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OAB 2ª FASE 2011.2 – ESPELHO DO 1° SIMULADO Direito Civil Direito do Trabalho Fernanda Pimentel Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 30350105 1 GABARITO Direito de Família – Simulado 1 1) Paula e Sandra vivem juntas há seis anos. Em junho de 2011 celebraram um contrato de união estável, com a finalidade de ver a relação de ambas reconhecida como entidade familiar. Contudo, para Sandra, o casamento é um instituto fundamental para a formação da família e a partir desta concepção, as duas resolvem se dirigir ao cartório do registro civil competente e ingressam com o pedido de habilitação para o casamento. O oficial do registro civil nega o seguimento do procedimento com base no artigo 1.514 do Código Civil Brasileiro. Como advogado (a) de Paula e Sandra, apresente os argumentos jurídicos que embasariam sua pretensão. R.: Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal em recente decisão (ADIN 4277), deve prevalecer nas relações familiares a igualdade de gêneros e a não discriminação da orientação sexual (Art. 3º, IV e 5º, I da CRFB). Também se deve considerar que a família é um locus, um ambiente de desenvolvimento da pessoa humana e deve ser norteada pelo princípio da dignidade da pessoa humana contido no artigo 1º, III, da CRFB. A partir de tais fundamentos, o artigo 226 da Constituição da República deve ser compreendido como cláusula geral de inclusão, admitindo diversos modelos de entidades familiares, desde estas estejam fundadas nos laços de afeto, solidariedade e cooperação. Portanto, o artigo 1512 do CCB deve ser interpretado à luz dos fundamentos constitucionais e em interpretação sistemática com o artigo 1726 da Lei Civil, que estabelece a possibilidade de conversão da união estável em casamento. A partir dos fundamentos apresentados, deve-se deferir o pedido de união estável entre as requerentes. 2) Beatriz e Felipe eram casados há seis anos e ela espera um filho. Contudo, ambos sofreram um grave acidente automobilístico, vindo Felipe a falecer e Beatriz entrando em estado de coma. Os exames clínicos demonstraram a perfeita saúde da criança que está sendo gerada. O casal possuía uma excelente situação financeira e possuí negócios e bens a serem administrados. Elabore a peça cabível à representação dos interesses de Beatriz e de nascituro. R.: Ação de Interdição da mãe do nascituro, conforme disposto nos artigos 1767 a 1769, sendo os legitimados ativos as pessoas elencadas no artigo 1.768. Excepcionalmente há a legitimação extraordinária em face do Ministério Público, conforme o artigo 1.769. Para este processo, deve-se seguir o procedimento especial previsto nos artigos 1.177 a 1.186 do CPC. Destaque-se que o legitimado passivo é o interditando (aquele a quem se deseja declarar a incapacidade). Deve-se fazer prova da incapacidade e, de acordo com o artigo 1181 do CPC, é necessário o requerimento da entrevista pessoal do juiz ao OAB 2ª FASE 2011.2 – ESPELHO DO 1° SIMULADO Direito Civil Direito do Trabalho Fernanda Pimentel Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 30350105 2 interditando (ou o pedido de verificação por este de que o requerido não tem condições de exprimir sua vontade, como no caso em questão). Prolatada a sentença de interdição, seus efeitos serão ex nunc (artigo 1184 do CPC) e será nomeado ao nascituro o mesmo curador nomeado à sua mãe, nos termos do artigo 1779, § ún. 3) Sandro, casado com Patrícia há quinze anos, conhece Márcia no ano de 2000, com quem passa a manter uma relação afetiva paralela ao casamento. Três anos após o início da segunda relação, Patrícia descobre a infidelidade do marido e deixa o domicílio conjugal. Desde então, Sandro passou a viver com Márcia sob o mesmo teto, preenchendo todos os requisitos contidos no artigo 1723, caput, para a caracterização da união estável. Neste ano, os dois se separam e Márcia ingressa com ação de reconhecimento c/c dissolução da união estável. Sandro alega a inexistência de união estável, pois permanece casado com Patrícia. A quem cabe razão? Responda com base na doutrina e na legislação vigente. R.: É sabido que os impedimentos à constituição do casamento válido também são impedimentos à caracterização da união estável. Contudo, estando a pessoa casada separada de fato, o artigo 1723, em seu § 1º, in fine¸ dispõe que poderá existir a configuração da união estável. No caso apresentado, embora a relação entre Sandro e Márcia tivesse se iniciado como uma relação de concubinato (CCB, artigo 1727), o fato de estarem vivendo em família, caracterizando os requisitos do artigo 1723, caput¸ traz a possibilidade de se reconhecer a união estável. Portanto, cabendo razão à companheira em ver seu vínculo reconhecido como entidade familiar regularmente protegida pela lei civil. 4) Marcela, mãe de Caio, teve um breve namoro com Sílvio e se separaram. Quando o menor Caio estava com dois anos, o casal se reencontrou e Marcela disse que Sílvio era pai de Caio. Comovido com a paternidade, Sílvio reconheceu a paternidade de Caio e com Marcela se casou um ano após ter reatado o namoro. Em 2010, após 10 anos de relacionamento om Marcela, Sílvio decide se divorciar e procura você, para que com o advogado, promova ação judicial cabível à exoneração do vínculo de paternidade, pois descobriu por provas testemunhais que Caio não era seu filho. Como patrono de Sílvio,elabore peça processual cabível. OAB 2ª FASE 2011.2 – ESPELHO DO 1° SIMULADO Direito Civil Direito do Trabalho Fernanda Pimentel Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 30350105 3 R.: AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE Fundamento legal Art. 1601a 1604 do Código Civil C/C Exoneração de Alimentos:Art. 1694 a 1710 do Código Civil Retificação de registro civil: Art. 1604 Rito Ordinário Competência Art. 94 do CPC Art. 98 do CPC, se o réu for incapaz. Alimentos: Art. 100 do CPC- Súm. 01 do STJ Partes Tratamento: Autor e réu Pressupostos Direito ao reconhecimento – L. 8069/90, art. 26. Direito à veracidade do registro: Art. 1604 Pressupostos fáticos Existência de fatos que justifiquem o afastamento da presunção “pater is est”. Fundamentação jurídica Descrição do pressupostos fáticos que envolveram a genitora do autor e o réu. Apresente a base legal, doutrina e jurisprudência. Pedido a) Citação do réu (art. 277 CP); b) Intimação do MP (Art. 82 do CPC; art. 9° da L 5478/68); c)Pedido de deferimento da gratuidade (Lei 5478/68); d) Procedência do pedido e) Sucumbência f) Produção de provas OAB 2ª FASE 2011.2 – ESPELHO DO 1° SIMULADO Direito Civil Direito do Trabalho Fernanda Pimentel Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 30350105 4 Valor da causa Art. 258-260 do CPC C/C Exoneração de Alimentos: 12 vezes o valor da prestação – art. 259, VI do CPC 5) Tiago e Paula, plenamente capazes, realizaram em julho de 2010escritura pública de inventário e partilha referente ao patrimônio recebido de seu pai Antônio, falecido em 02 de fevereiro do mesmo ano. Ocorre que em Agosto deste ano foram procurados pela mãe de Guilherme, oito anos, filho de Antônio regulamente reconhecido. Recusaram-se a transmitir ao menor a cota de bens recebida. Como advogado de Guilherme, elabore a peça processual cabível nesta hipótese. R.: AÇÃO DEPETIÇÃO DE HERANÇA. Fundamento legal Art. 1824 (Ver Súm. 149 do STF) Rito Ordinário Competência Art. 96 do CPC 1 Incapaz: Art. 98 do CPC2 1 Durante a tramitação do processo de inventário. Concluído o processo de inventário, seguir as regras de competência. Ex.: CC 51061 / GO CONFLITO DE COMPETENCIA 2005/0099295-7 Relator (a) Ministro CARLOS ALBERTO MENEZESDIREITO (1108) Órgão Julgador S2 - SEGUNDA SEÇÃO Data do Julgamento 09/11/2005 Data da Publicação/Fonte DJ 19/12/2005 p. 207 LEXSTJ vol. 198 p. 29 REVJMG vol. 174 p. 381 Ementa Conflito de competência. Inventário já encerrado. Ação de investigação de paternidade, cumulada com petição de herança e de alimentos. Domicílio do alimentando. 1. A regra especial prevalece sobre a regra geral de competência, daí que, segundo dispõe a Súmula nº 1/STJ, "o foro do domicílio ou da residência do alimentando é o competente para a ação de investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos". 2. Encerrado o inventário, com trânsito em julgado da sentença homologatória respectiva, deixa de existir o espólio e as ações propostas contra as pessoas que detêm os bens inventariados não seguem a norma do art. 96 do Código de Processo Civil, prevalecendo, no caso concreto, a regra especial do art. 100, inciso II, do mesmo diploma, segundo a qual a demanda em que se postula alimentos deve correr no foro do domicílio ou da residência do alimentando. 3. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito de Brasília/DF. OAB 2ª FASE 2011.2 – ESPELHO DO 1° SIMULADO Direito Civil Direito do Trabalho Fernanda Pimentel Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 30350105 5 C/C Alimentos: Art. 100, II- Ver Sum. 01 do STJ3 Partes Autor: Incapaz representado por sua mãe Réu: Espólio, representado por seu inventariante Tratamento: REQUERENTE E REQUERIDO Pressupostos Vínculo de parentesco e o direito de saisine Pressupostos fáticos Exclusão do herdeiro instituído da sucessão Fundamentação jurídica Descrição do pressupostos fáticos levaram o autor a ser excluído da sucessão. Apresente a base legal, doutrina e jurisprudência. Pedido a) Citação do réu (art. 277 CPC); b) Intimação do MP (Art. 82 do CPC) c)Pedido de deferimento da gratuidade ; 2 Súmula 383 do STJ :A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda. 3 AÇÃO DE ALIMENTOS. COMPETÊNCIA. DOMICÍLIO DO ALIMENTANDO. ALTERAÇÃO POSTERIOR DO DOMICÍLIO. REMESSA DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE. 1 - A competência, nos termos do art. 87 do Código de Processo Civil, define-se no momento da propositura da ação, somente podendo ser alterada se houver supressão do órgão jurisdicional ou alteração da competência em razão da matéria ou da hierarquia. Ausentes essas duas hipóteses, o caso é de perpetuatiojurisdictionis, sendo descabida a remessa dos autos para a cidade onde fixaram domicílio os autores depois de iniciado o processo. 2 - Incidência ainda da súmula 33/STJ. 3 - Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito de Águas Lindas - GO, suscitado. (CC 97457/DF, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 26/11/2008, DJe 09/12/2008) CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. ALIMENTOS. MUDANÇA DE DOMICÍLIO NO DECORRER DA LIDE. 1. A mudança de domicílio do menor e de seu representante legal depois de configurada a relação processual não modifica a competência firmada no momento em que a ação é proposta. Depois de fixada aquela, as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas são irrelevantes, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia.2. Conheço do conflito para declarar competente o Juízo de Direito da Comarca de Jaciara/MT, o suscitado. (CC 45794/RO, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 09/03/2005, DJ 21/03/2005 p. 211) OAB 2ª FASE 2011.2 – ESPELHO DO 1° SIMULADO Direito Civil Direito do Trabalho Fernanda Pimentel Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 30350105 6 d) Procedência do pedido g) Sucumbência h) Produção de provas Valor da causa Art. 258-260 do CPC C/C ALIMENTOS: 12 vezes o valor da prestação – art. 259, VI do CPC 6) Antônio teve dois filhos, Bernardo e Cláudio. Bernardo é pré-morto e deixou dois filhos, Davi e Érica. Em 2011, Antônio falece e deixa três imóveis e uma considerável quantia depositada em um Banco no Rio de Janeiro. Cláudio renuncia à herança de seu pai, mas seu filho, Paulo, já plenamente capaz, ficou indignado com o fato de seu pai ter aberto mão da herança que lhe era devida e deseja anular esta renúncia. Pergunta-se: Como se dará a sucessão e partilha de bens aos herdeiros? É possível a anulação da renúncia? Responda fundamentadamente R.: A renúncia, como negócio jurídico unilateral, é previsto na lei civil como irrevogável, mas está sujeita à anulação por todos vícios que poderão acarretar a invalidade do negócio jurídico, a exemplo do erro ou coação. Quanto à partilha, uma vez que não existe qualquer herdeiro de 1º grau, a classe dos descendentes se faz representar pelos netos Davi, Érica e Paulo, que receberão os bens por direito próprio, na proporção de 1/3 para cada um deles (artigo 1834 do CCB). Não há que se falar em representação (artigo 1851 c/c 1811 do CCB), uma vez que todos os herdeiros são da classe dos descendentes e estão em uma relação de 2º grau em relação ao de cujus. 7) Marta, mãe de dois filhos, doou em 2002, para seu filho caçula 85% de seus bens, eximindo-o, no ato de liberalidade, de trazer os bens doados à colação. Teresa não adquiriu outros bens. Com a morte da doadora em abril, seu filho mais velho, se sentido prejudicado, moveu ação para reaver parcela do patrimônio da falecida, por ter ficado a massa patrimonial hereditária reduzida. Pergunta-se: a)É cabível o exercício desta pretensão? Responda fundamentadamente. R.:A doação de Marta é eivada de nulidade parcial. A uma, porque é considerada como doação inoficiosa, por exceder à cota que a doadora poderia dispor em testamento (art. 549). A duas, porque nada obsta que um dos filhos tenha direitos exclusivos sobre a cota disponível mas isto deve ser apontado no termo de doação ou no testamento, dispensando o donatário da colação (artigo 2005). OAB 2ª FASE 2011.2 – ESPELHO DO 1° SIMULADO Direito Civil Direito do Trabalho Fernanda Pimentel Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 30350105 7 O herdeiro donatário(filho caçula) deverá levar os bens à colação (artigo 2002) para conferir a cota recebida e naquilo que extrapolar os limites da cota disponível deverá restituir ao monte hereditário. Caso o bem não seja levado à colação, o herdeiro incorrerá na pena de sonegados e poderá perder a coisa recebida, nos termos do artigo 1992. Neste caso, poderá o herdeiro interessado (filho mais velho) ingressar com ação de sonegados, cuja competência será a prevista no artigo 96 do CPC para exigir o perdimento do bem pelo donatário. 8) João, viúvo, era pai de Bruno, Lúcio e Cláudio. Em um acidente de carro Cláudio veio falecer, deixando vivo seu filho José, neto de João. João faleceu um ano após a morte de Cláudio. Bruno, pai de dois filhos, falece um mês antes de seu pai, João. Pergunta-se: De que forma herdará Lúcio? Quem mais herdará e qual a natureza deste direito sucessório? R.: Inicialmente cabe destacar que de acordo com o artigo 1835, Lúcio herdará por direito próprio e por cabeça o correspondente a 1/3 dos bens de seu pai. José, filho de Cláudio, herdará por representação a cota que caberia a seu pai, pré-morto, na forma do artigo 1851 do CCB, cabendo-lhe também 1/3. Os dois filhos de Bruno também sucederão conforme a disposição do artigo 1851, recebendo por representação a cota que seria de seu pai. Caberá a cada um deles o montante de 1/6 da herança (Brunoreceberia 1/3, a ser dividido entre os dois filhos).
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