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Civil II Érica Bezerra Pereira Direito Direito das Obrigações ELEMENTOS (ESTRUTURA) 1. Subjetivo ou Pessoal: Credor e Devedor Credor (Ativo) – Sujeito (P. Natural ou Jurídica) que tem o direito de exigir (até mesmo pela esfera judicial) uma prestação do devedor. Devedor (Passivo) – Sujeito (P. Natural ou Jurídica) que tem a obrigação de realizar uma prestação em favor do credor. 1.1 Sujeito Determinado – Nesse caso sabe-se quem são os sujeitos da relação obrigacional. 1.2 Sujeito Indeterminado – Nesse caso não se sabe quem são os sujeitos da relação obrigacional. 1.3 Indeterminabilidade Subjetiva Passiva – Quando não se pode de antemão especificar quem é o devedor da obrigação. 1.4 Obrigação Ambulatória - Sempre que a indeterminabilidade de credor ou devedor participar do destino natural dos direitos oriundos da relação, como nas obrigações propter rem, será uma obrigação ambulatória. 1.5 Representantes – legais ou voluntários agem em nome e interesse de qualquer dos sujeitos da relação obrigacional (credor ou devedor), na forma da legislação em vigor. 1.6 Núncios – São meros transmissores da vontade do declarante. Simples mensageiros da vontade de outrem, sem interferirem. 2. Objetivo ou Material: Prestação e o Objeto da Prestação Consiste na Prestação de Dar, Fazer ou Não Fazer e também no Objeto da Prestação. 2.1 Ação Positiva – Dar ou fazer algo 2.2 Ação Negativa – Omissão do devedor 2.3 Objeto Direto (imediato) – é a própria prestação em si dar, fazer ou não fazer, a atuação do devedor. 2.4 Objeto Indireto (mediato) – é a própria coisa em si. Art. 104 do CC – O Objeto da Obrigação deve ser lícito, possível, determinado ou determinável. 3. Ideal, Imaterial ou Espiritual: Vínculo Jurídico O vínculo Jurídico Obrigacional que liga o Devedor ao Credor é composto de: Débito + Obrigação de Satisfazer o Débito = Vínculo Obrigacional O vínculo une o devedor ao credor, que consiste na obrigação do devedor em cumprir com as suas obrigações voluntariamente. Caso este não a cumpra pode o credor ajuizar uma ação para obrigar o patrimônio do devedor a quitar a dívida. FONTES As Fontes são o que dão origem as obrigações, vinculam o devedor ao credor. 1. Fonte Imediata ou Primária – Lei Ex: Pensão Alimentícia (Através da Lei faz-se a obrigação de prestas alimentos) 2. Fonte Mediata – Ato Jurídico em Sentido Estrito, o Negócio Jurídico (Contrato) e o Ato Ilícito derivam da lei. Ex: Pagar uma nota promissória (Fonte Mediata) é uma obrigação porque a lei (Fonte imediata) assim determinou. 2.1 Ato Jurídico em Sentido Estrito – ato humano que gera consequências previstas na lei, as consequências jurídicas não dependem da vontade da parte, não tem intenção negocial. Ex: Quem achar coisa alheia deverá devolver ao dono. (Art. 1233 do CC) Vai gerar uma Obrigação para aquele que achou: Obrigação de Dar (devolver a coisa ao dono). Achar algo alheio foi a fonte mediata pois fez nascer a obrigação, a lei (art.1233 do CC) foi a fonte imediata pois determinou a obrigação de devolver a coisa. 2.2 Negócio Jurídico – Fonte mais comum. Tem intenção negocial, fundamentado na autonomia Civil II Érica Bezerra Pereira Direito da vontade e que regulam interesses entre as partes. a) Contratos (compra e venda, doação, depósito, comodato e etc…) Ex: Contrato de Aluguel (Fonte Mediata). A Lei que obriga o pagamento do aluguel (Fonte Imediata). b) Atos Unilaterais da vontade (promessa de recompensa, gestão de negócios, testamento etc.) Ex: Promessa de Recompensa (Fonte Mediata). A lei que obriga o pagamento da recompensa (Fonte imediata) 2.3 Atos ilícitos – Atos que violam o direito da pessoa ou causam danos ao outro. Ex: Dirigir na contramão e colidir com outro veículo, com isso tenho a obrigação de pagar os prejuízos causados ao outro, gerou a obrigação de indenizar. O ato ilícito de dirigir na contramão é a Fonte Mediata. A lei que obriga a indenização do dano é a fonte imediata. FONTES NO DIREITO ROMANO 1.Contrato Avenças firmadas entre duas partes. 2.Quase Contratos Atos humanos lícitos, “camaradagem”. Ex: Viajar e pedir para que alguém cuide do seu imóvel. 3.Delito (agir dolosamente) Assumi e busca o resultado de cometer ato ilícito causando prejuízo a outem. 4.Quase delito (agir culposamente) Atos ilícitos realizado sem intenção. O agente atuou por meio de comportamento carregado de negligência, imprudência e imperícia. CLASSIFICAÇÃO MODERNA DAS FONTES 1. Atos Jurídicos Negociais Ex: Contrato, testamento, declarações unilaterais de vontade. 2. Atos Jurídicos não negociais Atos materiais ou participações, o simples comportamento humano produz efeitos na órbita do direito, sendo capaz de gerar obrigações a terceiros. 3. Atos ilícitos Deve-se atenção especial ao abuso de direito, do qual o artigo 187 do CC disserta sobre visto que tal conduta é considerado ato ilícito equiparado. O abuso de direito tem essa natureza devido ao fato de mesmo o indivíduo exercendo um direito a ele concedido, exerce-o de forma excessiva. FONTE DAS OBRIGAÇÕES NO CC DE 1916 1.Contrato 2.Declaração Unilateral de Vontade 3.O ato ilícito OBRIGAÇÕES DE DAR: PRESTAÇÃO Prestação é um comportamento satisfatório do interesse do credor. São ações positivas, pois exigem ação do devedor. 1. Obrigações de Dar Coisa Certa (VALIDO) Objeto Determinado é objeto certo (coisa certa) -Quantidade -Gênero -Qualidade 2. Obrigações de Dar Coisa Incerta (VALIDO) Objeto Determinável é objeto incerto (coisa incerta) -Quantidade -Gênero -Não tem qualidade ou a qualidade é insuficiente Obrigações de Dar: Entregar O devedor tem obrigação de entregar uma coisa e, assim, transferir o domínio (propriedade) dessa coisa para o Credor. Ex: Ao comprar o produto na Bemol, a empresa tem a obrigação de entregar. Obrigações de Dar: Restituir O devedor tem a obrigação de devolver uma coisa que já pertencia ao credor. (não há transferência de domínio) Civil II Érica Bezerra Pereira Direito Obrigações de Dar: Pagar Devedor tem a obrigação pecuniária, que é de pagar um valor para o credor ( que pode ter juros, multa, perdas e danos) Licitude da Prestação Implica o respeito aos limites impostos pelo direito e pela moral. Possibilidade da Prestação Para que seja considerada viável deverá ser física e juridicamente possível (realizável). Ex: Transferir herança de pessoa viva (impossibilidade jurídica) Impossibilidade originária (nulidade absoluta, não há possibilidade de prestação). Impossibilidade originária (poderá haver aproveitamento parcial da prestação, como a obrigação poderá ser integralmente extinta. Determinabilidade Possui inteira e determinadas características Concentração do Débito ou Concentração da Prestação Devida Instituto que determina a prestação e a coisa. Com a concentração do débito a coisa incerta vira coisa certa. Para cumprir com a obrigação a indeterminabilidade deve virar determinabilidade. MODALIDADES DAS PRESTAÇÕES 1. Prestações de fato (próprio ou de terceiro) Atividades do próprio devedor voltada a satisfação do débito. 2. Prestações de coisa (atual e futura) Consiste nas atividades de dar, entregar ou restituir. 3. Prestações instantâneas e contínuas As instantâneas são as que realizam em um só ato, como em valor á vista. As contínuas, ao longo do tempo, como no pagamento a prazo. ART. 233 CC – OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora nãomencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. 1. Acessórios Essa obrigação compreende também a obrigação de dar os acessórios dessa coisa certa. 2. Princípio da Gravitação Jurídica Determina que os acessórios seguem o bem principal. 3. Não abrangem as pertenças Ex: É obrigado a dar o carro que foi vendido com todos os acessórios, mas não com a cadeirinha de bebê pois não faz parte do carro. 4. Especificações do Contrato Ex: Ficou especificado em contrato que tiraria o som do carro vendido, ou seja, não há a obrigação de entregar o carro com som. ART. 234 CC – Perecimento da Coisa “A COISA PERECE PARA O DONO” (Perda Total ou deixou de existir) Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. Se a coisa se perder as consequências jurídicas dependerão se ocorreu com ou sem culpa do devedor. 1. Sem Culpa do devedor (antes da tradição ou pendente condição suspensiva) -O Devedor não tem responsabilidade -Extingui-se a obrigação para ambas as partes 2. Com Culpa do devedor (antes da tradição ou pendente condição suspensiva) -O Devedor tem responsabilidade -Deve o devedor ressarcir e indenizar o credor Deterioração da Coisa (Perda Parcial) ART. 235 CC – Sem Culpa Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. Sem Culpa (antes da tradição ou pendente condição suspensiva) -O Credor poderá não aceitar a coisa deteriorada e considerar extinta a obrigação -O Credor poderá aceitar a coisa deteriorada, abatido (ou receber) o valor que perdeu com a depreciação do bem ART. 236 CC – Com Culpa Civil II Érica Bezerra Pereira Direito Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. Com Culpa (antes da tradição ou pendente condição suspensiva) - O Credor poderá não aceitar a coisa deteriorada e pretender receber o equivalente + perdas e danos - O Credor poderá aceitar a coisa deteriorada + o valor da depreciação + perdas e danos. ART. 237 CC -Vantagens, Melhoramentos, Benfeitorias e Acréscimos ao bem principal Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Se antes da tradição o bem sofrer melhoramentos ou acréscimos: - O Devedor poderá exigir aumento no preço do bem - Se o Credor não aceitar o aumento no preço, p Devedor poderá resolver a obrigação. Parágrafo único do artigo 237: Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. Até a entrega do bem, os frutos percebidos (já colhidos) pertencem ao devedor. Após a entrega os frutos pendentes, pertencem ao credor. Frutos Pendentes – o fruto ainda ligado a coisa principal Frutos Percebidos – Colhido no momento do desligamento Estante – Colhido e armazenado Percipiendo – É o pendente que já deveria ter sido percebido, como aquele que apodrece no pé. Consumido – Colhido e consumido. Perda da Coisa a ser Restituída Sem Culpa Art. 238 (se perder antes da tradição) O Credor sofrerá a perda da coisa, e extingue-se a obrigação. Com Culpa Art. 239 (se perder antes da tradição) O Credor terá direito ao valor equivalente do bem, mais perdas e danos Deterioração da Coisa a ser Restituída Sem Culpa Art. 240 (se perder antes da tradição) O Credor deverá receber a coisa no estado em que se encontra, sem direito á indenização. Com Culpa Art. 239 e 240 (se perder antes da tradição) O Credor terá direito a: a) receber o valor equivalente do bem + perdas e danos b) receber o bem danificado + perdas e danos Melhoramentos da Coisa a ser Restituída Sem Culpa, Art. 241 do CC Sem a participação, despesa ou trabalho do devedor. O credor tera direito a coisa com seus melhoramentos sem pagar indenização ao devedor. Com Culpa, Art. 242 do CC Devedor de Boa-Fé Benfeitorias Necessárias -Direito a indenização -Direito de Retenção enquanto não for indenizado Benfeitorias úteis -Direito a Indenização -Direito de Retenção enquanto não for indenizado Benfeitorias Voluptuárias -Retirar sem detrimento do bem: O Credor escolherá se irá indenizar ou deixar o devedor levantar as benfeitorias Devedor de Má-Fé Benfeitorias Necessárias -Devedor tem direito a indenização -Devedor não tem direito de retenção Benfeitorias Úteis -Devedor não tem direito a indenização Benfeitorias Voluptuárias -Devedor não tem direito a indenização -Devedor não tem direito de levantar benfeitorias Frutos da Coisa a ser Restituída Devedor de Boa-Fé Frutos Percebidos Pertencem ao devedor Frutos Pendentes Pertencem ao credor os frutos que estavam pendentes quando terminou a boa-fé do devedor O Devedor deverá restituir ao credor os frutos pendentes somente após deduzidas as despesas de produção e custeio. Civil II Érica Bezerra Pereira Direito Frutos Percebidos com antecipação Pertencem ao credor e a ele devem ser devolvidos Nesse caso o credor deverá restituir ao devedor as despesas de produção e custeio. Devedor de Má-Fé Frutos já colhidos e percebidos -Pertencem sempre ao credor -O devedor deverá devolver os frutos ou indenizar o credor O Devedor terá direito a receber as despesas de produção e custeio Frutos que o devedor, por culpa sua, deixou de perceber -Pertenciam ao Credor -O devedor deverá indenizar o credor O Devedor terá o direito a receber as despesas de produção e custeio. ART. 243 CC – OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA -A coisa incerta não invalida o negócio jurídico. -Possui quantidade e gênero. Na obrigação de dar coisa incerta a escolha da coisa a ser entregue ao credor caberá ao devedor. O negócio jurídico poderá prever que a escolha da coisa a ser entregue caiba ao próprio credor ou a um terceiro, mas se o negócio jurídico não prever nada, a escolha caberá ao devedor. Se a escolha couber ao devedor, ele não será obrigado a dar a melhor coisa e nem poderá dar a pior coisa, obedecerá a qualidade média. Fazendo a escolha deverá deixar o credor ciente. Após a ciência do credor a obrigação de dar coisa incerta passará a ser de dar coisa certa. ART. 246 do CC - Perda ou Deterioração da Coisa Incerta O Gênero não perece. No caso de obrigação de dar coisa incerta, antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. OBRIGAÇÕES DE DAR DINHEIRO Obrigação pecuniária é obrigação de entregar dinheiro, ou seja, de solver dívida em dinheiro. Como ocorre no contrato de mutuo, em que o tomador do empréstimo obriga-se a devolver, dentro de determinado prazo, a importância levantada. De acordo com o do Código Civil art. 315 “as dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes”, que preveem a possibilidade de corrigi-lo monetariamente. A obrigação de quitar dívidas em dinheiro abrange além das dívidas pecuniárias (objeto uma prestação em dinheiro) e das dívidas de valor, as dívidas remuneratórias, representadas pelas prestações de juros. Os juros constituem, com efeito, remuneração pelo uso de capital alheio, que se expressa pelo pagamento, ao dono do capital, de quantiaproporcional ao seu valor e ao tempo de sua utilização.
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