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Este material foi desenvolvido para que seja uma ferramenta de apoio e auxílio aos professores e toda equipe escolar na compreensão de como acontece a aprendizagem da pessoa com autismo. Dessa forma, traçamos estratégias para realizar uma inclusão efetiva e que, de fato, gerem resultados significativos, promovendo a aprendizagem do estudante com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em sala de aula. As seguintes orientações podem ser levadas à equipe escolar pelo profissional analista do comportamento responsável pelo caso ou pelo AT que acompanha a criança. ORIENTAÇÕES PARA O ENSINO DE CRIANÇAS COM TEA EM AMBIENTE ESCOLAR Para que aconteça uma efetiva inclusão, é extremamente necessário que sejam obser- vadas as características específicas do aprendiz e que, através dessas observações, se- jam realizadas modificações e adaptações para que consiga aprender, interagir e sentir- -se parte do grupo em que está inserido. A escola é o principal ambiente social da criança e onde ela passa várias horas do seu dia, rodeada de uma quantidade de crianças que não conseguimos em outro lugar. É um ambiente vivo em que muitas situações acontecem ao mesmo tempo, rico em estímulos pedagógicos e sensoriais, importantes para a estimulação. A criança com TEA tem capacidade de aprender, porém esse processo acontece de ma- neira diferente. Entender as particularidades e dificuldades que cada criança traz consi- go e ensiná-la a partir disso é o maior desafio para os educadores, mas que pode fazer uma diferença incrível na vida de uma criança com autismo. Pensando nessas dificuldades e na importância da estimulação e do ensino da criança com TEA na escola, foi criado este documento como uma forma de nortear o professor e a equipe escolar com algumas estratégias que, se implementadas, trarão potenciais resultados no desenvolvimento acadêmico, pedagógico, emocional e social do aprendiz, também gerando no professor uma segurança para sua atuação com a criança em ambi- ente escolar. A seguir, serão apresentadas estratégias que auxiliarão na inclusão e no ensino da criança com TEA em sala de aula. Estratégias para auxiliar a inclusão e o ensino de crianças com TEA: • Use o interesse da criança. Para que a criança execute as atividades e participe das rotinas da sala de aula, utilize objetos e itens de interesse dela, como, por exemplo, uma criança que é fascinada por carros. A professora pode utilizar miniaturas de automóveis para ensinar números, contagens, cores. E usar o interesse da criança poderá auxiliar na motivação e na manutenção da sua atenção, tornará a atividade mais divertida e, com isso, os resultados serão muito mais positivos em sua aprendizagem. • Use pistas visuais e previsibilidade. Crianças com TEA aprendem melhor com o uso de imagens junto às instruções verbais, além de auxiliarem na compreensão e na previsibilidade do que será realizado na aula. Utilizar imagens para que a criança visualize cada tarefa que fará no dia é uma forma de auxiliar na previsibilidade e contribuir para o aprendizado da criança em sala. Algumas crianças podem apresen- tar ansiedade e dificuldade na troca de atividades, por exemplo, para sair do parque e voltar à sala. Se o professor não antecipar isso à criança e a preparar para essa mudança de espaço e de proposta, é aí que entra o uso das pistas visuais. Apresentar para a criança a imagem do parque e sinalizar a ela que dentro de alguns minutos irão para a sala de aula, e mostrar a imagem da sala, ajuda-a a se organizar e com- preender o que será realizado e o que esperar, diminuindo, assim, sua ansiedade e dando previsibilidade no que ela deverá fazer posteriormente e ao decorrer do dia na escola. • Adaptação de materiais. Algumas crianças com TEA não conseguirão realizar as tare- fas e atividades como o restante da turma, mas isso não significa que ela não possa aprender, muito pelo contrário! Elas só têm uma forma diferente para que isso acon- teça, então, em alguns casos, as adaptações de atividades, de mobiliário e de condu- ção do professor à criança serão facilitadores para a sua aprendizagem, como: o utilizar imagens para a criança compreender o que é esperado dela; o oferecer instruções objetivas e claras com sentenças curtas; o reforçar positivamente e socialmente a cada pequena produção, oferecendo, também, acesso a materiais que a criança gosta (como massinha) para ensinar habilidades e realizar algumas atividades. • Use reforçadores. Utilize itens dos quais a criança goste – massinha, bolinha de sa- bão, carinhas felizes – para incentivar e motivar na participação das atividades. • Ajudas e dicas para a realização das atividades. É importante que quando a criança não souber realizar alguma atividade, a professora ofereça suporte com dicas e ajudas para que ela consiga executar e, gradativamente, com o passar do tempo e o progresso da criança, vá retirando essas ajudas até que ela consiga realizar a tarefa de forma independente. Por exemplo, com uma criança que não consegue guardar os itens no estojo, a professora pode, inicialmente, segurar na mão dela e junta- mente guardar os itens, retirando a ajuda total aos poucos, ao passo que a criança consiga ir aprendendo o que deve ser feito. Dessa forma, a criança se sentirá capaz, motivada e, consequentemente, irá aprender e adquirir novas habilidades, pois a ação foi modelada pela professora até que ela conseguisse realizar com indepen- dência. • Ensinar comportamentos alternativos. Este processo é de suma importância para as crianças com TEA, que podem apresentar alguns comportamentos disruptivos, tais que precisam ser manejados para que não atrapalhem a criança em sua apren- dizagem e interação social. Por exemplo, se a criança bate no amigo para pegar um brinquedo e/ou pega o lanche do amigo sem pedir, não adiantará dizer à criança com TEA que "isso não pode", "que não é uma atitude legal", porque crianças com TEA têm dificuldades com habilidades de Teoria da Mente (capacidade de atribuir uma variedade de estados mentais, sentimentos, pensamentos, crenças a si mesmo e a outras pessoas) e, com isso, predizer a intenção dos comportamentos (Gaiato, 2018)1, ou seja, não vai adiantar explicarmos que pode ou não pode, e sim ensinar o comportamento adequado para ser utilizado naquele momento. Como nos exem- plos acima citados, se a criança pega o lanche do amiguinho sem pedir, a professora pode observar e intervir com antecedência, ensinando a criança a pedir um pedaço do lanche ao amigo (mesmo que não o faça de forma vocal) de forma adequada, apontando, por exemplo, para que o amigo o entregue. Assim, ele começará a asso- ciar que quando apontar para o item, o amigo pode dividir e dar a ele um pedacinho do lanche. Esse tipo de modelagem comportamental pode ser utilizado em todos os momentos em que a criança emita algum comportamento disruptivo. É importante que, sempre ao corrigir um comportamento, outro seja ensinado à criança para que ela tenha um modelo de como deve se comportar em determinadas situações. Todos podem aprender! Crianças com TEA, mesmo com suas particularidades e dificul- dades, também possuem potenciais. Portanto, é importante frisar que as crianças po- dem aprender, alcançar e obter muitas conquistas em contexto acadêmico, conquistas que refletirão em suas vidas e garantirão sua autonomia e independência. Esse passo se inicia quando família, escola e terapeutas se unem para trabalhar juntos em prol do de- senvolvimento da criança assistida. Essa tríade de sucesso permite que todos estejam integrados e que, juntos, possam buscar alternativas e formas de potencializar o apren- dizado e a utilização de boas práticas em vários ambientes em que a criança se encontra, generalizando suas aprendizagens. "Se eles não aprendem como nós ensinamos, nós ensinaremos da maneira como eles aprendem" (Ivar Løvaas) Material elaborado por Aline FernandesMediato contato@academiadoautismo.com.br www.academiadoautismo.com.br © 2023 Academia do Autismo Ltda. 1 Gaiato, Mayra. S.O.S.: Guia Completo para Entender o Transtorno do Espectro Autista. São Paulo: nVersos, 2018.
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