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CLASSIFICAÇÃO DAS HABILIDADES MOTORAS: Quando o tema são as habilidades motoras, recordamos imediatamente das habilidades motoras básicas ou fundamentais, como andar, correr, saltar, nadar, arremessar, chutar, dentre outras. De fato, todos os exemplos acima são habilidades motoras, mas qual é o conceito de habilidades motoras? Movimentos reflexos são habilidades motoras? E o que são as ações e movimentos? Habilidades são tarefas específicas com finalidades a serem atendidas, podem ser cognitivas (resolver operações matemáticas) ou motoras (tocar um instrumento) (MAGILL, 2000). Assim sendo, as habilidades motoras são tarefas de movimentos ou ações que precisam ser aprendidas e voluntárias com finalidade, meta ou objetivos específicos, realizadas por alguma parte ou partes do corpo (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). Nesse contexto, percebemos que os movimentos reflexos não se caracterizam como habilidades motoras, visto que não se enquadram nessa definição por serem involuntários de base genética, controlados sub corticalmente, formando a base de desenvolvimento motor (MAGILL, 2000; GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). Considerando que uma habilidade acontece em várias dimensões, o sistema de classificação multidimensional prevê que todos os aspectos vistos anteriormente devem ser analisados juntamente. Dessa maneira, o sistema multidimensional analisa a partir de três ou mais dimensões atendendo às cinco dimensões (musculares, temporais, ambientais, funcionais e as fases de desenvolvimento motor). Você, profissional de Educação Física, como avaliaria o ensino das habilidades motoras? E quais as medidas que seriam utilizadas por você nas avaliações das habilidades motoras? As medidas do desempenho motor podem ser divididas em medidas de produção e medidas de resultado do desempenho. As medidas de resultado tratam das avaliações, versam sobre o resultado ou os efeitos do desempenho de uma habilidade motora. Por exemplo, o quanto uma pessoa consegue caminhar, com que velocidade a pessoa percorre certa distância, em quantos graus ela consegue flexionar seus joelhos, todas elas baseadas nos resultados do desempenho da pessoa. Medidas que informam como o sistema nervoso está funcionando, como o sistema muscular está agindo ou como os membros e articulações estão atuando, antes, durante e depois de a pessoa desempenhar uma habilidade (MAGILL, 2000). Temos como exemplos de medidas de produção o deslocamento, a velocidade, aceleração, angulação articular, toque articular, eletromiografia (EMG), eletroencefalograma (EEG), tomografia, ressonância magnética. Por que algumas pessoas desempenham determinadas habilidades motoras de forma melhor do que outras? Será que elas têm algo especial? Ou será que tiveram um bom treinamento? Quando observamos alguns principiantes desenvolvendo uma habilidade motora, percebemos uma grande quantidade de erros em uns e certo grau de sucesso em outros. Segundo Magill (2011), isso acontece devido à característica pessoal conhecida como Capacidade. A capacidade influencia como as pessoas aprendem e desempenham as habilidades motoras. Nesse sentido, Magill (2011) enfatiza que a capacidade é um traço geral ou aptidão de um indivíduo que é um determinante do potencial de realização de uma pessoa para o desempenho de habilidades específicas. Já a capacidade motora é uma capacidade que está especificamente relacionada com o desempenho de uma habilidade motora. As capacidades motoras dividem-se em perceptivas e de proficiência física. A proficiência física proposta por Fleischman apud Magill (2011) compõe: 1. Força estática: força máxima exercida sobre objetos externos. 2. Força dinâmica: a resistência muscular usada para exercer força repetidamente. 3. Força explosiva: a capacidade de mobilizar energia efetivamente para explosões de esforço muscular. 4. Força de tronco: a força dos músculos do tronco. 5. Flexibilidade de extensão: capacidade de flexionar ou alongar o tronco e os músculos dorsais. 6. Flexibilidade dinâmica: a capacidade de fazer movimentos de flexão repetidos e rápidos do tronco. 7. Coordenação global do corpo: a capacidade de coordenar a ação de diversas partes do corpo enquanto ele está em movimento. 8. Equilíbrio global do corpo: a capacidade de manter o equilíbrio sem informação visual. 9. Resistência: a capacidade de sustentar um esforço máximo que requer esforço cardiovascular. Devido à especificidade das capacidades motoras, os estudantes não devem ser classificados de acordo com as categorias de capacidades motoras, o profissional deve identificar e avaliar as capacidades motoras para que perceba os motivos de uma pessoa ter dificuldades em desempenhar ou aprender uma habilidade motora. Por exemplo, um aluno de Educação Física poderá ter dificuldade em pegar uma bola arremessada por causa da capacidade pouco desenvolvida de acompanhar visualmente um objeto em movimento (MAGILL, 2011). BASE NEUROMOTORA PARA O CONTROLE MOTOR: O sistema neuro motor é o fundamento para o controle do movimento (MAGILL, 2011). Nos movimentos mais simples de serem realizados existe um conjunto de atividades neurais que está associado ao planejamento e execução do mesmo. Dessa maneira, quando tomamos decisões cognitivas, como chutar uma bola, o que acontece no sistema nervoso para que essa atividade cognitiva se transforme em um ato motor? Assim, para responder a esses questionamentos devemos nos atentar para as questões de base neurofisiológica da atividade neural associada a uma sequência de eventos, e também como uma intenção cognitiva de desempenhar uma ação se torna uma sequência de movimento que capacita uma pessoa a alcançar o objetivo de uma ação (MAGILL, 2011). Dessa maneira, veremos a estrutura e função do sistema neuro motor, que abrange as partes do sistema nervoso central (SNC) que estão envolvidas no controle do movimento voluntário, coordenado. O neurônio é o elemento básico do sistema nervoso. São bilhões de neurônios encontrados nesse sistema que fornecem o meio de enviar informações. São diversos os tipos de neurônios, mas a maioria possui uma estrutura geral: o corpo celular e dois processos chamados de dendritos e o axônio. No corpo celular está contido o núcleo essencial, que regula a homeostase do neurônio. Os dendritos são extensões do corpo celular e são, principalmente, responsáveis por receber informações de outros neurônios. O axônio é também chamado de fibras nervosas, sendo o responsável por enviar informações a partir de um neurônio. Os axônios possuem uma cobertura chamada de mielina, que é uma membrana celular que acelera a transmissão de sinais nervosos ao longo dos axônios. A passagem dos sinais de um neurônio para o outro ocorre através de sinapse, que é a ligação entre o axônio de um neurônio e outro neurônio (MAGILL, 2011). Classificam-se os neurônios de acordo com as suas funções, dessa maneira, há três classes funcionais, compostas por neurônios sensoriais, sensitivos ou aferentes: são aqueles que recebem os estímulos sensoriais e conduzem o impulso nervoso ao SNC; neurônios motores, efetuadores ou eferentes – são aqueles que transmitem os impulsos motores; neurônios associativos ou Inter neurônios – são aqueles que estabelecem ligações entre os neurônios sensitivos e os neurônios motores. Segundo Magill (2011), o Sistema Nervoso Central (SNC) tem a função de centro de comando do comportamento motor, engloba o cérebro e a medula espinhal formando o centro de atividade para a integração e organização das informações sensoriais e motoras no controle do movimento. SISTEMAS DE CONTROLE ABERTO E FECHADO: Segundo Tani (1998), a teoria dos sistemas dinâmicos teve o intuito de criticar as teoriasque dão ênfase excessiva aos aspectos cognitivos, dada pela abordagem de processamento de informações para a execução dos movimentos coordenados. Essas teorias relegam para um segundo plano as características e propriedades inerentes do sistema efetor, e ainda não fornecem uma resposta satisfatória ao problema da coordenação ou do controle dos graus de liberdade na execução de movimentos. TATO, PROPRIOCEPÇÃO E VISÃO: O tato, a propriocepção e a visão são os elementos sensoriais importantes do controle motor, pois sem as informações enviadas por esses sistemas teríamos dificuldades de desenvolver tarefas simples como beber um copo de água, colocar a chave na fechadura, desviar de pessoas nas ruas, ou tarefas esportivas, como pegar uma bola, pois para tal habilidade você irá precisar ver onde ela está, regular o tempo até ela chegar à sua mão, posicioná-la no espaço e fechar os dedos em volta da bola quando a mesma estiver em sua mão (MAGILL, 2011). O tato está envolvido diretamente na manipulação do objeto, da pessoa (luta livre) ou do ambiente (chão, areia etc.). Quando tocamos em algo, os mecanorreceptores da pele (localizados abaixo da superfície da pele na camada derme) tornam-se ativos para fornecer ao SNC as informações relacionadas com a dor, temperatura e movimento. No desempenho de habilidades motoras o tato tem como função dar precisão aos movimentos, coerência do movimento, ajustes da força do movimento, distância do movimento (quando há contato com a superfície) (MAGILL, 2011). A propriocepção é a sensação e percepção da posição e movimento dos membros, tronco e cabeça, ou seja, é a informação sensorial sobre as características de movimento, tais como direção, localização espacial, velocidade, ativação muscular transmitida ao sistema nervoso central. O SNC recebe as informações proprioceptivas das vias neurais aferentes, com origem nos proprioceptores, que são os neurônios sensoriais localizados nos músculos, tendões, ligamentos e articulações (MAGILL, 2011). A visão tem várias funções importantes no controle motor, tais como percepção de profundidade para interação dos objetos, pessoas e demais componentes do ambiente, fornece informes que permitem a movimentação no ambiente, coordena o movimento ou faz correção do movimento enquanto se move, ou seja, o sistema visão/percepção permite reconhecer e descrever o que se vê, e o sistema visão para ação permite movimentar-se no ambiente (MAGILL, 2011). Pellegrine (2000) diz que a aprendizagem motora é uma melhora significativa no desempenho, tem sua inferência na capacidade do indivíduo executar uma determinada tarefa, melhora essa que ocorre em função da prática. A maioria dos autores relatam que a aprendizagem motora como a associação de um conjuntos de processos com a experiência, entenda- se experiência como uma prática que conduz a mudanças significantes na execução do desempenho da habilidade. Segundo Cidade et al (sd) define aprendizagem motora, enfatizando os seguintes aspectos: a) a aprendizagem resulta da prática ou da experiência; b) a aprendizagem não é diretamente observável; c) as mudanças na aprendizagem são observadas nas mudanças na performance; d) a aprendizagem envolve um conjunto de processos no sistema nervoso central; e) a aprendizagem produz uma capacidade adquirida para a performance; f) as mudanças na aprendizagem são relativamente permanentes. A aprendizagem motora, portanto, dá-se por meio de uma combinação complexa de processos cognitivos e motores. O desempenho, de acordo com Magill (2011), é o comportamento observável, ou seja, ato comportamental de executar uma habilidade num momento específico (temporário) e numa situação específica. São cinco características do desempenho no processo de aprendizagem motora: Desenvolvimento; Coerência; Estabilidade; Persistência; Adaptabilidade. Os estágios de aprendizagem são as características de desempenho que se modificam no executante durante a aprendizagem de habilidades motoras. Dentre outros questionamentos, o aprendiz precisa se envolver com a atividade cognitiva quando ouve as instruções e recebe o feedback do instrutor. O estágio inicial de aprendizagem é o primeiro estágio. Os principiantes precisam aprender a discriminar entre as condições reguladoras e não reguladoras. As demonstrações têm como objetivo a transmissão de informações acerca dos objetivos a serem atingidos no ensino-aprendizagem de habilidades motoras (MAGILL, 2011).
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