da condição de sexo feminino (Condição envolve todo o histórico de impossibilidades, agressões, dificuldades, etc.) X Não existe feminicidio para homem X Art. 121, §2º A: - Violência domestica e familiar = Lei Maria da Penha. - Menosprezo ou discriminação à condição de mulher = o autor não aceita a mulher em posição de destaque. NATUREZA: a) corrente minoritária fala que é uma qualificadora subjetiva, pois se apega ao termo “em razão”: fala sobre o objetivo/intenção dele e se tem intenção é subjetivo – o grande problema desta corrente é que não pode somar com as outras qualificadoras; b) Segunda corrente trabalha com a ideia de causa objetiva (ou hibrida). *NUCCI foi o primeiro professor a colocar nos livros dele. Atualmente é posição pacifica no STJ, alegando que essa qualificadora tem raízes subjetivas e objetivas, só que, o lado mais forte é o objetivo, pois apesar de ser razão, ele leva em consideração a condição da vitima (o que qualifica o crime), de sexo feminino. §2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I - violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 6.6. CONDIÇÃO DE MULHER (Art. 121, §2º, VI, CP) Não se fala de sexo e sem estado, qualidade. Neste caso está inserida a mulher biológica e as pessoas que se identificam como tal (transexual). Importante: Travesti não se enquadra, pois ele somente se veste como mulher Importante: O autor do crime de feminicidio pode ser mulher, desde que haja condição da vitima. 6.7. CONTRA AGENTE DE SEGURANÇA (Art. 121, §2º, VII, CP) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) Agente: A) Autoridade: B) Art. 142, CF: FORCAS ARMADAS: Exercito, marinha, aeronáutica; C) Art. 144, CF: Segurança Publica: Policia Civil, Policia Militar, Guarda Civil Municipal, Polia Federal; D) Sistema Prisional; E) Integrantes da forca nacional de segurança; Natureza jurídica: § 1ª Corrente é qualificadora objetiva (semelhante ao feminicidio); § 2ª Corrente é qualificadora híbrida: - No exercício dafunção – objetiva. - Em decorrência da função – subjetiva. 6.8. COM EMPREGO DE ARMA DE FOGO RESTRITO OU PROIBIDO Decreto 10039/19 Arma de fogo: Arma que arremessa projetis empregando a força expansiva dos gases, geradas pela combustão de um propelente confinado em uma câmara, normalmente solidaria a um cano, que tem a função de dar continuidade à combustão de propelente, além de direção e estabilidade o projetil. Para a Legislação Brasileira possuímos 03 tipos de armas: § Uso permitido: liberaram energia até 1620 jaules (medição de energia); § Uso restrito: liberam energia mais de 1620 jaules; § Uso proibido: estiverem proibidas em tratados internacionais e dissimuladas de objetos inofensivos (“revolver guarda-chuva”). Importante: As armas de uso restrito e proibido tem qualificadora. 7.0. CAUSA DE AUMENTO DE PENA 7.1. Artigo 121, §4º, CP (ultima parte) Aumento se praticado contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 60 anos. Importante: A idade se completa no primeiro segundo do dia do aniversario – não importa a hora do nascimento. Não permite o reconhecimento da agravante, caso aplicado a causa de aumento da pena. Artigo 61, II, CP 7.2. Artigo 121, §6º, CP A pena é aumentada de 1/3 até a metade se for cometido por milícia privada. Neste há um problema hermenêutico, pois não há definição objetiva do legislador sobre o que é – são organizações coletivas consolidadas e organizadas com disciplina paralela a militar. 7.3. Artigo 121, §7º, CP (Exclusiva do feminicidio) § Durante gestação ou nos 03 (três) meses posterior ao parto. Reconhecida a causa de aumento, afasta a agravante; § Contra pessoa menor de 14 anos e maior de 60, com deficiência ou portadora de doença degenerativas; Obs. Há um problema, pois a primeira parte é igual ao Art. 121, §4º, o que, em tese, geraria um conflito (14 anos ou 60 anos). Deficiência ou portadora de doenças degenerativas: apenas aquela com condição limitante ou vulnerabilidade física ou mental. § Na presença física ou virtual de descendente ou ascendente da vítima; § Em descumprimento das medidas protetivas da Lei Maria da Penha. Não se tem causa de aumento se o socorro é impossível. Ex. Container que caiu em cima de uma pessoa. (...) se não representar um risco a vida. Socorro prestado por terceiro afasta o seu dever de prestar socorro. 8.0. INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA Grande critica é o conceito dela se confundir com o da imperícia. § 1ª Corrente doutrinara sustenta que essa primeira figura é inaplicável, pois ela se confundiria com o próprio conceito de imperícia, trazendo o problema do bis in idem. § 2ª Corrente entende que trabalha com a ideia de compatibilidade, ou seja, causa de aumento de pena é plenamente compatível com o crime culposo. Para essa corrente a imperícia é a falta de pericia, configurando-se pelo desconhecimento da regra técnica, ou seja, há uma má formação. Para essa corrente, a parte tinha conhecimento e não quis entrega-lo. 9.0. PERDÃO JUDICIAL Artigo 121, §5º, CP Ocorre apenas no homicídio culposo O Juiz deixara de aplicar a pena quando as consequências dos atos forem tão graves que a sanção penal se torna desnecessário. Ex. pai que esquece filho dentro do carro. Requisitos: Homicídio culposo é o sofrimento da vitima com a própria conduta. Natureza Jurídica: § 1ª Corrente: Sustenta que a natureza é condenatória, pois o juiz aplica, primeiramente, a pena e depois o perdão. A base está no artigo 120, CP. § 2ª Corrente (majoritária): não se está diante de uma decisão condenatória sem uma decisão extintiva da punibilidade. Usa como base a súmula 18 do STJ. O perdão judicial retira aquele fato da analise de aplicação do jus puniend. Reforma de 84 atingiu apenas a forma especial, inserindo o artigo 120, inc IX. CRIME CONTRA PATRIMONIO DISCUSSÃO DOUTRINARIA Não há proteção penal para objetos/patrimônio, pois o Direito Penal é exclusivo de quem tutela o patrimônio, a relação jurídica do ser humano com o patrimônio. A ideia é proteger o esforço, o tempo gasto para adquirir patrimônio CONCEITO DE PATRIMÔNIO É o complexo de relações jurídicas encabeçadas por um sujeito que tem por objeto ultimo coisas dotadas de utilidade, isto é, capacidade de satisfazer a necessidade humana. Grande questão para o Direito Penal envolvendo o patrimônio é as coisas dotadas de valor sentimental (algo de valor incomensurável pra determinada pessoa). Ex. Uma caneta que meu pai falecido usava para assinar cheques que tem grande valor sentimental (individual) Importante: Valor de coleção é coletivo, tecnicamente, não há valor sentimental, tem valor numérico de mercado/troca. 1ª Corrente: Nelson Hungria fala que a proteção do direito penal e destinada a relação da pessoa com a coisa e não a coisa em si. Coisas de valor sentimental possui forte carga de relação pessoa/coisa, por isso são dignas de proteção do Direito Penal. 2ª Corrente (majoritária): Guihemrme Nucci diz que o Direito Penal tutela a relação de um bem na relação do ser humano, pois o nosso Direito Penal depende de um bem. Esse bem jurídico deve ser economicamente apreciável, pois, a proteção mesmo que da relação e direcionada a ideia patrimonial (esfera de disponibilidade de coisas). Obs.: O Direito Penal não está para tutelar moral ou sentimentos. Vem da ideia de proteção familiar. O objetivo era que questões patrimoniais seriam resolvidas dentro da família e não em um fórum/tribunal. Legislador adotou para a formulação desse dispositivo. 1.0. Escusas absolutórias (imunidade absoluta) Artigo 181, CP Isento de pena, ou seja, não é punido. Legislador restringe ao titulo. Hipóteses: a) Escusa em relação ao cônjuge (Art. 181, I) - Enquanto existir a sociedade, teremos a isenção. - Se o casal está separado, de fato, aplica-se a escusa; - Se o casal está separado judicialmente, não aplica-se a escusa, mas o artigo 182, CP; - Aplica-se também os companheiros, pois a união estável é uma relação análoga ao casamento (tem a mesma dinâmica); - Casamento nulo não se aplica a escusa, pois aplica-se a regra do momento; - Basílio Garcia afirmava que se o casal estava de boa fé, mesmo com nulidade do casamento, mantem-se a escusa. I. Constituição equipara o casamento a união estável; II. Aplicação do Art. 181 por analogia (beneficio do réu) – casamento e união estável tem pequenas diferenças, contudo, formas de constituição de família e mesmo espectro. b) Ascendentes e descendentes (Art. 181, II) Abrange todos os ascendentes e descendentes, exceto parentesco por linha transversal ou por afinidade. Natureza è 1ª Corrente: Condição objetiva de punibilidade. Se presente a causa (condições objetivas) não se pune (apesar do fato continuar sendo típico, antijurídico e culpável). Para a primeira corrente por ser Há a necessidade de um processo para então o juiz através da sentença deixar de aplicar a pena. è 2ª Corrente: Causa pessoal de exclusão da pena. Não existe crime sem pena, portanto esta corrente defende que não há crime. Por ser uma condição negativa, presente a situação de isenção, o processo não será iniciado. Obs.: Na pratica, na primeira corrente é instaurado o IP (existe o crime), na segunda não. c) Imunidade relativa (Art. 182) Busca a representação (ação penal pública condicionada). Não existe uma imunidade propriamente e sim uma modificação na ação penal. O crime deixa de ser de ação publica incondicionada para condicionada.§ Cônjuge desquitado separado judicialmente: Com o advento do divorcio este artigo está perdendo o sentido. Enquanto não oficializarem o divorcio há a imunidade relativa; Quem está separado de fato entra na absoluta; § Irmãos: Aplica seja adotivo como biológico; § Tio/sobrinho: há imunidade relativa, desde que, exista coabitação (morar junto). Natureza Mera regra de ação penal ou condição de procedibilidade. Obs.: Imunidade relativa e imunidade absoluta são nomes doutrinarias. d) Afastamento das imunidades § Crimes cometidos com violência ou grave ameaça; § Estranho (terceiro) que participa do crime: disposição desnecessária (artigo 30, CP – as circunstâncias de caráter pessoal só se comunicam se forem elementares do crime); § Idade igual ou maior de 60 anos: já se tem a exclusão (atentar-se ao igual) e) Erro sobre a imunidade O autor subtrai coisas de quem acreditava estar isento de pena. è 1ª Corrente (majoritária): Nucci fala que a condição é negativa. A escusa é uma causa de impunidade. O erro do agente não está no tipo, portanto, ele deve ser punido. O erro do agente é quanto a consequência (punição) e não do tipo. Portanto, não se aplica a escusa, pune-se o crime. è 2ª Corrente: Para André Stefam o erro de punibilidade deve ser tratado como erro de tipo permissivo, pois, o agente é levado a farsa percepção da realidade a praticar uma conduta que ele não realizaria se soubesse a verdade. O erro prejudica a livre manifestação de vontade do agente. FURTO 1.0. Furto bagatelar (principio da bagatela) O crime de bagatela é consequência da atipicidade material. Realidade brasileira dos furtos: subtrai- se bens de pouco valor econômico. Os tribunais passaram a reconhecer estes fatos, passando a ser fatos atípicos. Obs.: Neste caso, a jurisprudência precedeu a doutrina. STF HC 84.412/SP – Decisão que mais se aproxima de um precedente na jurisdição brasileira (fixou vetores para a aplicação da tipicidade material). Vetores de aplicação: Obs.: Pode ser aplicado e, qualquer outro crime (90% nos crimes patrimoniais) 1.1. Lesão irrelevante ao bem jurídico: É diferente de lesão pequena, traz a ideia de inexpressividade. Tem o condão de alterar o patrimônio lesado, ou seja, não se fala de valor da coisa, e sim da lesão; 1.2. Grau mínimo de ofensividade: Todo crime ofende de forma mínima o lesado, logo, tem um grau de ofensividade (a conduta não foge do normal da situação). No caso do furto bagatelar, a ofensividade é mínima. Ex. Empurro uma prateleira quando furto uma cartela de chicletes; 1.3. Baixo grau de reprovabilidade: É uma discussão de como a sociedade reage a conduta. Não é ausência de reprovabilidade Ex. venda de cd pirata, furto de barra de chocolate ou remédio. Obs.: Magalhães Noronha relata que no furto famélico não há o estado de necessidade (risco real) e sim uma causa supra legal de inexigibilidade de conduta diversa, por falta de urgência/estado efetivo de necessidade. 1.4. Ausência de periculosidade social: Consiste na avaliação dos efeitos causados pela conduta e por sua eventual descriminalização na sociedade como um todo. É quando a coletividade não foi colocada em risco pela conduta do agente, ou seja, a segurança geral da sociedade. Ex. furto de um pão francês. Importante: Os vetores supra são cumulativos, não são alternativos, ou seja, se não tem os 04, não se aplica a tipicidade material! 2.0. Furto Simples (Art 155, CP) Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Não é crime de menor potencial ofensivo. Cabe suspensão condicional do processo cumprindo os requisitos Multa: fundo penitenciário, Estado etc; Indenização: Vitima § Coisa móvel: Objeto material da conduta; transportada sem sua destruição ou comprometimento estrutural; § Coisa alheia: Segue as regras do Direito Civil de propriedade; Importante: A coisa própria não pode ser objeto material de crime mesmo em poder de terceira pessoa (Art 345 e 346, CP). § Ladrão que “rouba” ladrão: não há posse do objeto já juntado de outrem. O que ocorre são furtos subsequentes contra o real proprietário. São dois furtos independentes; Ex. João furta a bicicleta de Paulo. Por sua vez, Carlos furta de João. Ambos respondem por furto. § Empregado que se apodera de objetos no dia a dia: também comete furto. Não será furto e sim apropriação indébita quando o funcionário tiver a posse lícita (entrega livre de vigilância) do objeto; Obs.: Nos objetos de trabalho há a mera detenção. § Dividas e obrigações: Trata-se de deveres e não de coisas moveis (não são objetos materiais de crime de furto); o REsp 1757.543/RS (julgado em recurso especial) § Cadáver (Art 211, CP): Pode ser objeto material de furto quando o cadáver é patrimonializado. Ex. cadáver em Faculdade de Medicina. § Saque de sepultura (Art 210, CP): abrir a sepultura para subtrair bens que estão dentro dela. Ex. Dente de ouro, joias, etc. è 1ª Corrente sustenta que neste caso não há crime de furto, pois o objeto enterrado junto é uma coisa abandonada; è 2ª Corrente sustenta que ela é coisa própria dos herdeiros deixada em locar certo e sabido (majoritária). AULA DO DIA 18 DE OUTUBRO ELEMENTO SUBJETIVO Momento consumativo A)Teoria do concrectatio: O furto é consumado quando existe o contato entre o autor e o objeto. § A forma tentada é muito reduzida. B)Teoria do Amotio (CORRENTE MAJORITÁRIA STJ-STF): O furto é consumado com a inversão da posse do objeto. O objeto sai da esfera de proteção da vítima, não necessariamente o autor precisa usufruir da coisa. Ex. Agente furta celular e na fuga dobra uma esquina (consumação), e ao faze-lo é preso. § Não importa o tempo. C)Teoria da Ablatio: O furto se consuma com a inversão da posse e também a efetivação da posse (ter o bem a sua disposicao), ele consegue desfrutar a coisa. § Não há mais o ato de perseguição, mas há o ato de procura. D)Teoria do Ilatio: O furto se consuma com a inversão da posse, efetivação da posse e posse mansa e pacifica do objeto (não irá ser turbada com tranquilidade). Importante: Não confundir a posse mansa e pacifica com o abandono. SÚMULA 582 STJ – Esclarece o momento consumativo do roubo e furto. Esta sumula afastou as teorias do Ablatio e do Ilatio. Obs.: Em paralelo com as teorias, tem- se a regra em caso de perda ou destruição do objeto durante o furto, onde é considerado consumado. Ex. Objeto cai no bueiro durante o furto (decorrente da conduta do autor) FURTO DE USO O agente subtrai um objeto e depois o restitui. Não é crime por falta do elemento subjetivo. O furto de uso é reconhecido como fato é atípico, portanto não é crime. § 241 do CPM. Requisitos: 1. Fruição momentânea: o uso é por curto momento, não sendo prolongada; 2. Devolução rápida: Há a rápida devolução, ou seja, não existe vontade de se tornar proprietário; 3. Restituição integral: A devolução é feita no mesmo local que foi retirado e integral, podendo o objeto ser devolvido nos exatos moldes em que ele foi retirado. Importante: Qualquer dano descaracteriza o furto de uso; 4. Vítima não percebe a retirada do bem: O proprietário tem o poder de despor do bem, assim, a percepção da falta do bem caracteriza o furto. Obs.: Os requisitos supra são CUMULATIVOS. FURTO FAMÉLICO É o furto de bens essenciais a subsistência (sobrevivência) do autor. Para ser reconhecido basta um perigo potencial. Hipótese supra legal de inexigibilidadede conduta diversa (causa excludente de culpabilidade). Ex. O autor estava passando fome. O furto famélico não engloba apenas subtração de alimentos, podendo ser, também, remédios, logo, não se confunde com a bagatela. FURTO NO REPOUSO NOTURNO (PARAGRAFO 1º) Caso de aumento de pena de 1/3 se praticado durante o repouso noturno. Repouso noturno: Horário médio em que a vigilância é diminuída (tanto da vitima, como da comunidade). A definição depende do caso concreto. Anteriormente, era o período entre as 22h00min e 06h00min. Atualmente, o horário supracitado pode variar conforme o caso. Ex.: Para o produtor rural o período de repouso é das 19h00min até as 03h00min. Assim, este horário deve ser adaptado à rotina local. Aplicação da causa de aumento no furto Penal para qualquer energia com valor econômico será objeto de furto. Requisitos: A energia deverá ter valor econômico, ser mensurável (poder medir a quantidade usada) e finita, ou seja, passível de um fim.\
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