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CCJ0035-WL-O-LC-Direito Civil - Espelho Simulado Exame da Ordem - Fernanda Pimentel

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OAB 2ª FASE 2011.2 – ESPELHO DO 1° SIMULADO 
 Direito Civil Direito do Trabalho 
Fernanda Pimentel 
 
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GABARITO 
Direito de Família – Simulado 1 
1) Paula e Sandra vivem juntas há seis anos. Em junho de 2011 celebraram um contrato de união estável, com a 
finalidade de ver a relação de ambas reconhecida como entidade familiar. Contudo, para Sandra, o casamento é um 
instituto fundamental para a formação da família e a partir desta concepção, as duas resolvem se dirigir ao cartório 
do registro civil competente e ingressam com o pedido de habilitação para o casamento. O oficial do registro civil 
nega o seguimento do procedimento com base no artigo 1.514 do Código Civil Brasileiro. Como advogado (a) de Paula 
e Sandra, apresente os argumentos jurídicos que embasariam sua pretensão. 
R.: Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal em recente decisão (ADIN 4277), deve prevalecer nas relações 
familiares a igualdade de gêneros e a não discriminação da orientação sexual (Art. 3º, IV e 5º, I da CRFB). 
 Também se deve considerar que a família é um locus, um ambiente de desenvolvimento da pessoa humana e deve 
ser norteada pelo princípio da dignidade da pessoa humana contido no artigo 1º, III, da CRFB. A partir de tais 
fundamentos, o artigo 226 da Constituição da República deve ser compreendido como cláusula geral de inclusão, 
admitindo diversos modelos de entidades familiares, desde estas estejam fundadas nos laços de afeto, solidariedade 
e cooperação. 
Portanto, o artigo 1512 do CCB deve ser interpretado à luz dos fundamentos constitucionais e em interpretação 
sistemática com o artigo 1726 da Lei Civil, que estabelece a possibilidade de conversão da união estável em 
casamento. A partir dos fundamentos apresentados, deve-se deferir o pedido de união estável entre as requerentes. 
 
 
2) Beatriz e Felipe eram casados há seis anos e ela espera um filho. Contudo, ambos sofreram um grave acidente 
automobilístico, vindo Felipe a falecer e Beatriz entrando em estado de coma. Os exames clínicos demonstraram a 
perfeita saúde da criança que está sendo gerada. O casal possuía uma excelente situação financeira e possuí negócios 
e bens a serem administrados. Elabore a peça cabível à representação dos interesses de Beatriz e de nascituro. 
R.: Ação de Interdição da mãe do nascituro, conforme disposto nos artigos 1767 a 1769, sendo os legitimados ativos 
as pessoas elencadas no artigo 1.768. Excepcionalmente há a legitimação extraordinária em face do Ministério 
Público, conforme o artigo 1.769. 
Para este processo, deve-se seguir o procedimento especial previsto nos artigos 1.177 a 1.186 do CPC. Destaque-se 
que o legitimado passivo é o interditando (aquele a quem se deseja declarar a incapacidade). Deve-se fazer prova da 
incapacidade e, de acordo com o artigo 1181 do CPC, é necessário o requerimento da entrevista pessoal do juiz ao 
 
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interditando (ou o pedido de verificação por este de que o requerido não tem condições de exprimir sua vontade, 
como no caso em questão). 
Prolatada a sentença de interdição, seus efeitos serão ex nunc (artigo 1184 do CPC) e será nomeado ao nascituro o 
mesmo curador nomeado à sua mãe, nos termos do artigo 1779, § ún. 
 
3) Sandro, casado com Patrícia há quinze anos, conhece Márcia no ano de 2000, com quem passa a manter uma 
relação afetiva paralela ao casamento. Três anos após o início da segunda relação, Patrícia descobre a infidelidade do 
marido e deixa o domicílio conjugal. Desde então, Sandro passou a viver com Márcia sob o mesmo teto, preenchendo 
todos os requisitos contidos no artigo 1723, caput, para a caracterização da união estável. Neste ano, os dois se 
separam e Márcia ingressa com ação de reconhecimento c/c dissolução da união estável. Sandro alega a inexistência 
de união estável, pois permanece casado com Patrícia. A quem cabe razão? Responda com base na doutrina e na 
legislação vigente. 
 
R.: É sabido que os impedimentos à constituição do casamento válido também são impedimentos à caracterização da 
união estável. Contudo, estando a pessoa casada separada de fato, o artigo 1723, em seu § 1º, in fine¸ dispõe que 
poderá existir a configuração da união estável. 
No caso apresentado, embora a relação entre Sandro e Márcia tivesse se iniciado como uma relação de concubinato 
(CCB, artigo 1727), o fato de estarem vivendo em família, caracterizando os requisitos do artigo 1723, caput¸ traz a 
possibilidade de se reconhecer a união estável. Portanto, cabendo razão à companheira em ver seu vínculo 
reconhecido como entidade familiar regularmente protegida pela lei civil. 
 
4) Marcela, mãe de Caio, teve um breve namoro com Sílvio e se separaram. Quando o menor Caio estava com dois 
anos, o casal se reencontrou e Marcela disse que Sílvio era pai de Caio. Comovido com a paternidade, Sílvio 
reconheceu a paternidade de Caio e com Marcela se casou um ano após ter reatado o namoro. Em 2010, após 10 anos 
de relacionamento om Marcela, Sílvio decide se divorciar e procura você, para que com o advogado, promova ação 
judicial cabível à exoneração do vínculo de paternidade, pois descobriu por provas testemunhais que Caio não era seu 
filho. Como patrono de Sílvio,elabore peça processual cabível. 
 
 
 
 
 
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R.: AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE 
 
Fundamento legal Art. 1601a 1604 do Código Civil 
 
C/C Exoneração de Alimentos:Art. 1694 a 1710 do Código Civil 
 
Retificação de registro civil: Art. 1604 
Rito Ordinário 
Competência Art. 94 do CPC 
Art. 98 do CPC, se o réu for incapaz. 
Alimentos: Art. 100 do CPC- Súm. 01 do STJ 
Partes Tratamento: Autor e réu 
Pressupostos Direito ao reconhecimento – L. 8069/90, art. 26. 
Direito à veracidade do registro: Art. 1604 
Pressupostos 
fáticos 
Existência de fatos que justifiquem o afastamento da presunção “pater 
is est”. 
Fundamentação 
jurídica 
Descrição do pressupostos fáticos que envolveram a genitora do autor e 
o réu. Apresente a base legal, doutrina e jurisprudência. 
Pedido a) Citação do réu (art. 277 CP); 
b) Intimação do MP (Art. 82 do CPC; art. 9° da L 5478/68); 
c)Pedido de deferimento da gratuidade (Lei 5478/68); 
d) Procedência do pedido 
e) Sucumbência 
f) Produção de provas 
 
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Valor da causa Art. 258-260 do CPC 
C/C Exoneração de Alimentos: 12 vezes o valor da prestação – art. 259, 
VI do CPC 
 
 
 
5) Tiago e Paula, plenamente capazes, realizaram em julho de 2010escritura pública de inventário e partilha referente 
ao patrimônio recebido de seu pai Antônio, falecido em 02 de fevereiro do mesmo ano. Ocorre que em Agosto deste 
ano foram procurados pela mãe de Guilherme, oito anos, filho de Antônio regulamente reconhecido. Recusaram-se a 
transmitir ao menor a cota de bens recebida. Como advogado de Guilherme, elabore a peça processual cabível nesta 
hipótese. 
 
R.: AÇÃO DEPETIÇÃO DE HERANÇA. 
 
Fundamento legal Art. 1824 (Ver Súm. 149 do STF) 
Rito Ordinário 
Competência Art. 96 do CPC 1 
Incapaz: Art. 98 do CPC2 
 
1
Durante a tramitação do processo de inventário. Concluído o processo de inventário, seguir as regras de competência. Ex.: CC 51061 
/ GO CONFLITO DE COMPETENCIA 2005/0099295-7 Relator (a) Ministro CARLOS ALBERTO MENEZESDIREITO (1108) 
Órgão Julgador S2 - SEGUNDA SEÇÃO Data do Julgamento 09/11/2005 Data da Publicação/Fonte DJ 19/12/2005 p. 207 
LEXSTJ vol. 198 p. 29 REVJMG vol. 174 p. 381 Ementa Conflito de competência. Inventário já encerrado. Ação de investigação de 
paternidade, cumulada com petição de herança e de alimentos. Domicílio do alimentando. 1. A regra especial prevalece sobre a regra 
geral de competência, daí que, segundo dispõe a Súmula nº 1/STJ, "o foro do domicílio ou da residência do alimentando é o 
competente para a ação de investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos". 2. Encerrado o inventário, com 
trânsito em julgado da sentença homologatória respectiva, deixa de existir o espólio e as ações propostas contra as pessoas que detêm 
os bens inventariados não seguem a norma do art. 96 do Código de Processo Civil, prevalecendo, no caso concreto, a regra especial do 
art. 100, inciso II, do mesmo diploma, segundo a qual a demanda em que se postula alimentos deve correr no foro do domicílio ou da 
residência do alimentando. 3. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito de Brasília/DF. 
 
 
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C/C Alimentos: Art. 100, II- Ver Sum. 01 do STJ3 
 
Partes Autor: Incapaz representado por sua mãe 
Réu: Espólio, representado por seu inventariante 
Tratamento: REQUERENTE E REQUERIDO 
Pressupostos Vínculo de parentesco e o direito de saisine 
Pressupostos 
fáticos 
Exclusão do herdeiro instituído da sucessão 
Fundamentação 
jurídica 
Descrição do pressupostos fáticos levaram o autor a ser excluído da 
sucessão. Apresente a base legal, doutrina e jurisprudência. 
Pedido a) Citação do réu (art. 277 CPC); 
b) Intimação do MP (Art. 82 do CPC) 
c)Pedido de deferimento da gratuidade ; 
 
2
Súmula 383 do STJ :A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em princípio, do foro do 
domicílio do detentor de sua guarda. 
3
 AÇÃO DE ALIMENTOS. COMPETÊNCIA. DOMICÍLIO DO ALIMENTANDO. ALTERAÇÃO POSTERIOR DO DOMICÍLIO. 
REMESSA DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE. 1 - A competência, nos termos do art. 87 do Código de Processo Civil, define-se no 
momento da propositura da ação, somente podendo ser alterada se houver supressão do órgão jurisdicional ou alteração da 
competência em razão da matéria ou da hierarquia. Ausentes essas duas hipóteses, o caso é de perpetuatiojurisdictionis, sendo 
descabida a remessa dos autos para a cidade onde fixaram domicílio os autores depois de iniciado o processo. 2 - Incidência ainda da 
súmula 33/STJ. 3 - Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito de Águas Lindas - GO, suscitado. (CC 97457/DF, 
Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 26/11/2008, DJe 09/12/2008) CONFLITO NEGATIVO 
DE COMPETÊNCIA. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. ALIMENTOS. MUDANÇA DE DOMICÍLIO NO DECORRER DA 
LIDE. 
1. A mudança de domicílio do menor e de seu representante legal depois de configurada a relação processual não modifica a 
competência firmada no momento em que a ação é proposta. Depois de fixada aquela, as modificações do estado de fato ou de direito 
ocorridas são irrelevantes, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da 
hierarquia.2. Conheço do conflito para declarar competente o Juízo de Direito da Comarca de Jaciara/MT, o suscitado. (CC 
45794/RO, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 09/03/2005, DJ 21/03/2005 p. 211) 
 
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d) Procedência do pedido 
g) Sucumbência 
h) Produção de provas 
Valor da causa Art. 258-260 do CPC 
C/C ALIMENTOS: 12 vezes o valor da prestação – art. 259, VI do CPC 
 
 
6) Antônio teve dois filhos, Bernardo e Cláudio. Bernardo é pré-morto e deixou dois filhos, Davi e Érica. Em 2011, 
Antônio falece e deixa três imóveis e uma considerável quantia depositada em um Banco no Rio de Janeiro. Cláudio 
renuncia à herança de seu pai, mas seu filho, Paulo, já plenamente capaz, ficou indignado com o fato de seu pai ter 
aberto mão da herança que lhe era devida e deseja anular esta renúncia. Pergunta-se: Como se dará a sucessão e 
partilha de bens aos herdeiros? É possível a anulação da renúncia? Responda fundamentadamente 
R.: A renúncia, como negócio jurídico unilateral, é previsto na lei civil como irrevogável, mas está sujeita à anulação 
por todos vícios que poderão acarretar a invalidade do negócio jurídico, a exemplo do erro ou coação. 
Quanto à partilha, uma vez que não existe qualquer herdeiro de 1º grau, a classe dos descendentes se faz representar 
pelos netos Davi, Érica e Paulo, que receberão os bens por direito próprio, na proporção de 1/3 para cada um deles 
(artigo 1834 do CCB). 
Não há que se falar em representação (artigo 1851 c/c 1811 do CCB), uma vez que todos os herdeiros são da classe 
dos descendentes e estão em uma relação de 2º grau em relação ao de cujus. 
 
 
7) Marta, mãe de dois filhos, doou em 2002, para seu filho caçula 85% de seus bens, eximindo-o, no ato de 
liberalidade, de trazer os bens doados à colação. Teresa não adquiriu outros bens. Com a morte da doadora em abril, 
seu filho mais velho, se sentido prejudicado, moveu ação para reaver parcela do patrimônio da falecida, por ter ficado 
a massa patrimonial hereditária reduzida. Pergunta-se: a)É cabível o exercício desta pretensão? Responda 
fundamentadamente. 
R.:A doação de Marta é eivada de nulidade parcial. A uma, porque é considerada como doação inoficiosa, por exceder 
à cota que a doadora poderia dispor em testamento (art. 549). A duas, porque nada obsta que um dos filhos tenha 
direitos exclusivos sobre a cota disponível mas isto deve ser apontado no termo de doação ou no testamento, 
dispensando o donatário da colação (artigo 2005). 
 
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O herdeiro donatário(filho caçula) deverá levar os bens à colação (artigo 2002) para conferir a cota recebida e naquilo 
que extrapolar os limites da cota disponível deverá restituir ao monte hereditário. 
Caso o bem não seja levado à colação, o herdeiro incorrerá na pena de sonegados e poderá perder a coisa recebida, 
nos termos do artigo 1992. 
Neste caso, poderá o herdeiro interessado (filho mais velho) ingressar com ação de sonegados, cuja competência será 
a prevista no artigo 96 do CPC para exigir o perdimento do bem pelo donatário. 
 
8) João, viúvo, era pai de Bruno, Lúcio e Cláudio. Em um acidente de carro Cláudio veio falecer, deixando vivo seu 
filho José, neto de João. João faleceu um ano após a morte de Cláudio. Bruno, pai de dois filhos, falece um mês antes 
de seu pai, João. Pergunta-se: De que forma herdará Lúcio? Quem mais herdará e qual a natureza deste direito 
sucessório? 
R.: Inicialmente cabe destacar que de acordo com o artigo 1835, Lúcio herdará por direito próprio e por cabeça o 
correspondente a 1/3 dos bens de seu pai. José, filho de Cláudio, herdará por representação a cota que caberia a seu 
pai, pré-morto, na forma do artigo 1851 do CCB, cabendo-lhe também 1/3. Os dois filhos de Bruno também sucederão 
conforme a disposição do artigo 1851, recebendo por representação a cota que seria de seu pai. Caberá a cada um 
deles o montante de 1/6 da herança (Brunoreceberia 1/3, a ser dividido entre os dois filhos).

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