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Aula 12

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PROCESSO DO CONHECIMENTO
U4S3 
ÉTTORE DE LIMA
Efeitos da sentença
Quanto aos efeitos da sentença, a
doutrina os divide em principais e secundários:
os efeitos principais são aqueles que decorrem
diretamente do conteúdo da decisão, tais
como, por exemplo, a declaração da existência
ou da inexistência de uma relação jurídica
(sentenças meramente declaratórias), a
previsão de sanção que incidirá caso a parte
sucumbente deixar de cumprir o comando
sentencial (sentenças condenatórias) e a
criação, a modificação ou a extinção de uma
relação jurídica (sentenças constitutivas).
Quanto aos efeitos secundários,
segundo a doutrina, são aqueles decorrentes
de previsão legal, ou seja, não são
consequência do conteúdo da decisão, mas de
uma determinação legislativa específica. São
efeitos indiretos e automáticos que resultam do
fato de a decisão existir.
Efeitos da sentença
No CPC de 2015, os efeitos da sentença
supramencionados foram condensados no
art. 495, que estabelece que a decisão que
condenar o réu ao pagamento de prestação
consistente em dinheiro e a que determinar a
conversão de prestação de fazer, de não
fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária
valerão como título constitutivo de hipoteca
judiciária.
Efeitos da sentença
hipoteca judiciária: Trata-se, pois, de um efeito
secundário próprio da sentença condenatória. Decorre
imediatamente da sentença condenatória, sendo
irrelevante a interposição ou não de recurso. Também não
importa sua liquidez ou iliquidez, mas, para ser oposta a
terceiros, depende de averbação no registro de imóveis.
A hipoteca judiciária é admissível, ainda que o credor possa
promover o cumprimento provisório da sentença ou esteja
pendente arresto sobre bem do devedor, e mesmo que
impugnada por recurso dotado de efeito suspensivo. Uma
vez constituída, a hipoteca judiciária implicará, para o
credor hipotecário, o direito de preferência, quanto ao
pagamento, em relação a outros credores, observada a
prioridade no registro. Se a sentença autorizadora da
hipoteca judiciária vier a ser reformada ou invalidada, a
parte que constituiu o gravame responderá,
independentemente de culpa, pelos danos que a outra parte
tiver sofrido. O valor da indenização será liquidado e
executado nos próprios autos.
Coisa Julgada
• Conceito (art. 485, V, CPC);
Art. 502. Denomina-se coisa
julgada material a
autoridade que torna
imutável e indiscutível a
decisão de mérito não mais
sujeita a recurso.
Coisa Julgada
Coisa Julgada
• Segurança jurídica;
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
V - reconhecer a existência de perempção, de
litispendência ou de coisa julgada;
Art. 508. Transitada em julgado a decisão de
mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas
todas as alegações e as defesas que a parte
poderia opor tanto ao acolhimento quanto à
rejeição do pedido → efeitos.
Coisa Julgada
• Coisa julgada x preclusão;
A coisa julgada, tradicionalmente subdividida pela
doutrina em material e formal, vincula-se
especificamente às sentenças, não mais passíveis
de exame; enquanto a preclusão se refere não só
às decisões finais (sentenças), mas também às
decisões proferidas no curso do processo
(interlocutórias).
Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do
processo as questões já decididas a cujo respeito
se operou a preclusão.
Coisa Julgada
Art. 504. Não fazem coisa julgada:
I - os motivos, ainda que importantes para
determinar o alcance da parte dispositiva da
sentença;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como
fundamento da sentença.
Coisa Julgada
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as
questões já decididas relativas à mesma lide,
salvo:
I - se, tratando-se de relação jurídica de
trato continuado, sobreveio modificação no
estado de fato ou de direito, caso em que
poderá a parte pedir a revisão do que foi
estatuído na sentença;
II - nos demais casos prescritos em lei.
Coisa Julgada
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser
rescindida quando:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão
ou corrupção do juiz;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente
incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da
parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim
de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar manifestamente norma jurídica;
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em
processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação
rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova
cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só,
de lhe assegurar pronunciamento favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
Caberá de ação rescisória quando a decisão de mérito, mesmo 
transitada em julgado, contiver graves vícios.
Limites da coisa julgada
A investigação dos limites objetivos da
coisa julgada consiste na verificação daquilo
que transitou em julgado, ou seja, quais as
partes da sentença estão protegidas pelo
manto da imutabilidade e da
indiscutibilidade.
Apenas o dispositivo da sentença
transita em julgado. O relatório e a motivação
estão fora da proteção do manto da coisa
julgada.
Limites da coisa julgada
Uma vez alcançada a sentença definitiva
pela autoridade de coisa julgada, tornam-se
irrelevantes todas as alegações que poderiam
ter sido trazidas a juízo e que não o foram.
Isto se dá, diga-se, porque os motivos não
transitam em julgado, sendo, pois, irrelevante o
caminho trilhado pelo raciocínio do juiz ao
proferir sua decisão. Apenas o dispositivo da
sentença transita em julgado e, por consequência,
não se poderia permitir que a coisa julgada fosse
infirmada toda vez que a parte vencida se
lembrasse de alguma alegação que poderia ter
feito mas não o fez.
Limites da coisa julgada
Os limites subjetivos buscam saber quem será
beneficiado ou prejudicado pela sentença. A sentença faz
coisa julgada às partes entre as quais é dada, não se
beneficiando, nem prejudicando terceiros → REGRA GERAL
Todavia nas causas relativas ao estado de pessoa, se
houverem sido citados no processo, em litisconsórcio
necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa
julgada em relação a terceiros.
Existem, igualmente, outras hipóteses em que a coisa
julgada exerce efeitos extra partes. Em primeiro lugar, nos
casos de substituição processual, não parece haver dúvidas
na doutrina de que a coisa julgada que se forma para o
substituto processual se forma, também, para o substituído.
Outra hipótese que merece destaque é a da sucessão
(entre vivos ou mortis causa) na relação jurídica deduzida no
processo onde se formou a coisa julgada. Não pode haver
dúvidas de que a coisa julgada impede nova discussão sobre o
que já foi decidido também para o sucessor.
Limites da coisa julgada
OBS: SUCESSÃO X SUBSTITUIÇÃO
A sucessão processual é a substituição da parte,
em razão da modificação da titularidade do direito
material afirmado em juízo. É a troca da parte. Uma
outra pessoa assume o lugar do litigante originário,
fazendo-se parte na relação processual. Ex: morte
de uma das partes.
A substituição processual ocorre quando alguém,
autorizado por lei, age em nome próprio na defesa
de direito e interesse alheio. Ex: Ministério Público
ao defender deficientes físicos.
Limites da coisa julgada
• Limites temporais:
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente
as questões já decididas relativas à mesma
lide, salvo:
I - se, tratando-se de relação jurídica de
trato continuado, sobreveio modificação no
estado de fato ou de direito, caso em que
poderá a parte pedir a revisão do que foi
estatuído na sentença;
II - nos demais casos prescritos em lei.”
Limites da coisa julgada
• Limites territoriais:
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos
limites da competência territorial do órgão prolator,
exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimadopoderá intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova.
(Lei n.º 7.347/85 – Ação Civil Pública).
Obs: tema em controvérsia no STF - repercussão geral
reconhecida (Tema 1.075) → se a coisa julgada decorrente
de Ação Civil Pública possui eficácia erga omnes (para
todos) apenas no limite territorial do órgão prolator da
decisão
Eficácia da coisa julgada
Eficácia preclusiva: é definida a eficácia
preclusiva como o “impedimento à propositura de
demandas incompatíveis com a situação jurídica
definida na sentença transitada em julgado, na
medida da incompatibilidade”.
A coisa julgada protege somente o dispositivo
da sentença, já as questões de fato e de mérito
que versem sobre os elementos constitutivos da
demanda (partes, causa de pedir e pedido) são
protegidos pela eficácia preclusiva da coisa julgada,
positivada no art. 505 do CPC vigente, o que não deve
ser confundido com preclusão última do processo e
trânsito em julgado.
Eficácia da coisa julgada
Chama-se função ou efeito positivo da coisa
julgada a vinculação dos órgãos jurisdicionais, em
qualquer processo futuro, ao conteúdo da sentença
acobertado pela coisa julgada, quando este revelar-se
questão logicamente subordinante de uma lide diversa.
Cabe ao magistrado, em sua fundamentação, tomar
por pressuposto absoluto e inquestionável a solução
dada em processo anterior.
Já o efeito negativo da coisa julgada é aquele
que se verifica quando alguém pretende, em processo
distinto, rediscutir o conteúdo de sentença atingido
pela autoridade de coisa julgada. Como visto, tal
efeito ou função impede que a questão já decidida seja
objeto de nova decisão judicial.
Relativização da coisa julgada
Para os defensores da impossibilidade de relativização da coisa
julgada, os principais argumentos têm pano de fundo no princípio
da segurança jurídica e apontam para a necessidade de que a
atuação do Judiciário tenha por objetivo alcançar “um justo
possível”, e não a utópica, subjetiva e variável definição de
justo e injusto, a qual levaria à eternização das incertezas.
Sob esse enfoque, pelas lições de Nelson Nery Junior, a
relativização da coisa julgada seria medida incompatível com o
Estado Democrático de Direito, premissa de regimes
totalitários, de tal sorte que situações excepcionais não podem
servir de escopo para a criação de tamanha insegurança.
Por outro lado, aos que entendem pela possibilidade de
relativização da coisa julgada, tais como Dinamarco e Teresa
Arruda Alvim Wambier, a premissa é outra: a efetividade e a
justiça das decisões judiciais. Assim e ainda que, em alguma
medida, a segurança jurídica seja afetada, a relativização da
coisa julgada, se adequadamente utilizada — em situações
excepcionais, propicia harmonia à ordem constitucional-
processual, justiça social, e, ainda, leva à prevalência da
moralidade e da legalidade sobre a coisa julgada, à medida que
se encontra a “decisão justa”, o mais nobre dos objetivos do
sistema jurídico processual
Relativização da coisa julgada
Nessa linha de raciocínio, a previsão pelo
CPC da ação rescisória como instrumento
vocacionado a desconstituir o título judicial
transitado em julgado, constitui indício de
mitigação à relativização da coisa julgada
Relativização da coisa julgada
O objetivo do legislador foi o de não
possibilitar a flexibilização ad aeternum da
coisa julgada, no que coaduna-se com o prestígio
constitucional ao valor segurança jurídica.
❑ Art. 966 CPC.
❑ Art. 975. O direito à rescisão se extingue em
2 (dois) anos contados do trânsito em julgado
da última decisão proferida no processo.
Exercício final.
Procurar no banco de 
sentenças no site do TJSP uma 
lide decidida que transitou em 
julgado.
Objetivo: analisar o mérito e 
entender, com base no relatório, 
todo o andamento processual.

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