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Efeitos biológicos dos Raios X INTRODUÇÃO • Os efeitos biológicos começaram a ser percebidos um ano após o descobrimento dos Raios X, por Grubbé em 1896. Ele relatou que as pessoas que trabalhavam com aqueles tubos de vidro a vácuo estavam desenvolvendo dermatite. • Thomas Alva Edson relatou o mesmo em 1896. • Mas só em 1906, que se teve o primeiro relato científico falando sobre os efeitos deletérios dos Raios X. Através da dupla Bergonié e Trinbondeu. • Século XX: marcado por acidentes radioativos como a bomba de Hiroshima e Nagasaki na 2ª guerra Mundial, Acidente de Chernobyl e o acidente do Césio em Goiânia. • Século XXI: Vazamento da Usina de Fukushima no Japão. • Todavia, o Radiodiagnóstico é a maior contribuição para a exposição humana e para diagnóstico de doenças. Os benefícios justificam os riscos, o melhor a se fazer é se proteger e utilizar o Raio X da melhor forma. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO • “A radiobiologia é o estudo dos efeitos da radiação ionizante nos seres vivos. Essa disciplina estuda os vários níveis de organização dentro dos sistemas biológicos, abrangendo uma vasta gama em tamanho e tempo. A interação inicial entre radiação ionizante e matéria ocorre ao nível eletrônico nos primeiros 10 −13 segundos após a exposição. Essas alterações resultam em modificações de moléculas biológicas dentro dos segundos ou horas seguintes. As alterações moleculares podem provocar modificações em células e organismos que persistem por horas, décadas e até por gerações. Essas alterações podem resultar em ferimentos ou morte.” • A partir da exposição da radiação, nosso corpo absorve a radiação. E a partir dessa absorção, vão causar os efeitos biológicos que podem ser Somáticos ou Genéticos. EFEITOS SOMÁTICOS • Efeitos que podem ser visualizados no indivíduo após a irradiação. • Exemplos: depilação (queda de cabelo), eritema, alterações de contagem sanguínea, ulcerações, esterilidade, cancerização, diminuição da longevidade e morte. • Esses efeitos dependem do fator dose e do fator área exposta. • Considerações: - Grandes doses de radiações ao corpo todo (exposição aguda) → pode levar ao óbito do indivíduo. - Grandes doses de radiação a áreas limitadas do corpo (exposição aguda – 1 vez e crônica - fracionada) → não leva a morte do indivíduo, mas leva a morte das células do tecido exposto – princípio da radioterapia para matar as células tumorais e preservar a vida da pessoa. - Pequenas doses de radiação ao corpo todo (exposição crônica) → não leva a morte imediata e não necessariamente vai causar. - Pequenas doses de radiações a áreas limitadas do corpo (exposições aguda e crônica). *Para se ter uma queimadura local – dermatite, seria necessárias 500 radiografias periapicais repetidas no mesmo local. EFEITOS GENÉTICOS • Efeitos observados nas descendências dos indivíduos que foram expostos a radiação. Ex: incidência de leucemia no Japão. • Geralmente, esses efeitos não aparecem na descendência direta (filho), geralmente aparece em netos, bisnetos etc. • Achados científicos: - Já se sabe que as radiações ionizantes são agentes mutagênicos, provocam mutações genéticas; - Os efeitos genéticos são deletérios – são ruins, não promovem efeitos benéficos ao ser humano. - Os efeitos mutagênicos da radiação são cumulativos, esses efeitos são somados ao longo da vida. - A frequência da mutação aumenta com a dose, quanto maior a dose, maior a frequência de mutação. - Diluição de dose: parece não haver limiar abaixo do qual uma dose seja ineficaz como fator de alterações genéticas. Não existe uma dose limite para não causar mutações, qualquer quantidade de radiação, pode promover mutações. MECANISMO DE LESÃO DAS BIOMOLÉCULAS • A radiação age nos seres vivos por meio de efeitos diretos e indiretos. Quando a energia de um fóton ou um elétron secundário ioniza macromoléculas biológicas, o efeito é referido como direto. Por outro lado, um fóton pode ser absorvido pela água em um organismo, ionizando algumas de suas moléculas de água. Os íons resultantes formam radicais livres que produzem alterações e interagem com moléculas biológicas. Como são exigidas alterações intermediárias envolvendo moléculas de água para alterar as moléculas biológicas, essa série de eventos é referida como indireta. • Efeito direto: ação da radiação em estruturas celulares como, por exemplo, DNA. • Efeito indireto: formação de radicais livres formados através da radiólise da água. Efeitos indiretos são efeitos nos quais radicais livres de hidrogênio e hidroxila, produzidos pela ação da radiação na água, interagem com moléculas orgânicas. A interação de radicais livres de hidroxila e hidrogênio com moléculas orgânicas resulta na formação de radicais livres orgânico RADIOLÍSE DA ÁGUA: - Quando a água é atingida pela radiação, haverá a separação do H e O, esses átomos separados ficam instáveis, e por isso, tentam buscar a estabilidade, através da formação da hidroxila (OH), que é um radical livre. 2 Hidroxilas quando se juntam formam o Peróxido de Hidrogênio (H2O2), a água oxigenada é altamente lesiva às células - Os tecidos mais oxigenados, serão mais sensíveis a radiações, já que na presença de O2 há a formação de novos radicais livres. • Ações das radiações nas células: - Alterações morfológicas; - Alterações da fisiologia celular; - Alterações na permeabilidade celular; - Efeitos na reprodução e formação de aberrações cromossômicas; - Desintegração das mitocôndrias e Complexo de Golgi. RADIOSSENSIBILIDADE • O efeito das radiações é maior nas células menos diferenciadas e em grande atividade reprodutora. → células lábeis. As células lábeis são mais sensíveis do que as células estáveis. - As células lábeis são células que se regeneram com facilidade e rapidez .Ex: células sanguíneas, células do epitélio e mucosa. - As células estáveis são células cuja capacidade de replicação dos núcleos permanece em descanso na maior parte do tempo, mas isso muda rapidamente quando se recebe um estímulo adequado. - As células permanentes são células cujos núcleos não possuem mais a capacidade de reiniciar o processo replicativo e uma vez perdida essa capacidade, essas células não são mais substituídas. Ex: neurônios, fibras cardíacas. • A radiossensibilidade é diretamente proporcional á atividade mitótica e inversamente proporcional ao grau de diferenciação. • Quanto mais especializadas forem as células, como os neurônios e as fibras cardíacas, mais radio resistentes serão essas células. UNIDADES DE MEDIDA DE RADIAÇÕES • Novas Unidades (1985): - Medir Absorção → Gray (Gy). Utilizada para saber quanto os pacientes em radioterapia precisar absorver de radiação para matar o tumor. - Medir dose- equivalente → Sievert (Sv). Utilizada para medir a dose- equivalente em indivíduos que são expostos a radiação, como trabalhadores de radiologia. Para isso, é utilizado um dosímetro que mede em Sv. Observação: Contaminação radioativa: quando um material radioativo é absorvido pelo corpo de um indivíduo, material radioativo fica no corpo do indivíduo, não ocorre no radiodiagnóstico. Ex: contato com o pó do Césio em Goiânia. Irradiação: exposição de um objeto ou de um corpo a radiação, isso ocorre no radiodiagnóstico, todavia, o equipamento de Raio X não possui material radioativo. Proteção Radiológica PROTEÇÃO RADIOLÓGICA • É a ciência e prática que limita os malefícios ao ser humano decorrentes das radiações ionizantes. Avalia o risco associado a cada prática. • Rollins em 1901 propôs que a ampola/tubo de Raio X fosse colocada dentro de uma caixa de chumbo, surgindo, assim, o cabeçote. Além disso, ele sugeriu que a fosse irradiado somenteas áreas de interesse, surgindo, dessa forma, os colimadores. • Essa ciência é fundamentada em 3 princípios: blindagem, tempo e distância. TEMPO • Gelskey e Baker (1984): PRINCÍPIO ALARA = As low as reasonably achievable (exposições tão baixas quanto razoavelmente exequíveis, ou seja, devemos irradiar o menor tempo possível , porém esse tempo de exposição deve ser possível para formar uma imagem capaz de dar um bom diagnóstico). • Utilização de filmes mais sensíveis, pois requerem um menor tempo de exposição e uma menor dose. Ex: Grupo D – Ultra speed e Grupo E – Ektaspeed. • Deve-se fazer o correto processamento do filme, visando um processamento em câmara escura e opaca. Se for utilizar uma câmara escura do tipo quarto ou labirinto, deve- se utilizar uma luz de segurança. • Sensores digitais – requerem menor tempo de exposição quando comparados com os filmes. • Técnica radiográfica: deve-se realizar uma boa técnica radiográfica, visando um bom desempenho das técnicas, para evitar repetições. Para isso, deve-se escolher as técnicas adequadas para cada caso. BLINDAGEM • Deve-se fazer o uso do avental plumbífero e dos protetores de tireoide. • É de uso obrigatório em todos os pacientes. • Redução em até 50% a dose do paciente. • Devem ser guardados em cabides apropriados, evitando dobras, uma vez que a dobra pode danificar o chumbo. • Blindagem em relação ao equipamento: a) Colimador: delimita o diâmetro do campo (não pode ultrapassar 6 cm). b) Filtro: filtra os raios de maior comprimento de onda (menos energéticos – não produzem uma boa imagem de raio-x). A filtração deve ser no mínimo 2,5 mm de Alumínio. • Blindagem em relação ao ambiente: - Blindar paredes e portas de forma contínua e sem falhas. - Nem sempre é necessário fazer a blindagem, quando se tem: Parede de Alvenaria de 15 cm Parede de concreto de 8 cm *Paredes de gesso e de divisórias, deve-se fazer a blindagem. - Material para blindagem: barita ou lâmina de chumbo. - Conter o símbolo de radiação ionizante na entrada no ambiente. *Evitar acompanhante, quando tiver, deve ser protegido com avental. Grávidas devem avisar que estão grávidas. DISTÂNCIA • Lei do inverso do quadrado da distância: deve ser sempre utilizada como forma de proteção, pois consiste num meio rápido, barato, seguro e de fácil aplicação, especialmente em áreas abertas, sem proteção física. • À medida que a distância entre a fonte de radiação e o indivíduo aumenta, a exposição diminui. • Dessa forma, os profissionais devem permanecer a 2 m da cabeça do paciente, em um ângulo de 90° a 135° com o feixe primário. *não pode ficar na frente ou atrás do feixe. * O fio distendido do controle já tem 3 m de segurança. • Indicações: - Nunca permanecer na direção do feixe útil; - Nunca segurar o filme, a cabeça do paciente ou o localizador; - Monitoramento pessoal de radiação (dosímetros): serviços de radiologia. * Todo indivíduo que trabalha com radiodiagnóstico deve ter um; * Deve ser colocado na região mais exposta do tronco; *Uso individual – uso exclusivo do usuário; *Deve ser guardado em local seguro. * Avalia se o sistema de proteção radiológica está funcionando de forma eficiente, ou seja, se os indivíduos não estão recebendo doses desnecessárias. - Se não consegue uma distância de 2 m, pode fazer o uso de biombo de chumbo (2mm de chumbo no mínimo). - RDC ANVISA 330/2019: Define o conjunto de diretrizes para um padrão aceitável de qualidade e segurança no campo da radiologia diagnóstica. - A exposição deve resultar em benefício real para a saúde do indivíduo e/ou para a sociedade. Referências: White, Stuart C. Radiologia oral: fundamentos e interpretação / Stuart C. White, Michael J. Pharoah. - 7. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 696 p.: il.; 27 cm https://descomplica.com.br/blog/materiais-de- estudo/biologia/aula-ao-vivo-tipos-celulares-e-membrana/
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