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Transtornos Alimentares Psi da Motivação e Emoção (1)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SERGIPE 
CURSO DE PSICOLOGIA 
 
 
STEFANIE GABRIELLE DOS SANTOS OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNOS ALIMENTARES 
 
 
 
 
 
 
ARACAJU/SE 
2020 
 
INTRODUÇÃO 
Este trabalho faz parte da composição da nota da primeira avaliação da 
disciplina “Psicologia da Motivação e Emoção”, ministrada pela professora Ma. 
Luciene Aparecida Ribeiro, e é um estudo acerca dos transtornos alimentares. 
Inicialmente, será feita uma apresentação do conceito de transtorno alimentar e de 
suas possíveis causas, tendo em vista que o modelo de entendimento da etiologia 
desses transtornos é multifatorial. Em seguida, será trazido um apanhado geral dos 
transtornos que estão classificados no Manual Diagnóstico e Estatístico dos 
Transtornos Mentais 5ª Edição (DSM-5) com um maior aprofundamento da Anorexia 
Nervosa. Serão abordadas, ainda, a vigorexia e a ortorexia. Essa última ainda não 
incluída no DSM-5, mas que vem chamando a atenção de profissionais da saúde e a 
primeira que está no manual, entretanto, não é classificada como um transtorno 
alimentar. 
TRANSTORNOS ALIMENTARES (TA) E SUA ETIOLOGIA 
Os transtornos alimentares se caracterizam por uma perturbação persistente 
no comportamento alimentar que tem como resultado uma alteração no consumo e 
na absorção de alimentos e comprometimento do funcionamento físico e psicossocial 
(American Psychiatric Association, 2014). Afetam, principalmente, pessoas do sexo 
feminino num período entre a adolescência e a fase adulta. 
A etiologia dos transtornos alimentares é multifatorial, posto que não é 
possível determinar uma única causa e sim uma complexa interação entre diversas 
causas. A interação entre fatores genéticos, fatores psicológicos/individuais e fatores 
socioculturais formam um ambiente propício ao aparecimento e manutenção de um 
(ou mais) dos transtornos que serão abordados neste texto. 
Os fatores genéticos incluem o histórico de transtornos alimentares existente 
na família. Segundo Strober et al (2000, apud Morgan, Vecchiatti & Negrão, 2002, p. 
20) os parentes em primeiro grau de indivíduos com anorexia nervosa apresentam 
chances 11 vezes maiores de desenvolver o transtorno do que parentes de indivíduos 
tidos como saudáveis e para a bulimia nervosa essa chance é quatro vezes maior. Os 
fatores genéticos têm sua importância, no entanto, não se sabe ao certo o quanto 
esses fatores influenciam no aparecimento dos transtornos da alimentação e se há 
algo no ambiente do sujeito que faz com que essa herança genética seja “ativada”. 
No âmbito individual há traços de personalidade que são importantes fatores 
para o início de um distúrbio alimentar, tais como: perfeccionismo, obsessividade, 
baixa autoestima e preocupação com a forma corporal. Fatores psicológicos estão 
relacionados à associação dos TA com transtornos mentais, principalmente naqueles 
que têm como característica a falta de controle, compulsão e obsessividade, além das 
preocupantes distorções da imagem corporal. 
Os fatores socioculturais se caracterizam pelo culto ao corpo magro, tão 
característico das culturas ocidentais, e da valorização cultural que o controle da 
alimentação e do peso corporal recebe. O ideal de beleza que está em constante 
evidência nos meios de comunicação tem uma importante influência na insatisfação 
corporal experimentada pelas pessoas, por isso o âmbito sociocultural é considerado 
um dos fatores que contribuem para a ocorrência cada vez maior dos transtornos 
alimentares. 
TRANSTORNOS ALIMENTARES PRESENTES NO DSM-5 
O DSM-5 traz critérios diagnósticos para os seguintes transtornos: pica; 
transtorno de ruminação; transtorno alimentar restritivo/evitativo; bulimia nervosa; 
transtorno de compulsão alimentar; anorexia nervosa. A seguir, será feito um resumo 
das principais características de cada um deles. 
PICA 
De acordo com Appolinário e Claudino (2000, p.28) pica é um transtorno que 
se caracteriza pela “ingestão persistente de substâncias não nutritivas, inadequadas 
para o desenvolvimento infantil e que não fazem parte de uma prática culturalmente 
aceita”. Entre as substâncias que são consumidas pelos portadores deste transtorno, 
estão: cabelo, terra, fezes, giz, papel, entre outros. 
Apesar do nome ser curioso há um motivo para esta denominação: foi feita 
uma alusão ao nome científico da pega-rabuda (em latim Pica pica), um tipo de corvo 
que come quase de tudo (Dalgalarrondo, 2019). 
Os critérios diagnósticos do DSM-5 serão apresentados no quadro abaixo: 
Quadro 1: Critérios Diagnósticos para pica segundo o DSM-5 
Critérios Diagnósticos 
A. Ingestão persistente de substâncias não nutritivas, não alimentares, durante um 
período mínimo de um mês. 
B. A ingestão de substâncias não nutritivas, não alimentares, é inapropriada ao 
estágio de desenvolvimento do indivíduo. 
C. O comportamento alimentar não faz parte de uma prática culturalmente aceita. 
D. Se o comportamento alimentar ocorrer no contexto de outro transtorno mental (p. 
ex., deficiência intelectual [transtorno do desenvolvimento intelectual], transtorno do 
espectro autista, esquizofrenia) ou condição médica (incluindo gestação), é 
suficientemente grave a ponto de necessitar de atenção clínica adicional. 
As complicações mais comuns de acontecerem em decorrência desse 
transtorno são intoxicação e complicações no sistema digestivo como, por exemplo: 
perfuração do estômago e obstrução das vias por onde o alimento passa. 
TRANSTORNO DE RUMINAÇÃO 
O transtorno de ruminação é caracterizado pela regurgitação do alimento 
ingerido de maneira intencional, podendo este alimento regurgitado ser mastigado 
novamente e engolido ou cuspido. 
As complicações que podem surgir são desnutrição, desidratação, perda de 
peso, atraso no desenvolvimento, complicações no aparelho digestório devido ao 
ácido estomacal regurgitado junto à comida. 
Os critérios diagnósticos de acordo com o DSM-5 serão apresentados a 
seguir. 
Quadro 2: Critérios Diagnósticos para transtorno de ruminação segundo o DSM-
5 
Critérios Diagnósticos 
A. Regurgitação repetida de alimento durante um período mínimo de um mês. O 
alimento regurgitado pode ser remastigado, novamente deglutido ou cuspido. 
B. A regurgitação repetida não é atribuível a uma condição gastrintestinal ou a outra 
condição médica (p. ex., refluxo gastroesofágico, estenose do piloro). 
C. A perturbação alimentar não ocorre exclusivamente durante o curso de anorexia 
nervosa, bulimia nervosa, transtorno de compulsão alimentar ou transtorno 
alimentar restritivo/evitativo. 
D. Se os sintomas ocorrerem no contexto de outro transtorno mental (p. ex., 
deficiência intelectual [transtorno do desenvolvimento intelectual] ou outro 
transtorno do neurodesenvolvimento), eles são suficientemente graves para 
justificar atenção clínica adicional. 
TRANSTORNO ALIMENTAR RESTRITIVO/EVITATIVO (TARE) 
O transtorno alimentar restritivo/evitativo é um transtorno no qual a pessoa 
apresenta pouco interesse na alimentação e evita comer determinados alimentos, o 
que pode acarretar significativa deficiência nutricional e perda de peso. No quadro 
abaixo estão os critérios diagnósticos do DSM-5. 
Quadro 3: Critérios Diagnósticos para o transtorno alimentar restritivo/evitativo 
Critérios Diagnósticos 
A. Uma perturbação alimentar (p. ex., falta aparente de interesse na alimentação ou 
em alimentos; esquiva baseada nas características sensoriais do alimento; 
preocupação acerca de consequências aversivas alimentar) manifestada por 
fracasso persistente em satisfazer as necessidades nutricionais e/ou energéticas 
apropriadas associada a um (ou mais) dos seguintes aspectos: 
1. Perda de peso significativa (ou insucesso em obter o ganho de peso esperado ou 
atraso de 
crescimento em crianças). 
2. Deficiência nutricional significativa. 
3. Dependência de alimentação enteral ou suplementos nutricionais orais. 
4. Interferência marcante no funcionamentopsicossocial. 
B. A perturbação não é mais bem explicada por indisponibilidade de alimento ou 
por uma prática culturalmente aceita. 
C. A perturbação alimentar não ocorre exclusivamente durante o curso de anorexia 
nervosa ou bulimia nervosa, e não há evidência de perturbação na maneira como o 
peso ou a forma corporal é vivenciada. 
D. A perturbação alimentar não é atribuível a uma condição médica concomitante 
ou mais bem explicada por outro transtorno mental. Quando a perturbação alimentar 
ocorre no contexto de uma outra condição ou transtorno, sua gravidade excede a 
habitualmente associada à condição ou ao transtorno e justifica atenção clínica 
adicional. 
BULIMIA NERVOSA 
Cordás (2004) caracteriza a bulimia como uma grande ingestão de alimentos 
com sensação de perda de controle. Devido a essa grande ingestão de alimentos a 
pessoa recorre a mecanismos compensatórios inadequados para o controle de peso 
como, por exemplo: indução de vômitos, uso de laxantes, diuréticos, dietas e 
exercícios físicos em demasia. 
As complicações decorrentes desse transtorno incluem: perda do esmalte 
dentário, alterações hidroeletrolíticas, complicações no sistema digestório devido a 
indução de vômitos, entre outras. 
Os critérios diagnósticos estão no quadro a seguir: 
Quadro 4: Critérios Diagnósticos para bulimia nervosa segundo o DSM-5 
Critérios Diagnósticos 
A. Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão 
alimentar é caracterizado pelos seguintes aspectos: 
1. Ingestão, em um período de tempo determinado (p. ex., dentro de cada período 
de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a 
maioria dos indivíduos consumiria no mesmo período sob circunstâncias 
semelhantes. 
2. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex., 
sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto se está 
ingerindo). 
B. Comportamentos compensatórios inapropriados recorrentes a fim de impedir o 
ganho de peso, como vômitos autoinduzidos; uso indevido de laxantes, diuréticos 
ou outros medicamentos; jejum; ou exercício em excesso. 
C. A compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios inapropriados 
ocorrem, em média, no mínimo uma vez por semana durante três meses. 
D. A autoavaliação é indevidamente influenciada pela forma e pelo peso corporais. 
E. A perturbação não ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa. 
TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR 
O transtorno de compulsão alimentar é caracterizado por uma grande 
ingestão de alimentos, maior do que a maioria das pessoas consegue consumir nas 
mesmas circunstâncias, em um período determinado com uma sensação de falta de 
controle sobre a ingestão dos alimentos. A perda de controle traz sentimentos como 
culpa, vergonha e nojo. Segundo Azevedo, Santos & Fonseca (2004) há um consenso 
entre alguns autores de que um comedor compulsivo apresenta dois aspectos: o 
subjetivo, que está relacionado à sensação de perda de controle e o objetivo, 
relacionado à quantidade do consumo alimentar. 
Apesar de poder acarretar obesidade, o transtorno de compulsão alimentar é 
diferente desta, pois muitos dos indivíduos que têm obesidade não apresentam 
episódios recorrentes de compulsão alimentar. Abaixo estão os critérios diagnósticos 
do DSM-5. 
Quadro 5: Critérios Diagnósticos para o transtorno de compulsão alimentar 
segundo o DSM-5 
Critérios Diagnósticos 
A. Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão 
alimentar é caracterizado pelos seguintes aspectos: 
1. Ingestão, em um período determinado (p. ex., dentro de cada período de duas 
horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria das 
pessoas consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes. 
2. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex., 
sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto se está 
ingerindo). 
B. Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos 
seguintes aspectos: 
1. Comer mais rapidamente do que o normal. 
2. Comer até se sentir desconfortavelmente cheio. 
3. Comer grandes quantidades de alimento na ausência da sensação física de fome. 
4. Comer sozinho por vergonha do quanto se está comendo. 
5. Sentir-se desgostoso de si mesmo, deprimido ou muito culpado em seguida. 
C. Sofrimento marcante em virtude da compulsão alimentar. 
D. Os episódios de compulsão alimentar ocorrem, em média, ao menos uma vez 
por semana durante três meses. 
E. A compulsão alimentar não está associada ao uso recorrente de comportamento 
compensatório inapropriado como na bulimia nervosa e não ocorre exclusivamente 
durante o curso de bulimia nervosa ou anorexia nervosa. 
ANOREXIA NERVOSA (AN) 
Anorexia deriva do grego “an-” (deficiência de) e “orexis” (apetite). Apesar do 
termo significar ausência de apetite, não é isso o que acontece na anorexia nervosa 
e sim uma recusa em se alimentar com o objetivo de perder peso. Segundo Cordás: 
A anorexia nervosa caracteriza-se por perda de peso intensa e 
intencional às expensas de dietas extremamente rígidas com uma busca 
desenfreada pela magreza, uma distorção grosseira da imagem corporal e 
alterações do ciclo menstrual. (2004, p.155). 
A cultura tem um papel fundamental no desenvolvimento desse transtorno, na 
medida em que a pressão estética exercida pela mídia fortalece a ideia de que 
somente um corpo magro é bonito, somente um corpo magro pode ser desejado. 
Na anorexia há uma constante insatisfação com a imagem corporal e 
distorção desta. Pacientes que estão muito abaixo do peso ideal se veem no espelho 
como gordas e devido a isso restringem cada vez mais sua alimentação, praticam 
exercícios físicos intensos e, no pior dos casos, podem chegar à negação de se 
alimentar. A anorexia, à medida em que o quadro evolui, pode ser vista como uma 
negação do corpo, posto que nada mais importa para a pessoa a não ser a magreza. 
O contexto familiar também tem um peso no aparecimento da AN: num 
ambiente familiar onde há uma crítica do corpo dos filhos, uma rigidez em relação à 
alimentação e uma valorização dos ideais de beleza padronizados, as chances de 
surgimento deste transtorno são maiores. 
A personalidade do indivíduo também pode ser um fator de risco para anorexia 
nervosa: pessoas com características perfeccionistas, autocríticas, com baixa 
autoestima e preocupação intensa com a opinião dos outros têm um maior risco de 
desenvolver não só AN, mas algum transtorno alimentar. 
Há um consenso de que as interações entre fatores culturais, familiares, 
individuais e psicológicos são a causa do surgimento da anorexia. Por isso, é de total 
importância que o tratamento seja feito por uma equipe multidisciplinar. 
Abaixo estão os critérios diagnósticos do DSM-5. 
Quadro 6: Critérios Diagnósticos para a anorexia nervosa segundo o DSM-5 
Critérios Diagnósticos 
A. Restrição da ingesta calórica em relação às necessidades, levando a um peso 
corporal significativamente baixo no contexto de idade, gênero, trajetória do 
desenvolvimento e saúde física. Peso significativamente baixo é definido como um 
peso inferior ao peso mínimo normal ou, no caso de crianças e adolescentes, menor 
do que o minimamente esperado. 
B. Medo intenso de ganhar peso ou de engordar, ou comportamento persistente que 
interfere no ganho de peso, mesmo estando com peso significativamente baixo. 
C. Perturbação no modo como o próprio peso ou a forma corporal são vivenciados, 
influência indevida do peso ou da forma corporal na autoavaliação ou ausência 
persistente de reconhecimento da gravidade do baixo peso corporal atual. 
O DSM-5 reconhece dois tipos de anorexia nervosa: o restritivo e o tipo 
compulsão alimentar purgativa. A diferença entre eles é que no tipo compulsão 
alimentar purgativa a pessoa recorre à métodos purgativos, como a indução de 
vômitos e o uso de laxantes e diuréticos.Algumas complicações decorrentes da AN são: anemia, alterações 
endócrinas, osteoporose, perda considerável de peso, alterações hidroeletrolíticas, 
arritmias cardíacas, entre outras complicações potencialmente fatais. 
O tratamento da anorexia nervosa é considerado difícil e precisa ser feito com 
uma equipe multiprofissional. Médicos, psicólogos, nutricionistas e profissionais da 
educação física são importantes no sucesso do tratamento, pois abordam os diversos 
aspectos que este transtorno apresenta. 
VIGOREXIA OU DISMORFIA MUSCULAR 
A vigorexia está inclusa no DSM-5 como um subtipo do Transtorno Dismórfico 
Corporal e já foi chamada de anorexia reversa, pois os indivíduos que têm este 
transtorno também apresentam uma distorção da imagem corporal. Enquanto na 
anorexia pessoas extremamente magras se veem como obesas, na vigorexia 
indivíduos fortes e muito musculosos se veem como fracos, magros e com pouca 
massa muscular. 
Apesar de não ser classificada como um transtorno alimentar, a vigorexia foi 
incluída neste trabalho pelo fato de que pessoas que apresentam este transtorno 
fazem alterações nos seus hábitos alimentares, tendo padrões de alimentação 
hiperproteicos, hiperglicídicos e fazendo uso de suplementos alimentares para 
aumentar a massa muscular. 
Além da alimentação muito específica, há uma realização de atividades físicas 
de forma muito exagerada, o que pode levar à prejuízo em outros âmbitos da vida do 
sujeito, visto que a dedicação às atividades como musculação e levantamento de peso 
consomem muitas horas do dia. 
Comportamentos obsessivos também são comuns na vigorexia: olhar-se no 
espelho e checar o peso várias vezes durante o dia são hábitos dos indivíduos que 
possuem o transtorno. 
Algumas das complicações relacionadas à vigorexia são: insônia; dores 
musculares; arritmia cardíaca; depressão; ansiedade; prejuízos decorrentes do 
possível uso de anabolizantes; e desinteresse por qualquer outra atividade que não 
sirva para atingir o corpo considerado ideal. 
Segundo Assunção: 
A terapia cognitivo-comportamental parece ser útil no tratamento da 
dismorfia muscular. Suas estratégias incluem a identificação de padrões 
distorcidos de percepção da imagem corporal, identificação de aspectos 
positivos da aparência física e confrontação entre padrões corporais 
atingíveis e inatingíveis. (2002, p.82). 
O tratamento da vigorexia mescla métodos usados no tratamento dos 
transtornos alimentares e do transtorno dismórfico corporal. 
No quadro a seguir estão os critérios diagnósticos do DSM-5 para transtorno 
dismórfico corporal. 
Quadro 7: Critérios Diagnósticos para Transtorno Dismórfico Corporal segundo 
o DSM-5 
Critérios Diagnósticos 
A. Preocupação com um ou mais defeitos ou falhas percebidas na aparência física 
que não são observáveis ou que parecem leves para os outros. 
B. Em algum momento durante o curso do transtorno, o indivíduo executou 
comportamentos repetitivos (p. ex., verificar-se no espelho, arrumar-se 
excessivamente, beliscar a pele, buscar tranquilização) ou atos mentais (p. ex., 
comparando sua aparência com a de outros) em resposta às preocupações com a 
aparência. 
C. A preocupação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no 
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do 
indivíduo. 
D. A preocupação com a aparência não é mais bem explicada por preocupações 
com a gordura ou o peso corporal em um indivíduo cujos sintomas satisfazem os 
critérios diagnósticos para um transtorno alimentar. 
Especificar se: 
Com dismorfia muscular: O indivíduo está preocupado com a ideia de que sua 
estrutura corporal é muito pequena ou insuficientemente musculosa. O 
especificador é usado mesmo que o indivíduo esteja preocupado com outras áreas 
do corpo, o que com frequência é o caso. 
ORTOREXIA NERVOSA 
A ortorexia nervosa é um quadro ainda não reconhecido pela Associação 
Americana de Psiquiatria, por isso ela não está no DSM-5. O termo ortorexia vem da 
junção dos termos gregos orthos (correto) e orexis (apetite) e se caracteriza “[...] pela 
fixação por saúde alimentar, qualidade dos alimentos e pureza da dieta”. (MARTINS 
et al, 2011, p. 346). O indivíduo ortoréxico é tomado pelo discurso da preocupação 
com a saúde e da alimentação saudável e isso faz com que ele dedique muitas horas 
do seu dia na escolha e no preparo dos seus alimentos, chegando a ter rituais como, 
por exemplo: o uso de utensílios domésticos muito específicos (feitos só de madeira) 
e um número específico de vezes em que mastiga o alimento. Aqui, diferente da 
anorexia, a preocupação não é o corpo no sentido estético e sim a pureza na 
alimentação, assumindo um caráter quase que espiritual, o qual leva o indivíduo a se 
sentir superior aos demais. 
 Parece estranho pensar que a preocupação com uma alimentação saudável 
possa ser encarada como um transtorno, mas a ortorexia nervosa traz complicações 
fisiológicas e psicossociais para o indivíduo. As restrições alimentares podem trazer 
deficiências nutricionais e/ou excesso de determinados nutrientes e o fato de se 
considerar superior aos demais atrapalha os relacionamentos sociais, levando ao 
isolamento. 
É difícil para o indivíduo reconhecer que sua preocupação com alimentação 
saudável possa ser considerada um transtorno, pois a sua busca pela alimentação 
saudável é muito valorizada culturalmente e tida como um hábito produtor de 
qualidade de vida, o que dificulta a procura por ajuda. (PONTES, MONTAGNER e 
MONTAGNER, 2014). 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O comportamento alimentar é permeado por aspectos culturais, sociais e 
psicológicos. Uma má interação entre esses fatores pode favorecer o surgimento de 
transtornos alimentares, caracterizados por uma alteração prejudicial no hábito 
alimentar, na relação com o alimento e na percepção da própria imagem corporal. Um 
indivíduo acometido por um transtorno alimentar apresenta complicações em seus 
relacionamentos sociais, em sua saúde física e em sua saúde emocional, algumas 
vezes podendo ser fatal. 
Alguns transtornos já são bem conhecidos e estão classificados nos manuais, 
por exemplo a anorexia e bulimia, no entanto, outros, apesar de não serem 
reconhecidos oficialmente, vêm sendo detectados e estudados, o que pode trazer uma 
futura inclusão nos manuais oficiais de saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
MORGAN, Christina M; VECCHIATTI, Ilka R; NEGRÃO, André B. Etiologia dos 
transtornos alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Rev. 
Bras. Psiquiatr., São Paulo, v. 24, supl. 3, pág. 18-23, dezembro de 2002. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
44462002000700005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 04 de outubro de 2020. 
 
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Transtornos Mentais: DSM-5 [Recurso eletrônico]. 5ª ed.; (Maria Inês Correia 
Nascimento, Trad.). Porto Alegre: Artmed, 2014. 
 
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos 
mentais [recurso eletrônico]. 3. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019. 
 
APPOLINÁRIO, José C.; CLAUDINO, Angélica M. Transtornos alimentares. Rev. 
Bras. Psiquiatr., São Paulo, v. 22, supl. 2, pág. 28-31, dezembro de 2000. Disponível 
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CORDÁS, Taki A. Transtornos Alimentares: Classificação e diagnóstico. Rev. 
psiquiatr. clín., São Paulo, v. 31, n. 4, p. 154-157, 2004 . Disponível em 
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AZEVEDO, Alexandre Pinto de; SANTOS, Cimâni Cristina dos; FONSECA, Dulcineia 
Cardoso da. Transtorno da compulsão alimentar periódica. Rev. psiquiatr. Clin., 
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http://dx.doi.org/10.12957/demetra.2014.8576

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