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EPIDEMIOLOGIA A Epidemiologia moderna, historicamente, teve início no século XIX, com destaque para a pesquisa de Pierre Louis sobre a efetividade da sangria como tratamento da pneumonia em 1835, os estudos sobre mortalidade e a descrição do comportamento das epidemias por William Farr em 1843, a demonstração da importância da lavagem das mãos para a redução da mortalidade materna pós-parto por Ignaz Semmelweis em 1847, e a ilustre pesquisa de John Snow sobre a relação entre contaminação da água e a mortalidade por cólera em 1854. Verdadeira A Epidemiologia moderna alia conhecimentos provenientes das Ciências Sociais, das Ciências Biológicas e da Bioestatística para estudar a distribuição e os determinantes de estados/eventos relacionados à saúde em populações específicas, e para aplicá-los na prevenção e controle dos problemas de saúde. Verdadeira John Snow é considerado como pai da Epidemiologia moderna, devido a sua descoberta da relação entre contaminação da água provida pela companhia Southwark e elevada mortalidade por cólera, em 1854, a partir do mapeamento das mortes ocorridas em Londres, muito antes da identificação e isolamento do patógeno, que ocorreu em 1865 por Louis Pasteur. Verdadeira Atualmente, a Epidemiologia moderna subdivide-se em diversas áreas, dependendo do foco em determinados tipos de doença (como a Epidemiologia nutricional), faixas etárias (como a Epidemiologia pediátrica), ambientes (como a Epidemiologia hospitalar), tratamentos (como a Epidemiologia farmacológica) ou fatores de risco para o adoecimento (como a Epidemiologia genética). Verdadeira O estudo sobre a causalidade das doenças, uma das principais aplicações da Epidemiologia, trata de investigar os fatores envolvidos na origem das doenças e a maneira como ocorre a interação entre eles, a fim de tentar compreender as causas do adoecimento nas populações. Verdadeira A compreensão da Epidemiologia é essencial para que o profissional médico possa entender, aplicar criticamente e traduzir para seus pacientes os conhecimentos baseados em evidências provenientes de estudos e artigos científicos. Verdadeira A racionalização do pensamento sobre as causas do adoecimento, inicialmente proposta por Hipócrates na Grécia Antiga, considerava a importância do modo de vida da população para a ocorrência das doenças, sendo a corrente de pensamento sobre as causas do adoecimento mais aceita pelos médicos e populações até o século XVIII. Falsa O estudo sobre os estados de saúde das populações, uma das principais aplicações da Epidemiologia, trata de tentar compreender a distribuição da ocorrência das doenças e das mortes em grupos populacionais, a fim de orientar a criação de políticas públicas de saúde e a prática médica na prevenção e controle das patologias mais frequentes e/ou de maior impacto. Verdadeira A Epidemiologia aplica-se, entre outros usos, para o estudo da confiabilidade de testes diagnósticos e da eficácia de tratamentos e outras intervenções em saúde, sendo fundamental para a prática médica baseada em evidências científicas. Verdadeira Na atual era digital, com a democratização da informação, torna-se ainda mais essencial a habilidade de discernimento crítico sobre a confiabilidade dos dados divulgados, especialmente os relacionados à saúde, questão na qual o conhecimento da Epidemiologia é fundamental. Verdadeira A Epidemiologia pode ser definida como o estudo exclusivo das doenças que acometem a população. Falsa A Epidemiologia parte do princípio que o adoecimento não ocorre ao acaso nas populações, mas sim que há fatores que interferem na distribuição de doenças, aumentando ou diminuindo a chance de ocorrência em determinados grupos populacionais, chamados de determinantes de estados/eventos relacionados à saúde. Verdadeira No século XIX e no início do século XX, o foco das investigações epidemiológicas era a ocorrência de doenças transmissíveis infecciosas, principalmente epidemias. Somente a partir da década de 1950 a Epidemiologia começou a investigar fatores relacionados a doenças crônicas não-transmissíveis, especialmente câncer e doenças cardíacas. Verdadeira Hipócrates, médico que viveu na Grécia Antiga, em torno de 360 a.C., foi um dos primeiros a introduzir uma racionalização do pensamento sobre as causas do adoecimento, apontando para as relações entre a ocorrência de doenças e o modo de vida da população, as estações do ano e qualidade da alimentação e da água. Verdadeira Historicamente, especialmente antes do século XV, as explicações mais aceitas para origens das doenças eram sobrenaturais e religiosas, entendendo o adoecimento como resultado do pecado ou castigo de divindades. Verdadeira Entre as aplicações da Epidemiologia, destacam-se: estudos sobre o estado de saúde das populações, a descrição da história natural das doenças, a investigação da causalidade das doenças, e pesquisas sobre testes diagnósticos, tratamentos e outras intervenções em saúde. Verdadeira Sobre doenças transmissíveis, analise as afirmativas a seguir e classifique-as como verdadeiras ou falsas. Doenças transmissíveis são aquelas que podem ser transmitidas pelo toque, contato direto entre os seres humanos, sem a necessidade de um vetor ou veículo interveniente. Falsa Hospedeiro é a pessoa ou animal que proporciona um local adequado para que um agente infeccioso cresça e se multiplique em condições naturais. Verdadeira O período de transmissibilidade de uma infecção refere-se ao tempo decorrido entre a infecção pelo agente infeccioso e o desenvolvimento de doença clínica (sinais e sintomas). Falsa As doenças transmissíveis ocorrem como resultado da interação entre agente infeccioso, processo de transmissão, hospedeiro e ambiente, em um processo denominado cadeia de infecção. Verdadeira Sarampo e sífilis são exemplos de doenças infecciosas emergentes, enquanto o COVID-19 é um exemplo de infecção reemergente. Falsa O período de incubação de uma infecção refere-se ao período de tempo no qual o hospedeiro infectado pode transmitir o agente infeccioso para outros hospedeiros e/ou para o ambiente. Falsa Todas as doenças contagiosas são doenças transmissíveis, mas nem todas as doenças transmissíveis são contagiosas. Verdadeira Doenças transmissíveis são aquelas causadas pela transmissão de um agente patogênico específico para um hospedeiro suscetível. Verdadeira Epidemia é a ocorrência de doença transmissível em uma região ou comunidade com um número de casos em excesso, em relação ao que normalmente seria esperado. As epidemias podem ser classificadas quanto à fonte infecciosa em: epidemias por fonte comum ou em epidemias propagadas. Verdadeira Endemia é a ocorrência de doença transmissível em uma área geográfica ou grupo populacional apresenta um padrão relativamente estável com elevada incidência ou prevalência. Verdadeira Sobre as características da cadeia de infecção relacionadas ao agente infeccioso, associe corretamente os conceitos: Patogenicidade é capacidade do agente infeccioso de, após infectar o hospedeiro, produzir sinais e sintomas (doença clínica). Infectividade é capacidade do agente infeccioso de penetrar e se desenvolver e se multiplicar no hospedeiro, causando infecção. Virulência é a capacidade do agente infeccioso de produzir casos graves ou fatais. Dose infectante é a quantidade do agente infeccioso necessária para iniciar uma infecção. Fonte de infecção é a pessoa ou objeto de onde o hospedeiro adquire uma infecção. INCORRETA: a. As doenças crônicas não-transmissíveis apresentam elevada mortalidade, respondendo no Brasil por quase 75% das mortes, além de terem elevado custo de tratamento e produzirem limitações importantes na qualidade de vida e na capacidade para trabalho. b. O processo de transição demográfica refere-se à diminuição na velocidade do crescimento populacional, causado por quedas nas taxas de fecundidade e natalidade, associadaa alterações no estrutura etária populacional, com tendência ao aumento de envelhecimento proporcional, o qual foi influenciado pelo elevação da expectativa de vida. c. O processo de transição epidemiológica refere-se ao processo de mudanças no perfil de doenças e mortalidade na população, sendo marcado por acentuado aumento da morbimortalidade por doenças transmissíveis e decréscimo da morbimortalidade por doenças crônicas não-transmissíveis, ocorrido especialmente pelos retrocessos na efetividade dos cuidados em saúde. d. São fontes de informação e mecanismo para a concretização da vigilância epidemiológica: notificação compulsória de algumas doenças, registros de doenças específicas (de base populacional ou hospitalar) e pesquisas populacionais repetidas ou contínuas, além da agregação de dados. e. A vigilância epidemiológica é o processo de coleta, análise e interpretação sistemática de dados em saúde para o planejamento, implementação e avaliação das atividades em saúde pública. Sobre indicadores em saúde, analise as afirmativas a seguir e classifique-as como verdadeiras ou falsas. A prevalência avalia o número de casos novos de uma doença ocorridos em um período de tempo (numerador), dividindo-o pelo total da população em risco (denominador), sendo a principal medida de morbidade utilizada para condições agudas. Falsa A mortalidade materna é calculada a partir do número de óbitos maternos relacionados a gravidez, parto ou puerpério ocorridos em um período de tempo (numerador), divido pelo total de nascidos vivos no mesmo período (denominador). Verdadeira A mortalidade infantil é calculada a partir do número de óbitos em menores de 1 ano de idade ocorridos em um período de tempo (numerador), divido pelo total de nascidos vivos no mesmo período (denominador). Verdadeira Indicadores em saúde quantificam saúde e doença em populações e períodos de tempo determinados, sendo importantes para compreender o estado de saúde das populações e contribuindo para o planejamento, gestão e avaliação das ações em saúde. Verdadeira O fato de que a ocorrência da morte é mais facilmente identificável que a ocorrência de doenças é uma das vantagens da utilização da mortalidade como um dos principais indicadores de saúde. Verdadeira Em situações nas quais os novos casos de doença (casos incidentes) não são resolvidos e continuam por todo o período considerado, pode-se estimar a prevalência multiplicando a incidência pelo tempo de duração da patologia. Verdadeira A mortalidade geral é calculada a partir do número de óbitos ocorridos em um período de tempo (numerador), divido pelo total de pessoas da população no meio do mesmo período (denominador). Verdadeira Indicadores em saúde geralmente são expressos em índices ou taxas, sendo os principais os indicadores referentes à mortalidade, como mortalidade geral e proporcional, e os referentes à morbidade, como incidência e prevalência de doenças. Verdadeira A mortalidade proporcional é calculada a partir do número de óbitos causados pela doença em um período de tempo (numerador), dividido pelo total de pessoas doentes no mesmo período (denominador). Falsa A Lei de Ferro da Epidemiologia diz que todos que nascem, morrem. Por isso, o propósito da Medicina não é evitar a morte por si só, mas evitar as mortes, as doenças e o sofrimento que podem ser medicamente evitáveis. Verdadeira Sobre as características dos indicadores em saúde, associe corretamente os conceitos: Magnitude é importância do evento de saúde considerado no indicador para a saúde da população e/ou para a avaliação da eficácia dos cuidados em saúde. Confiabilidade refere-se à reprodutibilidade da medida, ou seja, a capacidade de produzir resultados iguais ou muito semelhantes quando a aferição é repetida. Representatividade refere-se à suficiência da quantidade de pessoas incluídas na amostra para caracterizar a população. Validade é capacidade do indicador em medir adequadamente o que se propõe a avaliar. Operacionalidade refere-se à utilidade do indicador em saúde, e à simplicidade e ao custo-benefício do processo de obtenção do indicador. MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS Analise o parágrafo a seguir e classifique-o em verdadeiro ou falso: A Medicina Baseada em Evidências estimula a adoção irrestrita das recomendações baseadas exclusivamente em consensos de opiniões de especialistas/experts, como são os guidelines e protocolos clínicos, que representam o mais alto grau de confiabilidade na hierarquização das evidências científicas, por considerar que a experiência clínica do médico é o pilar essencial central para a prática da Medicina Baseada em Evidências. Falso São quatro as etapas a serem realizadas para a prática da Medicina Baseada em Evidências: 1) Formular uma questão/problema sobre o caso do paciente a ser respondida; 2) Buscar evidências científicas que respondam a essa questão/problema; 3) Analisar criticamente as evidências encontradas; 4) Aplicar as melhores evidências científicas disponíveis ao contexto do paciente em questão. O Método Clínico Centrado na Pessoa contribuiu para a realização da quarta etapa, pois auxilia na compreensão do contexto do paciente. Verdadeira A análise crítica das evidências é essencial para a prática da Medicina Baseada em Evidências. Além do julgamento do grau de confiabilidade e potenciais conflitos de interesse das fontes de informação utilizadas, faz–se imperativo avaliar as evidências encontradas conforme a hierarquização dos níveis de evidências científicas, analisando o delineamento e a execução/condução dos estudos encontrados (priorizando estudos bem conduzidos, randomizados, controlados, duplo–triplo cego, com minimização de vieses e de fatores de confusão). Verdadeira Na prática da Medicina Baseada em Evidências, para orientar a busca das evidências científicas, é preciso elaborar uma questão de pesquisa a ser respondida, que deve ser objetiva, simples e centrada no paciente, com foco em desfechos clínicos de significância para o paciente e para a sociedade (patient oriented evidence that matters). Uma das abordagens que auxiliam a estruturar a formulação da questão/problema de pesquisa é a estratégia PICO: P – definir o Problema/questão a ser respondido pela busca de evidências; I – escolher a(s) Intervenção(ões) ou o(s) Indicador(es) de interesse para o caso; C – avaliar as opções terapêuticas de Comparação/Controle nos estudos; e O – analisar os Outcomes (desfechos) de cada opção terapêutica). Verdadeira SAÚDE COLETIVA Sobre o texto “TRÊS MAÇOS POR DIA!”, de autoria da médica de família Júlia Rocha, publicado no facebook em 10 de abril de 2020, disponibilizado na seção Mobilização desta aula, responda às questões 01 e 02. Em qual estágio de mudança de comportamento, segundo o modelo transteórico, o paciente Reginaldo encontrava-se... ...Na consulta de hoje (terceira consulta)? Ação ...Na segunda consulta? Preparação para a mudança ...Na primeira consulta? Contemplativo Você acredita que a abordagem da médica foi efetiva para concretizar a mudança de comportamento de Reginaldo? Quais elementos da Entrevista Motivacional foram utilizados pela médica de família Júlia Rocha na abordagem do tabagismo do paciente Reginaldo? Sim, a eficácia foi comprovada pela mudança de comportamento do paciente após as consultas com a médica. Ela estimulou a autoeficácia, expressou empatia, evitou confrontos diretos e dissipou resistências, através de reflexão dos dois lados. Você viu alguma notícia relacionada ao combate ao COVID-19 em populações rurais, comunidades ribeirinhas, povos indígenas ou populações prisionais? Qual o impacto que você acredita que as particularidades desses contextos tem na ocorrência do COVID-19 e suas complicações nessas populações? Qual o impacto que você acredita que as particularidades desses contextos tem na prevenção e na assistência à saúde no combate ao COVID-19 nessas populações?https://portalvirtual.unisc.br/moodle/tokenpluginfile.php/4f1ef42e1348fcbbe2b04ef0077488ab/301895/mod_resource/content/4/J%C3%BAlia%20Rocha%20-%20TR%C3%8AS%20MA%C3%87OS%20POR%20DIA.pdf?offline=1#moodlemobile-embedded Lembro que vi uma reportagem na GloboNews sobre como a pandemia está afetando as populações indígenas - ATINGIU 62% DA POPULAÇÃO DE ALDEIA INDÍGENA NO PARÁ; a partir dos relatos dos primeiros índios com sintomas, uma equipe de saúde foi enviada a região. A dificuldade de acesso a estruturas e educação em saúde consequentemente prejudica a prevenção e a assistência à saúde. A falta de informçãoes acerca da pandemia também fragiliza essas populações em termos de complicações da covid-19. Comente, criticamente, a sua reflexão, realizada na seção "Mobilização" desta aula, sobre as diferenças entre o trabalho médico na área urbana e o trabalho médico na área rural e em cenários especiais, como populações ribeirinhas, povos indígenas e saúde prisional. Você já pensou sobre trabalhar em áreas rurais, com povos indígenas ou com população prisional? Você se sentiria preparado para trabalhar como médico nesses contextos? Interessantes a charge e o vídeo por mostrarem de uma forma descontraída que, nesses meios, a linguagem tem que ser adaptada em prol de uma efetiva comunicação médico-paciente. O carinho dos pacientes demonstrado através de produtos de sua colheita mostra a importância de aprender a lidar com meio em que a população atendida está inserida, bem como utilizar-se da ferramenta do letramento em saúde para melhor convívio - capacidade que a pessoa tem de obter, processar e compreender as informações em saúde e os serviços básicos disponibilizados que podem favorecer as ações de autocuidado, sendo um determinante no processo saúde-doença. Se tiver oportunidade, até trabalharia com essas populações, pois achei interessante a experiência proporcionada pela faculdade no 2° semestre de conhecer a realidade do trabalho médico no sistema prisional e em Passo do Sobrado, uma cidade do interior. Não me sentiria totalmente preparada, mas acho que, com o tempo, compreenderia melhor como funciona trabalhar nessas situações diferentes, por mais que não seja minha prioridade. Analise as afirmativas a seguir sobre a temática das favelas e classifique-as como verdadeiras ou falsas: O convívio cotidiano com a violência na favela influencia toda a sua dinâmica social e as relações interpessoais: não é incomum ser observada uma maneira afrontosa no trato com os outros, muitas vezes repercutindo na relação com as equipes de saúde; a violência representa sofrimento emocional, medo, impotência e adoecimento; e o sofrimento pela incapacidade proteger a si e à família está relacionado à alta prevalência de transtornos de ansiedade e depressivos e ao aumento de atendimentos por somatizações durante períodos de maior tensão ou repressão. Verdadeira Favelas são processos marginais de ocupação irregular que formam vastos territórios. O processo de favelização das cidades é uma realidade nos países em desenvolvimento e a expansão das favelas tem sido observada tanto em momentos de crescimento econômico quanto nos de recessão, queda salarial e desemprego, corroborando que a favela parece ser um acontecimento inerente à desigualdade social. Verdadeira Diante das características da atuação médica na favela, como a pouca demanda de cuidados em saúde, baixa complexidade dos casos e boa estrutura da rede de atenção à saúde, são recomendadas medidas como a fragmentação de turnos de agendas por grupos/ações prioritárias e estratégias de acolhimento em grupo. Falsa A Lei dos Cuidados Inversos declara que a disponibilidade de recursos em saúde é diretamente proporcional às necessidades de saúde de uma população, ou seja, as populações mais vulneráveis, que necessitam maiores cuidados em saúde, são as que têm maior disponibilidade e acesso aos serviços de saúde. Falsa A demanda por cuidado em contexto de favela é marcada por precariedade do território e vulnerabilidade social, produzindo angústia nas equipes, sensação de impotência e adoecimento pessoal; e exige um trabalho de compreensão dos processos de determinação social da saúde e o exercício contínuo da Medicina Centrada na Pessoa. Verdadeira A região Nordeste é a região do Brasil com maior concentração de favelas. A população habitante da favela é predominantemente branca, idosa, feminina, com ensino superior completo e trabalho com carteira assinada. Falsa Quase 50% das favelas são formadas em áreas de aclive, com domicílios em geral com pouco espaço entre si, alta umidade, baixa ventilação e cômodos pequenos, de pouca privacidade e com maior vulnerabilidade à alternância de temperatura. Verdadeira A falta de planejamento urbano nas favelas determina a falta de espaços abertos para crianças brincarem em segurança e para o lazer e a prática de esporte, além de predispor a uma maior vulnerabilidade a adversidades climáticas (enchentes e deslizamentos de terra), a incêndios e a acidentes elétricos. Verdadeira A violência armada nos territórios de favela afeta o funcionamento dos serviços de saúde e põe em risco a segurança dos trabalhadores e usuários. Por isso, é recomendada a utilização da ferramenta de estratificação de risco de violência “Acesso Seguro”, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, para decidir sobre a suspensão das atividades dentro da unidade e no território, conforme sinais de alerta. Verdadeira O termo favela em geral é usado para destacar tais territórios do restante da cidade, atribuindo significados variados: dependendo da perspectiva do ator social, a favela pode ser considerada como um problema a ser enfrentado ou como uma solução urbana adaptativa às dificuldades de sobrevivência em sociedades caracterizadas pela desigualdade social. Verdadeira Analise as afirmativas a seguir sobre a temática das tragédias e classifique-as como verdadeiras ou falsas: A ocorrência de uma tragédia mobiliza uma série de emoções, como luto, tristeza, revolta e raiva, que devem ser prontamente medicadas com antidepressivos e calmantes. A intervenção em saúde mental no contexto de uma tragédia, mesmo que em primeira instância e na ausência da disponibilidade de recursos humanos, exige a atuação exclusiva de psiquiatras e psicólogos. Falsa Não é recomendado capacitar pessoas “comuns” da comunidade para que atuem um desastre, já que que essas pessoas também são atingidas pela tragédia e estão fragilizadas. Os profissionais da saúde do local do desastre devem somente serem incorporados na força tarefa em condição de subalternidade, já que experienciam sofrimento devido ao luto e às consequências das perdas da tragédia. Falsa De acordo com a concepção social, desastre é um processo que está inserido em uma sociedade em transformação e é o produto de um modelo global de desenvolvimento que expõe as pessoas a situações de vulnerabilidade. Em grande parte, o aumento dos desastres no mundo pode ser explicado pelo processo de urbanização descontrolado de nossa sociedade. Verdadeira Desastre é uma situação que resulta de eventos adversos sobre um ecossistema vulnerável - tais eventos podem ser naturais e/ou provocados pelo homem, causando grave perturbação ao funcionamento de uma comunidade ou sociedade, envolvendo extensivas perdas e danos humanos, materiais, econômicos ou ambientais, que excede a sua capacidade de lidar com o problema usando meios próprios. Verdadeira Médicos em missão são enviados de outros municípios, estados ou países para compor o quadro de profissionais que ajudarão no atendimento das pessoas atingidas direta ou indiretamente pelo desastre e, como integrantes do grupo de ajuda, devem: fazer a missão unicamente para ter visibilidade institucional; propagar informações sobre a tragédia, ainda que não tenham certeza sobre sua veracidade; praticar “heroísmo” ou messianismo, mesmo que coloquem sua vida ou a vida da equipe em risco; efazer e divulgar publicamente fotos e registros do desastre. Falsa A maior parte dos desastres que ocorrem no Brasil são classificados como desastres naturais geológicos, os quais, por suas características, são bastante imprevisíveis, dificultando a adoção de medidas preventivas pelo Estado e pela população. Falsa No Brasil, a Região Sudeste, onde são comuns deslizamentos e inundações, tem a maior porcentagem de óbitos em decorrência de desastres no país, enquanto a Região Nordeste, bastante afetada por secas, tem a maior porcentagem de pessoas afetadas por desastres, embora tenha menos óbitos. Verdadeira Mais de 90% das mortes por desastre em todo o mundo ocorrem nos países mais pobres - a intensidade dos desastres depende muito mais do grau de vulnerabilidade do território e das comunidades afetadas do que da magnitude do evento adverso. Verdadeira Um estudo nacional mostrou que os brasileiros possuem conhecimento suficiente para nortear suas decisões e escolhas na área ambiental, dispensando a criação e utilização de medidas educativas para a promoção de uma cultura de redução de desastres. Falsa De acordo com a Codificação Brasileira de Desastres, os desastres podem ser classificados, segundo a causa, em naturais ou tecnológicos, e quanto à intensidade, à duração e ao impacto, em extensivos ou intensivos. Verdadeira Analise as afirmativas a seguir e classifique-as como verdadeiras ou falsas: O médico deve estar preparado para, sobretudo, acolher a vítima de violência, atuando como um espaço seguro, empático e sem acusações, evitando julgamentos, cobranças e críticas em relação à vítima. Verdadeiro Durante a pandemia do COVID-19 houve aumento na ocorrência de episódios de violência doméstica, relacionado, principalmente, a fatores como o isolamento social, dificuldades financeiras e aumento do consumo de bebidas alcoólicas. Verdadeiro Uma em cada três mulheres vai sofrer, ao longo da vida, a violência contra si infligida por um parceiro íntimo ou por uma pessoa da sua relação interpessoal próxima. Verdadeiro O conhecimento prévio da equipe de saúde, especialmente em Estratégias de Saúde da Família, sobre a história e a estrutura das famílias se torna uma ferramenta importante para a abordagem de situações de violência. É importante que o médico sabia quantas pessoas moram com a vítima, quem são e quantos são os agressores, e quem são e quantas são as vítimas de violência. Verdadeiro No momento atual do contexto da pandemia, o médico e o serviço de saúde às vezes se torna o único recurso ao qual a vítima de violência tem acesso. Verdadeiro São recomendações para a realização da abordagem de uma suspeita de violência: realizar a entrevista em um ambiente com privacidade, para que a pessoa se sinta segura para falar; adaptar a linguagem ao nível da pessoa, a fim de proporcionar uma comunicação clara e compreensível; demonstrar empatia e interesse, fazendo o outro sentir-se compreendido e acolhido; não expressar nenhum juízo de valor sobre o que lhe é relatado; demonstrar uma atitude tranquila, congruente com expressões faciais e tom de voz; não questionar com tom acusatório ou provocativo; assegurar o sigilo das informações relatadas; e respeitar as decisões da vítima, mesmo quando contrárias às orientações da equipe. Verdadeiro Faz-se necessário o acompanhamento de famílias com história de ocorrência de violência, especialmente durante o período do isolamento social em função da pandemia, para que seja monitorada a gravidade da situação. Verdadeiro A punição dos agressores, especialmente através de medidas duras como o encarceramento/privação de liberdade, é a medida mais efetiva no combate à violência. Falso É muito importante que o médico esteja atento ao sinais de alerta que podem indicar uma situação de violência doméstica, como: mulheres com queixas inespecíficas que não são compatíveis com as lesões encontradas; queixas sexuais que não são compatíveis com a história e o exame clínicos; dinâmicas de atendimento em que o acompanhante não deixa a paciente falar, acessar o celular e/ou ficar sozinha durante a consulta; paciente em sofrimento há muitos dias que foi impedida de pedir ajuda ou sem ninguém preocupar- se em trazer ao serviço de saúde. Verdadeiro História pessoal e familiar de vivência de violência, contextos profissionais e sociais que lidam cotidianamente com a violência e ter armas em casa são fatores que aumentam o risco de uma pessoa tornar- se agressora. Verdadeiro A violência contra a mulher não é algo que tenha surgido em decorrência da pandemia de COVID-19, mas é um problema crônico, bastante prevalente, especialmente no atendimento médico em Atenção Primária à Saúde. Verdadeiro É essencial resguardar o sigilo na relação médico-paciente em situações de violência, especialmente se a equipe de saúde, além de atender a vítima de violência, também atende o(s) agressor(es) e demais familiares. Verdadeiro Para uma adequada abordagem de situações de violência, uma ferramenta importante é o conhecimento sobre o território e a comunidade nos quais a equipe de saúde está inserida e a formação de parcerias com organizações religiosas, ONGs, líderes comunitários, grupos comunitários e escolas, para auxiliar na educação em saúde sobre a prevenção e o reconhecimento de situações de violência, bem como no acolhimento e monitoramento das famílias com história de violência. Verdadeiro A notificação de violência é compulsória, ou seja, é obrigatório que o médico a faça, e destina-se à Vigilância à Saúde. Já a denúncia do episódio de violência, destinada à Delegacia e instituições policiais/jurídicas, não é obrigatória, e o médico deve respeitar a autonomia da vítima em decidir se deseja ou não a concretizar. Verdadeiro É comum que as vítimas de episódios de violência, sobretudo em casos de violência intradomiciliar ou perpetrada por uma pessoa da sua relação interpessoal próxima, não nomeiem o episódio como violência, tentando minimizar ou normalizar a situação. Verdadeiro A ocorrência de casos de violência contra a mulher e feminicídios no Brasil está diminuindo desde a promulgação da Lei Maria da Penha, mas continua aumentando na população de mulheres negras. Verdadeiro Na abordagem de suspeita de violência, o médico deve fazer perguntas abertas e amplas para a paciente de forma a explorar a situação. Verdadeiro Existem diversas formas de violência, além da física: psicológica, sexual, econômica/financeira/patrimonial, negligência e abandono. Verdadeiro Uma estratégia interessante para a abordagem de violência no contexto comunitário é abordar a temática dos relacionamentos familiares, da sexualidade e da violência em grupos de homens e em ambientes escolares. Verdadeiro A pandemia de COVID-19 afeta de formas diferentes mulheres e homens, meninos e meninas, e populações vulneráveis como pessoas em situação de rua, população carcerária, povos indígenas e contextos de favelas. Verdadeiro Analise os parágrafos a seguir sobre multimorbidade, classificando-os como verdadeiros ou falsos: A multimorbidade pode levar à queda da qualidade de vida, ao maior risco de hospitalização, à maior incidência de problemas de saúde mental (como depressão e ansiedade), a uma dificuldade de encontrar o tratamento adequado para essas doenças e a um maior risco de morte. Cada condição que compõe a multimorbidade exige orientações e cuidados diferenciados, mas que, ao mesmo tempo, sejam articulados entre si. Os pacientes com multimorbidade apresentam desafios únicos para os profissionais de saúde e causam nos mesmos dois tipos básicos de reação: a motivação pela complexidade do caso e o desespero pelo mesmo motivo. Verdadeiro A condição crônica mais comum no mundo é, ou será em breve, a multimorbidade. Anteriormente uma preocupação reservada aos mais idosos, a multimorbidade afeta cada vez mais pessoas jovens. Um estudo na Escócia descobriu que a pessoa de meia idademédia não é mais saudável, mas um paciente com pelo menos uma condição crônica; 1 em 4 apresentava duas condições crônicas. Verdadeiro Chamamos de multimorbidade a presença de dois ou mais problemas de saúde em uma mesma pessoa. Esses problemas incluem condições físicas, como problemas no coração, diabetes e problema de visão, e de saúde mental, como a depressão. Estudos apontam que a multimorbidade está relacionada à idade e às condições socioeconômicas dos indivíduos, ou seja, pessoas idosas com piores condições econômicas e de vida tendem a ser os mais afetados. Verdadeiro A multimorbidade coloca em questão o paradigma de gestão da doença (definida, desenvolvida e orientada para a doença), a investigação e a educação médica tradicionais. Numa revisão sistemática de 2013, são sintetizados os quatro principais constrangimentos ao cuidar de doentes com multimorbidade: desorganização e fragmentação dos cuidados de saúde; inadequação das normas de orientação clínica e da Medicina Baseada em Evidências; desafios da prestação de cuidados centrados no paciente e barreiras no processo de tomada de Decisão Informada Compartilhada. Verdadeiro Na avaliação da multimorbidade, é fundamental dar importância extrema ao número de morbidades em um paciente. O número existente de condições crônicas em um único paciente é mais importante para o seu cuidado de saúde do que a carga de morbidade, ou seja, o impacto total da forma como as diferentes morbidades interrelacionam-se no indivíduo. Falso O termo multimorbidade surgiu como uma alternativa ao termo comorbidade. Este último designa qualquer problema independente e adicional a uma doença existente e em estudo - a doença ou o problema índice -, colocando-a em posição central e as restantes em situação secundária. A distinção entre multimorbidade e comorbidade parece, assim, fictícia, dependendo da perspectiva de análise, uma vez que o mesmo paciente tem multimorbidade para o seu médico de família (paciente com diabetes e asma) e comorbidade para o seu pneumologista (asma é o problema-índice e diabetes a comorbidade). Verdadeiro A abordagem de múltiplos problemas e condições de saúde crônicos de uma única pessoa, na perspectiva de um problema índice e comorbidades, torna-se ineficaz e ineficiente, pois considera a maioria dos problemas apenas na sua relação com o problema índice. Em sentido inverso, o conceito de multimorbidade potencializa a abordagem da totalidade dos problemas (holística), tendo em conta o contexto da pessoa (centrada no paciente) e promove a compreensão da interação entre problemas físicos, mentais e sociais (integralidade). Verdadeiro Ambos os termos, “comorbidade” e “multimorbidade”, referem-se a múltiplos problemas ou condições de saúde, sem todavia ser clara a distinção entre o que é considerado como doença ou como fator de risco (por exemplo, hipertensão é uma doença ou um fator de risco?). Esta indefinição constitui uma limitação, presente em muitos dos estudos sobre esta temática, mas outras relacionam-se com a não identificação de gravidade das doenças e suas repercussões na vida do indivíduo acometido. Verdadeiro O Método Clínico Centrado na Pessoa é essencial quando se considera que um sistema de saúde deve cuidar de pessoas com multimorbidade. Não existindo um problema dominante/índice, o cuidado centrado no paciente é o ideal para equilibrar todos os problemas e permitir uma abordagem integrada. Os objetivos do cuidado aos pacientes com multimorbilidade são evitar a iatrogenia, reduzir a morbidade e mortalidade, sem comprometer a funcionalidade e qualidade de vida. Uma das primeiras e mais importantes tarefas na abordagem da pessoa com multimorbidade é a definição de prioridades. Verdadeiro A Medicina Baseada em Evidências costuma prover evidências robustas sobre o manejo do paciente com multimorbidade, já que a maior parte das pesquisas científicas, especialmente os ensaios clínicos randomizados, têm por foco as pessoas com múltiplas condições crônicas simultâneas, em geral incluindo somente esse grupo de pessoas nos estudos. Da mesma forma, protocolos e diretrizes clínicas, em sua maioria, são desenhados para o cuidado da pessoa com multimorbidade, estando mais na dimensão do “E” (pacientes com HAS e DM e DPOC) do que na dimensão do “OU” (pacientes com HAS ou DM ou DPOC). Falso