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LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV DIREITO CIVIL V - FAMÍLIA Turma: D6Na Professora: Hosana Leandro de Souza Dall’ Orto E-mail: hosana.leandro@uvv.br Carlos Roberto Gonçalves - Direito Civil Vol. 6: Direito de Família; Maria Helena Diniz - Curso de Direito Civil Brasileiro V: Direito de Família; Cristiano Chaves de Farias - Curso de Direito Civil: Familia; SITE: http://www.ibdfam.org.br/ UNIDADE I O DIREITO DAS FAMÍLIAS: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIOS I- INTRODUÇÃO: A família é base e estrutura de uma sociedade que possibilita a continuidade biológica da sociedade. De acordo com a Professora é importante tratar de “direitos das famílias” uma vez que as famílias são diversas e oriundas de vários fatores sociais, cada qual com sua particularidade. II- CONCEITO: o direito de Família, ou mais precisamente, O DIREITO DAS FAMÍLIAS como a maioria da doutrina se utiliza por existir diversos tipos de famílias em um Estado democrático de direito, é um ramo do direito privado cujas normas irão tratar das relações pessoais e das relações patrimoniais existentes entre os membros de um núcleo familiar. Não há a presença direta do Estado como sujeito nessa relação, mas não se deve confundir com a sua natureza de ordem pública, pois não há uma disposição livre dos direitos pertencentes aos entes de uma família. III- NATUREZA: como visto, os direitos das famílias é um ramo do direito privado uma vez que sua codificação se encontra no Código Civil que trata das relações entre os indivíduos. Porém, em face do cumprimento do Estado de proteger a família e ordenar as normas que dela incidam o direitos das famílias dispõe de um acentuado domínio de normas imperativas - normas inderrogáveis que permitem direitos irrenunciáveis, daí seu perfil publicista, são chamadas de normas de interesse de ordem pública. IV- FUNÇÃO DA FAMÍLIA: a família tem a função de proteger e reunir direitos e deveres em um núcleo de indivíduos que possuem relações entre si, de afeto e intimidade, bem como, de preservar os direitos das personalidade, os direitos fundamentais e os direitos humanos de seus entes. E como visto, pela importância desses direitos, há a necessidade do Estado intervir para preservá-los a garanti-los. A) Direitos da Personalidade: Enunciado nº 274 Conselho de Justiça Federal: “os direitos da personalidade, regulados de maneira não exaustiva pelo CC, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no Art. 1º, III da CF”. B) Direitos Fundamentais: vetores principiológicos que orientam determinada comunidade, para a vida em sociedade e isso depende de cada tipo de sociedade, além de serem mudados com o decorrer do tempo. O direito das famílias é identificada a partir de três grandes eixos temáticos: I) Direito Matrimonial: cuida do casamento, sua celebração, efeitos, regime de bens, e sua dissolução, aplicando também às Uniões Estáveis; II) Direito Parental: volta-se para a filiação, adoção e relações de parentesco; III) Direito Protetivo ou Assistencial: inclui poder familiar, alimentos, pensão, tutela e curatela. V- CARACTERÍSTICAS: o direito das famílias, por estar voltado à pessoa, é personalíssimo - trata dos direitos inerentes de cada indivíduo dentro de um núcleo familiar. São direitos que possam até não ser exercidos mas não podem ser transmitidos nem renunciados. Por exemplo, ninguém pode ceder o poder de familiar ou renunciar o direito de pleitear o estado de filiação, por isso suas características, são: PERSONALÍSSIMO INTRANSMISSÍVEL IRREVOGÁVEL IRRENUNCIÁVEL INDISPONÍVEL IMPRESCRITÍVEL LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV VI- PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO DIREITO DE FAMÍLIA: A) Dignidade da Pessoa Humana: Art. 1º, III, CF / - EX: Art. 8º, CPC; - EX: súmula 364 do STJ (imóvel de solteiro como sendo um bem de família, impenhorável); - EX: Direito real de Habitação aplicado também a união estável; B) Princípio da Afetividade: é o princípio base do Direito de Família. O afeto é uma questão muito subjetiva se for parar para pensar como fator de medição para uma indenização por abandono afetivo. O afeto deve ser compreendido como interação entre duas pessoas + o amor entre elas, mas não necessariamente existe amor entre pessoas que possuem uma relação. O descuido ou desafeto atrelado a um dano é mais provável de se averiguar num caso concreto para uma indenização por abandono afetivo. → Desbiologização da paternidade: nada mais é do que o reconhecimento da paternidade afetiva, não necessariamente biológica, eis então o porquê do termo. Essa é uma grande inovação do Direito de Família haja vista a pluralidade estrutural e as transformações pelas quais vem passando a concepção de família. O conceito de família está mudando, pois já é sabido que a estrutura familiar constitui um "estar" de afetividade mútuo entre todos que a integram, abraçando, para tanto, a diversidade. Com isso fica mais claro o motivo da desbiologização e a concepção de paternidade socioafetiva. O art. 226 § 7º da Constituição Federal pôs fim à preeminência da paternidade biológica, trazendo a noção de paternidade responsável, ‘o direito da filiação não é somente o direito da filiação biológica, mas é também o direito da filiação vivida. PROVIMENTO 63/2017 CNJ: trata do registro de uma relação paterna-filial sem a necessidade de intervenção judicial, apenas realizada em cartório. Institui modelos únicos de certidão de nascimento, de casamento e de óbito, a serem adotadas pelos ofícios de registro civil das pessoas naturais, e dispõe sobre o reconhecimento voluntário e a averbação da paternidade e maternidade socioafetiva no Livro “A” e sobre o registro de nascimento e emissão da respectiva certidão dos filhos havidos por reprodução assistida. C) Princípio da Igualdade: é um princípio que atinge tanto o lado paterno quanto filial, sejam entre os cônjuges/ companheiros e os filhos (Art. 5º, CF). O princípio traz a ideia de que todos possuem igualdade em um núcleo familiar, não há qualquer diferença de tratamento entre os membros e principalmente a relação entre os pais e filhos. OBS¹: filhos havidos por inseminação artificial heteróloga? Não há porque aplicar este princípio. OBS²: filhos havidos por uma relação não conjugal? → Art. 53, I do CPC (pois o fim do foro privilegiado da mulher): antes o CPC tratava que o foro onde era realizado a separação do casal deveria ser onde a mulher morava. Hoje, a regra principal é mais ampla: I) domicílio do guardião; II) último domicílio do casal; III) ou no domicílio do réu. D) Princípio do Pluralismo das Entidades Familiares: Art. 226, CF - todo o agrupamento de pessoas que esteja pautado em relações afetivas deve ser entendida como família. A jurisprudência já possui o entendimento pacífico de que a CF possui um rol exemplificativo em seus artigos que tratam de família (Art. 266 e seguintes) abrangendo todos os tipos e nuâncias do que venha a ser entendido como família. A família hoje, é entendida como composta por qualquersujeito(s) bastando existir vínculo de amor e afeto. E) Princípio da Solidariedade Familiar: Art. 3º, I, CF, esse princípio explica muitas regras no Direito de Família onde todos os parentes são solidários entre si no tocante a se responsabilizar pelos demais. De acordo com Flávio Tartuce é o “ato humanitário de responder pelo outro, de preocupar-se e de cuidar da outra pessoa”. Esse conceito de solidariedade se amplia a todos os cidadãos e não somente a um núcleo familiar, toda a sociedade possui responsabilidade de solidarizar-se perante o outro (ex: denúncia de maus tratos à criança, violência doméstica). → STJ [1994]: Reconhecimento do direito de pensão alimentícia na União Estável rompida antes de 1994. Havia a necessidade de regulamentação acerca da União estável, principalmente sobre a pensão devida ao outro companheiro. Assim, surgiu uma regulamentação em 1994 do STJ que trata do assunto. O ex-companheiro, assim como um ex-cônjuge têm direitos a pensão alimentícia após o término da relação? Sim, mesmo antes ou depois desse período uma união estável deve ser amparada pelos mesmos tratamentos de uma LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV relação entre cônjuges, assim deverá entre os ex-companheiros a pensão alimentícia. → Manutenção da Pensão após a maioridade civil: a pensão pode ou não ser mantida dependendo de cada relação entre os pais e o filho. Não há uma idade mínima nem máxima, poderá haver do filho necessitar do auxílio dos pais, ou então que venha a comprovar sua subsistência de forma autônoma (emancipação), sem haver necessidade ou auxílio de ambos os pais. Um exemplo diferente seria se o filho já casado continua a receber pensão dos pais, neste caso, os pais podem exonerar-se da obrigação, uma vez que o núcleo de solidariedade agora deve ser, primeiramente, mantido entre os novos cônjuges. F) Princípio da Não Intervenção ou Princípio da Liberdade: seria a não intervenção Estatal do Estado sob as famílias. O objetivo é em proibir a intervenção estatal ou privada COATIVAMENTE nas relações familiares. Esse princípio dependendo de onde é aplicado pode ser relativizado, por exemplo, no Brasil que possui um maior número da sociedade com baixa renda e maiores necessidades físicas e econômicas, é interessante o incentivo público do Estado através de políticas públicas e campanhas de natalidade, sexual, conscientização, educacional e social, etc. Não se pode pensar somente no núcleo familiar, esse princípio é abrangido de forma social. Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. → EX: lei da palmada (lei nº 13.010/2014). G) Princípio da Monogamia: será que a monogamia seja um princípio dos direitos de famílias? Ou apenas uma característica do instituto jurídico casamento? O princípio é um vetor ou forma de amparo à aplicabilidade de certas regras, já uma característica se enquadra mais por ser algo pronto e conceituado. Não há uma resposta pronta, pois hoje em dia a sociedade se encontra em mudanças cada vez mais rígidas e rápidas, diversas formas de família, relações e modos de vida, por isso os entendimentos são diversos, e entender que a monogamia é um princípio concreto e já aceito é perigoso para o Direito. → EX: Uniões simultâneas ou paralelas. → EX: Uniões poliafetivas. No brasil houve o primeiro caso de registro/ lavratura de união poliafetiva. → EX: bigamia (Art. 235, CP). H) Princípio Integral da Criança, adolescentes e idosos: são indivíduos com maior grau de vulnerabilidade dentro de uma relação familiar, por isso uma maior preocupação do Estado. Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. ● PRINCÍPIOS X REGRAS: princípios são mandados de otimização que devem ser aplicados na maior medida do possível; Já as regras são normas que devem ser cumpridas, exatamente como estão redigidas, na forma do tudo ou nada. ● COLISÃO ENTRE PRINCÍPIOS: deve haver uma ponderação, de modo a encontrar o conteúdo e o grau de aplicabilidade de cada princípio. É no caso concreto que essa ponderação irá ocorrer. EX: direito do menor X direito do idoso (alimentos devidos por avós)/ direito de liberdade do genitor X direito do menor (indenização por abandono afetivo). LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV UNIDADE II O CASAMENTO I- CONCEITO → CONTRATO: o casamento para o Direito é um “contrato” realizado por particulares com anuências e manifestações de vontades - é o ato mais solene e formal de todo ordenamento jurídico, seja um contrato atípico ou peculiar, o casamento jamais pode se comparar aos outros tipos de contratos do CC. Casamento tanto significa um ato de celebração do matrimônio como uma relação jurídica que dela se origina uma relação matrimonial. O ato do casamento cria um vínculo entre os nubentes que passam a desfrutar do estado de casados. II- CARACTERÍSTICAS: A) LIBERDADE: é um contrato com liberdade de escolha, de rito, de formalidade, e liberalidade de com quem irá celebrar, pode ser realizado por qualquer pessoa a qualquer outra, desde que maior de 18 anos. O casamento deve ser realizado sem vícios de consentimento e que a manifestação da vontade da pessoa deve ser livre e espontânea, sem qualquer tipo de erro, coação. B) MONOGAMIA: o nosso direito atual só permite um casamento por vez e com uma única pessoa. C) DIVERSIDADE DE SEXOS: ainda em nosso ordenamento jurídico é permitido somente o casamento entre duas pessoas de sexos distintos (homem e mulher), porém é certo que devemos entender que, enquanto a lei não atribui o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a jurisprudência desde 2011 se manteve a favor da união homossexual. - Resolução 175/2013 (CNJ): Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo. Art. 2º A recusa prevista no artigo 1º implicará a imediata comunicação ao respectivo juiz corregedor para as providências cabíveis. - ADI 4.277 e ADPF 132 (STF) de 2011: estas ações constitucionais possuem efeitos vinculantes então todos os demais órgãos devem seguir, mas pode existir cartórios de interiores que proíbam a certidão ou aceitação de um casamento entre pessoas do mesmo sexo. D) ATO SOLENE: Via de regra os contratos são informais, mas o casamento é formal. é o principal contrato do código civil que possui solenidade. O Estado controla os casamentos através dessa ritualidade e publicidade dos atos, assim é necessário que seja um ato solene e público a fim de dar maior segurança jurídica, seja quanto aos cônjuges, seja perante terceiros que celebrem contratos com um dos cônjuges. Além disso, o casamento têm efeitos patrimoniais, econômicos, sucessórios, etc. E) PODE SER GRATUITO:em regra o casamento e um ato oneroso, mas existem formas de procedimentos gratuitos, por exemplo, os realizados coletivamente pela Defensoria Pública. III- PRESSUPOSTOS: A) VONTADE: o casamento é um contrato de manifestação de vontade livre e espontânea. B) PROCEDIMENTOS: observância dos procedimentos pautados na legislação. IV- ESPÉCIES DE CASAMENTOS: 1) CASAMENTO CIVIL: é aquela celebração ou ato formal realizado perante um oficial do Cartório de Registro Civil. Trata-se de um ato solene levado a efeito por um celebrante e na presença de testemunhas, nas dependências do cartório ou em outro local. 2) CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS: o casamento religioso só possui os efeitos civis se respeitado os preceitos legais do Código Civil (Art. 1.515 e 1.516) possuindo a mesma eficácia do casamento civil. é suficiente proceder o registro do matrimônio perante um ministro de Deus (padre, diáconos, pastores, etc). A validade do casamento religioso está condicionada à habilitação que pode ser realizada antes ou depois do ato de celebração. A produção dos efeitos legais do casamento religioso pode ser realizada a qualquer tempo, desde que precedido a habilitação e o registro, ainda que posteriormente, os efeitos civil retroagem (ex tunc) à data da celebração. Art. 226, CF - § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV Art. 1.515, CC. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração. Art. 1.516, CC. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. § 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação. § 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532. § 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil. 3) CASAMENTO POR PROCURAÇÃO: embora não seja razoável tratar como uma espécie de casamento, é na realidade uma forma de se casar, e como o próprio nome diz, é aquele ato realizado por procuração onde um mandatário outorga por instrumento público seus poderes para que um terceiro realize os atos específicos em seu nome. num prazo de 90 dias. Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais. § 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos. 4) CASAMENTO NUNCUPATIVO OU IN EXTREMIS: seria o casamento realizado quando um dos nubentes se encontra em iminente risco de vida. Em face da urgência é possível o casamento ser realizado sem a presença de um Juiz de Paz, e sem prévia habilitação. Ou seja, não é necessário nenhuma formalidade legal, basta a presença de 6 testemunhas que não tenham parentesco com o casal (em linha reta ou colateral até 2º grau). No prazo de 10 dias as testemunhas devem confirmar o casamento perante uma autoridade judicial, que antes de proceder o casamento deve realizar uma investigação acerca do caso. Todo esse procedimento pode ser dispensável se o enfermo puder comparecer ratificando o casamento na presença da autoridade. Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de: I - que foram convocadas por parte do enfermo; II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher. § 1o Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze dias. § 2o Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às partes. § 3o Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos. § 4o O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração. § 5o Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro. LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV 5) CASAMENTO PUTATIVO: é uma exceção sobre a validade do casamento, que mesmo nulo ou anulável, poderá produzir seus efeitos jurídicos pois fora contraído de boa-fé. Nessa hipótese deverá haver uma análise bem minuciosa do Estado em cada caso in concreto, mas que não deve ser realizada de forma abrangente. O casamento putativo só produz efeitos com relação ao cônjuge que agiu de boa-fé, no período da data da celebração até o trânsito em julgado da sentença que o desconstituiu. Assim ao cônjuge de boa-fé a sentença tem efeitos ex-nunc, ou seja, não retroage nem à data do casamento, nem da sentença. Para ele o casamento se desfaz no exato momento que a sentença de nulidade ou anulação transita em julgado. Quanto ao cônjuge que agiu de má-fé os efeitos são ex-tunc, pois ele tinha ciência da causa nulificante do casamento. Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. § 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. § 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão. 6) CASAMENTO CONSULAR: é o casamento realizado por brasileiros fora do país celebrado perante uma autoridade brasileira, contentando-se com os efeitos jurídicos desse casamento que toma efeitos no Brasil. Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, peranteas respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir. Assim, os requisitos de um casamento consular são: ● Estarem os nubentes fisicamente fora do país; ● Realizado por uma Autoridade ou Cônsule Brasileiro; ● Possibilidade de Registro em 180 dias a ser contados a partir do momento que 1 ou ambos retornem ao Brasil mesmo que à passeio ou de férias. Se caso perder o prazo, deverá abrir um outro procedimento específico em reconhecer um ato nacional em plano internacional. O registro será feito no cartório de domicílio dos nubentes ou, se não tiverem domicílio certo no 1º Ofício da capital do Estado onde passarem a residir. V- FASE DE ESPONSAIS: A QUEBRA GERA ALGUMA RESPONSABILIDADE? esponsais no Direito são os noivados, e essa fase do casal mesmo anterior ao casamento reflete direitos e obrigações aos nubentes e consequentemente pode gerar efeitos jurídicos, principalmente na “quebra” ou término do noivado, pois acarreta responsabilidade civil. O noivado é um pré-contrato com uma proposta de casamento entre os futuros cônjuges, assim vinculam diretamente os proponentes. Isso é uma regra trazida da Teoria Geral dos Contratos, onde a fase pré-contratual de iniciação de propostas vincula diretamente o preposto (aquele que deseja contratar). Isso, igualmente ocorre na fase pré-contratual de consumo, ou melhor fase de oferta. Assim, a pessoa que gerar danos ao outro nessa fase pré-contratual poderá vir a se responsabilizar civilmente por danos morais e materiais, isso porque toda preparação de um casamento gera custos e despesas principalmente quando também houver festividades. Art. 186, CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. VI- DA CAPACIDADE CIVIL: a maioridade civil acontece aos 18 anos de idade, a partir dela é livremente possível se casar e escolher o regime de bens. Mas é permitido o casamento a partir dos 16 anos, desde que com autorização - essa idade para o Direito Civil é chamada de IDADE NÚBIL, antes dessa idade o casamento é proibido. Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. Art. 1.631 - Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código. [Lei 13.811/2019] LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV < 16 ANOS: são proibidos de casar porque para o Direito Civil são menores incapazes. Houve em 2019 uma lei nova [Lei 13.811/2019] que revogou 2 antigas exceções acerca da possibilidade de um menor de 16 anos se casar, quando: I) em caso de evitar imposição ou cumprimento de pena criminal; II) ou em caso de gravidez. Porém, como foi revogado, atualmente não há nenhuma restrição acerca do assunto, concluindo que: MENOR DE 16 ANOS É PROIBIDO CASAR!. Essa nova lei é surgiu em consequência de dados e informações já consolidadas de que o Brasil é 4º país com maior número de casamentos com menor de idade. 16 < 18 ANOS: são os indivíduos relativamente incapazes (Art. 4º, CC) e precisam ser assistidas para os atos da vida civil, devendo haver a autorização de ambos os responsáveis legais ou de seus representantes legais. Em caso de divergência ou recusa dos responsáveis, o Art. 1.519, do CC prevê a substituição por autorização judicial. Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz. > 18 ANOS: o maior de dezoito anos, desde que espontânea e sem vícios seu consentimento é livre para poder casar com quem desejar. OBS: Lei 13.146/2015 (Art. 6º) - O Estatuto da Pessoa com Deficiência trata ampliou os entendimentos acerca dos direitos dos sujeitos deficientes físicos e mentais são considerados plenamente capazes de casar-se, e excepcionalmente são considerados sujeitos incapazes. < 16 ANOS: NÃO É PERMITIDO CASAR! 16 < 18 ANOS: AUTORIZAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS! < 18 ANOS: LIVRE PARA SE CASAR! VII- DOS IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS: ○ OBS¹: IMPEDIMENTO ⇌ INCAPACIDADE: incapaz diz respeito à pessoa, como por exemplo o menor de 16 anos ou qualquer um que tenha sua manifestação de vontade viciada ou não podendo exercê-la momentaneamente (enfermo, deficiente, etc), já o impedimento é tratado no rol do Art. 1.521, CC. A pessoa pode ser plenamente capaz mas estar impedida para aquele casamento específico. ○ OBS²: A única exceção são as pessoas separadas de fato - são ex-cônjuges que são casados civilmente mas não vivem mais juntos. Neste caso, a pessoa por força da lei está autorizada a adquirir uma união estável, mas não a um novo casamento civil pois seria bigamia. SEPARADOS DE FATO → UNIÃO ESTÁVEL 🔺 SEPARADOS DE FATO X CASAMENTO = BIGAMIA A) HIPÓTESES DO ART. 1.521, CC: são hipóteses que incidem tanto no casamento quanto nas uniões estáveis. Entre os impedimentos encontrados no artigo, encontra-se uma causa de incapacidade absoluta para o casamento, das pessoas casadas (inciso VI), as demais tratam dos impedimentos referentes ao parentesco (inciso I a V) I- Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil: seria a proibição do casamento entre pais e filhos (ascendentes com descendentes), bem como o de sogros genros ou noras (parentes afins em linha reta). e entre irmãos (filhos de pais comuns ou não). ○ OBS: → INCESTO: O incesto seria a relação entre o ascendente com um descendente em linha reta, qualquer que seja o grau entre estes parentes. Por exemplo, a mãe da cônjuge é ascendente em linha reta de primeiro grau, bem como o filho da cônjuge é descendente em linha reta de primeiro grau e assim sucessivamente. II- Os afins em linha reta: são os parentes que se passam a ser considerados por afinidade pós-casamento. Segue o mesmo raciocínio do primeiro, por exemplo, a sogra do marido é parente por afinidade em ascendência em linha reta de sua mulher. Para fins de impedimento, o parentesco por afinidade em linha reta não se extingue com o divórcio nem a dissolução da união estável. III- O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante: seria o mesmo raciocínio do inciso I. O Adotante não pode se casar com o genro ou nora de seu filho ou filha adotado, e o mesmo de baixo pra cima em linha reta de adoção. LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV IV- Os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive: são os irmãos por parte de pai ou mãe que não podem se casar. Os irmãos unilaterais são os de um pai ou mãe, já os bilaterais são os filhos do pai ou mãe com outra pessoa. Os demais irmãos colaterais em linhareta até o terceiro grau são, por exemplo, as relações entre irmãos, tios, primos. Se analisado uma árvore onde o primeiro grau é um casal com filhos e netos--> O casal é o primeiro grau, fruto dos pais; os irmãos, filhos do casal, são de 2º grau; os tios e sobrinhos são de 3º grau e os primos são de 4º grau. V- O adotado com o filho do adotante; obviamente que o filho adotado não pode casar com o filho legítimo de seu novo pai, pois são considerados irmãos. VI- As pessoas casadas; bigamia (Art. 235 CP) - reforça a ideia de que o casamento no direito brasileiro é monogâmico; VII- O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte: é uma regra muito mais moralmente imposta do que formal, seria o impedimento do casamento entre a pessoa com o sujeito criminoso que deu causa a morte do cônjuge daquela, mas que seja por um crime doloso. Note que a lei diz “cônjuge sobreviente”, ou seja, o impedimento só tem lugar nos casos de viuvez. Assim, quem se divorcia poderá casar com o autor do crime de tentativa de homicídio do seu ex-cônjuge (???) - lei omissa. Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes. Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem. Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente. Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. § 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. § 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. B) CONSEQUÊNCIAS DO IMPEDIMENTO: quando houver qualquer tipo de impedimento para o Direito Civil brasileiro o casamento é nulo de pleno direito sem qualquer efeito jurídico - nulidade imediata do casamento. Esse mesmo efeito também repercute às Uniões Estáveis. Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: II - por infringência de impedimento. C) OPOSIÇÃO ANTES DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO: a pessoa que toma ciência de qualquer impedimento antes da celebração do casamento poderá provocar o Estado com uma declaração de oposição. Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo. D) OPOSIÇÃO APÓS A CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO: após a celebração do casamento poderá haver uma declaração de nulidade pois o casamento já foi celebrado, assim os atos já realizados são nulos por efeitos retroativos - ex tunc. Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público. LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV VIII- DAS HIPÓTESES DE SUSPENSÃO DO CASAMENTO: pelo simples fato da lei expressar “não devem casar”, a suspensão são hipóteses trazidas pelo legislador em que não há proibição, mas apenas um alarde ou recomendação de que não se devem casar. Segundo Maria Berenice deveria chamar-se de “causas restritivas”. ○ OBS: nenhum desses impedimentos veda a celebração do matrimônio. Desatendido as restrições o casamento não é nulo e nem anulável, as sequelas são estritamente na ordem patrimonial de penalização - indenização, já que é imposto o regime de separação de bens (Art. 1.641, I). ○ CONSEQUÊNCIA: A consequência destas hipóteses de suspensão é somente adquirir um novo casamento sob regime de separação total de bens ou que seja realizado uma autorização judicial para tornar válido esse novo casamento. Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; Art. 1.523 - Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins. ● INCISOS (I); (III) e (IV): fica evidenciado o intuito de evitar a confusão patrimonial; ● INCISO (II): com o fim de evitar a turbatio sanguinis (confusão sanguínea) sobre algum filho fruto da relação da viúva ou do divórcio. IX- DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO: Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos: I - certidão de nascimento ou documento equivalente; II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra; III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar; IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos; V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio. Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público. Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz. A) AUTORIZAÇÃO SE MENOR DE 18 E MAIOR DE 16 ANOS: é necessário a autorização por escrito dos pais do menor ou de seus representantes legais ou de uma decisão judicial que supre o consentimento. B) DECLARAÇÃO DE 2 TESTEMUNHAS: deve existir uma declaração feita por duas pessoas testemunhas,geralmente, já formalizados por modelo pelos cartórios onde darão uma declaração de que conhecem os LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV nubentes e estão livres de qualquer impedimento para se casar. C) DECLARAÇÃO DOS NUBENTES: apesar da lei dizer que a habilitação deva ser feita pessoalmente, é autorizado que seja feita por procuração com poderes específicos. Seria uma declaração por escrito dada por ambos os nubentes ao cartório que desejam realizar o casamento. Trata-se de um formulário requerendo a habilitação, no qual os nubentes declaram o respectivo domicílio seus e de seus pais, se houverem ou se forem conhecidos é claro.. D) CERTIDÕES: Ambos devem apresentar a certidão de nascimento, ou em caso de divórcio ou viuvez, a certidão do casamento ou de óbito onde consta a viuvez ou de divórcio. 1º FASE: REQUERIMENTO E APRESENTAÇÃO DOS DOCUMENTOS DO ART. 1.525, CC; 2º FASE: PUBLICAÇÃO DOS EDITAIS DE PROCLAMAS: após acolhido todos os documentos e o Oficial verifica a inexistência de fatos impeditivos, é feita uma publicação do EDITAL DE PROCLAMA np próprio cartório de domicílio dos nubentes afixado por 15 dias podendo ser feita em uma plataforma digital em sessão própria, chamado de “editais de proclamas”, ou mesmo em na imprensa, em jornais regionais que permitem a vinculação desses assuntos (geralmente quando se trata de pequenas cidades). O edital possui o objetivo de tornar pública essa intenção dos noivos, pois caso exista alguma causa de impedimento as pessoas tomem ciência para oporem sobre sobre o fato. Após passado esses 15 dias é feito o registro do casamento. Se houverem denúncias de causas de impedimento ou de suspensão (mediante denúncia escrita e com provas) o Oficial do cartório deverá dar ciências aos nubentes do fato, oportunizando à eles, a contraprova. Se houver qualquer má-fé do denunciante é possível qualquer dos nubentes impetrar ação civil ou criminal contra ele. Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver. Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação. Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens. Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas. Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu. Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé. 3º FASE: REGISTRO: após passado os 15 dias os noivos são declarados como cônjuges casados civilmente e com isso possuem a autorização e habilitação para casar-se e realizar a celebração de cerimônia com um prazo máximo de 90 dias para a realização. Se esse prazo for transcorrido o casal deverá reaver tudo novamente, pois perde a validade. 4º FASE: LAVRATURA DA CERTIDÃO DE CASAMENTO: após o registro de casamento o cartório emite/ lavra a certidão de casamento, geralmente é dado no mesmo momento em que são levados os documentos do Art. 1.525. Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527 e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação. Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado. → OBS: DISPENSA DO PROCEDIMENTO DE HABILITAÇÃO [CASAMENTO NUNCUPATIVO]: é uma exceção com a possibilidade do casamento ser realizado independentemente da observância formal do processo de habilitação. O casamento nuncupativo, como antes falado é aquele onde um dos cônjuges corre se encontra em iminente perigo e risco de vida. Se por acaso o indivíduo vir a melhorar de saúde basta que confirme os atos já praticados para não cancelar o registro. LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV X- DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO: o casamento é um rito de passagem para o estado de casado - é um ato solene, cercado de rigor formal. Sua celebração é gratuita, realizado por um Juiz de Paz, competência outorgado pela CF (Art. 98, II), em dia, local, hora anteriormente designados. Art. 1.533. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531. Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular. § 1o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato. § 2o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever. Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados”. A) LOCAL PÚBLICO OU PRIVADO: a solenidade é realizada nas dependências do Cartório de Registro Civil, mas pode ocorrer em outro local mediante autorização do celebrante. Por ser solenidade pública, esses ambientes, tanto o público quanto o privado, devem estarem de “portas abertas” com o fim de garantir o acesso de quaisquer indivíduos para que consequentemente facilite a arguição de impedimentos ou suspensões ao casamento. B) PRESENÇA: deve haver a I) Presença dos Nubentes ou procurador com os poderes especiais ao ato quando não os noivos não puderem estar fisicamente no local; II) Presença da Autoridade Celebrante (Juiz de Paz); III) Presença de pelo menos 2 Testemunhas e do Oficial do Registro; C) MOMENTO DA CELEBRAÇÃO: O casamento é o contrato mais formal do Código Civil, e por sua vez obriga certas formalidades, inclusive as palavras a serem ditas. Sempre se discutiu em que momento o casamento toma eficácia e se realiza oficialmente, apesar das divergências predomina o entendimento de que o casamento se perfecciona no momento da confirmação das partes com sua aquiescência em se casar - vontade livre e espontânea e sem qualquer vício de consentimento. Inclusive no próprio artigo há uma parte separada que deve ser lida pelo tabelião como ato formal. D) LAVRATURA DO ASSENTO: após a celebração é lavrado o assento no livro de registro civil das pessoas naturais, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges,testemunhas e o oficial de registro, devendo constar a qualificação dos recém-casados, de seus pais e testemunhas, além dos dados relativos à habilitação e ao regime de bens. Também é anotado o nome em que os cônjuges passarão a utilizar. E) FINALIDADE CERTIFICATÓRIA: o registro de casamento junto com sua certidão tem o condão certificatório, serve como prova de sua celebração. XI- DA INVALIDADE DO CASAMENTO: O código civil e a Doutrina ordena a validade do casamento em duas hipóteses-de NULIDADE ABSOLUTA ou NULIDADE RELATIVA (anulabilidade): A) HIPÓTESES DE NULIDADE ABSOLUTA: As hipóteses de nulidade de um casamento são as causas de impedimento. Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: II - por infringência de impedimento. Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público. Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado. LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV B) HIPÓTESES DE NULIDADE RELATIVA (OU ANULABILIDADE): quando o casamento é celebrado ferindo apenas o interesse de quem o Estado tem o dever de proteger, pois considerá-lo hipossuficiente, a reação do ordenamento jurídico é mais moderada. Como não há ameaça à ordem pública, dispõe as partes da possibilidade de intentar ação anulatória, pois ao legislador é indiferente a sobrevivência do casamento. São hipóteses que tratam dos vícios do casamento e interessam apenas às partes naquela relação (interesses privados), diferente das causas de nulidade plena (interesse coletivo), pois afeta a ordem pública e toda coletividade noutro viés. Art. 1.550. É anulável o casamento: I - de quem não completou a idade mínima para casar; II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; VI - por incompetência da autoridade celebrante. § 1o. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. § 2o A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador. I - De quem não completou a idade mínima para casar: são os menores de 16 anos de idade (idade núbil) que são, pelo ordenamento, tidos como absolutamente incapazes de exercer atos da vida civil sob pena de nulidade absoluta do negócio jurídico. No entanto, se ocorre o casamento, ele não é nulo, mas somente anulável. Com o advento da Lei 13.811/2019 “Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil”, assim o disposto no Art. 1.551 e seguintes perde a sua razão de ser. Portanto, hoje, o menor de 16 anos não pode se casar, e se ocorrer o casamento é anulado. Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez. I - pelo próprio cônjuge menor; II - por seus representantes legais; III - por seus ascendentes. ● OBS: vale ressaltar que, anulado o casamento, retorna a incapacidade de absolutamente incapaz do nubente menor de idade. Como o casamento desapareceu, o seu efeito emancipatório também desaparece. II - Do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; ainda que tenham a idade núbil, deve se haver a autorização de seus pais ou responsáveis legais (Art. 1.517, CC). Se realizado o casamento sem a devida autorização, pelo prazo de 180 dias contados a partir do momento em que o menor completar a idade núbil se proposta por ele; a partir da data da celebração se proposta pelos representantes; ou a partir da data da sua morte se proposta pelos seus herdeiros e sucessores. Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessários. § 1o O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz. § 2o Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação. III - Por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558: trata dos casos de vício no consentimento de um dos nubentes, desde que seja quanto a erro essencial. O prazo para propor ação anulatória do casamento é de três anos a contar da data da celebração do casamento. Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado. III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares. As hipóteses todas dizem respeito aos atos e fatos anteriores ao casamento, ignorados pelo outro, e que, ao serem conhecidas, tornam insuportável a vida em comum. Para que o erro essencial seja reconhecido é necessário a presença de três requisitos: I) que a circunstância ignorada por um dos cônjuges preexista ao casamento (se o crime é praticado depois do enlace, ou a doença advém depois das núpcias, inocorre vício de consentimento; II) que a descoberta da verdade seja subsequente ao matrimônio; III) que tal fato torne intolerável/ insuportável a vida de casados. ● OBS¹: Virgindade? a ausência de virgindade da noiva, desconhecida pelo marido, como fato de desejo deste, não é considerado mais causa de pedido de anulação de casamento; ● OBS²: Impotência Coeundi (sexual) ou ImpotênciaGenerandi (estéril, infértil): também não são causas de anulação de casamento reconhecido pela jurisprudência. Para quem não consegue conviver com esses “defeitos”, a única solução é o divórcio, que não precisa de qualquer justificativa; ● OBS³: Homossexualidade: descobrir posteriormente que um dos cônjuges é “gay” não enseja anulação do casamento. Muito menos a ausência de relação sexual, até porque não existe um “débito conjugal” na relação, a impor a prática sexual no casamento. IV - Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento: prazo de 180 dias a contar da data da celebração do casamento. V - Realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges: o prazo será de 180 dias. Se o cônjuge revoga a procuração e voltarem a conviver e decide posteriormente anular o casamento, por a coabitação é entendida como uma ratificação do casamento. Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar a anulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557. VI - Por incompetência da autoridade celebrante: Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de: I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550; II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante; III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557; IV - quatro anos, se houver coação. § 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes. § 2o Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do casamento é de cento e oitenta dias, a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração. LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV NULIDADE DO CASAMENTO ANULAÇÃO DO CASAMENTO - Interesses Coletivos: são de ordem pública e afetam toda a coletividade; - Irratificáveis: os noivos não podem confirmar um casamento sob qualquer impedimento, pois seus efeitos jurídicos não possui qualquer validade; - Imprescritível: as hipóteses de nulidade não incide qualquer prazo, assim, qualquer causa de impedimento pode ser apresentado a qualquer tempo, por isso imprescritível; - Sem efeitos Jurídicos: A sentença de declaração de nulidade do casamento produz efeitos ex-tunc (retroagem a data da celebração - Art. 1.563, CC). - Interesses Privados: referem somente as partes da relação conjugal; - Ratificáveis: podem ser confirmados pelas partes desde que respeitado os prazos de prescritibilidade (Art. 1.560, CC); - Prescritíveis: as hipóteses de anulação do casamento incidem prazos, assim, qualquer causa depende do prazo prescricional; - Com Efeitos Jurídicos: A declaração de anulabilidade do casamento produz efeitos dali em diante ex-nunc. XII- EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO: tanto para as pessoas reunidas na relação quanto a terceiros, seja a sociedade e afins. A) EFEITOS SOCIAIS: um dos efeitos sociais oriundos do casamento é o sobrenome de casados. - Possibilidade de Sobrenome: a lei de registros públicos prevê a alteração do nome dos nubentes pós-casamento, acrescentando o sobrenome do cônjuge ou não, se assim desejarem. Tanto a mulher quanto o homem podem acrescentar o nome do cônjuge, embora haja uma “cultura” em que a mulher assume o sobrenome do marido, mas não há regra, não há nenhuma regra acerca do tema, bem como, não é obrigado assumir o sobrenome. Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. § 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. § 2o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas. ● OBS: Assim como no casamento, no divórcio não há nenhuma restrição legal da possibilidade de retirar o sobrenome do ex-cônjuge, até porque para certas pessoas é um “peso” carregar em seu nome o sobrenome de um ex-companheiro. B) EFEITOS PATRIMONIAIS: pelo efeito patrimonial vigente desta relação matrimonial qualquer alienação dos bens do casal necessita da anuência ou mesmo da participação do outro cônjuge (EX: fiança; regime de bens). C) EFEITOS PESSOAIS: Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio conjugal; III - mútua assistência; IV - sustento, guarda e educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos. INCISO I- em tese, a infidelidade pode sim gerar uma dano e consequentemente uma responsabilidade civil. INCISO II- não necessariamente deve existir a coabitação, pois hoje existe uma pluralidade de modos de vida. Por exemplo, a união estável não necessita da coabitação dos companheiros. INCISO III- ambos os cônjuges devem entre si assistência (como pensão, alimentos, etc.) INCISO IV- de acordo com a doutrina este inciso está “equivocadamente” posicionado, isso porque o cuidado e guarda dos filhos não decorre do efeitos do casamento, mas da filiação - são efeitos decorrente dos poderes e deveres LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV dos pais. Até porque, muitos genitores após divórcio se afastam materialmente de seus filhos como se fosse uma obrigação apenas daquele casamento, que se “extingue”, mas isso é extremamente indigno de ser. INCISO V- seria um dever global, que abrange todos os demais. UNIDADE III UNIÃO ESTÁVEL I- CONCEITO: Foi a CF/88 que elevou o instituto da União estável ao status de entidade familiar, assim como a família consequência do casamento e a família monoparental. → O STF trata que os efeitos do casamento são equiparados às Uniões Estáveis como um entendimento geral, pois seria inconstitucional distingui-las. Art. 226, § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. § 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. § 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável. → OBS: As causas suspensivas não se aplicam a união estável, não caracterizam suspensão, conforme artigo 1.723, § 2º. II- “CONCUBINATO?”: Antes da CF/88 essas uniões de “concubinato”, era uma forma de família pejorativa e “mal vista”, os concubinos não eram tratados de forma benéfica. Como já visto, a única exceção quanto ao impedimento de uma nova configuração de relacionamento seria com a separação judicial ou de fato que permite somente a união estável. Oconcubinato hoje é direcionado como uma relação alheia, seria nem o casamento nem a união estável, com efeitos jurídicos distintos. Assim, é considerado concubinato aquele que, por exemplo, tem uma relação firme com uma pessoa que não pode casar porque não houve a real separação de fato, por isso, nem mesmo a união estável é permitida, neste caso, por isso esse “outro tipo de relação” que nada é uma relação estável, muito mais um casamento se chama “concubinato”. EX: RECURSO ESPECIAL - Nº 380/ STF: “a relação concubinária mantida simultaneamente ao matrimônio não pode ser reconhecida como união estável quando ausentes a separação de fato ou de direito do cônjuge”. III- ELEMENTOS CONSTITUTIVOS: ainda permeia o entendimento de que são hipóteses abertas e subjetivas: A) PUBLICIDADE: é preciso que a união seja conhecida pela microssociedade conhecida pelo casal, que os companheiros se apresentem socialmente como tal e que seja dotada de notoriedade. A união “às escondidas” não pode ser considerada uma união estável. B) ESTABILIDADE: é a grande confusão jurisprudencial e doutrinária. Apesar de já haver julgados em que exista um tempo certo, HOJE, não há, pois a legislação não prevê uma tempo mínimo nem máximo, mas que seja um tempo razoável para que seja possível configurar todos os elementos constitutivos dessa relação (estabilidade, habitualidade, permanência, etc). ● STJ: a coabitação não necessariamente configura uma união estável!!! C) CONTINUIDADE: devem surgir de relações que se sustentam por um lapso temporal considerável, que não sofrem interrupções, assim como os chamados “términos no relacionamento”. D) INTENÇÃO DE CONSTITUIR FAMÍLIA: trata-se do efetivo intuito de viver como “se casados fossem”, representando um elemento extremamente subjetivo do instituto. Deve haver um trato interno e um trato externo, o interno seria a relação entre os companheiros se reconhecendo como casais, e o externo são as pessoas que se relacionam com o casal devem realmente acreditar que eles já vivem uma relação familiar. IV- OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: A) EXISTÊNCIA DE FILHOS: não há exigência da existência de filhos oriundos da relação, mas é certo que a LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV presença representa um fator concretizador para que seja vislumbrado uma união estável. B) NOIVADO: na maioria dos casos o “noivado” configura como uma intenção de ambos constituirem uma família, mas não é uma conclusão absoluta, depende de cada caso. ● Namoro qualificado X União Estável? C) CO-HABITAÇÃO: a co-habitação não é nenhuma exigência legal no sentido de que os conviventes morem sob o mesmo teto - entendimento já consolidado pelo STJ. Assim, a co-habitação não é um requisito que separadamente constitui uma união estável, bem como, se ausente não é um impedimento para que não a configure. D) ESCRITURA PÚBLICA / CONTRATO DE NAMORO: não há nenhum requisito formal exigido para a configuração da União Estável. O contrato de namoro é um instrumento com a qual as partes declaram que não desejam constituir uma união estável, mas apenas um namoro puro e simplesmente. E) CAPACIDADE CIVIL? e se um menor de 16 anos quiser constituir uma união estável? como a união estável é um ato/ fato jurídico e a capacidade civil é um pressuposto de um fato jurídico, é razoável que se pense que este requisito é essencial para se configurar uma União Estável. Porém há Doutrinadores (EX: tartuce) que entende se o menor possuir discernimento para se comportar como tal, não há porquê não ser reconhecido, mas isso é algo ainda “em jogo”. IMP.: Lei 13.811/19 alterou o Art. 1520,CC, extinguindo qq possibilidade de casamento para < de 16 anos. Mas, p/ Tartuce, é possível a UE entre < de 16 anos, sob os seguintes argumentos: - A lei não criou impedimento matrimonial; - Não há previsão expressa para a UE; - Norma restritiva não comporta interpretação extensiva - En. 138, Conselho de Justiça Federal: vontade do absolutamente incapaz é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a ele concernentes, desde que apresentem discernimento. F) IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS: alcançam as uniões estáveis. V- DIVERSIDADE SEXUAL: após a interpretação sistemática, conforme a CF e seus princípios (direitos à liberdade, dignidade e pluralidade de orientações sexuais), assim com fulcro Art. 3º- veda qualquer discriminação em virtude de sexo, raça, cor, orientação, etc, houveram decisões do STF que assentaram o entendimento de que as uniões estáveis também se aplica às entidades familiares de pessoas do mesmo sexo. ○ Decisões proferidas pelo STF – ADI 4277 e ADPF 132 (05/05/2011) VI- DEVERES DOS COMPANHEIROS: Aproxima-se muito ao casamento, mas se comparado há alguns tratamentos diferentes, por exemplo não há o inciso de “fidelidade recíproca”; “vida comum no domicílio conjugal”. A justiça entende que essa omissão do legislador é algo positivo. Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos. VII- CONTRATO DE CONVIVÊNCIA: O contrato de convivência é um instrumento que garante regras de cunho patrimonial e pelo Artigo somente não existe quando se tratar de um regime da comunhão parcial de bens. Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. VIII- DIREITOS ENTRE OS COMPANHEIROS A) ALIMENTOS: também é aplicado a prestação de alimentos às UEs de acordo com o Art. 1.694, CC. Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. B) MEAÇÃO E REGIME DE BENS: A meação é o direito a partilha do patrimônio decorrente do fim da união, seja pela ruptura ou morte de um ou os cônjuges, assim estes, deverão mear os bens frutos dessa relação. Desde 1996 com a vigência da Lei 9.278 foi formalizado, assim como no casamento, de que num regime de comunhão parcial de bens LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV não é necessário comprovar por um dos companheiros os gastos econômicos frutos da relação pois o “esforço comum” é presumido. De acordo com o STJ (em uma decisão de janeiro/2015), entendeu que antes da vigência da lei, os bens adquiridos na relação deveriam ser comprovados pelo “esforço em comum” do casal para que seja partilhado pelo regime parcial. C) SUCESSÃO HEREDITÁRIA: O Art. 1.790, CC trata do regime de sucessão entre os companheiros e o Art. 1.829 quanto ao casamento, e são regimes diferentes. Para fim de repercussão geral, foi aprovada a seguinte tese no STF: “No sistema constitucional vigente é inconstitucional a diferenciação de regime sucessório entre cônjuges e companheiros devendo ser aplicado em ambos os casos o regime estabelecido no artigo 1829 do Código Civil.” Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável IX- ALGUMAS TESES CONSOLIDADAS PELO STJ SOBRE UNIÃO ESTÁVEL: - A coabitação não é elemento indispensável à caracterização da união estável;- A vara de família é a competente para apreciar e julgar pedido de reconhecimento e dissolução de união estável homoafetiva; - Comprovada a existência de união homoafetiva, é de se reconhecer o direito do companheiro sobrevivente à meação dos bens adquiridos a título oneroso ao longo do relacionamento; - Na união estável de pessoa maior de setenta anos (artigo 1.641, II, do CC/02), impõe-se o regime da separação obrigatória, sendo possível a partilha de bens adquiridos na constância da relação, desde que comprovado o esforço comum; - Não há possibilidade de se pleitear indenização por serviços domésticos prestados com o fim do casamento ou da união estável, tampouco com o cessar do concubinato, sob pena de se cometer grave discriminação frente ao casamento, que tem primazia constitucional de tratamento; - A presunção legal de esforço comum quanto aos bens adquiridos onerosamente prevista no art. 5º da Lei 9.278/1996, não se aplica à partilha do patrimônio formado pelos conviventes antes da vigência da referida legislação. UNIDADE IV DO DIREITO PATRIMONIAL DO REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES I- CONCEITO: É o estudo dos efeitos patrimoniais oriundo do casamento, possui preceitos mais objetivos . O regime de bens organizam as relações patrimoniais que surgem entre os cônjuges (casamento) e os companheiros (União Estável), bem como, a administração do patrimônio existente e divisão do mesmo ao fim da União. → OBS: todas as questões e regras aqui tratadas também se aplicam à uniões estáveis. II- PRINCÍPIOS DO REGIME DE BENS: A) MUTABILIDADE MOTIVADA (CC/02): diferente do antigo código que o regime de bens era formalizado no início da união perfazendo o mesmo até o seu término, seja pelo divórcio ou morte de um dos cônjuges, agora, com o Código Civil de 2002 permitiu-se a mudança do regime de bens durante o casamento ou da união estável desde que por uma ação judicial de forma consensual, onde os cônjuges devem indicar o motivo dessa mudança no regime de bens. O STJ já formalizou o entendimento de que essa possibilidade de mutação do regime de bens se extende aos casamentos ou uniões estáveis constituídas antes da vigência do Código de 2002 (a lei poderá retroagir desde que a benefício das partes), mas que fique claro que a partir da sentença que declare a mutabilidade do regime, seus efeitos não retroagem a qualquer ato ou obrigação do casal. Os requisitos principais são: ● pedido por ambos os cônjuges; ● que tenha o real motivo pela mudança do regime; ● autorização judicial; LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV ● inexistência de prejuízo a terceiros que possam sofrer com essa mudança; ● Efeitos “ex nunc” com o real fulcro de impossibilitar o prejuízo à terceiros. Art. 1.639, CC - É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver: § 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. Art. 734, CPC - A alteração do regime de bens do casamento, observados os requisitos legais, poderá ser requerida, motivadamente, em petição assinada por ambos os cônjuges, na qual serão expostas as razões que justificam a alteração, ressalvados os direitos de terceiros. B) VARIEDADE DE REGIMES: é o princípio que traz a possibilidade de um pluri ou mescla entre os regimes de bens trazidos pelo Código. Os regimes que o Código Civil traz são: I) comunhão parcial de bens (a lei utiliza como o regime padrão e legal); II) comunhão total de bens; III) regime de separação total de bens; IV) regime da participação final nos aquestos. Além disso o código estipula que seja possível a utilização dos regimes existentes ou a criação de um novo, misturando as regras. Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. C) PRINCÍPIO DA LIVRE ESTIPULAÇÃO: O princípio anterior deriva do preceito da “livre estipulação” que prevê a liberdade dos cônjuges em organizar as relações contratuais e patrimoniais. ● Pacto Antenupcial: Pacto antenupcial (ou convenção antenupcial) constitui um contrato formal e solene celebrado entre os noivos no qual, em momento anterior ao casamento, as partes regulamentam as questões patrimoniais deste, como a escolha do regime de bens que vigorará entre eles durante o matrimônio. A lei não exige esse documento obrigatoriedade de sua utilização. Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens. Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei. Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aqüestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares. Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges. → EXCEÇÃO: A regra geral do Código Civil é que possa ser escolhida o regime de bens que vigorará no casamento, bem como a mescla entre as formalidades de cada um do regime à convênio das partes, exceto: Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; [alterado pela lei 12.344 de 2010] III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. → SÚMULA 377 [STF]: se aplica somente às causas do Art. 1.641 Súmula 377 (STF) - No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento. LUIS ERNESTO MARIANI FREIRE – DIREITO UVV A súmula diz que, no regime de separação legal de bens trazida pelo Código Civil, o regime de separação total de bens aplicam-se as regras deste regime durante a constância do casamento , contudo, em caso de dissolução desta união será então aplicado a regra da meação/ partilha dos bens adquiridos na constância do casamento. Entretanto, para os casamentos constituídos sob o regime de separação total de bens pela livre estipulação dos nubentes, não há a aplicabilidade da súmula 377 do STF. III- REGRAS GERAIS: A existência de uma união familiar aplica diretamente em uma relação patrimonial, e para além dessa obrigatoriedade a lei deixa claro alguns atos que devem ser realizados livremente pelos cônjuges. A) OBRIGAÇÕES SEM O CONSENTIMENTO DO OUTRO CÔNJUGE: • INCISO I: qualquer ato inerente da profissão de um dos cônjuges não é necessário a autorização ou outorga do outro; • INCISO II: pode existir bens comuns e bens particulares oriundos de um casamento, o código autoriza a administração dos bens individuais de cada cônjuge, sem haver confusão, mas não
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